quarta-feira, dezembro 31, 2008

O ano do desaparecimento de Marcel Leroux

Termino o ano de 2008 com uma síntese sobre o fenómeno da Natureza que mais espaço tem ocupado nos textos do MC e, ao mesmo tempo, satisfaço a curiosidade dos leitores que chegaram ao blogue mais recentemente e podem ter ficado surpreendidos com as referências frequentes aos Anticiclones Móveis Polares (AMP).

A Fig. 151 é uma imagem do satélite Météosat 7, no modo visível, de um AMP passando pela Península Ibérica. No instante em que foi fotografado, o AMP estava, aproximadamente, centrado nos Açores e estendia-se até às Ilhas Britânicas.

A depressão D associada ao AMP estava situada ao largo das Ilhas Britânicas. O ar frio do conjunto anticiclone-depressão movia-se para sul e o ar quente circundante originava nuvens do tipo cumulus (nimbus). Pode-se verificar a dimensão colossal do AMP comparando-o com a Península Ibérica que estava à sua direita.

Na Fig. 152 representa-se esquematicamente o AMP com o ar frio a azul e o ar quente a vermelho. Na projecção nota-se o canal depressionário (vermelho) que se forma pelo avanço do anticiclone (azul), propriamente dito.

No Hemisfério Norte, a depressão atmosférica fechada D situa-se na posição que se vê no esquema da Fig. 152. É esta depressão D que pode originar mau tempo e chuvadas abundantes que podem atingir o nível das cheias.

Nota-se no corte zonal da Fig. 152 que a espessura dos AMP (azul) é pequena, da ordem de um a dois quilómetros. Neste volume de tipo lenticular, o ar é frio, denso, seco e rasteiro. Já o ar do canal depressionário (vermelho), pode atingir oito a dez quilómetros de altura. É relevante comparar o esquema da Fig. 152 com a realidade da Fig. 151.

Como é evidente, nenhuma destas realidades que a Natureza nos mostra com clareza, relativamente à atmosfera, está englobada nos modelos informáticos que servem de base a toda a especulação do global warming e da climate change.

De acordo com as observações feitas pelos satélites meteorológicos, a génese dos AMP, as suas trajectórias e variantes sazonais em função do défice térmico das calotes polares, mais intenso durante o Inverno, constitui a base da teoria desenvolvida pelo eminente climatologista Marcel Leroux.

Assim, em síntese :

- O ar frio polar é exportado regularmente, de modo descontínuo, pela ejecção de imponentes massas de ar densas e organizadas em AMP;
- O arrefecimento do Árctico e do Antárctico aumenta a potência e a frequência dos AMP, tal como tem estado a acontecer;
- Os AMP ejectados do Árctico e do Antárctico formam massas de ar pelicular com um diâmetro médio de 2000 a 3000 quilómetros que se movem em direcção aos Trópicos;
- Os AMP do Pólo Norte deslocam-se de um maneira geral de Oeste para Este com uma componente meridional que os vai afastando do Pólo;
- As condições dinâmicas do deslocamento dos AMP variam em função da estação do ano e do substrato que encontram pelo caminho;
- Os continentes perturbam fortemente as condições dinâmicas pelo aumento do atrito dos solos e, sobretudo, pela presença dos relevos ou edifícios geográficos com altitudes comparáveis ou superiores à espessura dos AMP;
- A relação entre o ar anticiclónico e a depressão é muito estreita;
- Ao longo do seu deslocamento a vantagem comparativa do factor densidade (ar frio, de modo absoluto ou relativo) permite ao AMP afastar-se e fazer sobrevoar sobre ele os fluxos de ar quente (de modo absoluto ou relativo) que vai encontrando no substrato;
- No ramo ciclónico a vorticidade é tanto mais intensa quanto o fluxo desviado é, ele próprio, intenso e tal como o AMP é também mais intenso;
- A depressão fechada (ciclone) é assim indissociável do anticiclone (AMP) que a provocou pelo sobrevoo, desde a partida dos Pólos, e desvio no sentido ciclónico (no HN os sentidos de rotação do ar anticiclónico e do ciclónico estão indicados na Fig. 152);
- O AMP, propriamente dito, e a depressão D estão inicialmente fortemente unidos e separam-se seguidamente, afastando-se progressivamente um do outro no decurso da migração para leste;
- Os anticiclones nas zonas subtropicais sofrem transformações mas sem se desfazerem totalmente;
- Os AMP vão perdendo progressivamente o seu dinamismo e encontram, simultaneamente, condições mais fortes do que eles, tais como relevos geográficos e formações mais frias de AMP antecedentes, que os obrigam a travar a velocidade e a formar Aglutinações Anticiclónicas (AA) que têm uma função importantíssima no estado do tempo;
- As AA, em função das condições extra-tropicais (estação do ano, escoamento do ar), determinam as circulações iniciais dos alísios;
- A zona tampão das trocas meridionais de energia situa-se numa AA que constitui um reservatório do ar que redistribui e regulariza o escoamento tropical com ponderação da sua velocidade em relação à circulação extra-tropical;
- A circulação geral à superfície organiza-se em função de vários princípios fundamentais: o factor geográfico determina os espaços aerológicos de circulação bem individualizados nas baixas camadas (seis ao todo, sendo três em cada hemisfério); as trocas meridionais seguem várias trajectórias a partir dos Pólos; os sectores onde as circulações em «8» – também designadas jets – se cruzam são o lugar de intensas trocas verticais impulsionadas pelo ar denso dos AMP que força o ar quente a subir.

Com esta síntese, presto uma singela homenagem a Marcel Leroux, de cujos ensinamentos e amizade beneficiei.

Marcel Leroux faleceu em 12 de Agosto conforme oportunamente noticiado no MC.

Fig. 152 - Esquema de um AMP. Fonte: Marcel Leroux.

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Fig. 151 - AMP sobre a Península Ibérica. Fonte: Météosat.

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segunda-feira, dezembro 29, 2008

Gavin Schmidt e o ano frio de 2008

(Com a colaboração de Jorge Pacheco de Oliveira)

Gavin Schmidt é um modelador do clima de craveira internacional, com responsabilidades no GISS (Goddard Institute for Space Studies) onde trabalha na previsão do clima através da modelação em computador.

Gavin é um dos mais entusiásticos defensores da teoria do aquecimento global e publica muitas das suas opiniões no blog Real Climate, que se pode dizer o blog de referência de todos os adeptos daquela teoria.

No mesmo blog participa Michael Mann, outro conhecido modelador do clima, também entusiástico defensor do aquecimento global, cujo nome ficou associado, de forma indelével, ao gráfico internacionalmente conhecido por Hockey Stick.

O MC, colmatando uma falha que há muito se faz sentir, até por questões de isenção, vai disponibilizar aos seus leitores, na coluna à direita, o link para o Real Climate, uma vez que já lá está o link para o blog rival, o Climate Audit, de Steve McIntyre, um dos dois cientistas que deslindaram os erros estatísticos (para sermos benevolentes) cometidos por Michael Mann e colegas na construção do Hockey Stick.

Sucede que, em 16/12/2008, Gavin Schmidt publicou um post no Real Climate em que, a propósito dos anos frios deste século, quis deixar uns avisos contra a manipulação de resultados por parte dos críticos.

Estava em causa saber se 2008 seria, ou não, pelo menos até agora, o ano mais frio deste século e Gavin Schmidt baralhou-se, ou quis baralhar os leitores, com a velha rábula respeitante à data de início e fim dos séculos, tão depressa parecendo dizer que o século XXI começava no ano 2001, o que está correcto, como no ano 2000, o que é incorrecto.

E isto porque se está a tornar cada vez mais provável que 2008 venha a ser o ano mais frio desde o início do séc. XXI. Ora, como o ano 2000 foi mais frio do que 2008, se o ano 2000 estivesse incluído no século XXI, já a afirmação não estaria correcta.

Nas respostas aos comentadores que lhe chamaram a atenção para a forma displicente como ele tratou a questão, Gavin, sem nunca esclarecer devidamente a sua posição, chegou a perguntar a um deles quando é que tinha celebrado o início do actual milénio, uma alusão evidente ao facto de muita gente ter celebrado o início do milénio na passagem de ano de 1999 para 2000. O que estava errado, mas não fez parar o mundo, como se sabe.

Em suma, Gavin Schmidt queria, à força, incluir o ano 2000 no séc. XXI para tirar o tapete a todos quantos se preparam para anunciar que o ano 2008 é o ano mais frio deste século.

A manobra de Schmidt, num post em que nos vinha avisar contra manobras (dos outros, claro) não teria relevância, e de facto não tem, para saber se o CO2 antropogénico provoca ou não um aquecimento catastrófico do planeta, mas revela a forma capciosa como até os mais ilustres adeptos desta teoria procuram levar a água ao seu moinho.

Observação : O link Real Climate passou a integrar a coluna respectiva do MC.

