quinta-feira, março 31, 2005

8.ª Questão: Modelos climáticos e modelos energéticos

Os modelos usados no sector energético têm características diferentes. Eles conseguem apreender melhor a realidade da procura e da oferta de energia do que os modelos climáticos conseguem do tempo e do clima.

Como se disse, e se repete, não existe um esquema conceptual válido para explicar sem hesitação a dinâmica do tempo e do clima que possa ser transposto para modelos informáticos.

Todo este imbróglio do debate sobre o tema das alterações climáticas serviu para demonstrar isso mesmo, mas também serviu para dar avanços importantes na melhoria do conhecimento nesta matéria.

Hoje conhecem-se muito melhor os mecanismos da dinâmica do tempo e do clima do que se conheciam há uma década atrás.

7.ª Questão: Degelo dos pólos

Mantém-se o que se diz no blogue: - no Antárctico não existe qualquer subida de temperatura global, a não ser na península de Larsen B. No Árctico ocidental e central - apenas nas altitudes de pressão mais elevada as temperaturas subiram -, as temperaturas têm descido e a camada de gelo tem crescido (exemplo disso são a cadência e a violência dos AMP mais recentes).

No Árctico oriental tem havido perdas no mar gelado. Na Gronelândia tem havido aumento do gelo em todas as altitudes a partir praticamente da cota zero. Na periferia deste continente tem havido perda de gelo (nos permafrost). A prova disto, na Gronelândia, está também nos AMP que ainda recentemente, entre Janeiro e meados de Março, nasceram com uma violência extraordinária (alguns atingiram o Magrebe onde caiu neve).

Ora as subidas de temperatura e a perda de gelo nos pólos, acima referida , não têm absolutamente nada a ver com a teoria do aquecimento global devido ao efeito de estufa dos gases antropogénicos. A explicação aparecerá no blogue. Nem tudo no planeta se resume ao efeito radiativo. Existem movimentos marítimos (correntes termoalinas, p.e.), a corrente do Golfo, fenómenos físicos, químicos e climáticos, etc.

Na península de Larsen B. admite-se que também exista a influência de um vulcão submarino, o que ainda está por provar. Existem websites, uma americana para o pólo Sul e uma russa para o Norte, onde se pode seguir dia-a-dia a evolução da situação nestas zonas tão vigiadas e noticiadas pelos alarmistas. Porquê? Porque é exactamente nelas onde as previsões do IPCC mais têm falhado estrondosamente!

Já agora, quanto aos glaciares existe uma situação semelhante, alguns recuam mas outros avançam. Mas os media só falam nos recuos…

6.ª Questão: Medieval Warming Period (MWP) e Little Ice Age (LIA)

Através de estudos paleoclimáticos, distinguem-se vários periodos da história do Clima da Terra.

O MWP (700 a 1300) e a LIA (1350 a 1850) são dos mais bem estudados. As temperaturas anteriores à existência dos termómetros são determinadas através de valores de variáveis proxies (dos aneis dos cortes transversais das árvores, dos cilindros de gelo do Antárctico e da Gronelândia, dos sedimentos do fundo dos mares, dos corais, etc.).

Existe mais confiança nestes valores do passado do que nos previstos para um futuro tão longinquo quanto 100 anos. No MWP viveu D. Afonso Henriques e na LIA Pedro Álvares Cabral.

As diferenças positivas de temperatura do MWP para a actualidade são da ordem de grandeza de + 1 ºC na Mauritânia, + 1,5 ºC nas Bermudas e quase + 2 ºC na Gronelândia (os vikings colonizaram-na com grande sucesso e viviam felizes numa ilha verde, daí o nome em inglês de Greenland).

Nestes mesmos sítios, na LIA as temperaturas eram menores do que as de hoje em, respectivamente, - 4 ºC, - 0,5 ºC, - 0,5 ºC (são valores retirados do livro "Historia del Clima de la Tierra", 1ª ed., Servicio Central del Gobierno Basco, 2003).

5.ª Questão: Modelos meto-clima

A meteorologia e a climatologia atravessam uma crise profunda de conceitos e de explicações dos mecanismos do tempo e do clima. Não acompanharam a revolução das observações dos satélites.
Por exemplo: - Qual é a origem do anticiclone (alta pressão) dito dos Açores?; - Qual é a origem da depressão (baixa pressão) dita da Islândia?; - Qual é a origem do índice que mede a diferença entre as pressões destas duas zonas?; - Qual é a origem das superfícies frontais frias e quentes? As escolas - linhas de pensamento - da meteorologia e da climatologia que não acompanharam nem reflectiram sobre as indicações observadas com o aparecimento dos satélites não conseguem explicar as causas daqueles fenómenos.

É estranho que serviços de meteorologia não tenham conseguido explicar o que aconteceu neste Inverno de 2004-2005 (e ainda continua a acontecer, hoje em dia). Pois a Natureza pregou uma partida na altura da entrada em “força” do Protocolo de Quioto e deu uma lição em tempo real de dinâmica do tempo. De facto, esta tem sido (e ainda continua a ser) precisamente inversa à do efeito de estufa antropogénico (frio/seco em vez de frio/húmido; no Verão será quente/seco em vez de quente/húmido).

A dinâmica do tempo no Inverno de 2004-2005, relativamente ao hemisfério Norte, frio e seco, refuta a teoria de que o efeito de estufa antropogénico é responsável pelo aquecimento global. A cadência diária e a potência dos anticiclones móveis polares que têm nascido no Árctico e na Gronelândia – nomeadamente os dos dias 27 e 28 de Fevereiro que cobriram a Escandinávia, e os dos dias 1, 2 e 3 de Março que invadiram a França e a Espanha, alcançando o Mediterrâneo (com neve mesmo no Magrebe!) – apresentaram uma dinâmica inversa da considerada nos modelos que, mais uma vez, se mostraram incapazes de prever uma tal situação.

Os anticiclones móveis polares são os principais responsáveis pelas variações da pressão, da direcção e da velocidade do vento, da temperatura - tanto no aquecimento como no arrefecimento - (desmistificam o conceito de aquecimento global devido aos gases com efeito de estufa de origem antropogénica), da humidade, da nebulosidade e da pluviosidade, directamente e de maneira evidente (visível pelos satélites) nas zonas fora dos trópicos e atenuada nas regiões tropicais. Eles são (com graus diversos) responsáveis tanto pela variação perpétua do tempo como pela variabilidade do clima, em todas as escalas temporais.

