terça-feira, março 31, 2009

O obscurantismo climático




Não nos referimos apenas à mais recente manifestação designada Earth Hour 2009. Esta foi bem dissecada, por exemplo, em “Fátima ou Kioto”. Depois de terminado o Período Quente Contemporâneo (*), uma tal iniciativa elucida bem como os dirigentes da WWF estão totalmente afastados da realidade. Mas conseguem enganar milhões de pessoas.

Referimo-nos à aventura de três britânicos - dois homens e uma mulher - que, convencidos da contínua falta de gelo no Árctico, se lembraram de fazer uma viagem entre o Canadá e o pólo magnético durante um mês.

Então Al Gore, James Earl Hansen (director da NASA) e Rajendra Pachauri (presidente do IPCC) não andam a explicar que o Pólo Norte está em vias de extinção? Os três britânicos pretendiam comprovar a mensagem dos profetas do “global warming”. Para tal meterem-se a caminho de trenó com tendas.

Já gastaram quase o mês que pensavam ser o suficiente para percorrer 925 quilómetros entre o Canadá e o centro do Pólo Norte. De facto, em águas abertas era um pulo. Mas ainda só avançaram 84 quilómetros em 24 dias à custa de enormes sacrifícios humanos.

A este ritmo de avanço, poderiam levar 250 dias para atingir o objectivo. Isto é, no próximo Inverno boreal ainda andariam perdidos no mar gelado do Árctico. As últimas notícias, nada animadoras, encontram-se no blogue de Anthony Watts.

Estes aventureiros estão apetrechados com equipamentos informáticos que lhes permite entrar em contacto com o Mundo real. Escrevem um diário com notícias que os media ingleses aguardam para relatar ao vivo o fim do Árctico.

Mas enganaram-se. Depara-se-lhes uma realidade completamente distinta. A morte apresenta-se-lhes à frente. Um deles está com úlceras provocadas pelo frio intensíssimo (42 ºC negativos). Vale-lhes um dos expedicionários ser especialista em resgates.

Anthony Watts tem acompanhado de perto esta aventura desde o início pelo que os leitores podem segui-la através destes posts: (1), (2), (3). O Ecotretas já noticiou este acontecimento. Façamos todos votos para que não acabe em tragédia mais uma aventura assente no obscurantismo climático.

Registe-se, por curiosidade, que Sua Alteza o Príncipe de Gales é patrocinador desta aventura como de muitas outras ligadas ao obscurantismo climático. Ele também está persuadido do fim do Árctico. Mas, enquanto este fim não chega, vai-se aquecendo na América Latina.
____________

(*) Não existe acordo entre os climatologistas para o intervalo deste período dado que depende da origem de observação das temperaturas (termómetros, balões e satélites meteorológicos) e dos espaços aerológicos do planeta. No entanto, qualquer que seja a metodologia, no século XXI não se detecta tendência para crescimento das temperaturas. Antes pelo contrário, verifica-se uma ligeira tendência para o decrescimento, apesar de a concentração atmosférica de dióxido de carbono continuar em crescimento.

segunda-feira, março 30, 2009

Almoço-conferência com Rajendra Pachauri

(Texto da autoria de Jorge Pacheco de Oliveira)

No próximo dia 14 de Abril terá lugar no Convento do Beato, em Lisboa, um almoço-conferência cujo orador convidado é Rajendra Pachauri, o actual Chairman do IPCC, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas.

Segundo notícia do Expresso online, trata-se de uma iniciativa conjunta do Banco Espírito Santo e do semanário Expresso, "no âmbito do Mês do Desenvolvimento Sustentável".

A notícia vai mais longe e esclarece que o jornal e aquele banco estabeleceram uma parceria para criar o “Programa Futuro Sustentável”, lançado em 2007, com o objectivo de “colocar a sustentabilidade na agenda nacional, contribuir com iniciativas próprias e criadoras de valor de modo a acelerar o desenvolvimento sustentável em Portugal, e posicionar o BES e o Expresso como motores do desenvolvimento sustentável nos respectivos sectores de actividade”.

Quanto aos nobres objectivos enunciados, é sempre oportuno recordar o velho ditado de que “presunção e água benta cada qual toma a que quer”, mas que o convite a Rajendra Pachauri constitua uma iniciativa “criadora de valor”, já se torna uma ideia um tanto discutível.

Com efeito, da parte do Expresso, não obstante anteriores acções junto de especialistas nacionais que se opõem à teoria do IPCC acerca do anthropogenic global warming, como foi o caso de uma entrevista com o Prof. Corte Real e outra com o Prof. Delgado Domingos, a verdade é que não se observa neste semanário uma preocupação permanente em divulgar os inúmeros acontecimentos internacionais, artigos de opinião e artigos científicos contrários à tese oficial do IPCC. Julgava-se que essa seria a atitude de um jornal que muitos consideram de referência.

E não seria nada difícil. A internet está repleta de informação sobre o assunto e a argumentação dos cientistas que refutam as teses do IPCC, se não for suficiente para converter um crente, pelo menos deixa fortíssimas dúvidas acerca da validade da teoria oficial do IPCC e impele qualquer pessoa que goste se manter informada a seguir com atenção essa argumentação.

De facto, as posições contrárias às teses do IPCC não são despiciendas e são defendidas por muitos cientistas de craveira internacional. Num post recente o MC publicou a tradução de uma carta assinada por 100 cientistas e dirigida ao Secretário Geral das Nações Unidas. Em Portugal esta carta não foi sequer referida por nenhum órgão de comunicação social, apesar de ter sido redigida e divulgada na comunicação social estrangeira durante a Conferência de Bali sobre o Clima, acontecimento que todos os órgãos de informação acompanhavam com a máxima atenção.

