quarta-feira, junho 28, 2006

Políticos e multinacionais

Este grupo é, porventura, o mais complexo. As suas posições nem sempre são claras. Entre as multinacionais estabeleceu-se uma luta de interesses. A miragem de uma fileira industrial nova com vantagens competitivas para quem chega primeiro vai ser ultrapassada à medida que se clarificar o logro.

Aconteceu o mesmo com o mito do buraco na camada de ozono ao nível do Antárctico. Agora poucos acreditam que tenha havido um debate imparcial. Foi uma luta entre fabricantes da conservação e preservação pelo frio.

O negócio foi montado pela DuPont de Nemours que tinha necessidade de acusar os CFC (clorofluorcarbonetos) para melhor vender os seus substitutos. Tudo faz pensar nos pregadores americanos que consideram o Homem responsável de todos os males da Terra. Há em todo este movimento uma verdadeira dimensão psicológica e sociológica.

O que aconteceu é que, embora o Protocolo de Montreal tenha sido aplicado com denodo, o buraco mantém-se. O “pai” do «global warming» (James E. Hansen) chegou a afirmar que o arrefecimento contínuo do Antárctico era devido à persistência do buraco na camada do ozono.

O «global warming» é actualmente uma «big science» envolvendo «big money» para vários tipos de lobbies. Os interesses económicos em jogo são muito elevados. A pressão sobre os políticos é enorme.

A ciência do clima moveu-se progressivamente para o plano político. A palavra «global» que foi lhe colada serviu às mil maravilhas para se tornar em mais um subtema do mais geral da “globalização”. Actualmente tudo é global. Até o clima…que não tem nada de global.

O «global warming» foi bem embrulhado para ser entregue aos políticos. De modo a aparentar maior credibilidade, vários organismos internacionais sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU) entraram no alarido.

Apareceram, sucessivamente, a alertar os políticos, o International Council for Scientific Union, a World Meteorological Organisation e a United Nations Environmental Programme (UNEP). Sucederam-se conferências internacionais preparatórias do plano que se pretendia implementar.

A criação do IPCC, debaixo da sombra da ONU, serviu para fundamentar o controlo da informação, ou antes da desinformação climática. O tema do clima deixou de ser de ciência pura para entrar na arena política.

A “climatocracia” (segundo Yves Lenoir) limitou a liberdade de pensamento aos burocratas indicados pelos governos para justificar o I (Intergovernmental) da sigla IPCC. Os tecnocratas do clima seguem a caminho do Fim da Ciência a exemplo do Fim da História, de Fukuyama.

A ciência tenta estabelecer e explicar factos da Natureza. As explicações são efémeras. Aparecem sempre outras melhores. Só a “climatocracia” não admite outra explicação para além das fornecidas pelo IPCC. Isto permite aos políticos decidirem exogenamente às verdades da ciência, embora invocando-a.

Alguns cientistas dão aos políticos ocasião para estes tomarem decisões que antecipam objectivos sociais, económicos e morais sem fundamento. Dizem que a ciência climática está acabada e não há mais nada para discutir.

Os negócios baseiam-se na mesma propagação da fé climática. Não poucas empresas maximizam os seus proveitos à custa de subsídios que os políticos distribuem a seu bel-prazer com o argumento da fuga à catástrofe anunciada pelo aquecimento global.

Surpreendentemente, ou talvez não, alguns “cientistas” envolvidos em programas nacionais para as alterações climáticas ou em estudos que serviram para apoiá-los tornaram-se negociantes do clima. Vendem ou promovem a venda de direitos de emissão.

Os biocombustíveis são outro exemplo de negócios com grandes benefícios para os monopólios europeus que vão absorver grandes volumes de subsídios sem qualquer vantagem para o clima.

Tudo serve para negociar. Até o dióxido de carbono. Nem que se tenha de provocar uma erosão à competitividade tão falada mas pouco praticada. As análises custo-benefício são ignoradas. Alguém conhece uma análise custo-benefício da aplicação do Protocolo de Quioto?

Essas análises são prometidas mas sucessivamente adiadas. A Comissão Europeia já prometeu fazer umas quantas. O Instituto do Ambiente também. Se calhar só aparecerão quando o PQ tiver acabado. Ou será que já as fizeram e meteram na gaveta?

O único estudo sério conhecido nesta matéria foi realizado pelo distinto economista norte-americano William Nordhaus: «Requiem for Kyoto: An Economic Analysis of the Kyoto Protocol», The Energy Journal, International Association for Energy Economics, 1999, pág. 93-130.