Daí que os modelos baseados em concepções erradas não podem estar correctos. Só por milagre, e na Física não existem milagres. Por isso, o que os modelos apontam (em 2100!!!) não tem qualquer significado físico, científico ou climático. A realidade está constantemente a refutar as conclusões dos modelos.

4.ª Questão: Ensaio que refutaria a teoria dos AMP (à laia de Popper)

A hipótese de terminar instantâneamente a emissão de gases com efeito de estufa (GEE) antropogénicos e de retirar os desta origem que existam na troposfera não alteraria em nada o rumo da dinâmica actual do tempo e do clima comandada pelos anticiclones móveis polares (AMP) que não têm nada a ver com GEE nem com alterações climáticas no sentido em estas são referidas. Caso contrário, os instrumentos de observação meteorológica mais avançados que existem – os satélites – estariam a dar indicações erradas quanto ao nascimento e ao encaminhamnento dos AMP. Na continuação do blogue será dada uma explicação do que é isto dos AMP.

3.ª Questão: Alterações climáticas

Pergunta-se então: quem fez aumentar a pressão em certos sitios (e baixar noutros)? Foram os anticiclones móveis polares (AMP) que nascem, no hemisfério Norte, no Árctico e na Gronelândia que tiveram uma actividade acrescida a partir da década de 70 (talvez 1977), com um tempo mais rigoroso e violento. Isto é, alterou-se a chamada circulação geral que provoca as transferências de energia entre os pólos (donde vem frio) e os trópicos (donde vem calor). E quem foi o responsável desta mudança mais ou menos súbita? A resposta a Deus pertence e sempre houve, desde o big-bang, estas variações mais ou menos bruscas.
O aquecimento global previsto nos modelos aqueceria os pólos, diminuiria o gradiente de temperatura latitudinal e diminuiriam as tormentas (o Verão é sempre mais calmo!). Ora nada disto aconteceu. Os pólos arrefeceram - contrariamente ao que apontam os modelos - e os AMP tornaram-se mais potentes e mais frequentes (cerca de 1 por dia). A potência deles diminui no Verão.

2.ª Questão: Aquecimento global

Marcel Leroux, prova que aqueles infinitamente pequenos GEE antropogénicos não têm influência na variação da temperatura e, consequentemente, no aquecimento global e nas alterações climáticas. Se tivessem, a um aumento da temperatura do ar este tornar-se-ia mais leve e subiria com a consequente baixa da pressão atmosférica. Ora, é precisamente o contrário do que está realmente a acontecer. Nem os satélites da NASA nem os da NOAA comprovam aquela ascensão, nem a pressão está a baixar nos sítios onde a temperatura está a subir (já que o aquecimento não é global mas sim local e regional, pelo que ela está a baixar noutras zonas do planeta ou nem sequer sobe ou desce). Por exemplo, em Lisboa a pressão está a subir (desde a década de 70, quando se verificou um salto brusco) e ela é que é a causa do efeito do aumento da temperatura, consequência das propriedades termodinâmicas dos gases (uma pressão elevada favorece em particular a condução molecular). É o inverso do que diz a teoria do aquecimento global devido ao efeito antropogénico.

1.ª Questão: Efeito de estufa adicional

Dois leitores – Rui Vieira, engenheiro da EDP, e Vasco Vieira, biólogo, investigador da Universidade do Algarve – colocaram dúvidas pertinentes que foram respondidas como seguem, começando por esta 1.ª Questão.

O problema que está a ser debatido é o efeito radiativo. Trata-se do estudo do balanço entre a radiação recebida do Sol, a reflectida pela Terra e pelas nuvens e o reenvio da radiação dos gases com efeito de estufa (GEE) (o principal dos quais é o vapor de água) que são “opacos” à radiação que vem da Terra em ondas curtas (infravermelhos).

Sem a presença do Homem, existiria um equilíbrio a que corresponderia uma determinada temperatura na superfície terrestre (se não existisse efeito de estufa natural, a temperatura da superfície seria de -18 ºC – praticamente impossível para nós vivermos com tranquilidade –, mas com ela é, de facto, de 15 ºC, existe um ganho da radiação infravermelha de 33 ºC).

Como o Homem, na sua labuta diária, emite gases que também são opacos à radiação terrestre pelo que vai acrescentar GEE, ditos antropogénicos, aos naturais. São aqueles os acusados de todas as catástrofes anunciadas. Os naturais reemitem para a Terra 160 W/m2, dos quais 100 W/m2 são devidos ao vapor de água, 50 W/m2 ao dióxido de carbono natural e 10 W/m2 para todos os outros gases naturais.

O dióxido carbónico antropogénico reemite (cálculos feitos por modelos!) apenas cerca de 1 W/m2 que, em relação ao calor de 1368 W/m2 emitido pelo Sol - a designada constante solar -, representa um infinitésimo sem efeito climático.

As transferências de energia do solo para a atmosfera realizam-se igualmente por processos não radiativos (convecção) sob a forma de calor sensivel e de calor latente. Mas estas transferências não têm efeito global planetário.

Quanto ao que está na troposfera, parte natural e parte antropogénica, depende do tempo de vida ou de permanência de cada um dos GEE (naturais e antropogénicos). Está em causa uma constante de tempo que é desconhecida (estão em causa décadas, anos, séculos, …) e é precisamente um parâmetro exógeno aos modelos extraordinariamente polémico.

É das tais polémicas que arrastam discussões que nunca mais acabam. As tais projecções (o IPCC evita falar em previsões para esconder que não sabe, efectivamente, prever o quer que seja) dependem fortemente desta constante de tempo. Os climatologistas, incluindo os do IPCC consideram o balanço radiativo referido.

Um balanço praticamente igual a este foi feito pelo Prof. James Hansen, da NASA, mentor de conceitos adoptados pelo IPCC, conhecido como o pai do aquecimento global e que está muito longe de ser um céptico.

Este prof., da NASA, diverge do IPCC quanto aos modelos, usando os da NASA, e quanto aos cenários ao considerar que os do IPCC são exageradíssimos, de tal modo que, segundo ele, num cenário «business as usual», em 2100, a temperatura estaria abaixo do valor mais baixo da gama de cenários do IPCC.

James Hansen afirmou, perante o Council on Environmental Quality (Washington, DC, EUA), em Junho de 2003: «A ênfase de cenários extremos (do IPCC) pode ter sido apropriada num período em que os decisores e o público estavam afastados da realidade do aquecimento global e se considerava próximo o aproveitamento de recursos tais como os “synfuels”, os xistos betuminosos e as areias asfáltica. Agora torna-se necessário traçar cenários de forçamentos radiativos consistentes com a realidade demonstrada pelas observações recentes de modo a provocar um debate profícuo e a fornecer aos decisores toda a gama correcta e precisa de elementos que conduzam às opções mais eficazes que travem o aquecimento global.» Assim falou o pai do aquecimento global…mas o IPCC continua surdo.