Nos Estados Unidos, a discussão sobre o anthropogenic global warming é muito viva e os meios de comunicação social divulgam todas as posições sobre o assunto. Em Portugal parece que as direcções dos nossos meios de comunicação social são muito mais entendidas sobre a questão e, embora lá vão reconhecendo a existência de uns quantos irredutíveis que não acreditam nas teses do IPCC (os “negacionistas” como alguns referem, sendo que o termo já implica um subtil juízo de valor), a verdade é que as direcções dos nossos órgãos de informação tomaram a opção de privilegiar um dos lados.

O convite a Rajendra Pachauri, bem como os dois anteriores convites a Al Gore, ajuda a compreender a forma como se divulgam e consolidam certas teorias pseudo-científicas, como é o caso do anthropogenic global warming que o distinto chairman do IPCC vem "vender" em Portugal.

Seria interessante que, no final deste almoço-conferência, a organização divulgasse, para além do número de pessoas presentes, quantas pagaram do seu próprio bolso o valor de 250 euros mais IVA. Trata-se de uma importância muito elevada, para mais em tempos de crise, inacessível ao comum dos cidadãos portugueses. Por isso, não será demais supor que os participantes no evento, ou desfrutarão de uma confortável situação económica, ou então, com grande probabilidade, e cumulativamente, serão individualidades das empresas públicas ou semi-privatizadas que habitualmente patrocinam acontecimentos "politicamente correctos" e que pagarão aos seus colaboradores mais destacados a participação nesta conferência. Ou seja, pagamos todos nós.

Não deixa de ser estimulante tentar perceber se a emergência da recente e brutal crise financeira, provocada pela confirmada ganância de uma corte de charlatães, que souberam cultivar um cenário de aparências, em que a única verdade seria o nome de baptismo de cada um deles, conseguirá levar a generalidade das pessoas a interrogar-se acerca da possibilidade de outras personalidades, em campos distintos, como, por exemplo, o da Ciência, poderem estar a desenvolver o mesmo tipo de comportamento fraudulento.

A teoria do anthropogenic global warming, em que a única verdade é o facto de o dióxido de carbono ser um gás com efeito de estufa, embora inocente, como tudo leva a crer, dos terríveis malefícios de que é acusado, possui todos os condimentos necessários para a montagem de um cenário de aparências. Sobretudo coincide num dos principais indicadores : mexe com muito dinheiro.

Para se avaliar o pensamento de Rajendra Pachauri acerca das questões ambientais e da controvérsia que envolve a teoria do anthropogenic global warming, é interessante ler uma entrevista que ele concedeu ao jornal espanhol "El País".

Obviamente, o senhor tem todo o direito de emitir opinião sobre estas matérias, mas não deixa de ser curiosa e elucidativa a afirmação que produz mesmo no final da entrevista e que, aliás, constitui o título seleccionado pelo "El País" : "Os cépticos das alterações climáticas deveriam mudar-se para outro planeta".

Como exercício de lógica e prova de capacidade de discernimento, para não falar de tolerância em relação àqueles que revelam opiniões contrárias às dele, tal afirmação deixa muito a desejar, pois se alguém deveria mudar-se para outro planeta seriam os que, como Pachauri, receiam que o céu deste planeta lhes caia em cima da cabeça. Não lhe ocorreu.

sábado, março 28, 2009

Debate em Estarreja

Ana Mafalda Pinto, Cátia Gurgo, Diana Seabra, Joana Almeida e Luzia Vieira do 12º ano da Escola Secundária de Estarreja promoveram um debate sobre “As Alterações Climáticas”.

O debate realizou-se no dia 20 de Março de 2009, na Casa da Cultura de Estarreja. Iniciou-se às 22 horas e terminou à 1 hora do dia seguinte.

Para o efeito, convidaram como oradores: o Prof. Rui Mateus, biólogo, da Escola Secundária de Estarreja, o Ambientalista Miguel Oliveira e Silva, de Aveiro, o Prof. José Castanheira, do Departamento de Física da Universidade de Aveiro e Rui G. Moura, editor do Mitos Climáticos.

Na plateia encontravam-se, nomeadamente, professores de diversas áreas (Psicologia, Inglês, Matemática, Ciências Naturais) que leccionam no 3º ciclo e no secundário da Escola Secundária de Estarreja (ESE); o Presidente do Conselho Executivo da ESE; alunos do 3º ciclo e do secundário da ESE (das áreas de Ciências Sociais e Humanas e de Ciências e Tecnologia); engenheiros do ambiente e de outras áreas, autarcas e economistas.

Durante o debate verificou-se que a maior parte dos presentes só tinha tido acesso à tese oficial das alterações climáticas. Este facto, levou a que os presentes, perante a surpresa da apresentação do contraditório, tenham questionado sobre quase tudo ligado ao assunto que ouvem, vêem ou lêem através dos media.

A partir de agora, já não serão tantos os que se deixarão iludir sobre o que vêem, ouvem ou lêem. Só por isso, o debate foi importantíssimo para abrir as mentalidades de pessoas que passaram a conhecer o “outro lado” da questão.

Alguns assistentes aprenderam no ensino secundário a designada teoria do aquecimento global, na disciplina de Geografia, na forma como ela é tratada pelos políticos e pelos meios de comunicação social, como sendo um assunto real, actual, preocupante, causado pelo Homem e urgente em ser combatido.

As cinco alunas que tomaram a iniciativa do debate, no âmbito dos seus trabalhos escolares, foram alvo da mesma “injecção” de conhecimentos, no Curso Científico-Humanístico de Ciências Sociais e Humanas.

Aquelas cinco alunas foram bastante elogiadas pela assistência por porem em causa aquilo que lhes ensinaram e pelo facto de não assimilarem dogmas sem primeiro questionarem e pensarem: “Será mesmo assim?”; “Estará correcto?”; “Vamos averiguar...”. E foi o que fizeram, com sucesso, contando com a colaboração dos outros participantes no debate.