Chegou ao sensacional valor de 7/1 para o rácio custo-benefício da aplicação do Protocolo de Quioto. Isto é por cada unidade de benefício devem ser aplicadas sete unidades de custo de implementação. É a ruína de qualquer negócio.

E mesmo assim, só seria de 7/1 no caso de os Estados Unidos da América rectificarem o Protocolo. Como estes não o fizeram, o rácio será bem pior. Isto é, muito poucos vão beneficiar à custa de muitos que vão pagar para nada beneficiar o clima.

sábado, junho 24, 2006

Ecologistas e ambientalistas

Este conjunto de pessoas preocupa-se com o ambiente. Apesar de o ambiente nada ter a ver com climatologia este grupo mergulhou no dossier do «global warming». Tomaram o comboio do «global warming» para venderem as suas ideias.

Puseram os seres humanos no banco dos réus acusando-os das calamidades climáticas naturais. Acrescentaram mais esta acusação às todas as anteriores. Agora são julgados não só por crimes ambientais como também pelo “aquecimento global”. As tecnologias utilizadas pelos seres humanos estariam a destruir o ambiente e, hélas, também o clima.

Eis uma conclusão precipitada que servia às mil maravilhas como argumento da luta contra a poluição. Aos acidentes ecológicos recentes, com consequências dramáticas para a espécie humana, deveria acrescentar-se mais este “desastre” do clima.

Os considerados protectores da Natureza viraram-se para a política dura e crua com o objectivo de conseguir a aprovação de leis por eles defendidas. Esta opção sendo contraditória com um movimento de protesto provocou enviesamentos económicos e sociais.

Verificando que os políticos profissionais estavam completamente fora dos assuntos ambientais, abusaram do peso das suas posições. Invocando ilusoriamente a suposta “unanimidade” dos cientistas conseguiram a aprovação de medidas anti-poluição como se fossem para a protecção do clima.

Quando se defrontavam com dúvidas afirmavam que, certo ou errado, pouco importava. O que era preciso era actuar rapidamente e em força. As afirmações gratuitas amedrontavam os políticos que tomaram consciência de poderem beneficiar do alarmismo.

Argumentavam coisas sem nexo tais como:

- As provas da acção do homem sobre o clima são irrefutáveis;

- Se não se actuar, o clima tornar-se-á cada vez mais instável com graves consequências sobre a saúde e a própria alimentação humana que corre o risco de escassear;

- As secas, as cheias, as ondas de calor, a invasão de insectos provocará o aparecimento de eco-refugiados.

Qual era o político capaz de travar esta verdadeira onda de alarmismo? Tanto mais que se invocava que o IPCC era suportado por milhares de “cientistas”! Os exageros do IPCC eram elevados à conta de mais exageros.

Esta campanha toldou mesmo as mentes de pessoas respeitáveis com currículos brilhantes no campo do ambiente. Até estes passaram a emitir afirmações públicas inimagináveis suficientes para manchar o seu passado.

Verdadeiramente lamentável foi ver o apoio académico sem conhecimento de causa. Já lá vai o tempo em que um professor universitário só emitia opiniões, nas aulas ou em público, sobre assuntos que dominasse com a máxima profundidade.

Tudo isto pode desacreditar o movimento ecologista que apareceu com excelentes intenções. Por causa de uns podem pagar todos. Um mito só subsiste enquanto os políticos necessitarem dele para governar.

terça-feira, junho 20, 2006

Cientistas

É interessante imaginar o que seriam os resultados de um exercício de utilização dos modelos climáticos se estes já existissem (na forma dos actuais) no século XIII. Seria possível prever a Pequena Era do Gelo que aconteceu depois?

Evidentemente que não. Estes modelos estão programados para produzir resultados preconcebidos nas ideias dos modeladores e da corte que gira à volta do IPCC. Alguns cientistas serão bem-intencionados mas a maioria não aceita o debate científico.

E não se pode esquecer que um modelo é tão bom quanto a teoria que lhe está subjacente e quanto à qualidade dos dados que são imputados.

Se estes cientistas fossem sérios, poderíamos acreditar que admitiriam que o futuro deste século e dos seguintes poderá ser mais quente ou mais frio qualquer que seja a intervenção humana.

Nesse caso, a única coisa que poderiam assegurar é que, independentemente do Homem, haverá cheias, secas, tempestades, ciclones, avanços e recuos dos glaciares. Felizmente, o clima permanecerá variável qualquer que seja o estilo de vida que o IPCC pretenda prever.