Obs.: W/m2 - watts por metro quadrado.

terça-feira, março 29, 2005

Estes mitos chegaram a Oxford

Um investigador português da área do Ambiente a trabalhar no Reino Unido, Prof. de Oxford (Miguel B. Araújo, PhD, Biodiversity Research Group School of Geography and Environment) teve a amabilidade de colocar um link deste jovem “Mitos-Climáticos” no seu blogue. (http://ambio.blogspot.com/).

segunda-feira, março 28, 2005

A evolução recente do tempo no espaço do Atlântico Norte (2)

O oeste e o centro do Atlântico

A bacia do Árctico, depois de ter aquecido rapidamente até cerca dos anos 1930-1940, arrefeceu lentamente, em todas as estações do ano, nomeadamente no Árctico ocidental.

Esta descida da temperatura árctica repercutiu-se na Gronelândia e no Canadá onde os recordes de frio têm sido constantemente batidos. Este arrefecimento diz respeito às trajectórias dos AMP a oeste (de modo mais marcado) e a este da Gronelândia.

Depois do óptimo climático contemporâneo dos anos 1930-1960, verificou-se um arrefecimento contínuo, nomeadamente, após os anos 70.

Toda a parte central e oriental dos Estados Unidos até ao golfo do México observou também uma tendência nítida e contínua para o arrefecimento.

Este arrefecimento propagou-se sobre a maior parte do oceano Atlântico, da Gronelândia até à Europa e mesmo mais a sul, tanto no ar como no mar.

De facto, observou-se no Inverno «um aquecimento de 1920 a 1950, e um arrefecimento de 1950 até aos nossos dias» assim como uma coincidência entre «temperaturas do mar mais frias que o normal e ventos mais fortes que o normal», até ao largo da África ocidental, nomeadamente na vizinhança das Canárias e do arquipélago de Cabo Verde.

Ao mesmo tempo, sobre a América do Norte, as vagas de frio - que eram pouco severas durante os anos 50 - provocadas por enormes AMP de pressões elevadas, chegaram a atingir o golfo do México, agravaram-se fortemente depois dos anos 70.

A evolução recente do tempo no espaço do Atlântico Norte (1)

Portugal pertence ao espaço aerológico do Atlântico Norte onde todos os parâmetros climáticos covariam porque eles obedecem à mesma dinâmica. Neste espaço, o tempo é comandado pelos anticiclones móveis polares (AMP) saídos do Árctico que transportam o ar frio e provocam um retorno do ar quente em direcção ao pólo.

O conceito de AMP foi estabelecido por Marcel Leroux, Prof. de Climatologia da “Université Jean Moulin, Lyon 3”, Director do “Laboratoire de Climatologie, Risques et Environment” do “Centre National de la Recherche Scientifique”, França.

Este blogue é, fundamentalmente, inspirado em trabalhos de Marcel Leroux que possui uma vastíssima obra dedicada à climatologia e tem dado contributos valiosíssimos no avanço dos conhecimentos que se podem obter com os moderníssimos instrumentos de observação como sejam os satélites.

Dada a importância fundamental dos AMP, até para refutar a pseudo-teoria do aquecimento global devido aos gases com efeito de estufa de origem antropogénica, eles vão merecer um tratamento aprofundado numa fase posterior do blogue.

As evoluções climáticas são diferentes em função das regiões banhadas pelo Atlântico Norte. Dedica-se especial atenção ao oeste e ao centro do Atlântico, ao nordeste e à chamada oscilação do Norte-Atlântico. Depois analisa-se a violência do tempo após os anos 70 e estudam-se outras unidades de circulação do hemisfério Norte que não propriamente banhadas pelo Atlântico.

sábado, março 26, 2005

A dinâmica das precipitações (2)

Não seria pois espantoso que certos modelos façam chover abundantemente no…Sara! Uma restrição é então conduzida à precedente relação, em função da importância respectiva da evaporação e da chuva, nomeadamente com a estimativa seguinte: evaporação → chuva = seca.

O IPCC espera assim prever tanto a inundação como a seca. O potencial precipitável (necessário) não é o factor primordial da pluviogénese. Há, salvo excepções localizadas, sempre bastante vapor de água no ar para se sustentar uma chuvada, mesmo no deserto do Sara.

A chuva exige, além da existência necessária do potencial precipitável, a simultaneidade de condições que dizem respeito: ao factor que comanda o transporte de vapor de água nas longas distâncias; ao factor que provoca a ascensão necessária à mudança de estado da água e à libertação consequente do calor latente; e às condições indispensáveis ao desenvolvimento vertical das formações nebulosas.

Estas condições são extremamente variáveis com as condições geográficas, sendo diferentes nos trópicos e nas latitudes altas e médias, dando às diversas perturbações os seus caracteres específicos. É evidentemente mais complexo que a relação elementar, esquemática mas errónea, da evaporação-chuva utilizada pelos modelos.

Compreende-se assim facilmente a mediocridade do resultado: «O aumento das temperaturas arrastará o reforço do ciclo hidrológico, donde um risco de agravamento das secas e/ou das inundações em certos locais e uma possibilidade de diminuição da amplitude destes fenómenos noutros locais.» (IPCC, 1996).

Será isto uma previsão responsável ao se imaginar que pode acontecer tudo e o seu contrário (e/ou)? Uma tal previsão foi repetida em 2002: «O volume total das precipitações deveria aumentar […] não se conseguindo, porém, distinguir os sinais da evolução – aumento ou diminuição – da precipitação no plano global.».

A ausência de credibilidade das previsões das precipitações feitas pelos modelos faz novamente luz sobre as carências no conhecimento dos processos que comandam o tempo.

A dinâmica das precipitações (1)

Nenhum parâmetro climático pode variar isoladamente, nem a temperatura nem a precipitação. O tempo não se determina sobre uma base local, nem mesmo regional. Ele é função de condições próximas e de condições afastadas.

De uma maneira geral, a dinâmica do tempo depende pouco das condições locais. Os acontecimentos de chuva intensa exigem transferências, através de uma longa distância e de uma maneira sustentada, de quantidades enormes de potencial precipitável.

