terça-feira, agosto 28, 2007

Aquece ou arrefece?

Um pouco de história. Na rubrica “Danger” de quase todos os media, podem-se encontrar notícias como estas:

The Globe Is Cooling

- New York Times, February 24, 1895: "Geologists Think the World May Be Frozen Up Again."
- New York Times, October 7, 1912: "Prof. Schmidt Warns Us of an Encroaching Ice Age."
- Los Angeles Times, October 7, 1912: "Fifth ice age is on the way. Human race Will have to fight for its existence against cold."
- Chicago Tribune, August 9, 1923: "Scientist says Arctic ice will wipe out Canada."
- Washington Post, August 10, 1923: "Ice Age Coming Here."
- Los Angeles Times, April 6, 1924: "If these things be true, it is evident, therefore that we must be just teetering on an ice age."

The Globe Is Warming

- Los Angeles Times, March 11, 1929: "Most geologists think the world is growing warmer, and that it will continue to get warmer."
- Chicago Daily Tribune, November 6, 1939: "Chicago is in the front rank of thousands of cities [throughout] the world which have been affected by a mysterious trend toward warmer climate in the last two decades."
- New York Times, August 10, 1952: "We have learned that the world has been getting warmer in the last half century."
- New York Times, 1953: "Nearly all the great ice sheets are in retreat."
- U.S. News & World Report, January 8, 1954: "Winters are getting milder, summers drier. Glaciers are receding, deserts growing."
- New York Times, February 15, 1959: "Arctic Findings in Particular Support Theory of Rising Global Temperatures."
- New York Times, February 20, 1969: "The Arctic pack ice is thinning and [...] the ocean at the North Pole may become an open sea within a decade or two."

The Globe Is Cooling

- Science News, November 15, 1969: "How long the current cooling trend continues is one of the most important problems of our civilization."
- Washington Post, January 11, 1970: "Get a good grip on your long johns, cold weather haters -- the worst may be yet to come." O artigo era intitulado "Colder Winters Herald Dawn of New Ice Age."
- New York Times, December 29, 1974: "Present climate change [will result in] mass deaths by starvation and probably in anarchy and violence."
- Christian Science Monitor, 1974: "The North Atlantic is cooling down about as fast as an ocean can cool."
- Newsweek, April 28, 1975: "The drop in food output [as a result of climate change] could begin quite soon, perhaps only ten years from now. [...] The central fact is the earth's climate seems to be cooling down."
- New York Times, 1975: "A Major Cooling Widely Considered Being Inevitable."
- Science News, 1975: "The cooling since 1940 has been large enough and consistent enough that it will not soon be reversed."
- New Scientist, 1975: "The threat of a new ice age must now stand alongside nuclear war as a likely source of wholesale death and misery for mankind."
- New York Times, 1976: "The cooling has already killed hundreds of thousands of people in poor nations."

The Globe Is Warming

- New York Times, August 22, 1981: "Global warming of an almost unprecedented magnitude is predicted."
- Washington Post, January 18, 2006: "Rising temperatures could, literally, alter the fundamentals of life on the planet."
- Time, March 26, 2006: "Polar Ice Caps Are Melting Faster Than Ever . . . More and More; Land is Being Devastated by Drought . . . Rising Waters Are Drowning Low Lying Communities . . . By Any Measure, Earth Is at the Tipping Point; The climate is crashing, and global warming is to blame."

A angústia é o melhor produto vendido pelos media, tanto embrulhada com o frio como com o calor. Adivinha: - Quando começa a arrefecer? Em 2010? Em 2015? Em 2020? Em 2025?

O tempo dará a resposta devida. O mainstream projecta somente calor até 2100. Apoia-se na hipótese (que nem sequer é uma teoria) exclusiva de ser humana a responsabilidade da variabilidade do clima.

Para o IPCC não existe frio. Mas existem pontos de vista alternativos que prevêem o aparecimento de uma fase fria (bem) antes do fim do século. Somente o tempo revelará de que lado está a verdade.

domingo, agosto 26, 2007

Caprichos do anticiclone dos Açores

Neste Verão, tem chovido em barda na França, nas ilhas Britânicas, na Bélgica, na Holanda, no Luxemburgo e no oeste da Alemanha. O jornal Le Monde de ontem, dia 25 de Agosto de 2007, resume em título:

«L’été humide s’explique par les caprices de l’anticyclone des Açores»

O Le Monde apoiou-se em informações oficiais do Météo France (o instituto de meteorologia francês) sem capacidade de explicação aos seus leitores. Os caprichos apontados pelo Le Monde são os mesmos que foram criticados na nota A não perder.

Um dos leitores do Le Monde registou o seguinte comentário: “Et comment expliquez-vous les caprices de l’anticyclone des Açores? Peu de progrès depuis Molière.” O Le Monde não respondeu ao leitor.

Desde os tempos das pancadas molièresques (1622-1673) é um modo de dizer. Mas há mais de meio século que os clássicos da meteorologia não conseguem dar respostas lógicas aos acontecimentos do tempo que vai passando.

Mas a explicação é tão simples. Por mais incrível que pareça, no quase-triângulo branco da Fig. 88 a massa de gelo aumentou e a temperatura baixou. O que explica igualmente o recuo do mar gelado que rodeia aquele núcleo polar, iniciado na Primavera. Parece mentira mas é verdade.

