A Antárctica (2)
Antón Uriarte Cantolla continua: «Analisando as séries com mais detalhe, observa-se, por exemplo, que desde 1960 a estação do Pólo Sul indica um arrefecimento de 0,20 ºC por década, e a estação costeira de Halley não mostra nenhuma tendência significativa.
Há que destacar a excepção da Península da Antárctica [Nota: acompanhar os nomes geográficos que se vêem na Fig. 10], donde se produziu um aquecimento nítido da ordem de 2,5 ºC nos últimos 50 anos, provavelmente com responsabilidade na rotura e descongelação da plataforma de gelo de Larsen B.
Ainda que – segundo os vaticínios dos modelos informáticos – se produzisse um aquecimento nas próximas décadas, o degelo directo provocado por esta causa seria mínimo.
Ocorre que a maior parte do continente, excepto nas regiões costeiras – e especialmente na península com o seu próprio nome –, as temperaturas estão quase sempre muito abaixo do ponto de congelação, pelo que um incremento de 2 ºC ou 3 ºC não provocaria nenhuma fusão do gelo.
Pelo contrário, este incremento térmico poderia fazer aumentar a capacidade higrométrica do ar e a precipitação de neve, provocando uma maior acumulação de gelo na Antárctica, que rebaixaria nuns quantos centímetros o nível do mar (Vd. IPCC, Climate Change 2001, Synthesis Report, Cambridge University Press, 2001).
Outro problema diferente, e mais complicado de vaticinar, é o possível colapso do manto de gelo que recobre a Antárctica Ocidental. Grande parte deste manto de gelo apoia-se nas plataformas de gelo costeiro de Ronne (no mar de Wedell) e de Ross. Estas plataformas de gelo flutuante de várias centenas de metros de espessura actuam como vigas encastradas no gelo continental.
Um dos receios, a confirmar-se um hipotético aquecimento global intenso, seria o desencastramento que provocaria grandes deslizamentos de gelo a partir do continente em direcção ao mar (Vd. Oppenheimer M., Global warming and the stability of the West Antarctic Ice Sheet, Nature, 393, 325, 1998).
Estas plataformas não se apoiam no fundo do mar mas, contrariamente, têm água por baixo que socava a sua base. Se o mar aquecesse, poderiam sofrer uma fusão suficiente de tal modo que se destacariam icebergs que as correntes afastariam pelo mar fora.
Ao minguarem ou desaparecerem estas plataformas, é possível que, em continuação, se acelerasse a queda de gelo continental que as suportam. Sem dúvida, medições recentes do gelo nas zonas de Ross indicam que nos últimos tempos o que se tem verificado é exactamente o contrário: uma maior acumulação de gelo (Vd. Joughin, I., Tulaczyc S., Positive mass balance of the Ross ice stream, West Antárctica, Science, 295, 476-479, 2002; Raymond, C., Ice sheets on the move, Science, 298, 2147-2148, 2002).
Outra zona delicada é a Península da Antárctica, já quase fora do círculo polar. Recentemente produziu-se aí, a 65 ºS, uma perda parcial da plataforma de Larsen B. durante as últimas décadas.»
Há que destacar a excepção da Península da Antárctica [Nota: acompanhar os nomes geográficos que se vêem na Fig. 10], donde se produziu um aquecimento nítido da ordem de 2,5 ºC nos últimos 50 anos, provavelmente com responsabilidade na rotura e descongelação da plataforma de gelo de Larsen B.
Ainda que – segundo os vaticínios dos modelos informáticos – se produzisse um aquecimento nas próximas décadas, o degelo directo provocado por esta causa seria mínimo.
Ocorre que a maior parte do continente, excepto nas regiões costeiras – e especialmente na península com o seu próprio nome –, as temperaturas estão quase sempre muito abaixo do ponto de congelação, pelo que um incremento de 2 ºC ou 3 ºC não provocaria nenhuma fusão do gelo.
Pelo contrário, este incremento térmico poderia fazer aumentar a capacidade higrométrica do ar e a precipitação de neve, provocando uma maior acumulação de gelo na Antárctica, que rebaixaria nuns quantos centímetros o nível do mar (Vd. IPCC, Climate Change 2001, Synthesis Report, Cambridge University Press, 2001).
Outro problema diferente, e mais complicado de vaticinar, é o possível colapso do manto de gelo que recobre a Antárctica Ocidental. Grande parte deste manto de gelo apoia-se nas plataformas de gelo costeiro de Ronne (no mar de Wedell) e de Ross. Estas plataformas de gelo flutuante de várias centenas de metros de espessura actuam como vigas encastradas no gelo continental.
Um dos receios, a confirmar-se um hipotético aquecimento global intenso, seria o desencastramento que provocaria grandes deslizamentos de gelo a partir do continente em direcção ao mar (Vd. Oppenheimer M., Global warming and the stability of the West Antarctic Ice Sheet, Nature, 393, 325, 1998).
Estas plataformas não se apoiam no fundo do mar mas, contrariamente, têm água por baixo que socava a sua base. Se o mar aquecesse, poderiam sofrer uma fusão suficiente de tal modo que se destacariam icebergs que as correntes afastariam pelo mar fora.
Ao minguarem ou desaparecerem estas plataformas, é possível que, em continuação, se acelerasse a queda de gelo continental que as suportam. Sem dúvida, medições recentes do gelo nas zonas de Ross indicam que nos últimos tempos o que se tem verificado é exactamente o contrário: uma maior acumulação de gelo (Vd. Joughin, I., Tulaczyc S., Positive mass balance of the Ross ice stream, West Antárctica, Science, 295, 476-479, 2002; Raymond, C., Ice sheets on the move, Science, 298, 2147-2148, 2002).
Outra zona delicada é a Península da Antárctica, já quase fora do círculo polar. Recentemente produziu-se aí, a 65 ºS, uma perda parcial da plataforma de Larsen B. durante as últimas décadas.»
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