Essas transferências, que são organizadas nas nossas latitudes pelos anticiclones móveis polares, têm uma origem longínqua (Árctico e Gronelândia). As perturbações merecem assim uma atenção particular, entre outras, porque elas acompanham os estados do tempo mais intensos e estão na origem de inundações dramáticas.

O aquecimento anunciado pelo IPCC iria arrastar uma modificação do ciclo hidrológico e «o volume total das precipitações deveria aumentar». Sobre que argumento está fundamentada esta previsão (tão estranha e aberrante visto que os modelos não sabem prever a evolução do tempo) que parece dissociada da dinâmica das perturbações?

Como para a temperatura, a previsão das precipitações apoia-se sobre um raciocínio esquemático simplista que não traduz a realidade dos mecanismos pluviogénicos.

Prevê-se assim uma «aumento global das precipitações», em razão da «relação entre a evaporação e a temperatura da superfície […] relação bem estabelecida e confirmada por todos os modelos».

O raciocínio não pode ser mais simplista: subida da temperatura = subida da evaporação = subida do teor de vapor de água (potencial precipitável) = aumento da chuva.

Isto é primário mas o IPCC diz que é «fisicamente fundamentado» e que «todos os modelos confirmam esta relação»!

A existência de um potencial precipitável não é senão uma das condições da génese pluvial, mas não se observa em qualquer parte a relação directa entre o potencial precipitável (vapor de água) e a água efectivamente precipitada!

sexta-feira, março 25, 2005

Clemência ou violência do tempo? (3)

Todavia, as opiniões do IPCC divergem ainda diametralmente acerca da influência do efeito de estufa. Eis agora, contra toda a lógica, que «o gradiente de pressões norte-sul deveria mesmo aumentar [inicialmente diziam que diminuía]. A famosa “oscilação norte-atlântica” [mais à frente será feita uma explicação pormenorizada deste fenómeno] «[...] poderia, sob a influência do efeito de estufa adicional, adquirir um índice cada vez mais positivo [o que é exactamente o inverso dos fenómenos reais] o que favorece as novas gerações de tempestades, […] é uma das nossas hipóteses fortes de investigação

A incoerência científica é contudo manifesta : o índice da “oscilação norte-atlântica” é nitidamente mais elevado no Inverno e nas latitudes temperadas, esquematicamente, o «mau tempo» é associado ao «frio» e aos contrastes térmicos fortes (como o demonstra a dinâmica das perturbações invernais, as tempestades mais intensas caracterizando esta estação). Eis agora, bizarramente, ser atribuído ao «calor» e aos contrastes térmicos atenuados o contrário daquilo que é um facto observado por todos nós na Natureza!

Os modelos são utilizados tanto como argumento, como álibi ou mesmo como desculpa! Mas na falta de uma concepção meteorológica-climática adequada, verifica-se que estes modelos são incapazes de demonstrar a relação entre o efeito de estufa e a evolução do tempo, e são sobretudo incapazes de dizer se o tempo vai ser mais clemente ou mais violento.

As previsões catastrofistas do IPCC sobre a evolução do tempo são, portanto, totalmente infundadas, isto é, sem suporte científico. Esta situação revela o mau conhecimento da dinâmica do tempo e, em particular, das precipitações associadas, nomeadamente, nas médias latitudes. Se não sabemos prever o tempo, como se procede para prever as chuvas?

Clemência ou violência do tempo? (2)

Isto é claro: os modelos não podem prever a evolução do tempo. Porquê então evocar sem cessar a autoridade dos modelos? O que é que permite por consequência dizer que as condições «poderiam mudar» (o que não é mais do que um truísmo!), visto que os modelos não sabem prevê-lo?

Como, por consequência, explicar o «endurecimento» do tempo apesar do que foi anunciado inicialmente pelo IPCC? Disseram então: «Um clima mais quente por cima dos oceanos é também mais húmido porque a evaporação é aí mais importante […] estes factores são favoráveis ao desenvolvimento de depressões porque uma atmosfera mais quente e mais húmida é também mais energética. Isto é um factor que seria favorável à formação de depressões mais cavadas acima do Atlântico

Esta formulação dos fenómenos é fortemente sugerida pela relação redutora “evaporação-chuva” analisada a seguir. Eis então a convecção térmica acima de uma superfície oceânica (superfície «fria», em termos de meteorologia, portanto inapta a provocar ascensões de vapor de água) na origem das depressões do Atlântico: é seguramente uma renovação radical das leis físicas e dos conceitos que comandam a génese das perturbações das médias latitudes!

O nascimento e a intensidade destas vastas perturbações dependem, no entanto, não das condições da convecção térmica in situ mas da intensidade das transferências meridianas do ar e da energia, e portanto da potência dos factores que condicionam o volume e a velocidade destas transferências (factores ignorados nos modelos).

Clemência ou violência do tempo? (1)

A evolução recente do tempo e a multiplicação dos acontecimentos dramáticos são erradamente considerados como uma prova da evolução climática anunciada pelos modelos. A «dramatização» que é feita dos acontecimentos torna-se um argumento fundamental para se fazer acreditar na teoria do efeito de estufa (confundindo o natural com o adicional). O que há de verdade nisto?

Os modelos previram inicialmente (no primeiro relatório do IPCC em 1990) um tempo mais clemente: «As tempestades nas latitudes médias […] resultam dos desvios de temperatura entre o pólo e o equador […] como este desvio se enfraquece com o aquecimento […] as tempestades nas latitudes médias serão mais fracas

Acrescentaram: «A alteração climática simulada pelos modelos informáticos traduz-se geralmente por uma redução do gradiente norte-sul da temperatura nas baixas camadas da atmosfera […] ela tem por efeito atenuar a variabilidade atmosférica associada às depressões porque as instabilidades, em particular acima do Atlântico Norte, são fortemente condicionadas pela intensidade do gradiente de temperatura

Um aumento da temperatura deveria assim traduzir-se por anticiclones móveis polares menos vigorosos, um decréscimo das trocas meridianas de ar e de energia (circulação lenta) e, nas latitudes temperadas e polares, por uma diminuição dos gradientes de temperatura e da pressão assim como por um contraste térmico menor entre os fluxos (o contrário do que realmente tem estado a acontecer!).

Como se mostra à escala sazonal o menor rigor do tempo estival, comparado com a violência do tempo invernal, não necessita de modelos para deduzir essa evidência. Um cenário de aquecimento global prenuncia portanto uma maior clemência do tempo.