O quase-triângulo gerou, neste Verão, discos de ar frio que voaram pela Europa fora (anticiclones). Esse voo provocou retornos de ar quente (depressões). O resto da história é conhecido dos leitores.

Observou-se que o mar gelado derreteu, na Primavera-Verão de 2007, no lado oriental e ocidental do Árctico. Mas não no centro, no prolongamento do Norte da Gronelândia em direcção ao leste da Sibéria. Aí formou-se o quase-triângulo imperturbável.

Uma tal distribuição – quase-triângulo de gelo e ausência de gelo – não pode ser atribuída à contra-radiação antropogénica. As áreas derretidas, além das do Pacífico Norte e do Atlântico Norte, apenas rodeiam o Pólo.

O leste do Árctico, com os Mares da Noruega e de Barents, é um local de chegada do ar quente das depressões europeias (e até de alguma água morna do Atlântico Norte). Quem ainda não ouviu falar nas depressões de Barents?

Aquelas depressões foram orientadas no espaço aerológico do Atlântico pelos anticiclones móveis polares (AMP), que partiram anteriormente da região boreal, com trajectórias escandinavas e atlânticas.

Como todos os fenómenos estão interligados entre si, o padrão da evolução do mar gelado do Árctico foi uma consequência do padrão dos AMP (potência e frequência). O recorde mínimo-minimorum reflecte uma actividade mais intensa.

As cheias na Inglaterra, as chuvadas na França ou no Benelux – e até, recentemente, em Portugal –, assim como os dias quentes (dog days) na Europa Central, na Itália ou na Grécia, foram fenómenos que pertenceram ao mesmo processo dinâmico.

Aglutinações com estabilidades anticiclónicas (aumento das pressões atmosféricas) e depressões ciclónicas (diminuição das pressões atmosféricas) que se desprenderam dos corredores frontais dos AMP foram provocadas pela circulação geral da atmosfera.

sábado, agosto 25, 2007

Climate Audit marca pontos

O primeiro ponto foi marcado por Steve McIntyre, há cerca de 4 anos, quando desmascarou a má-fé de quem construiu o tristemente célebre gráfico conhecido por «hockey styck».

Agora marcou um segundo ponto, ao obrigar a NASA-GISS a corrigir uma informação oficial que estava errada.

A informação errada referia-se às estatísticas das temperaturas médias dos Estados Unidos da América que apontavam para a última década do século XX como a mais quente da série trabalhada pela NASA-GISS.

Em Portugal o silêncio é atroador acerca deste assunto. Mas a nível internacional, especialmente nos EUA, o debate está efervescente.

Gavin Schmidt, da NASA-GISS, confronta-se com uma dificuldade. Diz que o assunto não tem importância pois os EUA representam somente uma área de 2 % do globo terrestre.

Mas não diz que nesses 2 % estão concentrados 61 % dos termómetros (1220 num total de 2000) com que a NASA-GISS elabora a designada temperatura média global.

Além disso, a NASA-GISS continua a não disponibilizar os elementos necessários para se poderem replicar os valores anunciados. São donos do pensamento único. Os americanos pagam e não bufam.

James Hansen viu-se obrigado a enviar uma Nota para os media acerca deste escândalo. Está redigida de um modo inaceitável para um responsável de uma identidade com o prestígio da NASA. Chamar “bobos da corte” a cientistas com opinião diferente não é dignificante.

Os debates na blogosfera mostram incredulidade. Realmente, as correcções são aparentemente pequenas. Mas as mentiras são realmente grandes. Andaram a doutrinar os americanos com inverdades convenientes.

Steve replicou à Nota de Hansen. O desenrolar de todo este imbróglio pode ser consultado no blogue Climate Audit.

Agora muita gente começa a duvidar do real valor das informações NASA-GISS. Steve McIntyre merece mais uma vez ser saudado. Se a situação descoberta foi deliberada é uma imoralidade. Se foi um acidente então é incompetência.

De qualquer modo, o director da agência oficial NASA-GISS deveria ser responsabilizado. Especialmente porque James Earl Hansen excede-se como director para alarmar a opinião pública mundial.

E a propósito de estatísticas é oportuno recordar a recente chamada de atenção do actual Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, que na sessão de abertura do congresso do Instituto Internacional de Estatística, que decorre em Lisboa até dia 29 de Agosto, afirmou o seguinte:

"É importante que a produção de informação não ceda à conveniência ou às tendências do momento. É fundamental que o trabalho estatístico seja produzido e transmitido com clareza e independência". Palavras avisadas que merecem toda a nossa concordância.

P.S. - O valor 0,2 % foi alterado para 2% na frase "...os EUA representam...2%..." A gralha foi detectada pelo leitor JHP a quem se agradece.

quinta-feira, agosto 23, 2007

A temperatura está a subir ou a descer?

É uma pergunta que preocupa, com razão, muita gente. O Prof. Bob Carter responde que não é fácil dar uma resposta segura. Apesar das incertezas já aqui salientadas, várias vezes, usa-se e abusa-se desta variável climática para realizar previsões quanto ao futuro.