Falta acrescentar que as organizadoras tentaram várias vezes convencer Filipe Duarte Santos a participar no debate. Mas o conhecido “warmer” português escusou-se sempre pelo que teve “falta de comparência”. Será receio do contraditório? Ou falta de argumentos?

quarta-feira, março 25, 2009

Ainda a tragédia de Nova Orleães

A propósito de uma afirmação recente do actual governador da Louisiana, o jornalista Rui Tavares escreve hoje no Público, pág. 36, na sua “Crónica sem dor” o artigo com o título “Sobre vulcões e outros dilemas”.

Afirma o sr. Rui Tavares: “Atenção. Este homem, Bobby Jindal, é o governador do estado de Louisiana, que é o estado onde fica Nova Orleães, que foi a cidade inundada após o furacão Katrina – por causa dos cortes orçamentais que impediram o reforço dos diques que a protegem.”

Esta afirmação não dá conta de toda a verdade. Como temos a ideia que o sr. Rui Tavares é um jornalista que se preocupa com o rigor, vimos acrescentar uma correcção para esta sua omissão.

Para isso, socorremo-nos de Marlo Lewis, autor do livro traduzido para português «A Ficção Científica de Al Gore», que também se ocupou desta tragédia sucedida no sul dos Estados Unidos da América.

Na pág. 64 da edição portuguesa, lê-se o destaque do texto do livro «Uma Verdade Inconveniente» de Al Gore, nas páginas 94-95 (da versão em língua inglesa): “E então chegou o Katrina... As consequências foram horríveis. Não há palavras para as descrever.”

Marlo Lewis faz o seguinte comentário a esta afirmação de Al Gore: “As consequências do Katrina foram horríveis, mas é pura demagogia responsabilizar as emissões de CO2 pela devastação.

Kerry Emanuel, exactamente o cientista cujo trabalho Gore costuma citar para reclamar a ‘emergência de um forte consenso’ acerca da ideia de que o aquecimento global está a aumentar a duração e intensidade dos furacões, alertou contra as tentativas de associar o Katrina, ou outras tempestades recentes no Atlântico, ao aquecimento global.

Numa entrevista que ocorreu durante a fase em que o Katrina ainda se mostrava ameaçador, Emanuel afirmou: ‘Nós tivemos dez anos muito activos, ao longo da costa dos EUA e do golfo, e podíamos atirar as culpas para cima do aquecimento global. É, de facto, tentador. Mas olhando para as estatísticas, é muito difícil fazer tal ligação. Penso que o que estamos a observar neste caso é, sobretudo, um ciclo natural.’ (1)

Mais significativamente, o Katrina foi o maior desastre natural na história dos Estados Unidos, não por se tratar de um furacão demasiado forte – era uma tempestade de Categoria 3 quando entrou no território continental – mas porque o governo federal falhou na construção de protecções adequadas contra inundações da cidade de Nova Orleans.

John Berlau, colega do autor, faz a reportagem desta triste história num novo e importante livro. (2) A história conta-se em poucas palavras. Os decisores políticos sabiam há décadas que o sistema de canais, diques, muros e açudes não era adequado para proteger Nova Orleans. Nos anos 1960 e 1970, o Corpo de Engenheiros propôs a construção de grandes comportas de aço e betão para evitar que um furacão levasse as vagas do oceano até ao Lago Pontchartrain através de Nova Orleans.

Os políticos locais e a delegação ao Congresso de Louisiana deram o seu acordo a esta proposta. Todavia, grupos de pressão ambientalistas processaram o Corpo, recorrendo à Lei de Política Nacional do Ambiente com o objectivo de impedirem a construção das comportas de protecção contra as inundações. Tiveram sucesso. O Katrina devastou Nova Orleans porque os açudes, batidos pelas vagas, abriram brechas e permitiram que também a água do Lago fosse despejada no interior da cidade, inundando-a. O sistema de controlo de cheias proposto pelo Corpo teria evitado, com toda a probabilidade, a enorme perda de vidas e prejuízos económicos que bateram todos os recordes.

A litigação [dos ambientalistas] e não o aumento das concentrações de CO2, foi o factor ‘antropogénico’ que transformou o Katrina numa horrenda catástrofe.”

segunda-feira, março 16, 2009

Carta aberta ao Secretário-geral das Nações Unidas

[Actualização da nota (*), em 23 de Março]

Com cópia a todos os chefes de Estado dos países a que pertencem os signatários. (*)

13 de Dezembro de 2007

A Vossa Excelência, Senhor Ban Ki-Moon

Ref: A Conferência das Nações Unidas sobre o Clima está a levar o mundo numa direcção completamente errada.

Não é possível deter as alterações climáticas, um fenómeno natural que tem vindo a afectar a humanidade através dos tempos. Os testemunhos geológicos e arqueológicos, bem como os testemunhos históricos, orais e escritos, revelam bem os desafios dramáticos que as sociedades antigas tiveram de enfrentar perante alterações imprevistas da temperatura, precipitação, vento e outras variáveis climáticas.

Em consequência, devemos preparar as nações para resistir a todos estes fenómenos naturais promovendo o crescimento económico e a criação de riqueza. O Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (IPCC) tem vindo a publicar conclusões cada vez mais alarmistas sobre a influência climática do dióxido de carbono (CO2) de origem antropogénica, não obstante o CO2 ser um gás não poluente, essencial à fotossíntese das plantas.

Embora se possa compreender as razões que levaram a considerar prejudiciais as emissões de CO2, as conclusões do IPCC são absolutamente desajustadas como justificação para a implementação de políticas que vão reduzir significativamente a prosperidade futura. Em especial, não está demonstrado que seja possível modificar significativamente o clima global mediante redução das emissões antropogénicas de gases com efeito de estufa.

Acima de tudo, na medida em que as tentativas de travar as emissões têm como consequência um retardar do desenvolvimento, a abordagem actual da ONU acerca da redução do CO2 é susceptível de agravar o sofrimento humano devido a futuras alterações climáticas, em vez de o reduzir.