As companhias de seguros aumentam os prémios argumentando com as “alterações climáticas”. Agora, os políticos desculpam-se com os maus resultados dos governos devido às “alterações climáticas”.

Alguns cientistas desculpam-se com os falhanços das suas previsões devido ao “caos” do sistema climático. Não querem entender que o “caos” resulta dos seus conceitos ultrapassados e inadequados à realidade.

Os cientistas deveriam ter a obrigação exclusiva de respeitar e apresentar a verdade conhecida no momento e que poderá ser refutada no futuro, próximo ou longínquo. Um cientista não deve estar sujeito a interesses materiais.

Um investigador que se preze não pode ser simultaneamente cientista e estar preocupado com o êxito da sua empresa, seja de investigação, de desenvolvimento, de projecto ou de construção.

Os cientistas não deviam envolver-se na reprodução do discurso oficial a fim de captar meios para prosseguir as suas investigações. Ao actuar assim perdem a independência e o espírito crítico necessários ao desenvolvimento da ciência.

A multidão de cientistas que se acomodaram sem crítica à pseudo-ciência do IPCC presta um mau serviço à ciência. A crise provocada por este amorfismo terá repercussões graves nos próximos tempos.

Quanto mais não seja pelo tempo e recursos desperdiçados a tratar de um falso problema – retirando recursos para resolver problemas verdadeiros, como sejam, por exemplo, os do esgotamento do petróleo e do aprovisionamento da água.

Quantos auto-designados cientistas têm um conhecimento mínimo do mecanismo radiativo que está por detrás da propaganda do “aquecimento global” e das “alterações climáticas”? Tanto qualitativa como quantitativamente?

Sabem quais são os valores daquele mecanismo que são ou foram medidos e os que são ou foram apenas estimados a partir de modelos que não integram a realidade climática por desconhecimento dos fenómenos?

(Convém rever a matéria como é sugerido abaixo na “Recapitulação)

AS VÍTIMAS

Não podem ser esquecidos os cientistas que no tema do «global warming» preferiram manter a sua verticalidade à custa das suas carreiras. Nem aqueles que mantêm a dúvida permanente própria de um cientista.

Devem ser relembrados todos aqueles que foram perseguidos tanto nas suas carreiras, tanto pela negação da publicação dos seus estudos por parte de mesquinhos interesses de grupo como pela ignorância dos designados peer-reviewers (revisores) de revistas científicas.

Igualmente merecem a nossa admiração os que não se deixaram dobrar perante a ameaça dos cortes de verbas para os seus projectos de investigação ou de não concessão das mesmas.

Enfim, merecem todas as homenagens os cientistas que não se deixaram levar pelas aparências dos resultados inconclusivos da investigação científica climática e que, sem cerimónias, foram transformados em argumentos políticos.

RECAPITULAÇÃO

A este propósito merecem ser recapitulados os seguintes posts:

A falácia do IPCC

O balanço energético simplificado do IPCC

A radiação solar incidente

A contra-radiação terrestre

A radiação dos gases com efeito de estufa natural

Forçamento radiativo

Sensibilidade climática

Crítica à tese do IPCC. A Terra é mais esférica do que plana

Crítica à tese do IPCC. Contraste entre o realismo e o simplismo

domingo, junho 18, 2006

Convergência de interesses

Tudo indica que a situação de crise vivida actualmente pela climatologia originou-se na convergência de interesses de diversos actores: cientistas, ecologistas e ambientalistas, políticos e economistas, jornalistas e grupos económicos poderosos.

Estes cinco conjuntos compartilham pontos de vista e convergem nos seus interesses por diversas razões. A distinção entre os interesses de cada grupo, formalmente separados, atenuou-se à medida que avançou a sua organização ditatorial.

Quem não concorda com as suas ideias basilares é imediatamente considerado céptico. Como se ser céptico fosse algo de negativo em ciência. Seria até um elogio se os dogmáticos tivessem escrúpulos.

Esta classificação serviu para criar uma verdadeira barreira ao debate, uma capitis diminutio para os “dissidentes”.

Algumas vezes ofendem-se os que apresentam dúvidas designando-os por “negativistas” (naysayers). É o cúmulo do obscurantismo. Quem não acredita é porque é contra a evidência das evidências!

Autoridades portuguesas falam mesmo na existência de um paradigma oficial…que não se discute.