Utilizam-se bases de dados das temperaturas médias globais, tanto à superfície terrestre, ao nível do mar, obtidas através das leituras dos termómetros, como de proxies geológicos de alta qualidade, obtidos das profundezas dos oceanos ou dos mantos de gelo.

Porém, para qualquer série de valores, a resposta àquela aparentemente inocente questão é sempre a mesma. Isto é, depende dos pontos extremos de que se parte e de que se chega. Isto é, depende do intervalo de tempo considerado.

Por exemplo, usando dados obtidos na análise dos isótopos de oxigénio (proxy local) dos cilindros de gelo da Gronelândia o aquecimento começou há 16 mil anos, conforme Fig. BC6. Ou então há cem anos atrás. Isto se se considera o mesmo ponto de chegada nos nossos dias.

No entanto, nessa mesma figura, se partíssemos de, apenas, há 10 mil anos, responderíamos que o planeta arrefeceu desde então até agora. Ou que a temperatura se mantém estável desde há pelo menos 700 anos até aos dias de hoje.

Outra resposta possível seria que o planeta começou a arrefecer há 2 mil anos até estabilizar a temperatura desde há 700 anos a esta parte.

Existem tendências ao gosto de cada um. O que demonstra a variabilidade eterna do clima. Com IPCC ou sem IPCC a Natureza é mesmo irrequieta. A Natureza e os seus produtos como o anticiclone dito dos Açores de Anthímio de Azevedo.

Um dos truques do IPCC é escolher os extremos que mais lhe convém. Por que motivo os seus gráficos começam em 1860, isto é, dez anos após o fim da Pequena Idade do Gelo? E por que razão terminam no ano 2000?

O motivo é fácil de imaginar pelo que ficou dito atrás. É sempre a subir desde o fim da Pequena Idade do Gelo. A razão ver-se-á seguidamente.

Olhando novamente para a Fig. BC6, verificamos que, entre o ponto inicial e o ponto final, existem vários períodos de arrefecimento. Por exemplo, há 2 mil e há 10 mil anos muitos seres vivos da Natureza tiritaram de frio. O Homem por exemplo.

Não é preciso ir mais longe. Desde há oito anos atrás a designada temperatura média global baixou. Eis a razão por que o IPCC não teve “coragem” de apresentar esta conclusão nos seus fastidiosos documentos mais recentes.

Perante estes factos, questiona-se: - A Gronelândia aqueceu ou arrefeceu? A resposta depende do ponto inicial e do ponto final a considerar na pergunta.

Os intervalos de oito e de cem anos são curtos para indicar estatisticamente uma variação de longo prazo. Apesar disso, insiste-se nos cem anos mais recentes (com três pequenos períodos importantes) para se pretender estender o que vai acontecer daqui a cem anos.

Aceite-se o período 1860-2006 (e não o truque de prestidigitação do IPCC de 1860-2000). Aceite-se, ainda que extremamente discutível, a base de dados CRU - Climate Research Unit (University of East Anglia, Norwich, UK) que é utilizada no á-bê-cê do IPCC.

O manipulador desta base de dados é Phil Jones que não fornece, publicamente, nem os valores de entrada, nem a metodologia, nem o programa – o algoritmo – usado no tratamento das observações. Mas deixemos isso para mais tarde.

Esta base de dados consiste em temperaturas médias globais da superfície terrestre – terra e oceanos –, ao nível do mar. Isto é, são observações realizadas com termómetros. A Fig. BC7 (superfície terrestre) mostra claramente o pico de 1998 – ano de El Niño – e, desde então, a descida com uma estabilização que se seguiu até 2006.

Uma figura semelhante a esta está guardada no baú do MC, isto é, ficou lá para trás. Eis o gato escondido com rabo de fora que o IPCC escamoteia aos decisores políticos. Já lá vão oito anos com temperaturas estabilizadas apesar de se continuar a emitir CO2.

Esta conclusão, ao nível da superfície terrestre, é consistente com duas outras informações importantes sobre o que passa a um nível mais acima, na troposfera.

Os equipamentos radiossondas instalados nos balões meteorológicos, desde 1958, e radiómetros colocados nos satélites meteorológicos – MSU, microwave sound unit –, desde 1979, mostram tendências semelhantes.

De todas estas séries históricas de temperaturas, aceita-se como mais representativa e precisa a dos registos MSU. A Fig. BC8 indica as anomalias das temperaturas nas camadas baixas da troposfera (acima da espessura dos anticiclones móveis polares).

Nesta figura destacam-se os epifenómenos El Niños e erupções vulcânicas (El Chichon e Pinatubo) que aumentaram ou baixaram as temperaturas, em relação ao que seria de esperar na sua ausência.

Se abstrairmos o caso verdadeiramente excepcional do El Niño de 1998, concluímos que é muito provável a existência de uma estabilidade das temperaturas desde quase 1979 (ponto inicial da Fig. BC8).

Vinte e sete anos (1979-2006) de temperaturas estáveis são representativos de um período quente contemporâneo. Esta é uma conclusão forte. Tudo isto no meio de uma fortíssima vozearia contra as emissões do gás satânico.