Os Sumários do IPCC para Decisores Políticos são os documentos mais amplamente consultados por políticos e por não cientistas, estando na base da maior parte das decisões políticas sobre as alterações climáticas. Contudo, estes sumários são preparados por um núcleo relativamente restrito de redactores e a sua versão final é aprovada, linha a linha, por representantes dos governos.

A grande maioria dos colaboradores e recensores do IPCC e as dezenas de milhares de outros cientistas que estão qualificados para emitir pareceres sobre estas matérias não são tidos nem achados na preparação destes documentos. Os sumários do IPCC não podem, portanto, ser apresentados como um ponto de vista consensual entre os especialistas.

E, contrariamente à ideia divulgada pelos Sumários do IPCC:

• As recentes observações de fenómenos como a retracção dos glaciares, a subida do nível do mar e a migração de espécies sensíveis à temperatura, não constituem prova de uma alteração climática anormal, porque não ficou demonstrado que alguma dessas alterações se encontre para além dos limites da variabilidade natural conhecida.

• O ritmo médio de aquecimento, entre 0,1 ºC e 0,2 ºC por década, registado pelos satélites durante o séc. XX, está dentro dos limites conhecidos das taxas de aquecimento e de arrefecimento observadas nos últimos 10 mil anos.

• Cientistas de primeiro plano, incluindo alguns dos representantes séniores do IPCC, reconhecem que os modelos informáticos actuais não podem prever o clima. Em conformidade, apesar das projecções dos computadores que apontam para um aumento das temperaturas, não se tem observado um saldo global de aquecimento desde 1998.

O actual patamar de temperatura, que sucede a um período de aquecimento no final do séc. XX, enquadra-se no prosseguimento, através dos nossos dias, de um ciclo climático natural, multidecenal ou milenar.

Em total oposição à afirmação, frequentemente repetida, de que a ciência das alterações climáticas está “assente”, um conjunto de novas e significativas investigações, recenseadas pelos pares, tem vindo a lançar cada vez mais dúvidas sobre a hipótese de um aquecimento perigoso de origem antropogénica. Mas como os grupos de trabalho do IPCC foram instruídos no sentido de terem em conta apenas os trabalhos publicados até Maio de 2005, importantes conclusões posteriores não são incluídas nos seus relatórios, ou seja, os relatórios de avaliação do IPCC são baseados em resultados obsoletos.

A conferência das Nações Unidas em Bali, sobre o clima, foi planeada de forma a conduzir o Mundo por um caminho de severas limitações ao CO2, ignorando as lições evidentes dadas pelo malogro do Protocolo de Quioto, pela natureza caótica do mercado europeu de direitos de emissão de CO2 e pela ineficácia de outras dispendiosas iniciativas destinadas a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

Análises isentas, de custo-benefício, não legitimam a introdução de medidas globais destinadas a limitar e a reduzir o consumo de energia com o intuito de restringir as emissões de CO2. Além disso, é irracional aplicar o “princípio da precaução” porque numerosos cientistas reconhecem que tanto o arrefecimento, como o aquecimento, são hipóteses climáticas realistas num futuro a médio prazo.

O esforço actual da ONU no sentido de “combater as alterações climáticas”, tal como foi apresentado no Relatório sobre o Desenvolvimento Humano, de 27 de Novembro de 2007, de acordo com o Programa de Desenvolvimento da ONU, desvia a atenção dos governos da necessidade de adaptação à ameaça colocada pelas alterações climáticas naturais e inevitáveis, seja qual for a forma que possam vir a assumir.

Perante tais perspectivas, torna-se necessário um planeamento nacional e internacional, que auxilie prioritariamente os cidadãos mais vulneráveis a adaptar-se às condições futuras. As tentativas para evitar a ocorrência de alterações climáticas globais são, em última análise, fúteis e constituem uma trágica má aplicação de recursos, os quais seriam bem melhor utilizados na resolução dos verdadeiros e mais prementes problemas da humanidade.

Signatários (100 assinaturas)
____________

(*) Fonte: A Ficção Científica de Al Gore. Esta carta aberta – que subscrevemos – foi escrita por um grupo de 100 cientistas com currículo internacionalmente reconhecido. Enviaram-na ao Secretário Geral das Nações Unidas por ocasião da Conferência de Bali, em Dezembro de 2007.

sábado, março 14, 2009

Intervenção de Richard Lindzen

quarta-feira, março 11, 2009

Richard Lindzen contra o alarmismo climático

Richard S. Lindzen é um cientista de elevadíssima craveira intelectual. Professor de Meteorologia do Massachusetts Institute of Technology, já publicou mais de 200 livros e artigos científicos. Foi o leader do capítulo científico do Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC, de 2001.

Este último trabalho trouxe-lhe o amargo de boca de se ver confrontado com a falta de ética científica dos principais responsáveis do IPCC, pois estes cientistas-políticos ou políticos-cientistas, como se queira, publicaram com distorções e sem conhecimento de Richard o texto do relatório já aprovado pelos colegas de trabalho.

Richard Lindzen como cientista sério e honesto, que se distingue do núcleo duro que tomou conta do IPCC, demitiu-se da prestação científica dada ao IPCC. Aliás, até hoje, não foi o único a tomar esta posição de verticalidade intelectual. Muitos outros lhe seguiram o exemplo.

Tornou-se histórico o seu depoimento, no Senado dos Estados Unidos da América, quando o cabotino Al Gore o interrogou e tentava distorcer as afirmações de Lindzen retorquindo: «O que V. Exa. quis dizer foi…».

Sintomaticamente, o The New York Times publicou, na primeira página, as distorções e não as afirmações de Lindzen, que se viu obrigado a redigir um desmentido. Também sintomaticamente o desmentido de Lindzen foi atirado para o interior do jornal. Lá como cá, também existem órgãos de comunicação social enfeudados às teses do alarmismo climático. A vantagem dos EUA é a existência de um forte culto da liberdade de expressão, o que acaba por permitir a divulgação de todos os pontos de vista, circunstância que não se observa em países como o nosso, por exemplo, em que apenas uns quantos estão autorizados a ter opinião. A politicamente correcta, obviamente.

