Antón Uriarte Cantolla prossegue: «Mas o gelo está mesmo a diminuir? [Nota: A pergunta é realmente de Antón!] Os estudos empíricos realizados recentemente sobre a possível diminuição da espessura dos bancos de gelo do Árctico, baseados em medições com sonar realizados por submarinos norte-americanos que cruzam o Pólo Norte em missões militares, mostram resultados muito contraditórios.
Num deles, comparando as medições com sonar efectuadas durante os cruzeiros do período 1958-1976 com os do período 1993-1997, verifica-se que houve um adelgaçamento considerável da espessura média do gelo anual do Oceano glacial Árctico, que teria passado de 3,1 m para 1,8 m durante o Verão (Vd. Rothrock, D. A.et al.,
Thining of the Arctic sea-ice cover, Geographical Research Letters, 26, 23, 3469-3472, 1999).
Outro estudo, também baseado na comparação das medições obtidas nas travessias efectuadas respectivamente em 1976 e 1996, aponta também para um adelgaçamento (Vd. Wadhams, P. et Davis, N.,
Further evidence of ice thining in the Arctic ocean, Geophysical Research Letters, 27, 24, 3973-3975, 2000).
No entanto, estudo não muito anterior, por exemplo, baseado também em medições de submarinos durante o período 1977-1992, indica a existência de uma grande variabilidade inter-anual, mas não uma tendência nem para o engrossamento nem para o adelgaçamento dos bancos de gelo (Vd. Shy, T. et al.,
North Pole ice thicness and assocation with ice motion history 1997-1992, Geographical Research Letters, 23, 2975-2978).
Noutros estudos mais recentes também se deduz que a tendência é incerta e a variabilidade inter-anual muito grande (Vd. Winsor, P.,
Arctic sea ice thickness remained constant during the 1990’s, Geographical Research Letters, 28, 6, 1039-1041; Laxon, S.et al.,
High interannual variability of sea ice thickness in the Arctic region, Nature, 425, 947-950, 2003).
O mar gelado do Árctico tem uma estrutura complexa, consistente em diferentes tipos de gelo, com diferentes espessuras, que pode variar de regiões recobertas por finas lâminas de gelo recém-formado, até outras zonas donde a compressão [Nota: Não é só a temperatura que actua, os AMP originam campos de pressões…] do gelo origina amontoados de até 50 m de espessura.
Produzem-se também grandes variações sazonais e anuais. A espessura média do Pólo Norte é de 3 a 4 metros no final do Inverno mas é frequente que no Verão apareçam zonas descongeladas por completo que permitem aos submarinos ascender e emergir à superfície.
Além disso, a variabilidade da espessura do gelo também é devida ao facto de que os bancos do Árctico se movem constantemente. [Nota: Devido ao turbilhão, ocasionado pela rotação da Terra, que é máximo junto ao seu eixo de rotação como sucede na região Árctica.] Este movimento, que é de vários metros por dia no Pólo Norte, é variável visto que está influenciado pelo campo de pressão e pelos ventos. [Nota: Originados pelos AMP…]
Por isso, os movimentos podem ocasionar o engrossamento temporal numas zonas e o adelgaçamento noutras (Vd. Maslowski, W.,
Modelling recent climate variability in the Arctic, Geographical Research Letters, 27, 22, 3743-3746; Kimura, N. et Wakatsuchi, M.,
Relationship between sea-ice motion and geostrophic wind in the Northern Hemisphere, Geographical Research Letters, 27, 22, 3735-3738; Tucker et al.,
Evidence for rapid thinning of sea ice in the western Arctic Ocean at the end of the 1980’s, Science, 297, 2044-2047, 2001).»