Como realça o Prof. Bob Carter, o cientista estoniano Olavi Kärner afirma no artigo “On non-stationarity and anti-persistency in global temperature series”, publicado em 2002, no Journal of Geophysical Research, 107:D20:

«… antipersistence in the lower tropospheric temperature increments does not support the science of global warming developed by IPCC. Negative long-range correlation of increments during the last 22 years means that negative feedback has been dominating in the Earth climate system during the period

Diga-se de passagem que designar “science of global warming” ao que é publicado pelo IPCC é, a nosso ver, um deslize de linguagem de Olavi Kärner.

Todos estes factos reais fundamentam a afirmação – já feita várias vezes no MC – de que o efeito de estufa antropogénico é um infinitésimo de ordem superior que a dinâmica do clima despreza. Ou, como dizem Khilyuk e Chilingar, representa um fenómeno de terceira ou quarta ordem no sistema climático global.

Em conclusão, o resultado das observações, nomeadamente MSU, mas também CRU, não justificam as toneladas de papel do IPCC e jornais, os quilómetros de celulóide ou os milhões de milhões de bits de documentários cinematográficos e televisivos, as milhares de horas ocupadas no espaço hertziano e nas sentenças dos “especialistas de alterações climáticas”.

Fig. BC8 - MSU. Fonte: Bob Carter.

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Fig. BC7 - CRU. Fonte: Bob Carter.

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Fig. BC6 - Proxy gronelandês. Fonte: Bob Carter.

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domingo, agosto 19, 2007

A balela do aquecimento global

O MC tem leitores no Brasil. Recebemos muitas mensagens sobre vários temas. Estudantes pedem ajuda para trabalhos escolares. Sítios web que desenvolvem opiniões que aparecem no debate público mostram interesse por tal ou tal nota do MC.

Muito recentemente o autor do “Blog do Germano” contactou o MC após ter escrito quatro notas acerca de “A balela do aquecimento global”. Depois dos textos com muito interesse encontra-se uma troca de opiniões com leitores do blogue.

Germano, editor do blogue, manifesta a seguinte opinião, registada aqui com agrado, em resposta a um comentário de uma leitora:

«Leia muito e tenha a mente aberta para as várias correntes de pensamento que você vai encontrar e tire suas próprias conclusões. Pense com seu próprio cérebro e não com o cérebro ‘global’.

Mas prepare-se: sabendo mais que os outros você será defenestrada, e a inveja e a intolerância dessas pessoas fará você se sentir sozinha.

Sozinha ao ponto de não ter com quem discutir o assunto, já que ninguém gosta de conversar com quem sabe mais, e muito menos com quem mostra uma opinião diferente daquela apresentada pela Rede Globo [de televisão].

Mas estude e leia muito. Vale a pena. Boa sorte em seu trabalho.»

Totalmente de acordo. A intolerância e o conhecimento superficial combatem-se com melhores leituras e estudos mais aprofundados. A mente aberta a outras opiniões é fundamental para se avançar no conhecimento dos fenómenos.

sábado, agosto 18, 2007

O que os gráficos dizem

O leitor Osvaldo Lucas contribuiu com uma análise parcial sobre o documento do IPCC designado "Frequently Asked Questions" (FAQ). As FAQ fazem parte do 4º Relatório de Avaliação do IPCC (4AR). Foram elaboradas pelo Grupo de Trabalho 1 (WG1).

«Observe-se com atenção a Fig. OL1, que faz parte integrante da Fig. 1. (pág. 12) do capítulo 3.1 das FAQ. Podem-se extrair as seguintes conclusões (os dados admitem-se verdadeiros como é óbvio):

- As temperaturas têm aumentado desde 1860 até à actualidade cerca de 0,5ºC/século.
- As linhas rectas indicam que o crescimento da temperatura é mais pronunciado nos anos mais recentes.

Veja-se agora a Fig. OL2 extraída do mesmo Relatório do IPCC (sub-capitulo 9.2, Fig. 1, pág. 29 das FAQ). Analisa-se apenas a figura “Global” que se situa à esquerda.

Agora podem-se extrair as seguintes conclusões (continuamos a admitir os dados como verdadeiros):

- As temperaturas têm aumentado desde 1900 até à actualidade cerca de 0,5ºC/século.
- Os modelos matemáticos utilizados (a cor-de-rosa) seguem aproximadamente, ou se preferir, de modo razoável, as temperaturas registadas.
- Se nos modelos retirarmos os “componentes” de origem antropogénica – basicamente o aumento de CO2 atmosférico – que influenciam o clima a temperatura teria sido constante, sem alterações significativas à escala dos gráficos.

Em conclusão, e baseado apenas nestes gráficos, poderíamos constatar que existiu um aquecimento global da Terra devido ao aumento do CO2 na atmosfera, e que este aquecimento é cada vez mais pronunciado.

Será assim? Vejamos mais em pormenor.

No primeiro gráfico (Fig. OL1) as linhas rectas indicam as variações de temperatura para vários períodos de tempo. As últimas rectas, para períodos mais recentes, são, no mínimo, de utilidade duvidosa pela razão de serem períodos muito curtos. Mais: se este relatório tivesse sido emitido em 1980/85, as duas últimas rectas teriam declives nulos/negativos.

O segundo gráfico (Fig. OL2) apresenta o que aconteceria se não tivéssemos libertado bastante CO2 para a atmosfera (passou-se de 280 ppm para 380 ppm - partes por milhão em volume).