Natal branco

Metade dos Estados Unidos da América ficou coberta de neve no Dia de Natal. A Fig. 150, original do National Hydrologic Remote Sensing Center, recolhida no blogue vizinho de Anthony Watts, mostra essa situação.

No Canadá já é tradicional a cobertura de neve nesta época do ano. Mas para os EUA uma tal extensão da queda de neve não sucedia há 40 anos. Por exemplo, em Washington o governador declarou o estado de emergência devido às tempestades de neve.

A Turquia não quis ficar atrás. Já em França foram emitidos vários alertas amarelos de prevenção para tempestades, designadamente, de neve, como sucedeu para os Pirinéus e para a Córsega (F1, F2, F3, F4, F5).

Fig. 150 - EUA. Natal 2008. Espessura da neve. Fonte: NHRSC.

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domingo, dezembro 28, 2008

Actualização do gelo do Árctico

(Actualizando a nota publicada no dia 22 de Dezembro de 2008)

As informações sobre o Árctico têm sido corrigidas com alguma frequência pelas organizações que monitorizam diariamente a área do gelo. A mais importante foi a indicada no blogue de Anthony Watts no dia 12 do corrente mês.

Depois daquela data, o NSIDC – National Snow and Ice Data Center publicou, em 21 de Dezembro, dados que permitem uma actualização da situação recente do Árctico. Estes dados foram publicados depois de uma troca de opiniões entre o NSIDC e leitores de Anthony.

Os novos dados, por um lado, mostram as regiões deficitárias em relação à média do período 1979-2000. Por outro, indicam que a pausa do crescimento de gelo fez com que agora se atingisse praticamente o mesmo valor do ano anterior.

Na Fig. 147 o NSDIC apresenta a evolução da extensão do mar gelado do Árctico. O percurso quase horizontal coincidiu com a avalanche de tempestades de neve que se abateu sobre os EUA, nomeadamente.

Por sua vez, o NSIDC na Fig. 148 apresenta uma fotografia do gelo e os limites, a cor laranja, que faltaram preencher em relação à média do período 1979-2000. Pouco faltou para a engorda do Árctico atingir os limites médios.

Finalmente, a Fig. 149, também publicada pelo NSIDC durante a troca de impressões com leitores de Anthony, elucida as regiões que faltaram ser preenchidas em relação à média de 1979-2000.

Assim, os défices regionais situaram-se, especialmente, nos mares da Gronelândia, de Kara, de Barents, de Okhotsk e Japão e, ainda, na Baía de Baffin. No Mar de Bering o gelo engordou num local e emagreceu noutro, em relação à média, com um balanço praticamente nulo.

Fig. 149 - Regiões do gelo do Árctico e do Antárctico. Fonte: NSIDC.

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Fig. 148 - Gelo do Árctico. 21 de Dezembro de 2008. Fonte: NSIDC.

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Fig. 147 - Evolução do gelo do Árctico.Setembro-Dezembro 2008. Fonte: NSIDC.

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sábado, dezembro 27, 2008

Terceira queda de neve num mês

Segundo a agência Lusa, a neve regressou em peso, hoje, à região de Trás-os-Montes, acumulando-se ao gelo que há vários dias já afectava várias localidades dos distritos de Vila Real e Bragança.

Esta é a terceira vez, em um mês, que neva abundantemente no território do distrito de Vila Real. O itinerário principal entre Vila Real e Amarante, na zona da serra do Marão, e a auto-estrada, na zona de Vila Pouca de Aguiar, foram cortados ao trânsito a meio da tarde de hoje.

As máquinas de limpeza da neve encontram-se em grande actividade a proceder a acções de limpeza nestas vias. Muitos automobilistas ficaram bloqueados nestas estradas por causa da queda de neve.

Mirandela enregelada

(Actualizado às 15 h)

Ana Miranda, aluna de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia, de Lisboa, conta como foi encontrar a cidade de Mirandela onde foi passar férias com a família.

«Tenho família em Mirandela e estou nesta cidade desde o dia 14. Acho que em nenhum destes dias a temperatura chegou sequer a subir além dos zero graus. Ao meio da tarde, tem andado entre os dois e os três negativos.»

Continua a Ana «O Tua está cheio de placas de gelo como há muito não se via. Contrariamente ao habitual, a cidade tem estado mais fria que Bragança, Macedo de Cavaleiros e Montalegre.» O Rio Tua com placas de gelo é notável.

«Talvez devido às altas pressões que se têm feito sentir, instala-se um nevoeiro que dura o dia inteiro e nem se consegue divisar o Sol. A mínima tem andado entre os 4 ºC e os 6 ºC negativos.» - diz a Ana Miranda.

Segundo a Ana, «os habitantes mais velhos têm falado da situação e do quão incomum ela está a ser. Pelo menos 10 dias consecutivos abaixo de zero. São mais de 240 horas seguidas nesta situação. Pelo que sei, é bastante rara até em qualquer lugar de Portugal Continental!»

Esta estudante lisboeta interessa-se por quase tudo quanto diz respeito à ciência. É leitora do MC de entre muitos outros que costuma acompanhar. Declara-se céptica relativamente ao aquecimento global de efeito antropogénico.

Termina dizendo que «o Inverno está a ser muito duro em algumas regiões e os catastrofistas têm andado muito calados, como é evidente.»

Pode-se acrescentar que as altas pressões poderiam aquecer o ar à superfície se ele não estivesse tão frio. Mas a estabilidade anticiclónica originada pela aglutinação anticiclónica favorece a conservação do frio nas baixas camadas atmosféricas.

A condutibilidade térmica do ar aumenta quando se encontra a uma maior pressão, porque tem maior densidade, maior número de moléculas por unidade de volume, logo maior possibilidade de transmissão da energia cinética de translação das moléculas.

Mas há outro aspecto que merece atenção. Não se trata apenas da condutibilidade do ar à superfície. Também acontece que o próprio solo não tem muita energia para transmitir ao ar por contra-radiação.

O nevoeiro que se instalou durante estes dias tem impedido a passagem da radiação solar e o próprio solo não aquece como poderia aquecer sem nevoeiro.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Onde estão agora os alarmistas?

Por Jorge Pacheco de Oliveira

Com sentido de oportunidade, o blog Ecotretas, num post intitulado “Mortes do frio” chama a atenção para a morte de várias pessoas, muitas delas sem-abrigo, provocada pela vaga de frio e de nevões que se tem feito sentir no Hemisfério Norte.

Curiosamente, os sem-abrigo, que costumam estar na agenda dos activistas de todos os quadrantes, para as ocasiões em que precisam de nos mostrar os seus sentimentos humanitários, desta feita não têm merecido a devida atenção, sobretudo da parte dos alarmistas do aquecimento global.

Tal alheamento não nos deve surpreender. Agora que faz um frio de rachar, pondo em dúvida, na cabeça de muita gente, as previsões tremendistas da teoria do aquecimento global, não convém nada aos adeptos dessa teoria falar na morte de pessoas causada pelo frio.

Vergonhosamente, tão lestos que são a pôr-se em bicos dos pés de cada vez que um urso polar morre numa tempestade, os alarmistas estão escondidos e calados que nem ratos, perante a morte destas pessoas. Literalmente, à espera que passe o mau tempo.

Se as mortes ocorrerem durante uma onda de calor, aí sim, como já aconteceu, lá vêm eles a terreiro gritar a putativa justeza das suas teorias.

Por isso, como dois e dois serem quatro, quando esta vaga de frio se atenuar e se, por algum ditame da imprevisível Natureza, acaso se observar uma fase de temperaturas amenas, ainda durante este Inverno, não tenhamos dúvidas de que os alarmistas saem em massa das tocas onde agora se escondem, para vir clamar que a vaga de frio era natural, pois se era Inverno…, mas o bom tempo, esse é que não é nada natural e, logo, aí está uma prova do aquecimento global.

Na verdade, os alarmistas andam com azar. A juntar à vaga de frio, o Sr. Putin tomou uma iniciativa no sentido de criar o GECF (Gas Exporting Countries Forum), uma organização do género da OPEP, mas para o gás natural.

Por razões óbvias, esta iniciativa, cujas intenções se podem adivinhar, constitui uma péssima notícia para os países que até aqui têm sido reféns da OPEP e que agora encaram também a perspectiva de ficarem reféns de um GECF. Todavia, o Sr. Putin, talvez sem se aperceber, consegue dois efeitos.

Por um lado, promove o incremento do recurso ao carvão e um retorno decidido à energia nuclear, porque ficar nas mãos de duas OPEP's é impensável para qualquer governo que se preze.

Por outro lado, e em consequência do anterior, acaba de vez com o Protocolo de Quioto e com a teoria do aquecimento global, pois nenhum governo que se preze vai preocupar-se mais com uma questão que, perante os riscos acrescidos do abastecimento energético, se torna perfeitamente lateral.

Espere-se a reacção dos líderes europeus e do novo presidente dos EUA. Vai ser interessante observar as cambalhotas de opinião acerca do aquecimento global e da energia nuclear.