Porém, não é isso que se tem observado, o próprio tempo contradiz estas previsões. Será por isso que, bizarramente, se anuncia agora (por simples oportunismo?) exactamente o inverso do que se havia previsto em 1990 (e confirmado acima) com as previsões catastróficas que os órgãos de comunicação social fazem eco, sem contudo se espantarem com este reviravolta?

Será que são os modelos que prevêem agora esta nova evolução do tempo? Eis o que diz o IPCC: «A frequência e a intensidade das condições meteorológicas extremas tais como as tempestades e os furacões poderão mudar. Todavia, os modelos não podem ainda prever como. Os modelos que são utilizados para as alterações climáticas não podem eles próprios simular estas condições meteorológicas extremas.»

quinta-feira, março 24, 2005

Comparação entre as evoluções previstas e verificadas nas altas latitudes (2)

Evolução térmica real

A evolução térmica realmente observada nas altas latitudes não é nada daquilo que é previsto pelos modelos, o que demonstra que eles são incapazes de explicar convenientemente o que lá se passa.

O Antárctico não apresenta alteração notória: as curvas das temperaturas médias observadas não apresentam estritamente qualquer tendência pelo que a temperatura se mantém, em média, inalterada há várias décadas.

O Antárctico está de excelente saúde, apenas com um problema de menor importância na península Larsen B. que será tratado oportunamente.

Em compensação, o Árctico ocidental tem arrefecido e esta evolução produz o desmentido mais flagrante às previsões dos modelos: o arrefecimento atingiu 4 ºC a 5 ºC (– 4,4 ºC no Inverno e – 4,9 ºC na Primavera), durante o período 1940-1990, isto é, já quase metade, mas em valor negativo, do valor previsto para 2100!

Este arrefecimento é confirmado por um aquecimento também nítido na camada onde a pressão atmosférica atinge 850 hPa -700 hPa (+ 3,74 ºC, entre 1500 m e 3000 m), que traduz a intensificação resultante das trocas meridianas vindas do Sul, por cima dos anticiclones de baixas camadas (anticiclones móveis polares ou AMP, que serão objecto de referência posterior) que nascem no Pólo Norte.

Além disso, está confirmada a tendência para o arrefecimento no período 1979 a 1997, acima do mar de Beaufort assim como na Sibéria oriental e no Alasca, no Outono (– 1 ºC por década) e no Inverno (– 2 ºC por década).

Devido à importância das altas latitudes na impulsão da circulação geral, o arrefecimento do Árctico, particularmente da sua parte ocidental onde nasce a maioria dos AMP, é um facto climático da maior importância mas que é total e deliberadamente ignorado pelos modelos, pelos media e pelos pseudo-cientistas.

Quando se ouve e se lê nos media que existem problemas nos pólos, ou são sonhos obtidos através de modelos ou são desejos acima das realidades para justificarem as profecias do IPCC.

Obs.: hPa – hectopascal (cem vezes 1 pascal).

Comparação entre as evoluções previstas e verificadas nas altas latitudes (1)

Evolução térmica prevista

Um dos aspectos mais importantes da aplicação dos modelos é a previsão do aumento considerável da temperatura nas altas latitudes. Segundo ela, esse aumento poderia atingir 10 ºC a 12 ºC (em 2100!), paradoxalmente, no Inverno de cada pólo.

Estes valores muito elevados influenciariam consideravelmente a tendência prevista para a média global do planeta já que nas regiões tropicais a modificação da temperatura seria atenuada. Mas quais seriam as razões físicas para que as altas latitudes viessem a aquecer tanto?

Não se encontra nenhuma razão plausível a não ser sobretudo porque os modelos climáticos repousam sobre o velho esquema de circulação geral imaginado em 1856 mas rejeitado oficialmente pela comunidade científica internacional em 1951, isto é, muito antes de aparecerem os modelos.

O esquema de circulação geral utilizado pelos modelos é precisamente…o esquema tricelular que não representa absolutamente nada a realidade das trocas meridianas. O acréscimo suposto das temperaturas polares não parece então ser senão um artefacto resultante deste conceito errado que não é mais do que uma ficção científica.

Esta crítica sobre a inadaptação dos modelos foi feita por climatologistas de nomeada afirmando: «Os modelos climáticos actuais não integram de maneira correcta os processos físicos que afectam as regiões polares» e que consideram esta «ideia fixa» do sobreaquecimento dos pólos como uma justificação da herança da afirmação de Arrhenius segundo a qual «o efeito destas alterações será máximo na vizinhança dos pólos», onde ele previu um aumento de 4 ºC…isto em 1903!

Esta estranha obstinação volta a encontrar-se no último relatório do IPCC que avança a seguinte «justificação»: «[…] a neve e o gelo reflectem a luz solar, assim, menos neve significa que é absorvido mais calor proveniente do Sol, o que arrasta um aquecimento […]», e assim «está previsto um aquecimento de partes norte do Canadá e da Sibéria superior a 10 ºC no Inverno» Trata-se, bem entendido, do Sol polar de Inverno! E isto foi, como é evidente, aprovado pelos «milhares de cientistas» do IPCC!!!...São escusados mais comentários...

quarta-feira, março 23, 2005

Relação entre concentração de CO2 e temperatura

A relação entre a concentração média global de CO2 na atmosfera, que é medida, e a temperatura média global, que é «construída» e de significado restrito, não é linear.

Entre 1918 e 1940 verificou-se um forte crescimento da temperatura, da mesma ordem de grandeza da verificada nos últimos decénios do século findo, mas a concentração de CO2 não progrediu mais do que 7 ppm (de 301 ppm a 308 ppm).

De 1940 a 1970, o aumento da concentração de CO2 foi de 18 ppm (de 308 ppm a 326 ppm) mas a temperatura não se elevou – o que aconteceu no período do óptimo climático contemporâneo – bem pelo contrário, a literatura científica dos anos 70 anunciava então o retorno a uma «pequena idade do gelo» (alguns “cientistas” que previam um arrefecimento garantido tornaram-se entretanto fervorosos entusiastas do aquecimento!).

Apenas o aumento elevado da temperatura do fim do século, nomeadamente a partir dos anos 80, coincide com um aumento considerável da concentração de CO2 (mais de 22 ppm).

No entanto, esta elevação dos últimos decénios, superior a 0,3 ºC, não é confirmada pelas observações dos satélites, nomeadamente pelos da NOAA de Janeiro de 1979 a Janeiro de 2000, que não detectaram qualquer evolução notável.