Mas será que podemos ter alguma confiança nesta afirmação? Afinal não podemos voltar a antes da Revolução Industrial, não inventar a máquina a vapor e seguintes, chegar a 2000 e confirmar o que efectivamente aconteceu.

Mas…e os modelos matemáticos? Não serão “bons” nas projecções que fazem?
Não sei, mas se forem bons deveriam indicar o que aconteceu de verdade entre, digamos, 1800 e 2000.

Ou seja compreendendo períodos onde a concentração de CO2 teria tido uma evolução muito lenta (1800-1900) e quando “estragámos a festa” com a libertação maciça de CO2 (1900-2000). Bolas! Esqueceram-se de prolongar o gráfico e as projecções até 1800!»

O que Osvaldo Lucas pretende salientar é mais um artifício (esperteza saloia) do IPCC. Este pretende demonstrar, através de modelos, que só a libertação de CO2 antropogénico justifica os resultados da aplicação dos modelos. É o caso da Fig. OL2.

Afinal, o IPCC ignora que o erro está nos modelos. Não na Natureza. Nem isso percebe. Ou não quer perceber? Além disso, é caso para indagar qual a razão para que um relatório datado de 2007 não apresente valores para além do ano 2000 (a Fig. OL2 é flagrante). É no mínimo estranho.

Os documentos do IPCC são áridos. São um deserto de ideias. Podiam resumir-se a “CO2 e temperaturas”. Poupavam papel, bits e tempo perdido a lê-los. O título desta nota é de Osvaldo Lucas. Mas também podia ser “O que os gráficos do IPCC não dizem”.

Fig. OL2 - Mais temperaturas do IPCC. Fonte: FAQ-IPCC.

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Fig. OL1 - Temperaturas do IPCC. Fonte: FAQ-IPCC.

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quarta-feira, agosto 15, 2007

Biosfera de má qualidade

O programa “Biosfera” da RTPN teve a ideia de apresentar uma rábula sobre a fábula das alterações climáticas. Como tal, proporcionou-nos mais uma carta para o protector dos telespectadores da RTP.

«Exmo. Sr. Provedor,
Venho protestar relativamente ao programa “Biosfera” a que assisti ontem, domingo, dia 12 de Agosto de 2007, à noite, cerca das 23 horas, na RTPN. O meu protesto incide na parte que se relaciona com o tema das “alterações climáticas” e “aquecimento global”. Foi um ultraje à Ciência tudo quanto foi dito a este propósito. Lá apareceu o inenarrável Sr. Filipe Duarte Santos (FDS) que atingiu o nível da charlatanice quando se propôs falar acerca da corrente termohalina. Já disse anteriormente, ao Sr. Provedor, que FDS representa, na Climatologia – e as “alterações climáticas” são um tema da climatologia – o mesmo papel que Lissenko representou na Biologia nos tempos da ex-URSS. Além de FDS falaram, dentro do tema das “alterações climáticas” e “aquecimento global”, mais dois senhores, cujos nomes não retive, mas que demonstraram vasta incompetência sobre Climatologia. Podem ser grandes conhecedores das suas especialidades, mas nesta, em que se propuseram falar, não demonstraram competência para o efeito. A RTP tem o dever de falar a verdade para os seus telespectadores. Isso está muito longe de acontecer quando se trata de “alterações climáticas” e “aquecimento global”. Muito especialmente quando convidam FDS e outros equivalentes que têm um discurso alarmista e completamente distorcido. Pergunto: - Quando resolve a RTP promover um debate com representantes de opiniões divergentes sobre “alterações climáticas” e “aquecimento global”? Tal como tem acontecido até hoje a RTP presta um mau serviço não só ao público em geral mas à Ciência em particular.
Com os devidos respeitos, etc.

Ramada, 2007-08-14»

terça-feira, agosto 14, 2007

Antárctico engordou

O leitor muito atento JO – responsável por muitas das melhorias do MC – sugeriu a publicação da Fig. 89 relativa ao Antárctico.

A imagem é muito bonita. Pena é que os media sempre prontos a tocar as trombetas do alarmismo (caso do Árctico), ainda para mais sem razão, não falem também do Antárctico. Foi o caso do Diário de Notícias sempre pronto a assustar a opinião pública.

Fig. 89 - Antárctico.13 de Agosto de 2007. Fonte: Universidade de Bremen.

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segunda-feira, agosto 13, 2007

Árctico encolheu

É altura de realizarmos uma nova visita ao Árctico. Após termos verificado uma recuperação do mar gelado em Abril p.p. (Fig. 82), agora encontramos uma retracção. Na Fig. 88 o mar gelado encontra-se na fase descendente.

Este ano a área mínima vai ser inferior ao mínimo-minimorum registado desde que os satélites começaram a captar imagens boreais (1979). Mas ninguém pode afirmar que não venha novamente a recuperar no próximo ciclo.

A evolução da área do mar gelado da região boreal (como na austral) é do tipo quase-sinusoidal. O máximo acontece em Abril e o mínimo em Setembro. O dia mais frequente é 5 de Setembro.