Nos tempos recentes, os interesses passaram a ser convergentes com explicações cada vez mais difusas. Tanto se observa um ambientalista a falar em resultados económicos como um economista a falar em resultados ambientais.

E grandes grupos económicos esfregam as mãos de satisfação com os gordos negócios de emissões que antevêem.

Então os políticos, apoiados nos cientistas sem escrúpulos, resguardam-se com afirmações do género: «são os cientistas que dizem que vai acontecer isto e aquilo se não fizermos nada.» Se alguém levantar dúvidas mandam perguntar aos cientistas.

A utilização desonesta do artigo definido plural dá ideia da totalidade, como se fossem todos os cientistas.

Mas aonde estão os cientistas que se refugiam na cortina do silêncio? Silenciam os opositores da falácia e dizem que já não há quem duvide... Censuram nos media, nas revistas científicas e nos seminários públicos.

É uma nova inquisição que pretende vigiar o comportamento e até os pensamentos dos cidadãos, impedindo a sua livre manifestação através da censura e do silenciamento forçado.

Salvam-se os resistentes da blogosfera – que até não são tão poucos como isso, contando com os anglo-saxões... Esses eles não podem controlar.

quinta-feira, junho 15, 2006

Ciência, política e media

Os media, com a conivência activa ou passiva de alguns cientistas, têm contribuído empenhadamente para formar uma opinião pública distorcida que já não sabe distinguir entre o verdadeiro e o falso investigador ou entre a realidade e a ficção científica.

A larga difusão dos documentos do Intergovernmental Panel on Climate Changes – IPCC consegue-se com um eficiente serviço de imprensa que se estende à rede da Internet (http://www.ipcc.ch/).

Os mais divulgados de todos são os «Summaries for Policymakers». Estes resumos para os decisores políticos, que são reproduzidos pelos media como se fossem documentos científicos, são redigidos de forma assaz bem direccionada.

Como os políticos e os media não têm tempo nem paciência para entrar em pormenores, os Summaries divergem, sem escrúpulos dos redactores, de documentos científicos do IPCC. E ninguém se lembra de fazer um estudo comparativo.

É assim que se escrevem preciosidades como esta: «A shift from meat towards plant production for human food purposes, where feasible, could increase energy efficiency and decrease GHG (greenhouse gases) emissions (especially N2O and CH4 from agricultural sector)» – Summary, 2001, pág. 34.

Depois de promover a alimentação vegetariana, o IPCC diz mais: «Changes in the behaviour and lifestyles may result from a number of intertwined processes, such as:

- Scientific, technological, and economic developments;
- Developments in the dominant world views and public discourse
(aqui entra a cassete do “desenvolvimento sustentável”!);
- Changes in the relationships among institutions, political alliances, or actor networks:
- Changes in social structures or relationships within firms and households; and
- Changes in psychological motivation (e.g., convenience, social prestige, career, etc.)»
- Summary, 2001, pág. 41.

Como se diz popularmente, contado nem se acredita…Até nem falta a sugestão de pactos de regime e de acções psicológicas. Não admira que manuais escolares nacionais contenham já o obscurantismo climático.

Professores do ensino secundário recomendam aos alunos trabalhos para casa sobre o “aquecimento global” e as “alterações climáticas” com base em artigos de jornal! Meu Deus…ao ponto a que isto chegou.

O aparato com que foram anunciados os resultados do projecto SIAM (Scenarios, Impacts and Adaptation Measures, para Portugal) – um dos maiores logros intelectuais da nossa história – seguiu as mesmas directrizes.

Convocam-se os media para sítios oficiais como o Instituto do Ambiente. Despeja-se uma série de calamidades a acontecer em 2100 (nunca dentro de poucos anos, não vá o Diabo tecê-las…) para aparecerem como realidades nos noticiários da TV e da rádio e em letras garrafais dos jornais. Mas em 2100 nenhum de nós estará aqui para verificar…

Qual é o professor do ensino secundário ou o jornalista que está preparado para apreender ou transmitir conhecimentos nesta matéria tão complexa? É assim que se desinforma a opinião pública.

O IPCC apoia-se nos media para garantir a máxima publicidade dos seus relatórios, mesmo antes das conclusões, e das suas conferências. Iludem os jornalistas com competências de que não dispõem (já se chegou a anunciar três mil cientistas).

E estes media, fugindo à sua deontologia profissional, recusam-se a apresentar opiniões que contradigam as do IPCC.