Os alarmistas bem podem seguir aquele já célebre conselho : habituem-se…

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Obs. importante: - O Instituto de Meteorologia lançou um aviso de nível amarelo, devido ao frio de hoje, para cinco distritos do continente português. São eles: Braga, Vila Real, Bragança, Aveiro e Setúbal. Isto é, o aviso vai do norte ao centro-sul de Portugal continental.

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Estabilidade anticiclónica de Natal

(Actualizado às 13.23)

Formou-se uma estabilidade anticiclónica estendida a quase toda a Europa. Significa um dia de Natal europeu com grande tranquilidade atmosférica. Quase sem vento. Mas o frio, com temperaturas negativas, acentua-se da Rússia até aos Pirinéus.

Aconselha-se a consultar a carta sinóptica, a 2 m de altura, traçada pelo Rhenish Institute para as 12 h UTC do dia 25.12.2008. Um núcleo H (high, do inglês) pousa sobre a Escandinávia (confluência da Dinamarca, Noruega e Suécia) com mais de 1040 hPa (hectopascal).

A pressão atmosférica vai descendo até 1020 hPa sobre a Península Ibérica, passando pelos 1030 hPa na Europa Central. Outro núcleo H assenta sobre Istambul com altas pressões menos pronunciadas do que aquelas.

As eólicas europeias devem ficar muito próximas do mínimo ou mesmo totalmente paradas. No caso português o sítio web da REN elucida bem a situação, das que possuem telemedida, para o dia 25 de Dezembro. Entre as 12 h e as 18 h as pás devem ficar completamente paralisadas.

Um tranquilo e Bom Natal para todos.

terça-feira, dezembro 23, 2008

O aquecimento global perdeu a guerra com a Espanha

O MC já se referiu várias vezes ao climatologista basco Antón Uriarte Cantolla, autor do blogue CO2. O seu blogue tem um link valiosíssimo Paleoclimatologia y Câmbios Climáticos. Através dele é possível aceder a muitas lições práticas de climatologia.

Antón é extremamente rigoroso e muito competente. Quem tiver dúvidas pode facilmente dialogar com ele que compreende português. Para aprofundar conhecimentos, o seu livro Historia del clima de la Tierra é um precioso meio auxiliar de ensino.

Porém, desta vez MC pretende chamar a atenção para o post que Antón publicou no Domingo, dia 21 de Dezembro de 2008. O gráfico que acompanha o post apresenta as temperaturas médias de Espanha entre 1961 e 2008. Os valores das anomalias no início e no fim deste período em análise são praticamente iguais. A de 2008 será mesmo ligeiramente inferior à de 1961.

Segundo o que se lê na descrição de Antón, as temperaturas em Espanha seguiram muito aproximadamente a evolução que se pode encontrar em quase todo o Hemisfério Norte, em igual período.

Assim, a temperatura baixou na década de 1960, subiu nas décadas 1970 e 1980, baixou novamente nos princípios de 1990, voltou a subir no primeiro terço da década de 1990, manteve-se aproximadamente uniforme entre 1994 e 2008, com tendência decrescente no final do período.

Depois de analisar esta realidade, Antón retira do Público.es esta pérola: “La temperatura sigue aumentando em España” e acrescentou cinco pontos de interrogação... Podiam ser de admiração. Lá como cá mau Público há. Nesta matéria, claro.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Como vai o Árctico?

(Actualizado no dia 26 de Dezembro de 2008)

Vai bem e recomenda-se. A violência das massas de ar frio, exportadas pelo Árctico, perfeitamente organizadas nos já nossos conhecidos anticiclones móveis polares (AMP), serviria para confirmar que o Árctico vai mesmo bem. Que o digam os habitantes do Hemisfério Norte, desde Outubro p.p.

Mas todos nós gostamos de ver para crer, como São Tomé. É assim que descortinamos do lado esquerdo da Fig. 146 a área de mar gelado e do lado direito a espessura desse gelo. Tanto num caso como noutro, a situação é igual à da mesma data do ano passado (mesmos quilómetros quadrados e espessura quase a 100% em grande parte do gelo).

No entanto, curiosamente, durante a avalanche de AMP que atingiu a América do Norte, especialmente do lado do Atlântico, a área de gelo diminuiu entre 16 e 20 de Dezembro, embora com oscilações, como mostra o seguinte quadro de valores:

11 731 563 km2 (16 de Dezembro)
11 703 594 km2 (17 de Dezembro)
11 687 969 km2 (18 de Dezembro)
11 706 719 km2 (19 de Dezembro)
11 702 344 km2 (20 de Dezembro).

Significa isto que não é a extensão de mar gelado o parâmetro determinante na formação dos AMP.

Na Fig. 146 está acrescentado um triângulo e uma elipse nas regiões de nascimento dos AMP. São essas as regiões que determinam a dinâmica do tempo e do clima do Hemisfério Norte. No triângulo do Árctico propriamente dito e na elipse da Gronelândia são as temperaturas que marcam a intensidade e a frequência da génese dos AMP.

Quem se atreve a visitar agora estas regiões? Humberto Rosa, actual secretário de Estado do Ambiente? Durão Barroso e o seu séquito de profetas da desgraça da União Europeia? James Earl Hansen e Gavin Schmidt? Os dirigentes do IPCC e os da Organização Mundial de Meteorologia?

Deixem a Natureza trabalhar. Ela está a dar enormes lições de como funciona o sistema climático. As observações mais apertadas têm apenas 30 anos. E o que são 30 anos na vida do nosso planeta? Aprendamos com elas…

Fig. 146 - O Árctico em 20 de Dezembro de 2008. Fonte: Universidade de Bremen.

 
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sábado, dezembro 20, 2008

É este o global warming?

Anticiclones móveis polares em Nova Iorque

Decididamente, os anticiclones móveis polares, formações atmosféricas descobertas e interpretadas pelo recém-falecido Marcel Leroux, aterraram na cidade de Nova Iorque. Partiram do Árctico que ainda há quem afirme que está a desaparecer.

Talvez isto constitua um “recado” a James Earl Hansen e ao seu grupo no sentido de acabarem com as patranhas acerca do AGW (Anthropogenic Global Warming).

A Universidade de Columbia e o GISS (Goddard Institute for Space Studies), em Manhattan, onde pontificam Hansen e o seu braço direito, Gavin Schmidt, devem ter ficado atolados com neve até à porta de entrada.

A notícia online do Diário Digital sobre este acontecimento termina deste modo: «Durante as primeiras horas do dia, esteve a nevar com intensidade em Nova Iorque. Os serviços de meteorologia advertiram ainda que, apesar das condições tenderem a melhorar no sábado, está previsto novo nevão para domingo

Obviamente, o Mitos Climáticos entende que fenómenos climáticos pontuais, como aqueles que estão a observar-se, não devem ser tomados como indicadores infalíveis de nenhuma tendência de arrefecimento global do planeta. Tal como fenómenos de aquecimento pontuais, como algumas ondas de calor, não devem ser interpretados como indicadores de um aquecimento global do planeta.

O tom irónico que transparece deste post do Mitos deve-se apenas ao facto de os adeptos do AGW descobrirem sempre no mais pequeno acontecimento pontual uma prova de que está à porta um holocausto climático provocado pelo aquecimento do planeta. E que esse aquecimento ainda é pior do que se pensava e que está em franca aceleração, como é noticiado, sem qualquer pudor, por alguns órgãos de comunicação social portugueses.

Com fantasias destas e perante os nevões e vagas de frio que se observam, é inevitável que os alarmistas do AGW sejam objecto de troça em qualquer parte do Mundo. Como aconteceu recentemente na CNN.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

This is global warming?

Luis de Sousa, investigador do IST, enviou mais uma mensagem com um vídeo em anexo. O apresentador da CNN Lou Dobbs, que aparece no vídeo da CNN, chegou a ser um “warmer” dos quatro costados. Agora tem dúvidas.

Michael Mann e Gavin Schmidt, dois dos mais destacados alarmistas que pontificam no blog RealClimate, eram convidados residentes de Lou Dobbs.

Parece que os anticiclones móveis polares começam a lançar a dúvida nos espíritos da CNN. É o caso de Lou Dobbs. Pudera, com a queda de neve em Las Vegas, Malibu e no Deserto do Arizona quem não começa a pôr o cérebro funcionar ?

quinta-feira, dezembro 18, 2008

A quimica do buraco de ozonio em debate

Luiz Carlos Baldicero Molion
Instituto de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal de Alagoas
Cidade Universitária - 57.072-970 Maceió, Alagoas - BRASIL
email: molion@radar.ufal.br
____________

Molina e Molina (1987) desenvolveram uma teoria extremamente complexa, chamada “dimer chemistry”, ou “química heterogênea”, na tentativa de explicar a destruição do ozônio pelos compostos de clorofluorcarbono (CFC), gases utilizados em refrigeração.