O volume é a característica mais importante. Não depende apenas da temperatura. Esta é delimitada pelas massas de ar quente retornado na forma de depressões atmosféricas. Depende também das precipitações.

A Fig. 88 apresenta o núcleo do Pólo Norte e o Norte da Gronelândia bem fornecidos de gelo (100 %). Aqui nascem os anticiclones móveis polares que, mesmo neste Verão do Hemisfério Norte, têm sido férteis.

Nesta altura do ano, em que se pode viajar de barco pelas zonas “carecas”, tiram-se as fotografias e realizam-se os filmes que servem para atemorizar quanto ao inexorável “desaparecimento” do Árctico.

Mas o Pólo Norte está robusto e não vai desaparecer como anunciam alguns. O seu défice térmico em relação aos Trópicos acentuou-se. A demonstração está na evolução do índice NAO, tal como se viu na Fig. BC 5.

Os satélites captam imagens do Árctico apenas desde 1979. Seria, pois, caso para questionar como estaria o Árctico em 1934, ano mais quente da história recente dos EUA e, provavelmente, do Hemisfério Norte.

Por outro lado, o mar gelado do Antárctico, em Agosto de 2007, bateu o recorde em sentido contrário. Atingiu o máximo-maximorum desde que existem registos.

O The Cryosphere Today e a Universidade de Bremen – que bela imagem! – apresentam o Antárctico bem rodeado de mar gelado no dia 10 de Agosto de 2007.

Fig. 88 - Árctico. 10 de Agosto de 2007. Fonte: Universidade de Bremen.

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quinta-feira, agosto 09, 2007

GISS corrigiu

Graças ao esforço de Steve McIntyre e de Anthony Watts o GISS-Goddard Institute for Space Studies reconheceu a existência de erros na avaliação do ranking dos 10 anos mais quentes nos EUA.

O ranking era: 1998, 1934, 2006, 1921, 1931, 1999, 1953, 2001, 1990, 1938.
Passou a ser: 1934, 1998, 1921, 2006, 1931, 1999, 1953, 1990, 1938, 1939.

Esta novidade acaba de ser dada no blogue Climate Audit. O ano mais quente nos EUA registou-se em 1934 e não em 1998 (ano de El Niño). Isto é, aconteceu nos dog days da dust bowl dos anos 1930.

É interessante verificar que no ranking dos dez anos mais quentes nos EUA 50 % pertence à primeira metade do século XX. Contraria o slogan de que a última década do sec. XX foi a mais quente do milénio.

Este ajustamento, relativo aos EUA, mostra que é necessário realizar o mesmo para a “temperatura média global”. As investigações de Steve e de Anthony mostraram o valor do trabalho que têm realizado.

O MC regista ainda que foram os leitores FVG e JHP que levantaram este tema. Encontram igualmente satisfação pela pesquisa atempada.

Recorda-se que o boss do GISS é James Earl Hansen, considerado o pai do «global warming». O novo ranking do GISS deve ser consultado neste link. O anterior foi apagado.

P.S. - O Climate Audit de Steve McIntyre deve ter sido alvo de engarrafamento ou de um ataque de hackers. Não seria a primeira vez. Enquanto o Steve não resolve o problema, a notícia pode ser confirmada no sítio web do climatologista Roger Pielke Sr.

quarta-feira, agosto 08, 2007

Análise da Fig. BC3

A análise aprofundada da Fig. BC3 permite compreender a variação climática correspondente. Salienta-se, antes de mais nada, que a curva das temperaturas da Fig. BC3 começa em 1860, isto é, apenas uma década após o fim da Pequena Idade do Gelo.

Será de admirar que depois de a Natureza ter “aberto a porta do frigorífico” em 1850 – metáfora do prof. Jorge Buescu – as temperaturas tenham começado a subir? E que alguns glaciares iniciaram a retracção? E que o nível de alguns oceanos tenha subido?

O contrário é que seria para admirar. Acontecimentos recentes podem ter origem no fim desse período frio. Iniciou-se outra fase dentro de um período interglaciário. Muito do que acontece naturalmente será recuperado quando se iniciar a próxima fase fria.

Como não existe covariação, no mesmo sentido, entre as variáveis temperatura e concentração atmosférica de dióxido de carbono, como se conclui da Fig. BC3, temos de recorrer a outras explicações para compreendermos a evolução climática.

A contra radiação celeste natural é de 324 W/m2 (valor estimado). O forçamento radiativo do CO2 antropogénico é de 1,4 W/m2 (valor estimado, desde o início da era industrial, não observável).

O efeito antropogénico é apenas 0,4 % do natural. A sua influência, na dinâmica do clima, é desprezável. O valor estimado (1,4 W/m2) é inferior ao erro com que se mede a constante solar (1368 W/m2 ± 4 W/m2).

Na Fig. 3 traçaram-se, para o período 1900-1995, as curvas da temperatura média global (Tmg) e da temperatura média acima da latitude 30 ºN. A terceira curva da Fig. 3 é do índice ONA (Oscilação do Atlântico Norte).

Os acontecimentos climáticos actuais têm expressão marcada acima da latitude 30 ºN. As trocas meridionais de energia entre o Pólo Norte e os Trópicos marcaram a evolução das temperaturas. Especialmente acima dos 30 ºN com repercussão na Tmg.

