Os glaciares (2)
Mas continue-se com a recolha de dados de Antón Uriarte Cantolla: «As causas dos recuos e dos avanços dos glaciares são muito complexas, já que entram em jogo não só as temperaturas mas também as precipitações, que muitas vezes se contrapõem.
De facto, um aquecimento costuma ser acompanhado muitas vezes de uma maior precipitação de neve e vice-versa. Também intervêm no balanço entre a acumulação e a ablação do gelo outros factores complexos que respondem ao movimento dos glaciares montanha abaixo e a inércia da resposta do gelo às mudanças do clima.
Apesar da dificuldade dos prognósticos, os modelos informáticos utilizados pelo IPCC indicam que a tendência global é para a descongelação e que uma parte substancial da projectada subida do nível do mar que se espera acontecer dentro dos próximos cem anos derivará destes glaciares e de pequenos mantos de gelo de montanha (uns 20 cm).
Nesta perspectiva, a região do Tibete e os glaciares do Alasca seriam os contribuintes mais importantes. De qualquer maneira, as séries de medições sobre a evolução do volume de gelo nos glaciares polares são ainda muito curtas e demasiado mal distribuídas espacialmente para se poder fazer um balanço global sobre a tendência recente (Vd. Braithwaite, R., Glacier mass balance: the first 50 years of international monitoring, Process in Physical geography, 26, 76-95, 2002).
Este facto não impede que se divulguem mais as notícias que dizem respeito aos glaciares que estão em retrocesso, especialmente os que têm mais relevância científica e simbólica. Tal é o caso das neves do Kilimanjaro, que parece terem ocupado 12 km2 de área em 1900 e que hoje ocupam escassos 2 km2. [Nota: Este valor representa apenas
(2/16 002 495) x 100 = 0,000 012 498 % da área total dos mantos de gelo!]
O desaparecimento do pequeno glaciar do Kilimanjaro pode ser total em poucos anos tal como outros pequenos glaciares situados em latitudes tropicais, como o Quelccaya, no Peru, cujas sondagens são de relevante importância na investigação paleoclimática tropical. [Nota: Os estudos paleoclimáticos do Kilimanjaro e do Quelccaya devem servir de comparação com a situação actual]
Numa análise mais detalhada verifica-se que na Europa os glaciares dos Alpes, tal como os dos Pirinéus, alcançaram até meados do século XIX – fim da Pequena Idade do Gelo – as posições mais avançadas dos últimos mil anos. A partir daquela década as línguas glaciares começaram de novo a recuar.
Assim, comprovou-se que de 1860 a 2000 a cota média das neves eternas nos Alpes Suíços subiu uns 100 metros. Nos Pirinéus os pequenos glaciares de montanha também emagreceram.
Mas noutras zonas da Europa a tendência das últimas décadas não foi esta. Por exemplo, os glaciares da Noruega experimentaram um significativo avanço devido provavelmente a fortes precipitações de neve [Nota: Estes avanços e recuos mostram o acerto do esquema explicativo da passagem dos anticiclones móveis polares].»
De facto, um aquecimento costuma ser acompanhado muitas vezes de uma maior precipitação de neve e vice-versa. Também intervêm no balanço entre a acumulação e a ablação do gelo outros factores complexos que respondem ao movimento dos glaciares montanha abaixo e a inércia da resposta do gelo às mudanças do clima.
Apesar da dificuldade dos prognósticos, os modelos informáticos utilizados pelo IPCC indicam que a tendência global é para a descongelação e que uma parte substancial da projectada subida do nível do mar que se espera acontecer dentro dos próximos cem anos derivará destes glaciares e de pequenos mantos de gelo de montanha (uns 20 cm).
Nesta perspectiva, a região do Tibete e os glaciares do Alasca seriam os contribuintes mais importantes. De qualquer maneira, as séries de medições sobre a evolução do volume de gelo nos glaciares polares são ainda muito curtas e demasiado mal distribuídas espacialmente para se poder fazer um balanço global sobre a tendência recente (Vd. Braithwaite, R., Glacier mass balance: the first 50 years of international monitoring, Process in Physical geography, 26, 76-95, 2002).
Este facto não impede que se divulguem mais as notícias que dizem respeito aos glaciares que estão em retrocesso, especialmente os que têm mais relevância científica e simbólica. Tal é o caso das neves do Kilimanjaro, que parece terem ocupado 12 km2 de área em 1900 e que hoje ocupam escassos 2 km2. [Nota: Este valor representa apenas
(2/16 002 495) x 100 = 0,000 012 498 % da área total dos mantos de gelo!]
O desaparecimento do pequeno glaciar do Kilimanjaro pode ser total em poucos anos tal como outros pequenos glaciares situados em latitudes tropicais, como o Quelccaya, no Peru, cujas sondagens são de relevante importância na investigação paleoclimática tropical. [Nota: Os estudos paleoclimáticos do Kilimanjaro e do Quelccaya devem servir de comparação com a situação actual]
Numa análise mais detalhada verifica-se que na Europa os glaciares dos Alpes, tal como os dos Pirinéus, alcançaram até meados do século XIX – fim da Pequena Idade do Gelo – as posições mais avançadas dos últimos mil anos. A partir daquela década as línguas glaciares começaram de novo a recuar.
Assim, comprovou-se que de 1860 a 2000 a cota média das neves eternas nos Alpes Suíços subiu uns 100 metros. Nos Pirinéus os pequenos glaciares de montanha também emagreceram.
Mas noutras zonas da Europa a tendência das últimas décadas não foi esta. Por exemplo, os glaciares da Noruega experimentaram um significativo avanço devido provavelmente a fortes precipitações de neve [Nota: Estes avanços e recuos mostram o acerto do esquema explicativo da passagem dos anticiclones móveis polares].»
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