Esclarece-se que Richard Lindzen é um dos 100 signatários da carta aberta ao Secretário Geral das Nações Unidas, de 13 de Dezembro de 2007, por ocasião da Conferência de Bali, cujo tema era “A Conferência das Nações Unidas sobre o Clima está a levar o mundo numa direcção completamente errada”. A tradução desta carta foi publicada em Anexo ao Prefácio do livro de Marlo Lewis Jr. “A Ficção Científica de Al Gore

No mesmo livro, Lewis refere ainda Lindzen como autor do artigo “Climate of Fear: Global warming alarmists intimidate dissenting scientists into silence”, publicado no Wall Street Journal, em 12 de Abril de 2006.

A participação de Richard Lindzen na Segunda Conferência Internacional sobre Alterações Climáticas, veio demonstrar, se dúvidas houvesse, o alto nível desta iniciativa do The Heartland Institute.

Na sua importante comunicação, de 8 de Março de 2009, Richard Lindzen declara que o alarmismo climático foi desde sempre um movimento político contra o qual tem sido necessário travar uma difícil batalha. E, uma vez que se dirige a uma plateia de cépticos, começa por dizer que os opositores ao alarmismo climático devem ter em conta algumas verdades simples.

Em primeiro lugar, Lindzen adverte que nem uma atitude céptica faz um bom cientista, nem uma atitude concordante faz um mau cientista. Conhecendo-se o discurso da parte contrária, pode dizer-se que a honestidade de Lindzen não encontra paralelo em nenhum dos adeptos do global warming.

Lindzen diz ainda que muitos dos cientistas que ele respeita fazem parte do campo alarmista, mas salienta que a actividade científica que lhe inspira esse respeito não é a ligada ao global warming. E admite que o facto de esses cientistas abraçarem as teses do global warming apenas lhes torna a vida mais fácil.

A este propósito, Lindzen deu o exemplo de Kerry Emanuel, seu colega no MIT, que apenas se tornou conhecido quando afirmou que os ciclones tropicais poderiam tornar-se mais intensos com o aquecimento global. Depois disso, passou a ser inundado com distinções profissionais.

Curiosamente, Kerry Emanuel é referido por Marlo Lewis Jr. no Capítulo 6 do livro “A Ficção Científica de Al Gore”, uma vez que Gore, em “Uma Verdade Inconveniente”, e sob pretexto do furacão Katrina, recorre a Kerry Emanuel para reclamar a “emergência de um forte consenso” acerca da ideia de que o aquecimento global está a aumentar a duração e intensidade dos furacões. Para azar de Gore, o próprio Emanuel alertou contra as tentativas de associar o Katrina, ou outras tempestades recentes no Atlântico, ao aquecimento global.

Depois, Lindzen chamou a atenção para o caso de Carl Wunsch, outro colega do MIT, especialista em oceanografia, o qual, apesar de virtualmente ter questionado todas as afirmações alarmistas respeitantes ao nível dos oceanos, à temperatura da água do mar e à modelação oceânica, evita a todo o custo ser associado aos críticos do global warming.

Mas, para Lindzen, o caso mais curioso é o de Wally Broecker, cujo trabalho mostrou claramente que ocorrem mudanças súbitas do clima sem influência antropogénica, mas que também abraça vigorosamente as teses do alarmismo, daí retirando um elevado reconhecimento.

Lindzen reconhece que existe um grande número de cientistas que a propósito das alterações climáticas emitem declarações ambíguas, ou sem um significado claro, as quais podem ser distorcidas e aproveitadas pelos alarmistas, mas como a propaganda alarmista pode convencer os políticos a aumentar os fundos de financiamento, não existe incentivo para protestar contra essas distorções.

Lindzen prossegue com a denúncia do comportamento de algumas instituições académicas e reprova as ligações perversas entre cientistas e responsáveis políticos, chamando a atenção para os perigos de uma corrupção da Ciência induzida pela conquista de financiamentos.

Enfim, poderíamos continuar a referir passagens desta importante comunicação de Richard Lindzen, mas o texto já está disponível online e vale a pena ler na íntegra.

segunda-feira, março 09, 2009

Segunda Conferência Internacional sobre Alterações Climáticas

Teve início ontem, 8 de Março de 2009, em Nova Iorque, a Segunda Conferência Internacional sobre Alterações Climáticas com a presença de cientistas e outras personalidades com opiniões diversas da ideologia oficial do Global Warming.

A Conferência, que termina amanhã, é promovida pelo The Heartland Institute e tem por tema central uma análise crítica à palavra de ordem “crise climática” proclamada pelos alarmistas a começar pelos principais dirigentes do IPCC.

Os organizadores anunciaram a presença aproximada de 700 participantes incluindo cientistas, decisores políticos e jornalistas. Inclusive, estão presentes colaboradores do IPCC, actuais e antigos.

Em relação à Primeira Conferência, de 2008, regista-se quase o dobro de conferencistas. Aguarda-se que as intervenções desta Segunda Conferência fiquem disponíveis online tal como as da Primeira Conferência.

O Presidente do The Heartland Institute, Joseph Bast, na sessão de boas-vindas salientou a qualidade dos oradores das várias teses que devem demonstrar que não existe nenhuma crise climática.

Joseph Bast aguarda que as comunicações dos 80 oradores convidados desta Conferência respondam às seguintes questões cruciais:

- A estabilidade que se detecta nas temperaturas dos últimos oito anos contradiz as previsões dos modelos informáticos do clima?

- Os registos de variáveis proxies do passado contradizem o que os modeladores afirmam ser a prova do papel do dióxido de carbono na variação do clima?

- O aquecimento recente é uma marca da “pegada de carbono” como anunciam os alarmistas do clima?