O índice ONA, da Fig. 3, tem correspondência, em terminologia anglo-saxónica, ao NAO (North Atlantic Oscillation), da Fig. BC5.

Pela sua importância, na Fig. BC5, está traçado o NAO para o período 1864-2003 que abarca o da Fig. BC3. Mantiveram-se os símbolos originais da fonte desta figura.

O índice NAO da Fig. BC5 foi determinado pelo NCAR-National Center for Atmosphere Research, organismo oficial dos EUA. Baseia-se em valores do Inverno (Dezembro a Março) que são importantíssimos para a nossa análise.

O cálculo da NAO foi realizado pela diferença das pressões atmosféricas normalizadas ao nível do mar entre Lisboa, Portugal (alta pressão) e Stykkisholmur/Reykjavik, Islândia (baixa pressão).

A anomalia de cada estação meteorológica foi normalizada a partir da divisão do valor da pressão sazonal pela média de longo prazo (1864-1983). A normalização evita a variabilidade anual das observações detectadas a longo prazo.

Os valores positivos (negativos) do NAO indicam oscilações acima (abaixo) da média. Como se sabe, o índice NAO é um proxy da actividade dos anticiclones móveis polares (AMP) de origem boreal.

Como o NAO da Fig. BC5 se relaciona com o Inverno, ele representa a actividade dos AMP no modo rápido que se verificou no período de 1864-2003.

Verificamos um ajustamento entre o NAO (Fig. BC5) e a Tmg (Fig. BC3), com destaque, grosso modo, para os seguintes períodos (os extremos podem apresentar desfasagens de alguns anos):

- 1860-1910, NAO positivo (negativo) em períodos curtos de crescimento (decrescimento) da Tmg;

- 1910-1930, NAO marcadamente positivo e crescimento destacado da Tmg;

- 1930-1960, NAO aproximadamente nulo e Tmg estabilizada (envolvendo o Óptimo Climático Contemporâneo);

- 1960-1970, NAO negativo e descida da temperatura;

- 1970-2003, NAO positivo e crescimento da Tmg.

O shift climático dos anos 1970 foi detectado pelo índice NAO conforme se vê na Fig. BC5 ao mudar a cor azul para a vermelha. Significa que o modo rápido dos AMP se acentuou a partir dos anos 1970.

Acrescente-se que na fase negativa do NAO (diferença fraca das pressões) o Árctico está relativamente menos frio e os AMP são menos potentes, menos frequentes e apresentam trajectórias menos meridionais.

Na fase negativa do NAO o anticiclone dito dos Açores é mais fraco e situa-se, no Inverno, a latitudes mais elevadas. As aglutinações anticiclónicas são menos frequentes e de curta duração. O tempo é mais clemente. A Tmg é mais representativa da realidade climática (os extremos não são pronunciados).

Na fase positiva do NAO o Árctico está mais frio. O anticiclone dito dos Açores é mais forte e situa-se, no Inverno, a latitudes menos elevadas. As aglutinações anticiclónicas são mais frequentes e de longa duração. O tempo é mais violento. A Tmg é menos representativa da realidade climática (os extremos são pronunciados).

Deste modo, a fase positiva do NAO é representativa do modo rápido do Inverno e de um cenário de arrefecimento e não de aquecimento. Isto é, representa o antagonismo do «global warming». Na fase positiva do NAO o Árctico apresenta-se mais frio.

Nota: - Acrescentou-se «... outra fase dentro de ...» no 3º parágrafo.

Fig. BC5 - NAO de Inverno. Fonte: NCAR

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sexta-feira, agosto 03, 2007

Dog days

Uma mensagem da leitora TV, a propósito da última pequena onda de calor, levantou uma velha questão. Como se define uma onda de calor? Não existe uma definição única. Genericamente, uma onda de calor é um período anormal de calor desconfortável.

O clima tem profunda influência na saúde e no conforto humano. O conforto térmico humano é o resultado do efeito combinado de diversas variáveis. Organismos internacionais definem, o mesmo fenómeno, de modo diferente.

A definição recomendada pela Organização Meteorológica Mundial – seguida pelo Instituto de Meteorologia – é a de seis dias consecutivos com máximos de temperatura acima de 5 ºC do valor normal diário do período 1961-1990.

Como diz, correctamente, o IM «a ocorrência de 3 dias em que a temperatura seja 10 °C acima da média terá certamente mais impacto na saúde que 7 dias com temperatura 5 °C acima da média.»

No entanto, em teoria, basta um dia de calor intenso para se poder considerar uma onda de calor de curtíssima duração. Em 1900, alguns climatologistas já definiam um, três ou mais dias com temperaturas acima de 90 ºF (32 ºC).

Na Bélgica, na Dinamarca, no Luxemburgo e nos Países Baixos consideram-se 5 dias consecutivos acima de 25 ºC (77 ºF), numa determinada região (De Bilt, Utrecht), de entre os quais três deles com temperaturas acima de 30 ºC (86 ºF).

Nos Estados Unidos da América, as definições variam com as regiões. Em termos gerais correspondem a um período de dois ou mais dias consecutivos com temperaturas acima de 90 ºF (32 ºC). Os americanos associam, normalmente, a humidade à temperatura.