A teoria requer temperatura ambiental muito baixa, inferior a –78°C, que ocorre na estratosfera da Antártica algumas poucas semanas do ano, notadamente no final de setembro e início de outubro.

Exige, também, cristais de gelo, que seriam provenientes da formação de nuvens estratosféricas polares, compostas essencialmente de ácido nítrico, ao invés de água como nas nuvens comuns. E, finalmente, exige luz solar, que só está presente após o nascer do Sol na Antártica, tipicamente após dia 20 de setembro.

Ocorrendo simultaneamente, essas condições dariam início a uma série de reações que quebrariam as moléculas de CFC, liberando átomos de cloro que, por sua vez, destruiriam as moléculas de ozônio. Sua formulação química é a seguinte:

(1) ClONO2 + HCl → Cl2 + HNO3 , em presença de gelo de nuvens estratosféricas ácidas
(2) Cl2 + hν → 2Cl , em presença de luz (hν = radiação ultravioleta)
(3) Cl + O3 → ClO + O2
(4) ClO + ClO + M → Cl2O2 + M , em presença de um “terceiro” corpo (M)
(5) Cl2O2 + hν → Cl + ClOO
(6) ClOO+ M → Cl + O2 + M

resultando na conversão de 2 moléculas de ozônio (O3 ) em 3 moléculas de oxigênio molecular (O2) e, assim, diminuindo a concentração de O3 na estratosfera. Analisando a seqüência de reações acima, percebe-se que o cloro (Cl) não é proveniente de moléculas de CFC, mas sim de outros dois componentes, ClONO2 e HCl .

Gelo é necessário para começar a reação (Equação 1) e só é encontrado com temperaturas inferiores a –78°C e em altitudes entre 12 km e 20 km. Em adição, a formação de Cl2O2 requer a presença de uma terceira substância (corpo M) e de radiação ultravioleta (UV), sem os quais o cloro não ficaria livre.

A Equação 5 parece ser crucial para o processo de destruição catalítica de O3. Essa equação mostra que a UV quebraria a molécula de peróxido de cloro (Cl2O2 ou ClOOCl), liberando o átomo de cloro e, em seguida (Equação 6), a colisão do ClOO com um terceiro corpo (M) liberaria mais um átomo de cloro e formaria oxigênio molecular sem destruir M.

A questão que se coloca é se esse processo químico teórico ocorreria nas condições naturais da estratosfera polar, já que é difícil de ser verificado em laboratório, devido à dificuldade em se retirarem as contribuições de impurezas sem assinatura espectral, como Cl2, Cl2O, Cl2O3 e O3 que, normalmente, estão presentes quando ClOOCl é gerado.

De acordo com Eberstein (1990), a Equação 5 dificilmente ocorreria, pois o caminho mais fácil (de menor energia) da fotodissociação do peróxido de cloro seria formação de dois radicais ClO. Uma segunda possibilidade seria a formação de Cl2O e O, isto é,

(1) Cl2O2+ H → ClO + ClO ou
(2) Cl2O2+ hν → Cl2O + O

Lawrence e colegas (1990) também tentaram reproduzir o processo químico em laboratório sem sucesso e concluíram que, se a fotodissociação realmente existir, sua taxa de produção quântica seria muito pequena, inferior a 5x10-4 s-1, e irrelevante para a destruição do ozônio estratosférico.

Recentemente, Pope e colegas (2007) concluíram que, para as condições representativas do vórtice circumpolar (altitude 20km, ângulo zenital solar 86°, e perfis de O3 e temperatura medidos em março de 2000), as taxas de fotodissociação do peróxido de cloro foram inferiores, de um fator 6, às publicadas pelo Jet Propulsion Lab (JPL/NASA).

Em sua Tabela 4, vê-se que a taxa de fotodissociação é 1,48 x10-4 s-1 comparada a 9,17x10-4 s-1 do JPL/NASA, para comprimentos de onda em torno de 300 nm. Essa grande discrepância, afirmaram, permite questionar os modelos atuais de destruição do ozônio estratosférico.

Os resultados, obtidos por Pope e colaboradores (2007), confirmaram a conclusão de Lawrence e colegas obtida em 1990. Convém notar que os artigos de Eberstein e Lawrence e colaboradores foram publicados dois anos antes da realização da UNCED (ECO 92), no Rio de Janeiro, Brasil, e 5 anos antes de Mário J. Molina e F. Sherwood Rowland terem recebido o Premio Nobel de Química pelo hipotético e não-comprovado mecanismo de destruição do ozônio estratosférico.

Aparentemente, esse mecanismo de fotodissociação parece não explicar a maior parte das perdas de ozônio e, particularmente, a formação do buraco de ozônio na Antártica. Normalmente, a NOAA tem relatado que o buraco começa a se formar antes do nascer do Sol na Antártica, ou seja, na ausência completa de radiação UV, sem a qual a fotodissociação do peróxido de cloro e, portanto, a liberação do cloro no processo de Molina e Molina (1987), não ocorreria.

Em 2002, o buraco se fechou no dia 26 de setembro, isto é, logo após o nascer do sol, ou seja, com pouca exposição da estratosfera antártica à UV. Uma possível explicação da formação do buraco seria a dinâmica singular da atmosfera antártica. O ozônio é formado principalmente na região tropical, onde o fluxo de UV é intenso durante o ano, e transportado para latitudes polares pelos ventos estratosféricos.

Durante o inverno, forma-se o vórtice circumpolar – um “anel” de ventos fortes em torno do continente - que isola a Antártica e não permite a entrada do ozônio na região e, é claro, impediria, também, a entrada dos CFCs.

Por sua vez, a fonte principal de cloro e de flúor parece ser, dentre outros vulcões ativos na Antártica, o Monte Erebus, cujas 3 crateras estão a 4 km de altura e emitem, de acordo com Kyle e colaboradores (1990), cerca de 1.200 toneladas por dia de gás clorídrico (HCl) e cerca de 500 toneladas por dia de gás fluorídrico (HF) na atmosfera antártica isolada pelo vórtice circumpolar.

Ou seja, o vórtice, ao isolar o continente, não permitiria a entrada do O3 nem a saída dos halogênios, que são provenientes de fontes naturais e não dos CFC produzidos pelo homem. Será que os halogênios, com concentração aumentada, poderiam destruir o O3 diretamente, sem a presença de UV?

Lu e colaboradores (2008) parecem ter encontrado um mecanismo mais simples para explicar a formação do buraco, entretanto, sem descartar os CFCs como fonte do cloro. Os halogênios teriam suas moléculas dissociadas por raios cósmicos galácticos (RCG), que são partículas eletricamente carregadas, com intensidade máxima de seu fluxo nos pólos devido ao efeito do campo magnético terrestre, e taxa de ionização máxima em altitudes em que o buraco se localiza.

Ora, neste ano (2008), o Sol está no mínimo de sua atividade dos últimos 50 anos, conforme dados obtidos pela sonda espacial Ulysses. O vento solar - um gás carregado de prótons (plasma) que emana do Sol em todas as direções (heliosfera) – está mais frio e sua pressão 20% mais baixa e o campo magnético solar, próximo à sonda, 36% mais fraco (NASA, 2008).

O campo magnético solar funciona como um escudo protetor tal que, quando enfraquece, fluxo de RCG , que entra no planeta, se intensifica. Some-se a isso o fato de o fluxo de UV ser menor quando o Sol está em um mínimo de atividade. Uma das conseqüências seria a destruição do O3 e a formação do buraco.

E Dr.Lu previu, obviamente, que as maiores perdas de ozônio, e, conseqüentemente, os maiores buracos, devam se formar em setembro de 2008 e, posteriormente, em 2019, baseando-se no ciclo de manchas solares, cujo período é 11 anos aproximadamente. Mas, aparentemente, Dr. Lu errou, pois o buraco de 2008 foi menor que o de 2006.

Entretanto, o Sol apresenta um outro ciclo de cerca de 90 anos, o Ciclo de Gleissberg, que atingiu um máximo em 1957/58, o Ano Geofísico Internacional, e estará em seu mínimo até 2030.

A partir de 1957/58, a concentração de ozônio começou a diminuir, está atingindo um mínimo agora, mas deverá atingir um outro máximo quando ocorrer o novo máximo do Ciclo de Gleissberg, em 2050/70 aproximadamente.

Portanto, a variabilidade da concentração de O3 e a formação do buraco é natural e não causada pelos CFCs. O único “crime” destes é serem de domínio público, dispensando o pagamento de direitos de propriedade (“royalties”).