Foram feitas críticas pelos defensores do «global warming» contra a validade destas medidas dos satélites (é verdade que elas são «preocupantes» pela não corroboração dos aumentos de temperatura medidos pelos termómetros), nomeadamente sobre a capacidade dos satélites a ter em conta a evolução das temperaturas de superfície.

Contudo, estas medidas dos satélites colocam nitidamente em evidência os ciclos solares (designados por n.º 22 e n.º 23) e o arrefecimento de 1992 ligado à erupção do Pinatubo…e parecem ser assim dificilmente discutíveis.

O cenário do efeito de estufa antropogénico, e nomeadamente a relação entre a concentração do CO2 e a temperatura, não explica de facto a evolução térmica do planeta: intervêm muitos outros factores nesta evolução. Estes numerosos factores são importantes mas não são tomados em conta pelos modelos.

Obs: ppm – partes por milhão; NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration (corresponde ao IM dos EUA).

Evolução global ou evoluções regionais?

As evoluções climáticas são regionais. Compare-se as evoluções de temperatura dos períodos 1931-1960 e 1961-1990 publicadas pela Organização Mundial de Meteorologia (1971 e 1996). O primeiro período corresponde mais ou menos ao óptimo climático contemporâneo e o segundo contém a mais forte elevação da temperatura em certas regiões.

A comparação é deveras eloquente. Ela mostra de maneira evidente que «não existiu aquecimento global planetário durante o período 1961-1990». Nomeadamente, observa-se, à escala regional, arrefecimentos e aquecimentos.

No hemisfério norte, por exemplo, a temperatura baixou da ordem de – 0,40 ºC na América do Norte, – 0,35 ºC na Europa do Norte, – 0,70 ºC no Norte da Ásia e até – 1,1 ºC no vale do Nilo. Outras regiões aqueceram, como o oeste da América do Norte (do Alasca à Califórnia), ou também na Ucrânia e no sul da Rússia.

Os modelos nunca previram nem revelaram estas disparidades regionais. De facto, eles são sempre incapazes tanto de as explicar como de as prever. Qual é a tendência representativa: é a das regiões que apresentam aumentos ou a das que revelam descidas de temperatura?

Uma média hemisférica, e a fortiori global, da temperatura calculada a partir de observações com evoluções contrárias não tem senão um valor estatístico, contabilístico. Ela não tem, como é evidente, senão um significado limitado, ou não tem mesmo qualquer significado climático.

Segundo o IPCC, a temperatura média global aumentou 0,6 ºC (± 0,2 ºC) no decurso do período 1860-2000 (…), período de um século e meio que, convém sublinhar, engloba a revolução industrial. Para fixar ideias, precisemos que este valor, à escala da média anual aqui considerada, representa a diferença de temperaturas entre Nice e Marselha, de 14,8 ºC a 14,2 ºC (segundo valores de 1961-1990), ou entre Marselha e Perpignan, de 14,5 ºC e 15,1 ºC (segundo valores de 1961-1990). Que extraordinária conclusão!!!

Sejamos sérios e mantenhamos o bom senso das realidades: comparada à gama “real” de 0,6 ºC de subida no período 1860-2000, uma gama de aumentos de temperaturas prevista pelo IPCC de 2 ºC a 6 ºC (ou de 1,4 ºC a 5,8 ºC com uma margem de incerteza de 1 a 3,5 ºC) para um ano tão afastado como o de 2100 tem algum significado? Só com muito boa vontade…

domingo, março 20, 2005

As indicações fornecidas pelos modelos climáticos

Os modelos climáticos prevêem um aumento da temperatura. Isto tornou-se num postulado indiscutível.

Por outro lado, os modeladores impuseram o conceito de evolução «global» do clima, sendo que o globo deverá evoluir no seu conjunto e no mesmo sentido do aquecimento, todavia, com intensidades diferentes consoante as latitudes.

Os modelos, fundamentados no efeito radiativo (que, em termos gerais, representa o balanço entre o calor recebido do Sol, o absorvido e o reflectido pela Terra e pelas nuvens), podem prever outra coisa que não seja um … aquecimento?!

Escreve-se a este propósito : «Os modelos, cada vez em maior número e mais sofisticados, indicam sem excepção um acréscimo de temperatura».

A unanimidade da resposta (pudera!) é pois considerada como uma prova da capacidade dos modelos para prever o futuro. Mas, para além da sofisticação dos cálculos, o resultado é, no fim de contas, a aplicação de uma regra de três simples, entre 1) a taxa de crescimento do CO2 actual, 2) a suposta taxa futura e 3) a temperatura correspondente. Isto é elementar.

A unanimidade dos modelos, considerada como um «facto notável» provem de uma "lapalissada", porque a resposta não pode ser senão positiva. Como é que poderiam prever descidas de temperatura se eles são construídos para prever subidas? Haverá de facto necessidade do recurso aos modelos, tendo ainda em conta as suas imperfeições de ordem teórica e prática, para se chegar a este resultado?

A argumentação é muito frágil: o balanço radiativo, excepto quanto às variações no longo prazo, permite somente compreender…porque é que as altas latitudes são mais frias do que os trópicos, e permite prever que…o Inverno será mais frio do que o Verão!

  • As variações de temperatura de um dia para o outro e de um ano para o outro, as médias e as anomalias resultantes (diferenças entre os valores medidos e as médias) dependem, como as variações do tempo, das modificações de intensidade das circulações meridionais : esquematicamente, no hemisfério Norte, o fluxo de norte traz frio e o do sul traz calor (outros parâmetros como a nebulosidade, a humidade, as precipitações, a velocidade do vento, etc., participam conjuntamente nesta determinação).
  • As trocas meridionais dizem respeito, evidentemente, a regiões diferentes e as evoluções térmicas não podem ser uniformes. Uma temperatura média não tem senão um valor muito limitado, se é que tem algum valor quando este é estabelecido à escala «global» (poderá então existir um clima global?).

A posição expressa pelo IPCC é reveladora desta incoerência: «Os valores regionais das temperaturas poderão ser sensivelmente diferentes da média global mas não é ainda possível determinar com precisão estas flutuações». Isto significaria que o valor médio seria conhecido antes dos valores locais e/ou regionais que permitiriam estabelecer aquela média! Curiosa maneira de calcular uma média!

Por outro lado, é correcto dizer, como o IPCC, que «não é possível determinar» as evoluções regionais, sabendo que é simplesmente suficiente observá-las? Isso é assim, simplesmente porque os modelos não sabem representar estas diferenças de comportamento? Como é que podiam saber, sublinhe-se ainda, se eles não dispõem de um esquema coerente do modo de circulação geral?