Teoricamente, uma onda de calor é um período prolongado de tempo quente que provoca incómodo à saúde dos seres humanos. As definições normalizadas têm, principalmente, interesse estatístico e de alerta para prevenir as populações.

Curiosos são alguns nomes que se tornaram populares para designar ondas de calor. Assim, aparecem os dog days, nos EUA, a canicule, em França, a canícula, em Portugal e em Itália (cadelinha).

Historicamente os dog days mais famosos aconteceram no dust bowl dos anos 1930. Verificaram-se nos Great Plains americanos (Texas, Arkansas, Oklahoma). O êxodo atingiu meio milhão de norte-americanos que abandonaram os lares.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Análises correctas

Terminou esta pequena onda de calor, em Portugal, iniciada no dia 29 de Julho de 2007. É interessante analisar o comportamento dos media. Alertaram sem alarmar. Alguns merecem mesmo um voto de louvor.

Noticiaram de uma forma correcta. Ou seja, não invocaram sistematicamente as “alterações climáticas”, o “aquecimento global”, os “gases com efeito de estufa” e as “emissões de dióxido de carbono”.

Consultaram as fontes que deviam consultar e não os “especialistas de alterações climáticas” sempre aptos a falar. Reproduziram declarações consideradas oficiais sem acrescentar comentários enviesados.

Também dedicaram atenção ao irrequieto anticiclone dos Açores que deambulou por sítios inesperados. Confundiu-se a situação sinóptica do dia-a-dia com a posição média anual. Mas esta distinção levará tempo a ser compreendida.

Um diário que, infelizmente, tem dedicado uma atenção enviesada ao «global warming» escreveu, desta vez, dois bons artigos, em dias sucessivos. Aproveitaram para descrever situações vividas além fronteiras.

O primeiro descreveu a situação no Sudeste europeu como devida a três factores. «Existe uma massa de ar quente numa região de altas pressões, “o que significa que, nessa zona, o peso da atmosfera sobre a superfície é maior do que nas regiões vizinhas”».

Se fosse retirada a palavra “quente”, a articulista teria feito o pleno. Também é de registar satisfatoriamente que as “altas pressões” começam a ser compreendidas como estando envolvidas nas ondas de calor.

Como segundo factor diz-se: «Depois, dá-se o caso de essa região de altas pressões se ter mantido estacionária durante muito tempo. A situação de alta pressão não mudou nem se deslocou para outra região e o aquecimento manteve-se …»

O último factor considerado foi o da existência de «zonas montanhosas que reforçam o aquecimento». Elas reforçam o aquecimento, indirectamente, pelo facto de auxiliarem a formação da aglutinação anticiclónica. É o factor geográfico que se salienta, muito bem.

Eureka. Eis a descrição correcta de uma aglutinação e de uma estabilidade anticiclónica relativamente extensa no tempo, embora curta no espaço. O artigo, positivamente fora do comum, termina com o caso da onda de calor de 2003.

Escreve: «Em Portugal, isso também aconteceu, em 2003. Tivemos uma massa de ar quente com altas pressões que se manteve na mesma região.». A palavra “quente” volta a estar deslocada.

Seja como for, está desmistificada, a nível dos media, a análise errada que tem sido feita da onda de calor de 2003 – e dos efeitos trágicos que causou – que a apresenta ligada às alterações climáticas dos designados “especialistas das alterações climáticas” .

A jornalista foi auxiliada por um técnico altamente credenciado do Instituto de Meteorologia (IM). Bem-haja aos dois.

No segundo artigo do mesmo jornal, uma outra jornalista juntamente com outro técnico do IM, comenta a recente onda de calor em Portugal. Fala no «vento do quadrante leste muito seco e quente…»

Evidencia-se o facto verdadeiro de o ar ter estado seco e quente. Eis a prova da refutação da hipótese “do efeito de estufa antropogénico”. Se o ar está seco, o vapor de água, que é o principal gás com efeito de estufa, está debilitado.

Como tal, nem sequer o efeito de estufa natural funciona, quanto mais o antropogénico. Isto é, o fenómeno das ondas de calor não é devido à contra-radiação celeste (dos gases com efeito de estufa, naturais ou antropogénicos existentes na atmosfera).

Só faltou deduzir que o ar quente e seco não veio de leste mas sim do solo nacional. Aqueceu devido à contra-radiação terrestre. O aquecimento foi auxiliado pela alta pressão atmosférica ao nível do solo.

De facto, o ar quente não veio de Espanha. O ar quente formou-se no solo português. Brotou do solo nacional. Em situação de estabilidade anticiclónica é praticamente nulo o transporte horizontal de massas de ar.

Nota final: - O diário a que se refere esta nota é o Público. O primeiro dos artigos designava-se «Anticiclone dos Açores baralha o tempo na Europa», de Isabel Gorjão Santos, do dia 28 de Julho de 2007, página 2.

O outro artigo era intitulado «Temperaturas baixam hoje e amanhã», de Isabel Leiria, do dia 31 de Julho de 2007, pág. 8.

Os técnicos do Instituto de Meteorologia que ajudaram as jornalistas foram, respectivamente, os meteorologistas Nuno Moreira e Cristina Simões.

Estão todos de parabéns. O planeta regozija-se quando se fazem análises correctas.