Referências Bibliográficas

- Eberstein, I. J. (1990). Photodissociation of Cl2O2 in the spring Antarctic lower stratosphere. Geophys. Res. Letters 17 (6):721-724.
- Kyle, P.R., K. Meeker and D. Finnegan, 1990. Emission rates of sulfur dioxide, trace gases and metals from Mt. Erebus, Antartica. Geophys. Res. Letters 17 (12):2.125-2.128.
- Lawrence, W.G., K.C. Clemitshaw and V.A. Apkarian, 1990. On the relevance of OClO photodissociation to the destruction of stratospheric ozone. J. Geophys. Research 95 (D11):18.591-18.595.
- Molina, L.T. and M.J. Molina, 1987. Production of Cl2O2 from self-reaction of the ClO radical. Jour. Phys. Chem. 91: 433-436.
- NASA, 2008. Ulysses Reveals Global Solar Wind Plasma Output at 50-Year Low, disponível em http://www.jpl.nasa.gov/news/news.cfm?release=2008-178, acesso em 24 de setembro de 2008.
- Pope, F. D., J.C. Hansen, K.D. Bayes, R. R. Friedl, and S. P. Sander, 2007. Ultraviolet absorption spectrum of chlorine peroxide, ClOOCl. J. Phys.Chem. 111 (20): 4.322-4.332.
- Qing-Bin Lu, Physical Review Letters, 2008 (submitted). Disponível em www.theozonehole.com/waterloo.htm

____________

Este artigo foi gentilmente oferecido pelo Prof. Doutor Luiz Carlos Baldicero Molion para publicação no MC.

Terminou o tempo para os negacionistas. Fonte: Lisa Benson.

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quarta-feira, dezembro 17, 2008

Nova vaga de frio em Portugal

À semelhança do que acontece nos países do norte da Europa, Portugal está a sofrer uma nova vaga de frio. Porque o Árctico não “perdoa”. O congestionamento de Anticiclones Móveis Polares (AMP) nas trajectórias nórdicas tem feito descer alguns deles até à Península Ibérica.

Como noticia, por exemplo, o jornal Correio da Manhã, impressionam as temperaturas, mínima/máxima, de norte a sul do país do dia 15 de Dezembro de 2008:

Viana do Castelo: 4 / 12
Braga: 1 / 11
Vila Real: -1 / 8
Bragança: -1 / 6
Porto: 3 / 12
Guarda: -3 / 5
Penhas Douradas: -3 / 5
Viseu: -2 / 8
Coimbra: 3 / 10
Castelo Branco: 0 / 11
Leiria: 4 / 11
Lisboa: 8 / 13
Portalegre: -1 / 8
Évora: 3 / 11
Beja: 4 / 11
Faro: 8 / 13.

A nossa comunicação social lá vai dando notícia destas vagas de frio. Todavia, tanto quanto se tem observado até ao momento, não há uma alminha, nas direcções noticiosas dos nossos jornais e televisões, que se lembre de confrontar agora os arautos do aquecimento global, para ver se eles sabem explicar todo este frio à luz da sua mirífica teoria.

O director de informação da RTP já terá contactado os cientistas a quem diz telefonar para se esclarecer acerca destas matérias?

E o que dirá a isto o Público? Neste jornal o noticiário sobre questões climáticas está a cargo de um verdadeiro fanático do aquecimento global, o qual, certamente com a aprovação do director do jornal, não só faz a propaganda da teoria do aquecimento, como oculta deliberadamente factos e opiniões contrárias.

Mas vai mais longe. Também teoriza de forma audaciosa. Com efeito, na nota “Nós no Mundo”, da Revista Pública, de 14 de Dezembro de 2008, pág. 77, esse jornalista avança com a descoberta de um novo critério de demarcação de teorias científicas.

Assim, os filósofos escusam de se cansar mais a reflectir sobre o assunto. Qual Popper, nem meio Popper. Teorias científicas são aquelas que os governos deste mundo dizem que são científicas. Aquelas que eles disserem que não são científicas são “negacionistas”. Mais simples do que isto não há.

Quanto ao Diário de Notícias, verifica-se que consegue ir ainda mais longe do que o Público. Na edição de hoje publica um texto absolutamente delirante, "Degelo no Árctico já é irreversível", em que o autor não tem vergonha de continuar a intoxicar a opinião pública com as fantasias do aquecimento global.

Mesmo em presença das actuais vagas de frio e sabendo-se que todo este frio provem do Árctico, no DN há gente a dizer que a temperatura do ar no Árctico não só está a subir, como essa subida está a acelerar.

Na verdade a conversa é sempre a mesma, com excepção da novidade "está a acelerar, ainda é pior do que se pensava", uma inflexão estratégica introduzida recentemente para convencer os decisores políticos a abrir os cordões de uma bolsa que ameaça fechar-se em virtude da eclosão da crise financeira mundial.

Mas a Organização Meteorológica Mundial, em vez de esclarecer, lança a confusão como se lê noutra notícia do Público “ONU alerta que o Árctico nunca teve tão pouco gelo”. Como já se disse, promover a confusão e a desinformação bem como ocultar a verdade é manipular a opinião pública.

Muita sorte tem Portugal. Na Sibéria as temperaturas devem chegar aos 60 ºC, mas negativos. A China também não tem escapado às vagas de frio.

terça-feira, dezembro 16, 2008

A paranóia da extinção das espécies

O MC já uma vez abordou o especulativo tema da suposta extinção das espécies devida ao global warming. As notícias sobre o assunto são recorrentes, na medida em que os jornais agarram com prontidão qualquer tipo de notícia alarmista, seja sobre a extinção de espécies, seja sobre outro assunto qualquer.

Supõe-se que será assim em todo o mundo. Os jornais precisam de vender e as más notícias vendem mais do que as boas. O que energicamente se critica nos jornais nacionais, é que, como já foi aqui referido, além de competirem pela mais tosca desinformação relativamente ao global warming, são completamente avessos a publicar qualquer refutação ou posição desfavorável àquela teoria.

Por exemplo, ainda há poucos dias, o jornal Público, em vez de informar os seus leitores acerca de mais uma vaga de frio, dissertava sobre borboletas do sul da Europa que emigram para norte. Isto, com chamada de primeira página, não fossem os leitores furtivos – aqueles que só lêem as primeiras páginas – perderem tão notável informação.

Agora é o Diário de Notícias com o problema da extinção das espécies. O título do texto “Extintos para sempre por acção do homem”, é elucidativo. E, como seria de esperar, os efeitos do global warming estão na primeira linha da responsabilidade do Homem na extinção das espécies.

Para tentar dar credibilidade a este lixo noticioso, o Diário de Notícias não hesita em citar um biólogo espanhol, numa declaração absolutamente delirante: "Eliminamos as restantes espécies, alimentamo-nos delas e arriscamo-nos a aquecer o planeta a tal ponto que nenhuma delas conseguirá aqui viver."

Nem mais. Ficamos a falar sozinhos e compelidos a adoptar o vegetarianismo. Valha-nos que o dióxido de carbono, responsável pelo aquecimento, é também o fertilizante atmosférico da vegetação.

Como contrapartida a tanto disparate, o MC sente-se tentado a recomendar aos seus leitores um vídeo que o Prof. Sydney Sabedot nos enviou, do Brasil. Trata-se de uma sátira bem conseguida acerca da paranóia de todos quantos pensam que podem transformar e salvar o planeta.

O vídeo, falado em inglês, é legendado em português do Brasil. Avisam-se os leitores de que a linguagem inclui termos que podem chocar os observadores mais sensíveis, mas que se julga desculpável perante o sugestivo enquadramento que é dado à apresentação.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Dissonância cognitiva

Por Jorge Pacheco de Oliveira

Um dos dois grandes propósitos da recente cimeira de Bruxelas era encontrar um conjunto de soluções para reduzir as perigosíssimas emissões antropogénicas de dióxido de carbono e assim evitar o cataclismo climático anunciado para daqui a 100 anos.

Todavia, é de crer que pelo menos os mais lúcidos dos líderes europeus se tenham sentido assaltados por uma desesperante dissonância cognitiva.

Por um lado, ainda há poucos dias, no decurso da Conferência Climática de Poznam, o Sr. Rajendra Pachauri, distinto chairman do IPCC, avisava a comunidade internacional de que o fenómeno do aquecimento global se estava a intensificar de forma preocupante, tornando possível prever que a catástrofe se poderia verificar muito mais cedo que se pensava.

Por outro lado, ao mesmo tempo que todos eles se encontravam reunidos para tomar decisões no sentido de evitar o temido aquecimento global, a Europa e outras regiões do planeta estavam, e continuaram a estar, assoladas por nevões e vagas de frio sem precedentes, possivelmente levando alguns dos participantes na cimeira a discorrer acerca da inutilidade, talvez mesmo da infantilidade das decisões que estavam a tomar.

Não obstante, os líderes europeus acabaram por se comprometer, ou melhor, por nos comprometer a todos nós, com objectivos energéticos delirantes, não só inatingíveis, à semelhança do que se passou com o falhado Protocolo de Quioto, como extremamente penalizadores para as economias dos países europeus e para o bolso dos consumidores de energia eléctrica. Quão longe pode levar uma simples crença!

domingo, dezembro 14, 2008

O frio de Novembro e de Dezembro de 2008

O Instituto de Meteorologia acaba de publicar uma Nota, com data de 2008-12-10, relativa ao mês de Novembro de 2008. Transcreve-se na íntegra:

«Novembro frio e seco.