As indicações dos climas do passado

Pretende-se que o estudo paleoclimatológico do passado possa dar uma ideia da amplitude das futuras alterações climáticas.

Esta afirmação, que deseja fundamentar a alteração climática de longo prazo, permite colocar o problema da relação entre os gases com efeito de estufa (GEE) e a temperatura :

  • É uma covariância ou é uma correlação física?
  • Quando é que o acréscimo dos GEE é a causa e quando é que é o efeito?
  • Que significa à escala paleoclimática (como à escala sazonal) a covariação mais ou menos estreita entre o CO2 e a temperatura?

Os cilindros da Vostock retirados dos gelos antárcticos parecem mostrar o paralelismo das variações de temperatura do ar e do teor atmosférico de GEE. Deduzir que o passado e o futuro são directamente comparáveis representa a astúcia ideal : qual é, com efeito, o não-climatologista e, a fortiori, o cidadão que conhece Milankovitch e a sua teoria sobre os períodos da predominância do gelo?

A covariação geral dos parâmetros (deutério, CO2, CH4, Ca, etc. e a temperatura correspondente deduzida) no decurso de mais de 400 mil anos resulta de um “forçamento” exterior à própria Terra : quatro ciclos principais revelam a influência da excentricidade da órbita terrestre (ciclo de 100 000 anos), enquanto no interior de cada grande ciclo glaciário-interglaciário, as variações mais breves são conjuntamente associadas à variação da inclinação do eixo dos pólos e à precessão dos equinócios, parâmetros orbitais da radiação precisamente demonstrados por Milankovitch em 1920.

Todos os parâmetros covariam, e estão portanto estatisticamente correlacionados, mas a evolução da temperatura a esta escala de tempo não depende dos GEE, mas, ao contrário, são as suas taxas de crescimento que dependem, mais ou menos directamente, da temperatura.

Por consequência, apesar dos resultados notáveis das análises dos cilindros de gelo para o conhecimento dos climas passados, a referência sistemática aos paleoclimas não faz qualquer sentido no debate. E tanto menos sentido quanto as teorias meteorológicas convencionais utilizadas pelos modelos não propõem um esquema de circulação geral válido a esta escala paleoclimática.

O efeito de estufa natural e o adicional

O efeito de estufa natural é uma realidade, pelo que é inútil discutir : ele produz um ganho de 33 ºC à temperatura média da superfície da Terra e é isso que permite a existência de vida humana.

Um efeito de estufa adicional, ou «reforçado», de origem antropogénica (proveniente do CO2 e de outros gases com efeito de estufa – GEE – devidos à actividade do Homem) é susceptível de elevar a temperatura de um valor indeterminado mas não o suficiente para interferir na dinâmica do tempo e do clima. Sabe-se isso desde há longa data, 1824, conforme foi pressentido por Fourier e por Arrenius.

A questão é a de saber se o homem é capaz de influenciar, involuntariamente, o curso da evolução climática, atingindo a escala planetária e, sobretudo, se desde há um século ele já começou a fazê-lo. Entretanto, àparte a influência demonstrada sobre o clima urbano, uma consequência à escala global pertence ao domínio da especulação.

Com efeito, o vapor de água representa 63 % do efeito de estufa e constitui assim a maior fonte de incerteza. Mas devido ao facto de modelos climáticos fazerem intervir as nuvens e as precipitações, que são particularmente complexas, a amplitude precisa da respectiva retroacção – fenómeno crucial – permanece desconhecida.

Além disso, é necessário juntar a incerteza associada à nebulosidade, cujos efeitos são contrários de acordo com a altitude das nuvens que tanto podem arrefecer como aquecer a superfície terrestre…

Por outro lado, o presumido aquecimento global tem uma forte componente de um fenómeno urbano. Demonstrou-se isso na Califórnia, ao comparar a evolução térmica das cidades com mais de um milhão de habitantes e a das cidades com mais ou com menos de 100 000 habitantes. A elevação da temperatura decresce com a diminuição da importância das cidades. O aparente aquecimento global é influenciado pela perda de calor que afecta somente as superfícies urbanizadas.

As estações meteorológicas, inicialmente instaladas fora das cidades foram progressivamente absorvidas pela expansão da urbanização e/ou pela extensão da sua cúpula de calor, e agora elas reflectem, principalmente, a evolução climática à escala local.

No entanto, este fenómeno, conhecido como ilhas de aquecimento urbano, não é o principal factor detectado nas observações dos 1000 termómetros espalhado pelo planeta e que determinam o que se designa, erradamente, por temperatura média global.

A mitologia do aquecimento global (3)

O que domina incontestavelmente o debate, e mais o falseia, é que as alterações climáticas são um assunto de climatologia, mas que é tratado, maioritariamente, por não especialistas, nomeadamente pelos ambientalistas, em anexo ao tema da poluição.

Hoje, enquanto alguns especialistas do clima se desinteressam, estranhamente, pelo debate ou adoptam, sem espírito crítico, o dogma oficial, existe a pretensão de que saber repetir servilmente os textos do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) é uma qualificação suficiente, porque o discurso estereotipado e recitado de modo dogmático é sempre o mesmo.

Contudo, com uma complacência geralmente proporcional à ignorância dos rudimentos da disciplina, os «cientistas», que têm a audácia de se proclamarem como tal, propagam as hipóteses procedentes dos modelos, hipóteses infundadas, mal estabelecidas e não demonstradas pelas observações.

Deve-se começar por colocar fortes reticências ao mito segundo o qual os relatórios do IPCC são preparados por «milhares de cientistas»: o seu número anunciado ilude e esconde o sectarismo da mensagem, que não provém senão de uma pequena equipa dominante, que impõe os seus pontos de vista a uma maioria sem competências climatológicas.

O "I" de IPCC significa, com efeito, «intergovernamental», o que quer dizer que os pretensos cientistas são antes de tudo agentes dos governos, não sendo o IPCC, em absoluto, uma organização de investigação. Sabe-se que durante a redacção definitiva do relatório de 1996, a propósito da «influência perceptível do homem sobre o clima global», esta afirmação foi acrescentada depois da hora (para impressionar os decisores), sem que ela corresponda ao entendimento do conjunto dos verdadeiros especialistas do IPCC, mas que foi a seguir constantemente repetida apesar de um tal desacordo de princípio.

Os conhecimentos actuais sobre climatologia são em geral limitados, o que é reconhecido implicitamente pelo IPCC quando precisa que «A aptidão dos cientistas para fazer verificações das projecções provenientes dos modelos é bastante limitada pelos conhecimentos incompletos sobre as verdades climáticas».