- Há motivo para os governantes legislarem [tal como estão a fazê-lo] sobre a redução das emissões dos gases com efeito de estufa para estabilizar o clima?

sexta-feira, março 06, 2009

Testemunho no Congresso dos EUA

(Actualizado em 7 de Março de 2009)

O Prof. de Física da Universidade de Princeton William Happer foi convidado pelo Senado dos Estados Unidos da América para testemunhar acerca do Global Warming. Ocorreu, muito recentemente, no dia 25 de Fevereiro de 2009.

O Prof. Happer não só historiou a saga do aquecimento global como fez uma análise exaustiva do assunto que tanto preocupa uma parte da humanidade. Criticou severamente os modelos informáticos do clima e os cientistas que não respeitam a Ciência.

Não se esqueceu de Al Gore e da campanha de doutrinação da juventude americana posterior à apresentação do filme «Uma verdade inconveniente». Esta doutrinação nas escolas começa a ter alcance quase universal e, naturalmente, inclui Portugal.

James Earl Hansen foi referido pelo Prof. William Happer pela sua infeliz afirmação, no Congresso, de que os «skeptics are guilty of “high crimes against humanity and nature”», expressão imprópria de um cientista mas própria de um provocador vulgar.

O Prof. Happer apresentou-se como especialista dos processos físicos das radiações infravermelhas e visíveis – que se referem ao processo radiativo do designado efeito de estufa.

De entrada, o Prof. começou por questionar se o aquecimento proporcionado pelo dióxido de carbono é bom ou mau para a humanidade. Afirma desde logo que o aumento da concentração atmosférica de CO2 não é motivo de alarme para a espécie humana.

Não deixou de referir o facto de que o efeito de estufa do planeta é devido fundamentalmente ao vapor de água e às nuvens. Aborda depois a hipótese de o dióxido de carbono adicional poder aumentar a contribuição do vapor de água, o chamado “feedback positivo”.

Destacou, porém, que esta hipótese, contemplada nos modelos informáticos do clima, não está provada e representa apenas uma idealização dos modeladores. No entanto, é este hipotético “feedback positivo” o responsável pelos resultados elevadíssimos das temperaturas previstas até 2100, os quais são obtidos nos exercícios apresentados, nomeadamente, pelo IPCC.

O Prof. Happer afirmou que o clima sempre variou ao longo da história sem que tenha havido interferência do ser humano. Segundo ele, no Período Quente Romano que se verificou entre, aproximadamente, os anos 200 AC e 50 DC, as uvas cresceram na Grã-Bretanha durante um século.

Cerca do ano 1100, os vikings prosperaram com explorações agrícolas na Gronelândia no Período Quente Medieval, que se observou entre, aproximadamente, os anos 800 e 1300 e que se caracterizou por ser mais quente do que o actual.

Acrescentamos que D. Afonso Henriques (*) deu origem ao nascimento de uma nação nesse Período Quente Medieval. Já agora, seria aconselhável um exercício de pesquisa para apurar qual era a situação do Árctico no tempo de D. Afonso Henriques. E a do nível do mar na orla costeira do território que viria a chamar-se Portugal.

William Happer falou nos sacrifícios astecas assentes na crença primitiva de que o ser humano podia controlar o clima. Segundo o professor, por volta de 1500, os cientistas (religiosos) astecas decretaram que o debate estava terminado (curiosamente Al Gore diz o mesmo) e que era essencial 20 mil sacrifícios humanos por ano para manter o Sol em movimento, provocar a chuva e combater as alterações climáticas.

Mais tarde, os vikings tiveram de abandonar a Gronelândia no início da Pequena Idade do Gelo. Os que não quiseram abandonar a ilha vieram a perecer com frio e com falta de alimentos. O frio provoca a escassez de alimentos e o calor promove a abundância de alimentos.

Na sua alegação perante o Congresso, o professor não se esqueceu de falar no tristemente célebre episódio do “hockey stick” que lhe recordou o romance “1984” de Orwell.

Abordou a questão dos glaciares em recuo e em avanço e as manigâncias de Al Gore. No filme coroado com dois Óscares de Hollywood, Gore apresentou o mesmo glaciar em episódios climáticos distintos, um quente (com o glaciar recuado) e outro frio (com o glaciar avançado) como se o recuo tivesse sido devido ao “global warming”. Se fosse honesto, Al Gore deveria ter comparado o mesmo glaciar em situações climáticas similares, ambas frias ou ambas quentes.

O professor de Princeton criticou o sofisma de se considerar o dióxido de carbono como poluente. Salientou que o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera é favorável à agricultura, como mostram os estudos do Dr. Robert Mendelson, da Universidade de Yale.

Não deixou de chamar a atenção para o erro de se falar em consenso científico em torno das posições do IPCC, pois o que é correcto em Ciência são as experiências e as observações. O IPCC despreza as observações e as experimentações porque estas apontam em sentido contrário às suas hipóteses, com origem em modelos informáticos do clima.

Quase a terminar, W. Happer chamou a atenção para o escândalo das revistas com peer-reviewing (revisão pelos pares) que só publicam artigos que defendam a teoria do global warming, ao mesmo tempo que recusam artigos, ainda que bem fundamentados, que critiquem a mesma teoria (ver Climate Audit).

O professor terminou com uma alusão ao problema da energia que merecia uma reflexão séria mas que a confusão do global warming veio prejudicar. A sua frase “We should not confuse these laudable goals with hysterical about carbon footprints” aponta para a idiotice do conceito de “pegada ecológica” (ecological footprint) que faz as delícias dos jornalistas e dos políticos mal informados.

Deste modo, o Prof. William Happer ministrou ao Congresso uma lição de enorme sabedoria que merece ser lida com atenção. O seu depoimento completo encontra-se no post do blogue CO2 Sceptics.

Os leitores conhecem algum convidado do Parlamento português que tenha sido chamado pelos senhores deputados para ir lá explicar-lhes algo diferente da ladaínha do global warming?

Pelo contrário, o Parlamento português encontra-se completamente enfeudado à teoria do global warming, chegando a promover sessões de esclarecimento (?) em que os interventores são todos adeptos da teoria.