Novembro foi caracterizado por valores baixos da temperatura do ar, em Portugal continental. De referir que o valor médio da temperatura mínima, 4,7 ºC, é o 3º valor mais baixo desde 1931 com uma anomalia de -3,2 ºC em relação à normal de 1971-2000. Os anteriores valores mais baixos são 4,35 ºC em 1956 e 4,69 ºC em 1971.

Os valores mais baixos da temperatura mínima foram registados, a 28 de Novembro nas estações de Miranda do Douro, -7,7 ºC, de Carrazeda de Ansiães, -7,4 ºC e Mirandela, -6,4ºC.

Os valores da quantidade de precipitação foram inferiores a 60% em quase todo o território, classificando-se Novembro como seco a extremamente seco em todo território. A situação de seca meteorológica estendeu-se a quase todo o território do Continente sendo moderada nas regiões do Ribatejo e Alentejo.»

A conjuntura descrita pelo IM resulta da situação do Árctico. A seca meteorológica está associada a um cenário de arrefecimento e não a um cenário de aquecimento. A seca meteorológica e o global warming são contraditórios, conforme já se repetiu diversas vezes no MC. É o caso da seca do Sahel, p.e.

Ou seja, tal como outros indicadores meteorológicos, o valor médio da temperatura mínima de 4,7 ºC, em Novembro de 2008, é praticamente igual ao de há cerca de 30 anos (4,69 ºC de Novembro de 1971).

Recorda-se que foi em 1970 que terminou o curto período frio de 1960-1970. Em 1971 iniciou o crescimento das temperaturas do Período Quente Contemporâneo.

Mas, em Dezembro de 2008, continuaram o frio e as tempestades de neve, numas regiões, acompanhados de precipitações elevadíssimas, noutras. Sabe-se que quanto mais elevado é o valor da pressão dos anticiclones mais cavadas são as depressões.

Chegam ao MC muitos notícias, transmitidas por leitores, sobre tempestades de neve, aqui e ali, bem como de cheias que estão, indirectamente, associadas àquelas. Os nevões sucederam-se na América do Norte e na Europa ocidental, central e oriental.

A costa leste da América do Norte, desde Quebeque até Nova Iorque sofreu um nevão que provocou um enorme blackout, ou apagão, nos EUA. Por outro lado, os estados norte-americanos ribeirinhos do Golfo do México comemoraram a queda de neve mas com menos estragos.

A cidade mártir de Nova Orleães também foi contemplada com neve, o que não acontecia desde há longos anos. Madrid não escapou a esta vaga de nevões que o Árctico tem distribuído, neste Outono, pelo Hemisfério Norte. No caso das cheias, são de lamentar as do Rio Tibre que banha a cidade de Roma.

sábado, dezembro 13, 2008

Expansão rápida do gelo árctico

Observa-se na Fig. 145 uma expansão rápida do mar gelado árctico entre os dias 8 e 11 de Dezembro de 2008. Foi mesmo notável a taxa de crescimento entre os dias 9 e 10 de Dezembro. A área passou sucessivamente pelos seguintes valores:

11 406 406 km2 (8 de Dezembro de 2008)
11 512 500 km2 (9 de Dezembro de 2008)
11 650 000 km2 (10 de Dezembro de 2008)
11 652 969 km2 (11 de Dezembro de 2008)

com um ganho total de 246 563 km2.

O enchimento foi essencialmente conseguido na Baía de Hudson e no Estreito de Bering. Os ursos devem ter ficado assombrados com tão rápida subida do gelo árctico e já não devem acreditar nas mentiras que se ouvem por aí sobre a sua extinção próxima.

O gelo tem crescido a um ritmo normal a este do Mar do Labrador. Mas mantém-se estável na Ilha de Svalbard (onde Durão Barroso realizou, recentemente, uma manobra de propaganda do global warming).

Tem sido para a região de Svalbard, Mar da Gronelândia, que se dirigiu o ar relativamente quente importado pelo Árctico sob a forma de depressões atmosféricas. Em troca tem enviado ar frio para toda a Europa e para a América do Norte.

O ritmo global de evolução do mar gelado do Árctico pode ser apreciado nos sítios web de monitorização diária: IJIS e TCT. O mar gelado, como se verifica no primeiro destes sítios, situa-se mesmo no topo dos valores dos anos recentes de 2002 a 2008.

Neste momento a área desse mar tem cerca de mais um milhão de quilómetros quadrados do que em igual dia do ano anterior. Em relação à média de trinta anos, tem uma anomalia negativa de meio milhão de quilómetros quadrados.

Para quem se preocupa com a espessura do mar gelado pode ficar descansado visto que também está em óptima condição. Esta conclusão pode ser confirmada no sítio web da Universidade de Bremen (IUP).

E o Antárctico? Também vai bem. O seu mar gelado apresenta uma anomalia praticamente nula. O mar global (Árctico mais Antárctico) regista uma anomalia ligeiramente negativa. Vide TCT.

Fig. 145 - Evolução do Árctico entre 8 e 11 Dezembro de 2008. Fonte: Universidade de Bremen.

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sexta-feira, dezembro 12, 2008

A falta de senso do consenso

Nas questões científicas é fundamental reconhecer o papel dos cientistas, mas não é prudente sobrevalorizar esse papel, quer atribuindo aos cientistas o exclusivo da aplicação dos métodos científicos, quer aceitando como científica uma asserção apenas porque é emitida por um cientista.

Os cientistas são pessoas como todas as outras. Têm os seus preconceitos, as suas opções de vida, as suas crenças, as suas ambições, as suas grandezas e misérias. Há cientistas sérios e outros que o não são.

Na hipótese do chamado “aquecimento global” de origem antropogénica, a insistência dos adeptos desta hipótese num apregoado “consenso” de um grupo mais ou menos alargado de cientistas, enquanto prova científica da culpabilidade do Homem, tem tudo menos … bom senso.

Esta insistência apenas se justifica porque tal prova não existe. Como já vários comentadores observaram, ninguém se lembrou de aprovar por consenso as teorias da relatividade, do electromagnetismo, ou outras.

Nos dias que correm, marcados por um frio intenso, os alarmistas escondem a terminologia “aquecimento global” e substituem-na por “alterações climáticas”, que dá para tudo.

A própria definição de “climate change” (singular, repare-se) do IPCC é elucidativa. Serve para inculpar a Natureza, só por si, mas também permite incluir o Homem.

Na realidade, segundo o IPCC, “climate change refers to a change in the state of the climate that can be identified (e.g., by using statistical tests) by changes in the mean and/or the variability of its proprieties, and that persists for an extended period, typically decades or longer. Climate change may be due to natural internal processes or external forcings, or to persistent anthropogenic changes in the composition of the atmosphere or in land use.” – Climate Change 2007, The Physical Science Basis, pág. 943.

De facto, a tal “prova” da culpabilidade do Homem resulta da convicção de milhares de cientistas especializados na modelação climática. Nada mais do que isso. Nunca realizaram um ensaio real que outros cientistas pudessem replicar. Aparentemente, nem sequer se dão ao trabalho de estudar outras hipóteses.

Deve-se afirmar em alto e bom som que não há nenhuma prova científica da culpabilidade humana no crescimento das temperaturas verificado nos últimos anos.

Se a questão da causa do “aquecimento global” está “politicamente” regulamentada, não está cientificamente resolvida. A história da ciência está cheia de casos semelhantes de consensos científicos sem senso.

Os modeladores do clima formaram organismos de pensamento único, onde se fala com uma só voz. Apropriaram-se de meios financeiros descomunais, agregaram o poder político e lançaram uma guarda avançada de propaganda.

Esta organização totalitária restringe a investigação independente e persegue os cientistas que criticam a forte corrente momentânea – caluniando e afastando qualquer hipótese para uma investigação que comprove ou refute essa corrente.

Exemplo disso, é a posição de Phil Jones, que monitoriza as temperaturas termométricas usadas pelo IPCC e que afirma, sem pejo, que não fornece nem a base de dados nem o algoritmo de reconstrução das temperaturas médias globais, porque o objectivo dos peticionários é criticar o seu trabalho abnegado que dura há trinta anos…

Esta atitude não se inscreve em nenhum método científico aceitável e seria hilariante se não fosse tão grave. Esta actuação dos modeladores do clima que detêm o poder de decisão é semelhante à das organizações fechadas que tomam decisões mediante voto de braço no ar e que perseguem os discordantes, não surpreendendo que assim se alcance a unanimidade.

O exemplo mais característico do delírio climático é divulgado no artigo «Scientists threatened for 'climate denial'», de Tom Harper, publicado no Sunday Telegraph, em 11 de Março de 2007, em que se denuncia uma série de ameaças, incluindo uma ameaça de morte, aos climatologistas cépticos.