As explicações são muito simplificadas, mesmo simplistas, para serem facilmente compreendidas. Todavia, elas não reflectem a verdade científica, que é extremamente complexa. Este conhecimento superficial e esquemático é primeiramente imposto pelas «simplificações inevitáveis transpostas para os modelos», modelos que não podem integrar todas as componentes dos fenómenos climáticos.

Quanto mais simples é a mensagem, mesmo simplista (próxima do slogan, fácil de reter sem esforço), maiores são as hipóteses de ela ser adoptada pelos políticos e pelos media, o que afasta desde logo a reflexão e explicações longas e complexas.

Esta falha de qualificação explica também a fé cega atribuída a uma ciência da meteorologia idealizada por alguns. Ignora-se assim, geralmente, que a meteorologia está num verdadeiro impasse conceptual há mais de cinquenta anos, e que ela não dispõe de um esquema explicativo da circulação geral (fenómeno este que é fundamental) apto a traduzir a realidade das trocas latitudinais e meridionais de energia e vive na ignorância dos mecanismos reais.

Este impasse tem conduzido, entre outros, aos «falhanços» dos serviços de meteorologia dos EUA na previsão das trajectórias dos furacões tropicais, por defeito de conhecimento da sua dinâmica. Será necessário sublinhar todos os falhanços das previsões do tempo em todas as partes do mundo? Não confessam os próprios meteorologistas estas fraquezas fundamentais, tão evidentes, que tornam irremediavelmente os modelos inaptos a prever o que quer que seja!?

Pode-se assim igualmente explicar a confiança ingénua, a falta de isenção quase total da dúvida (sendo esta salutar em ciência) e mesmo a falta de espírito crítico dos pretensos cientistas (não qualificados e do público não avisado), quando se trata de estimar a qualidade dos modelos e das suas previsões. O debate científico é assim ocultado e os contraditores são, na medida do possível, censurados ou mesmo desacreditados.

O conhecimento é substituído pela convicção (sincera, ou pela fé) do género «estou convencido de que o aquecimento global do planeta é uma realidade» ou «há quem não acredite no aquecimento global», profissão de fé que é a própria negação do método científico.

É, pois, necessário fazer um ponto da situação, sem complacência. Sem concessão e aprofundado, rigoroso e unicamente centrado na climatologia. A poluição é por si só um assunto suficientemente sério e preocupante para merecer um tratamento separado, aí sim, pelos próprios especialistas que são os ambientalistas.

Deixe-se, pois, o estudo do clima para os climatologistas. Torna-se necessário desmascarar a pretensa ligação entre : homem - poluição - gases com efeito de estufa - aquecimento global - alterações climáticas - violência e irregularidade do tempo.

O Homem está inocente e a acusação é uma blasfémia.

A mitologia do aquecimento global (2)

O aquecimento global é um tema extremamente confuso, que mistura tudo :

A poluição e o clima - o clima torna-se um álibi para resolver a poluição. A sua evolução futura é apresentada como um postulado e quem colocar dúvidas sobre o aquecimento anunciado fica catalogado como favorável à poluição ou como «louco, mal intencionado ou a soldo da indústria petrolífera». Bem entendido, aqueles que lucram, e não são poucos, do maná ligado ao alarmismo, estão acima de qualquer suspeita!

Os bons sentimentos e os interesses confessados - o planeta está em perigo e é necessário salvá-lo mas, ao mesmo tempo, discute-se os direitos de poluir, com os famosos «direitos de emissão» transaccionáveis. Passamos assim do sentimento de culpabilidade (o homem é o responsável de todos os males) para a atitude ambígua daqueles que defendem interesses individuais ou de grupo.

As suposições e as realidades, as teorias dos modelos e os mecanismos reais, o hipotético clima futuro e a evolução do tempo presente. As previsões são tanto mais gratuitas quanto os prazos são mais longínquos (2100!). Nalguns acontecimentos recentes (vagas de calor, secas, cheias), lobrigam-se sinais da catástrofe anunciada, seleccionam-se as informações, ocultam-se as do frio e retém-se as do calor que, seguramente, não pode deixar de confirmar as previsões dos modelos.

O sensacionalismo e a seriedade científica, a procura do furo jornalístico e a informação devidamente fundamentada, tudo cada vez mais confundido, nomeadamente pelos políticos e/ou pelos media que ajudam à confusão. Mas certos cientistas não melhoram a situação pelas suas declarações despropositadas.

O debate, se ele existe, inscreve-se igualmente, e é isso que faz o seu sucesso, no mito antigo que é o do conhecimento popular acerca do tempo. Cada um tem o seu saber sobre a matéria. Fica-se muitas vezes próximo do pensamento mágico e das discussões do tipo da mesa de café. Não se faz a distinção entre clima e evolução do tempo. Alguns também pretendem aureolar os modelos de mistério como se fossem máquinas de produzir o tempo.

sexta-feira, março 18, 2005

A mitologia do aquecimento global (1)

A teoria do aquecimento global é uma hipótese saída dos modelos informáticos e baseada em relações simplistas.

Ela anuncia um contínuo aumento de temperaturas a nível global mas isso não está demonstrado.

Seguramente, os anos 70 apresentaram um desvio climático fundamental (que os modelos não previram) que se traduziu num aumento progressivo da violência e da irregularidade do tempo, associado a uma modificação do modo de circulação geral (latitudinal rápido), fenómeno este que é fundamental para explicar o funcionamento da máquina térmica que é o nosso planeta, com duas fontes frias e uma fonte quente em permanente troca de energias através das massas de ar da troposfera e de água dos oceanos.

Todavia, o problema fundamental não é prever o clima em 2100 mas determinar as causas desse desvio climático.

O aquecimento global é um assunto que está na moda. Em particular depois da seca do Verão de 1988, nos Estados Unidos da América. Revelou-se então a angústia de um possível novo período prolongado de calor e de seca como o dos anos 30 verificado nas Grandes Planícies, traumatismo então vivido pela população rural (cf. As Vinhas da Ira de John Steinbeck). Esse passado explica a atenção particular que, em 1988, lhe foi imediatamente dedicada e a dramatização que se lhe seguiu.

Inicialmente assunto da climatologia, este tema fortemente marcado pela emoção e pela irracionalidade, depressa evoluiu para o alarmismo ao perder o seu conteúdo científico.

Deve-se então colocar a seguinte questão: debate-se ainda climatologia?