Aconteceu, por exemplo, na “2ª Conferência Internacional Sobre Alterações Climáticas e Segurança Energética” realizada em 1 de Julho de 2008 na Sala do Senado e promovida pela “Comissão de Poder Local, Ambiente e Ordenamento do Território”.

O que vão fazer as pessoas a este tipo de sessões? Convencer-se umas às outras daquilo de que já estão convencidas? Há eventos que, na verdade, não passam de rituais.

Mas compreende-se que o Parlamento português, ao contrário do Senado dos Estados Unidos, não esteja interessado em debater com total abertura a teoria do global warming. Em Portugal, os partidos encontram-se de tal forma condicionados pelo politicamente correcto acerca do global warming, que todos eles pensam que pôr em causa os erros e equívocos desta teoria pode fazer perder votos.
___________

(*) Nascido em Viseu, em 1109, segundo resultado de recentes investigações sobre o período medieval, pelo que este ano se comemoram 900 anos do seu nascimento.

quarta-feira, março 04, 2009

Cientistas japoneses contrariam IPCC

Cientistas japoneses consideram que o aquecimento global não é da responsabilidade do Homem, acreditam que as recentes alterações climáticas têm origem em ciclos naturais e não na actividade industrial e declaram que a tendência de aquecimento observada na segunda metade do século XX já terminou, não obstante as emissões de dióxido de carbono devido à queima de combustíveis fósseis terem continuado a aumentar, o que desmente a tese do IPCC de que a maior parte do aquecimento se deve ao acréscimo do efeito de estufa provocado pelo dióxido de carbono antropogénico.

Não seria a primeira vez que cientistas, individualmente ou em grupo, contrariam as teses do IPCC acerca do AGW (Anthropogenic Global Warming). Em português, aquecimento global de origem antropogénica.

O que esta situação tem de novo é o facto de a contestação ao IPCC constar de um relatório da Japan Society of Energy and Resources, uma sociedade académica que representa os cientistas japoneses ligados à energia e recursos energéticos e que constitui um órgão de consulta do próprio governo japonês.

O relatório, assinado por cinco eminentes cientistas, está a causar grande polémica nos meios da climatologia internacional, na medida em que traduz um corte muito profundo com as teses defendidas pelas Nações Unidas, através do IPCC, no que respeita à hipótese do AGW.

Dos cinco relatores, apenas um se mostra favorável à hipótese do AGW. Três deles discordam frontalmente do IPCC e um deles chega a comparar a modelação climática por computador à antiga astrologia…

O relatório é de Janeiro de 2009, mas apenas teve repercussão internacional após publicação, pelo “The Register”, da primeira tradução para inglês das partes mais significativas do mesmo.

Os leitores interessados podem aceder ao texto integral do The Register através do link aqui deixado.

Apesar da polémica internacional que este relatório está a provocar, acreditamos que em Portugal nada disto virá a público através da nossa comunicação social, na sua maioria enfeudada às posições de uma corrente, mais ou menos politizada, que adoptou as teses do IPCC e que tem conseguido impor os seus pontos de vista nesta matéria como sendo a opinião politicamente correcta.

É desta forma que se continua a observar, na nossa imprensa, a publicação de artigos alarmistas que nos vêm dizer que os fenómenos associados às alterações climáticas estão em franca aceleração e que é preciso fazer qualquer coisa antes que seja tarde demais. Talvez porque esta conversa já deu um prémio Nobel, nada melhor do que insistir.

Da parte de jornalistas sem formação científica tais atoardas não surpreendem, mas da parte de pessoas que possuem essa formação já se torna lamentável. Por isso, não se pode deixar de criticar um artigo recente de um colega, engenheiro, presidente de uma empresa dita de “inovação”, que revelou uma posição muito ambígua ao dizer que, apesar de ouvir frequentemente questionar a veracidade da teoria do AGW, para ele a evidência é cada vez maior, mas que, mesmo que se verifique que a teoria não está correcta, “o erro é virtuoso”.

Pois é. Na teoria do AGW tudo é virtuoso. Até o erro. Acreditamos que, para os beneficiários, deve ser muito virtuoso o regabofe dos muitos milhões que são subtraídos ao bolso dos consumidores de energia eléctrica para pagar, por um lado, os subsídios que são oferecidos aos promotores de energias renováveis e, por outro lado, os preços acrescidos da produção nas centrais térmicas clássicas através de um vergonhoso comércio de direitos de emissão de dióxido de carbono.

E, “last but not the least”, o regabofe dos milhões que são subtraídos a todos os contribuintes e postos à disposição de duvidosos projectos de investigação destinados unicamente a reforçar a teoria do AGW.

Por exemplo, o “Ano Polar Internacional”, um projecto lançado em 2007, envolveu 160 projectos científicos de investigadores de mais de 60 países e recebeu investimentos de cerca de 1,2 mil milhões de dólares num período de dois anos. Concluiu que os gelos polares estão a derreter mais depressa do que se esperava. Que se esperava quando? Em 1922? Basta ler os posts do Desastre do Árctico (1) e (2) para se perceber que esta ladainha do gelo a derreter nos Pólos é recorrente e já vem de longe.

De facto, como diz Marlo Lewis Jr. no livro “A Ficção Científica de Al Gore” o greenhouse gravy train (*) proporciona rendimentos a muitos cientistas, sociedades de advogados, burocratas e políticos. Será muito difícil levar toda esta gente a questionar a teoria do AGW e, por maioria de razão, a reconhecer que se trata de uma teoria incorrecta. Os privilégios a obter por todas essas pessoas dependem precisamente de não pôr em causa a teoria do aquecimento global.
____________

(*) A expressão “gravy train” é usada na gíria para traduzir uma situação em que alguém recebe muito dinheiro ou beneficia de vantagens excessivas com pouco ou nenhum esforço. No caso presente, a expressão aplica-se ao efeito de estufa (greenhouse).

terça-feira, março 03, 2009

Global warming, global warming

A capital dos EUA esteve ontem, dia 2 de Março de 2009, debaixo de um dos maiores nevões da sua história. Os leitores podem apreciar uma colecção de fotografias sempre belas com a neve em primeiro plano proporcionadas pelo The Washington Post.