Com a proliferação de reuniões nacionais e internacionais sobre o clima do planeta (que é necessário salvá-lo já…) é difícil abrir um jornal, ouvir uma estação de rádio ou ver um programa de televisão sem se encontrar, ouvir ou ver mais uma catástrofe anunciada.

Apresenta-se o planeta como um corpo doente ao qual resta pouco tempo para o salvar. Dizem que ele é frágil. Quando frágeis são os argumentos do IPCC e de toda a sua propaganda política.

O IPCC tornou-se num mero instrumento pseudo-científico de apoio a determinados grupos profissionais, sociais e políticos (que merecem ser analisados separadamente) com interesses convergentes.

Não raramente, em Portugal, essas notícias são acompanhadas pela presença das mesmas personagens que se anunciam com o epíteto de especialistas de alterações climáticas (é extraordinária a existência de especialistas de uma matéria inexistente!).

Recorda-se que, em Portugal, os climatologistas contam-se pelos dedos das mãos.

terça-feira, junho 13, 2006

Pólo Sul

Os registos de várias origens mostram que apenas uma pequena parte do Antárctico apresenta subida de temperatura. É na península Larsen B. para onde se dirige o ar aquecido desviado pelos anticiclones móveis polares austrais.

Em todo o resto do continente Antárctico verifica-se um desmentido flagrante das previsões dos modelos e da falácia do IPCC. Segundo a teoria do conhecimento basta uma prova que contrarie uma tese para esta ser rejeitada.

Mas quando se fala no «global warming» o que está em jogo não é o conhecimento. É precisamente o desconhecimento…Apresentam-se a seguir algumas referências (com a ajuda do Michael Crichton) suficientes para refutar o que os modelos prevêem.

Apresentam-se os nomes dos autores dos artigos, do ano, dos títulos do paper (traduzidos para maior facilidade de leitura), da revista (encontram-se muitas de referência científica), e das páginas respectivas. Inclui-se um pequeníssimo resumo.

- Doran, P.T., et alli., 2002, «O arrefecimento do clima antárctico e a resposta do ecossistema terrestre», Nature 415: 517-520.
Resumo: Desde 1986 até 2000 os vales centrais do Antárctico arrefeceram 0,7 ºC por década com grave deterioração do ecossistema devido ao frio (não é apenas o «global warming» que deteriora…);

- Comiso, J. C., 2000, «Variabilidade e tendências das temperaturas da superfície do Antárctico a partir das medições in situ e por infravermelhos via satélite», Journal of Climate 13: 1674-1698.
Resumo: Tanto os dados dos satélites como os das estações meteorológicas terrestres revelam um ligeiro arrefecimento nos últimos vinte anos.

- Joughin, I., et al., 2002, «Balanço de massa positivo da plataforma de gelo de Ross, Antárctico Oeste», Science 295: 476-480.
Resumo: As medições com radar revelam que o gelo no Antárctico Oeste aumentou a um ritmo de 26,8 gigatoneladas por ano. Trata-se de uma inversão da tendência de degelo dos últimos seis mil anos.

- Thompson, D. W., et al., «Interpretação da recente mudança climática no Hemisfério Sul», Science 296: 895-899.
Resumo: A temperatura da península do Antárctico (Larsen B.) aumentou vários graus enquanto no interior se apresenta um certo arrefecimento. O permafrost recuou mas o gelo marinho aumentou.

- Petit, J. R., et alli., 1999, «História climática e atmosférica do cilindro de gelo de Vostok, Antárctico, nos últimos 420 000 anos», Nature 399: 429-436.
Resumo: Durante os quatro últimos períodos interglaciários, que remontam aos anteriores 420 000 anos, a Terra teve temperaturas superiores à actual (sem gases antropogénicos).

- Anderson, J. B., et al., 1999, «As modificações do radiocarbono no manto de gelo avançam e recuam no Mar de Wedell, Antárctico», Geology 27: 179-182.
Resumo: Actualmente a mudança de estado do gelo antárctico é menor que no anterior período interglaciário.

- Liu, J., et alli., 2004, «Interpretação da recente variabilidade do gelo marinho antárctico», Geophysical Research Letters 31: 10.1029/2003 GL018732.
Resumo: O gelo marinho antárctico aumentou desde 1979.

- Vyas, N. K., et al., 2003, «Sobre as tendências seculares da extensão do gelo marinho na região do Antárctico baseadas nas observações do OCEANSAT-1 MSMR», International Journal of Remote Sensing 24: 2.277-2.287.
Resumo: A tendência para o aumento do gelo marinho pode estar em fase de aceleração.