Em Portugal não se observa este ambiente de atemorização directa relativamente aos críticos do aquecimento global. Num país de costumes ditos brandos, é mais usual o método da obstrução do debate e da ocultação das opiniões críticas.

E quando o país é pequeno e o próprio poder político assume uma determinada posição relativamente a uma dada questão, torna-se, obviamente, politicamente incorrecto manifestar posição contrária.

Em cúmulo, se a generalidade da comunicação social se encontra alinhada com uma dada facção política, é certo e sabido que as opiniões contrárias dificilmente serão divulgadas na comunicação social, esteja ou não essa facção política no poder. “Não se fala, não existe”.

É assim que, em Portugal, nesta matéria, as tentativas de atemorização propriamente dita se encontram restringidas à blogosfera.

Quer nos blogues de ambientalistas radicais, quer nas caixas de comentários dos blogues que se aventuram a publicar opiniões independentes do mainstream, observam-se intervenções estrambólicas, agressivas e mal-educadas, de alarmistas.

Estes alarmistas revelam-se possessos perante opiniões contrárias, exigem a censura das posições críticas e recorrem sistematicamente ao ataque ad hominem para fazer valer as suas opiniões.

É uma atitude típica dos regimes totalitários. Não é tanto o consenso que está em causa. É mais o bom senso.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Neve no Golfo do México

(Actualizado)

Está a nevar no Golfo do México. Quem o diz é o cientista texano Bruce Richard que faz parte de um fórum internacional. A queda de neve teve início no dia 10 de Dezembro de 2008, como se observou em Houston, Texas.

Segundo os peritos da região, é um acontecimento muito raro. Realmente, nevar no Texas em Dezembro é um caso raríssimo. Aconteceu nevar com significado apenas três vezes em pouco mais de 100 anos (1895-2004).

Nevar tão cedo, a 10 de Dezembro, no Texas ainda é mais raro. O registo histórico indica outro 10 de Dezembro no ano de 1944. O mais completo registo de recordes do Texas encontra-se no WRC - Weather Research Center (Houston Snow).

Também nevou cedo no dia 13 de Dezembro de 1961. Há 47 anos! Essa queda de neve situou-se no final do Óptimo Climático Contemporâneo de 1930-1960 e no início do curto arrefecimento contemporâneo de 1960-1970.

Além desta última data, nevou em 17 de Dezembro de 1996 e em 22 de Dezembro de 1989. Datas estas um pouco distantes, mas, curiosamente, já dentro do Período Quente Contemporâneo de 1970-1998. Também nevou em 24 de Dezembro de 2004, já fora deste período.

É evidente que nenhum destes acontecimentos é consistente com a ideia – ou, vá lá, a hipótese sem comprovação – do “aquecimento global” provocado pelas emissões antropogénicas de gases com efeito de estufa.

Além do mais, fica mais uma vez demonstrada a não existência real do esquema tricelular da circulação geral da atmosfera que está embebido nos modelos informáticos do clima considerados pelo IPCC.

Um leitor assíduo, astrónomo amador, teve a amabilidade, que se agradece publicamente, de escrever hoje uma mensagem extensa da qual se destaca esta passagem que confirma a notícia obtida através da outra fonte:

«Tenho um amigo a fazer um doutoramento na Universidade de Houston. Falei hoje com ele e relatou-me uma situação invulgar: neve abundante na costa do golfo, do Texas à Louisiana. Neve costeira abaixo do paralelo 30 não deve ser um fenómeno muito frequente!» – Pedro Cotrim.

Anthony Watts, aqui ao lado na faixa da direita, comenta, igualmente, este acontecimento. Inclui uma ligação para um video.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Protocolo de Kyoto é inútil

Luiz Carlos Baldicero Molion
Instituto de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal de Alagoas
Cidade Universitária - 57.072-970 Maceió, Alagoas - BRASIL
email: molion@radar.ufal.br
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É amplamente aceito que a concentração de dióxido de carbono (CO2 ) global passou de 280 ppmv na era pré-industrial para os atuais 380 ppmv, um aumento de 35 % em sua concentração nos últimos 150 anos que está sendo atribuído às atividades humanas, particularmente à queima de combustíveis fósseis e de florestas tropicais, incluída a Amazônia.

Simultaneamente, ao longo desse período, foi observado um aumento da temperatura média global, entre 0,4 e 0,7 ºC, que teria sido causado pelo aumento da concentração de CO2 , segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em Inglês).

O processo físico responsável pelo aumento observado seria a intensificação do efeito-estufa, já que o CO2 é um dos gases, porém não o mais importante, que compõem do efeito-estufa. O IPCC produziu cenários hipotéticos de CO2, com sua concentração dobrada com relação à era pré-industrial, que foram utilizados para simular o clima futuro em modelos de computador.

Os resultados dessas simulações sugeriram que poderá haver um aumento da temperatura média global entre 2 e 4,5 ºC. Os efeitos desse aumento de temperatura seriam catastróficos! Uma das conseqüências seria a elevação dos níveis dos mares entre vinte e sessenta centímetros que, dentre outros impactos sociais, forçaria a relocação dos 60 % da Humanidade que vivem em regiões costeiras.

Não há, entretanto, comprovação científica que o CO2 armazenado na atmosfera, ao longo desses 150 anos, seja originário de emissões antrópicas ou mesmo que seu aumento tenha causado o aumento da temperatura global.

Análises de testemunhos climáticos, como os cilindros de gelo da Antártica, indicaram que a temperatura global já esteve mais elevada em épocas passadas, porém as concentrações de CO2 não ultrapassaram 300 ppmv.

E observações dos últimos 10 anos mostraram que a temperatura média global diminuiu, embora a concentração de CO2 continue aumentando! Há argumentos fortes que demonstram que o aumento da temperatura antecede o de CO2 e não o contrário, tornando o aquecimento global antropogênico questionável.

Em 1997, a Conferência das Nações Unidas em Kyoto, Japão, adotou um protocolo, pelo qual os países industrializados deverão reduzir suas emissões de gases de efeito-estufa, em pelo menos 5 % em relação aos níveis de 1990, entre 2008 e 2012.

Na Conferência foi criado um instrumento denominado de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), pelo qual esses países poderão investir em projetos de redução de carbono atmosférico de países emergentes, e contabilizá-los como redução de suas próprias emissões.

Isso inclui projetos de reflorestamentos de áreas degradadas em florestas tropicais, pois plantas removem carbono da atmosfera ao crescer, fixando-o na biomassa.

A Conferência, porém, não considerou o seqüestro de carbono por florestas nativas como um MDL, pois essas, por hipótese, estariam em equilíbrio dinâmico, ou seja, o carbono retirado da atmosfera pela fotossíntese seria re-emitido pela respiração da vegetação e dos microorganismos em seus solos.

Porém, em 1988, muito antes desse evento, este autor mostrou, utilizando medições na Amazônia Central, que a Floresta estaria seqüestrando cerca de 2 toneladas de carbono por hectare por ano que, se generalizados para sua área de cobertura (550 milhões de hectares), corresponderia a uma absorção de 1,2 bilhões de toneladas de carbono por ano (GtC/a).

Medições posteriores comprovaram que a Amazônia seqüestra entre 0,6 e 2,5 GtC/a, dependendo da variabilidade interanual do clima. A hipótese de a floresta estar em equilíbrio não se justifica, pois ela sofre renovações devido à constante destruição natural causada por temporais violentos, em que rajadas de vento excedem 100 km/h.

Como os solos são pobres, a Floresta tem mais de 80 % de seu sistema radicular praticamente na superfície para absorver os nutrientes liberados da serrapilheira pela atividade microbiana, uma fantástica estratégia de sobrevivência.

As grandes árvores praticamente não têm sustentação radicular e tombam à ação dos ventos fortes, levando consigo centenas de outras, num efeito dominó, e abrindo espaços na copa principal, muitas vezes superiores a mil hectares, nos quais a vegetação, anteriormente sombreada pela copa principal, passa a fazer fotossíntese e crescer aceleradamente.

Parte do carbono das árvores derrubadas é incorporada aos solos e não retorna à atmosfera. Conservando a Floresta Amazônica, o Brasil está, sim, contribuindo para minimizar o incremento de CO2 atmosférico, se é que esse gás continuará a aumentar.

Essa discussão é meramente acadêmica, já que o Protocolo de Kyoto é inútil sob o ponto de vista da variação do efeito-estufa. A emissão antrópica total nos dias de hoje é igual a 6 GtC/a e 5 % de redução corresponderia a um fluxo de 0,3 GtC/a.

Ora, os fluxos naturais de carbono dos oceanos, vegetação e solos para a atmosfera foram estimados em cerca de 200 GtC/a. Como são estimativas, um erro de 10 % seria perfeitamente aceitável, o que corresponderia a um fluxo de 20GtC/a, três vezes as emissões atuais e 70 vezes a proposição de Kyoto.