Pode-se também ver um vídeo disponibilizado no Ecotretas que publicou o post com o nome elucidativo “Efeito de Gore em Washington”. O post do Ecotretas está relacionado com uma manifestação promovida pelos alarmistas mais radicais dos EUA.

No meio das centenas de manifestantes encontrava-se o conhecido guru James Earl Hansen. Estava ao lado do presidente da Greenpace do EUA, Mike Clark.

O objectivo da manif era protestar contra o carvão, em geral, e a central termoeléctrica a carvão, em particular, que alimenta o Capitólio.

Como se verifica, falta senso comum a estes manifestantes ao escolherem uma data com nevões a acompanhá-los na militância de ambientalistas radicais. Então os modelos de Hansen não eram capazes de prever uma situação destas?

A Ilha da Madeira conheceu ontem, igualmente, uma tempestade de neve como já não acontecia há algum tempo, pelo menos nesta altura do ano. O leitor Nuno Gomes chamou a atenção para a notícia do Correio da Manhã.

segunda-feira, março 02, 2009

A verdade inconveniente da Gronelândia

Em 6 de Junho de 2006, o Journal of Geophysical Research publicou o artigoExtending Greenland temperature records into the late eighteenth century” em que são analisadas as temperaturas contemporâneas da Gronelândia.

Os cinco autores do artigo foram saudados pela comunidade científica pela seriedade do estudo. Dois deles pertencem à University of Copenhagen, Dinamarca, dois à University of East Anglia, Reino Unido e um ao Danish Meteorological Institute, Dinamarca.

A demonstração dos resultados deste estudo veio avalisar estudos anteriores. O artigo do Journal of Geophysical Research afirma, resumidamente, o seguinte:

- Os dois últimos decénios do séc. XX foram os mais frios (e não os mais quentes) desde 1921;

- As médias das temperaturas de 1891-1900 e de 1991-2000 apresentaram uma diferença de 0,8 ºC, isto é, um valor comparável ao indicado pelo IPCC para a temperatura média global;

- A Gronelândia comportou-se como uma das zonas do Hemisfério Norte que tiveram menor crescimento de temperaturas no final do séc. XX.

Estas conclusões estão em total desacordo com o que os media referem acerca da amplificação polar [1] e do seu efeito catastrófico sobre o Hemisfério Norte. E também se afastam dos delírios de Al Gore e da sua legião de admiradores.

O climatologista Patrick Michael sublinhou estas conclusões do estudo dos cinco cientistas sobre a Gronelândia numa nota do seu blogue World Climate Report. Por sua vez, Gavin Schmidt e Michael Mann replicaram com uma nota no blogue Real Climate.

A resposta destes últimos é muito interessante. Dizem que os modelos (Gavin e Michael apenas sabem raciocinar à base de modelos e não da realidade) prevêem aquecimento baixo no Atlântico Norte, em geral, e na costa sul da Gronelândia, em particular.

Numa passagem do post, Schmidt e Mann perguntam:

But if the models don't show much change over the last 100 years, surely the predictions for the future indicate that this area will be hit hard?

E prosseguem:

Again, no. Southern Greenland turns out to have one of the slowest rates of warming of any land area in any of the scenarios (the figure is the mean over all models for the SRES A1B scenario [2]). To some extent, this is again due to the factors mentioned above, but additionally, the models predict that the North Atlantic as a whole will not warm as fast as the rest of globe.

Isto é revelador: a Gronelândia seria a região do Hemisfério Norte que observaria menor aumento de temperatura em 2100, com valores dependentes do modelo informático do clima utilizado nos estudos do tipo astrológico ou de cartomância.

Mas não é isto o que outros alarmistas dizem nas suas prédicas. Por exemplo, o estudo Arctic Climate Impact Assessment (ACIA-2004) refere que “Climate models indicate that the local warming over Greenland is likely to be one to three times the global average.”

O estudo ACIA-2004 foi apresentado na Conference of the Parties do IPCC realizada em 2004, em Buenos Aires. Aparentemente, era moda na época prever o pior dos piores cenários alargando a amplificação polar [1] na Groenlândia.

Pena que o artigo dos cinco cientistas não tenha sido citado pelos media. Estes preferem continuar na senda das reportagens catastrofistas (vide, actualmente, a RTP2) sobre o espectro do derretimento dos mantos de gelo da Gronelândia e a simultânea subida de seis metros no nível dos oceanos.

Que pena que os líderes do Real Climate tenham avalizado o documentário de Al Gore mostrando o virtual desaparecimento da Gronelândia e a tal subida do nível do mar até meia dúzia de metros.

Quando se trata de vender propaganda, nada como uma mentira por omissão como no caso dos autores do Real Climate. Uma verdade inconveniente, sem dúvida…
___________

[1] Amplificação polar (polar amplification) é definida na pág. 23 da Arctic Climate Impact Assessment como a diferença, que se esperaria positiva, entre os acréscimos da temperatura no Árctico e da temperatura média global num mesmo intervalo de tempo.

Esta definição não se aplica ao Antárctico porque para este continente se reconhece a priori que não se descortina amplificação polar tal como é definida para o Árctico.

Mas no Árctico também não existe amplificação polar apesar de ser comum verificar que a generalidade dos modelos informáticos do clima preveja amplificações polares do Árctico até 2100.

Daí que certos autores andem sempre em cima do Árctico à procura de mosquitos na outra banda: lá está a tal amplificação polar prevista pelos modelos – dizem os mais alarmistas. Mas modelos são modelos, a realidade é a realidade.

[2] A1B é um dos múltiplos cenários considerados nas projecções do IPCC até 2100.