- Parkinson, C. L., 2002, «Tendências da duração da temporada do gelo marinho no oceano meridional 1979-1999», Annals of Glaciology 34: 425-440.
Resumo: A maior parte do Antárctico tem épocas de gelo marinho mais prolongadas. Duram actualmente mais 21 dias do que antes de 1979.

Se estivéssemos na presença de um verdadeiro debate universal sobre ciência, com estas provas, há muito que o IPCC deveria estar reformado a favor da melhoria do conhecimento meteorológico e climático.

O shift climático de 1976 fez-se sentir especialmente no Pólo Norte que sofreu uma mais acentuada variação brusca negativa. Detecta-se pelo reforço do modo de circulação rápido dos Invernos.

Correcção: Atendendo a uma observação de um leitor especialmente atento, uniformizou-se a escrita para Antárctico (à semelhança do Árctico), embora uma outra (Antárctica) fosse igualmente aceite conforme o contexto (Vd. Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa).

domingo, junho 11, 2006

Quente e frio

A diversidade entre zonas com aquecimento e com arrefecimento encontrada no espaço do Atlântico Norte verifica-se de forma semelhante nos seis espaços aeorológicos.

Por exemplo, acontece no Alasca uma situação comparável à do Mar da Noruega com aquecimento. Por outro lado, observa-se uma zona com arrefecimento no oriente da Sibéria. O estudo ACIA confirma-o. É o resultado de uma das trajectórias dos anticiclones móveis polares (AMP).

Os fluxos de ar quente desviados pelos AMP boreais da trajectória do Pacífico Norte aumentam a temperatura do lado ocidental dos Montes Apalaches nos Estados Unidos da América.

Em termos genéricos, nos EUA, numa costa a temperatura sobe e na outra baixa. Depende das trajectórias dos AMP boreais e do ar quente retornado ao Pólo Norte.

As escarpas dos Apalaches ajudam a encaminhar o ar quente, vindo do Sul, em direcção ao Norte. Dirige-se para o Alasca e o Mar de Bering. O aquecimento é significativo na costa oriental do Alasca.

No sopé dos continentes e das ilhas banhadas pelo Oceano Glacial Árctico o aumento de temperatura é mais significativo por se aliarem os efeitos do relevo e do calor latente.

Recorda-se que sem o arrefecimento inicial – que origina o nascimento dos AMP – não seriam possíveis os aumentos de temperatura regionais que se detectam. Os AMP afastam o ar que se desvia, aquecido, para as regiões polares.

Na Eurásia observa-se a mesma dicotomia. Na Escandinávia e na Europa Central, atingindo mesmo a parte oriental do Mediterrâneo, podem-se observar descidas de temperatura nas trajectórias dos AMP bastante reforçados.

Pelo contrário, na Ucrânia e no sul da Rússia os aumentos de temperatura ficam-se a dever ao ar quente desviado pelos AMP da trajectória Escandinava.

Portugal, situado no lado oriental do espaço aerológico do Atlântico Norte – definido pela aglutinação anticiclónica dos Açores – exibe subidas de temperatura como as que se verificam na respectiva costa atlântica.

Se se situasse um pouco mais a norte, Portugal assistiria a um incremento da precipitação tal qual na costa norueguesa. Mas, dada a situação mais a sul, observa um desvio do potencial precipitável para paragens longínquas no centro-leste da Europa.

A Espanha defende-se com os Montes Cantábricos e com os Pirenéus que são obstáculos ao avanço dos AMP que se movem nas baixas altitudes. Já a França tem tendência para se aproximar do incremento da precipitação norueguesa.

Em conclusão não basta repetir – nos media ou em fóruns que deviam merecer mais respeito – a “boa” informação oriunda do IPCC ou de revistas ditas científicas.

Que o Alasca tem a temperatura a subir é conhecido e não se discute. O que se discute é o porquê dessa situação. Observar os fenómenos não é suficiente. É necessário interpretá-los correctamente, sem preconceitos.

Quando se observa a perda, pouco a pouco, da flora continental da Florida, não basta dizer logo à partida: eis mais uma prova do “aquecimento global” ou das “alterações climáticas”. Até não é verdade. Deve-se à circulação geral da atmosfera.

As questões associadas ao clima têm de se estudar com muito maior profundidade e seriedade. Não são suficientes diagnósticos superficiais. Nem repetições estereotipadas de discursos que de ciência têm muito pouco.

Quando o discurso é proferido por políticos é pior a emenda do que o soneto.