No entanto, plantar árvores, reflorestar áreas desmatadas, é uma ação altamente benéfica para a conservação ambiental. A cobertura vegetal, dentre outros benefícios, protege os solos contra erosão da chuva e dos ventos, diminui o assoreamento dos rios, preserva a qualidade da água e da vida aquática.

A evapotranspiração das árvores, por sua vez, consome grandes quantidades de calor e ajuda a refrigerar o ar próximo à superfície. A conservação ambiental é uma necessidade de sobrevivência da Humanidade, independente de mudanças climáticas, quer seja aquecimento ou resfriamento global.
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Este artigo foi gentilmente oferecido pelo Prof. Doutor Luiz Carlos Baldicero Molion para publicação no MC.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

A obsessão dos 2ºC

Rajendra Pachauri, o Chairman do IPCC – um economista que ignora o que é a climatologia nem faz por aprender – fez um aviso em Poznan: “Temos apenas sete anos para que a emissão de gases com efeito de estufa atinja o máximo e comece a decrescer, de forma a restringir o aquecimento a cerca de 2 ºC acima do valor da era pré-industrial.”

Francisco Ferreira, da Quercus – que confunde poluição, a sua especialidade, com clima, e ignora totalmente a climatologia sem se preocupar em estudá-la – escreveu no dia 2 de Dezembro de 2008, no Público, o artigo “Energia e clima: a Europa à beira do fracasso”, pág. 33, em que se lê:

“A posição da União Europeia será crucial para conseguir um acordo internacional consistente com o objectivo de ficar abaixo de um aumento de temperatura global de 2 ºC, em comparação com a temperatura pré-industrial, e prevenir os piores impactes das alterações climáticas.”

Rajendra Pachauri não diz até quando pretende manter esta temperatura. Francisco Ferreira também não. Mas, segundo as escrituras dos profetas do IPCC, seria até ao ano 2100. Como se fosse possível demarcar a tão longo prazo a temperatura desejada.

Mas donde vem esta obsessão pelos 2 ºC? James Earl Hansen escreveu, em 2003, o artigo com o título bombástico “Can we defuse the global warming time bomb?” Nele está considerado o seguinte cenário dos 2ºC:

«Alternative and 2 °C scenarios

Let's consider two target scenarios: the "alternative" scenario, which yields a maximum additional global warming of about 1 °C, and a "2 °C" scenario. Warmings are defined relative to 2000. It is assumed that climate sensitivity is about 3 °C for doubled CO2 and that net additional non-CO2 forcings in the 21st century are small. Maximum global warmings of ~1 °C and ~2 °C for these two scenarios occur in 2125–2150, based on simulations with the GISS climate model.

The "alternative" scenario is an extension of the scenario we defined for 2000–2050 (Reference 6), with the annual CO2 growth decreasing linearly to zero between 2050 and 2100 such that atmospheric CO2 stops growing by 2100. Such an assumption, which is required for any scenario that achieves stabilization, implies at least a 50% reduction in fossil fuel use or CO2 capture and sequestration.

The "2 °C" scenario permits larger annual CO2 growth, but after 2050 its annual CO2 growth also decreases linearly to achieve zero CO2 growth in 2100. The annual CO2 increment in the "2 °C" scenario almost doubles by mid-century, reaching 3 ppm per year in 2050. Thus the "2 °C" scenario permits a realistic "business-as-usual" CO2 growth rate (more than 1% per year) to persist for 50 years, but it would require a steep reduction in emissions after 2050.

Amounts of CO2 in these scenarios are shown in Figure 14. CO2 peaks at ~475 ppm in 2100 in the "alternative" scenario and at ~560 ppm in 2100 in the "2 °C" scenario. It is perhaps unlikely that actual CO2 growth (in the next 50 years) will exceed that of the "2 °C" scenario, given the existence of concerns about global climate change.»

Ou seja, James Hansen, generosamente, admitiu que só a partir de 2050 é que se conseguiria decrescer as emissões antropogénicas linearmente até zero em 2100. Mas Rajendra Pachauri quer ser mais papista do que o Papa. É já daqui a sete anos que as emissões têm de parar de crescer…

Além disso, Hansen considera o ano 2000 como data inicial (Warmings are defined relative to 2000) mas os papistas, que se protegem no impreciso, falam em data pré-industrial. Mas sabem eles com rigor qual era essa temperatura?

Esta urgência toda, estes recentes alertas de que o apocalipse, afinal, pode estar mais próximo do que se pensava, já foi comentada por vários observadores como uma estratégia de conveniência e uma revelação do desespero do IPCC.

Depreende-se, aliás, das palavras de Rajendra Pachauri nas entrevistas que tem dado no decurso da cimeira, que a grande preocupação, dele e dos seus seguidores, é que a crise financeira internacional possa vir a reduzir os financiamentos para alimentar toda aquela gente que vive do enredo do catastrofismo climático.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

O apocalipse está muito próximo

Na Cimeira de Poznan, na Polónia, que decorre entre 1 e 13 de Dezembro, estão reunidos representantes de 185 países, totalizando uns milhares de políticos e modeladores do clima, os quais celebram uma espécie de ritual de sacerdotes incas em que todos estão de acordo no seguinte:

1 – O aquecimento global é real;
1.1 – Nós, os humanos, somos os culpados;
1.2 – O apocalipse é para amanhã;
1.3 – Está provado cientificamente;
2 – Nós podemos salvar o planeta;
2.1 – Nós devemos salvar o planeta
2.2 – Trata-se de uma verdadeira guerra;
2.3 – Ela deve ser declarada imediatamente.

Perante afirmações como estas, como é que alguém se pode opor? O ponto 1.3 «Está provado cientificamente» torna-as indiscutíveis. E se está provado cientificamente, não tomar em consideração estes avisos torna-se irresponsável e criminoso.

Salvo que não existe nenhuma prova científica da culpabilidade humana do aquecimento global. Existem simulações com modelos, presunções, mas nenhuma prova definitiva, isto é, cientificamente demonstrada.

Por outro lado, existe uma quase unanimidade dos modeladores do clima, que se dizem convencidos da culpabilidade humana. Mas a ciência não se decreta, nem por consenso nem por unanimidade.

Além disso, os climatologistas racionalistas, digamos assim, são banidos das suas instituições e não podem trabalhar normalmente. Este afastamento dos dissidentes, típico dos sistemas totalitários, é a antítese da investigação científica, em que apenas os argumentos científicos específicos devem contar e não a crença, a obediência a uma certa visão do assunto ou um conformismo em relação à opinião geral.

A exclusão é anti-científica. Pode-se ignorar um trabalho considerado errado, ou, o que é melhor, pode-se refutá-lo com argumentos científicos, mas em nenhum caso se deve lançar o anátema sobre o cientista que o produziu e ainda menos impedi-lo de trabalhar.

A ciência não é nem uma religião, nem uma ideologia, nem uma crença, embora as convicções sejam inevitáveis e até desejáveis em investigação científica, desde que não se confunda a convicção com a prova.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Época de furacões de 2008

Terminada a época normal dos furacões (vide notas sobre ciclones tropicais publicadas entre 12-10-2005 e 07-11-2005), é oportuno fazer um balanço do que aconteceu em 2008.

Diga-se desde já que a actividade não foi muito importante apesar de se lamentar sempre a perda de vidas humanas como aconteceu, por exemplo, no Haiti e em Cuba. A adaptação às circunstâncias locais deveria ser a prioridade das prioridades.

Tal como o Prof. C.M. escreveu no estudo Energia acumulada dos ciclones tropicais, a ACE (Accumulated Cyclone Energy) é o índice mais fiável para avaliar a intensidade de um ciclone tropical.

A ACE de uma época de furacões pode-se calcular pelo somatório do quadrado da velocidade média de cada um dos ciclones activos (com uma velocidade igual ou superior a 35 knots – uma milha náutica por hora). O Prof. C. M. definiu a ACE com mais rigor.

A Florida State University apresentou um estudo sobre as duas últimas épocas de furacões e tufões e concluiu:

Upon examination of all tropical cyclone activity in the basins throughout the Northern Hemisphere for the past 2 years, a remarkable downward trend in cyclone energy has continued and reached historic levels of inactivity.

Even though North Atlantic hurricane activity was expectedly above normal, the Western and Eastern Pacific basins have produced considerably fewer than normal typhoons and hurricanes, respectively in 2008.

The image below shows the previous three decades of cyclone energy (as measured by the ACE, a popular metric of climatologists used to measure hurricane energy) for all global ocean basins (green) and for the Northern Hemisphere (blue).

Using a 24-month running sum, we see that Northern Hemisphere ACE remains at historical lows. Moreover, there has only been 1 Category 5 typhoon (Jangmi) during the past year. This cyclone activity is consistent with continued colder conditions in the Pacific Ocean and the previous strong La Nina last spring.


Resumidamente, a actividade dos ciclones tropicais do Atlântico Norte tem diminuído, desde 2005. Apesar disso, em 2008, a dos furacões ultrapassou a dos dois anos anteriores, como de vê na Fig. 142.

A Fig.143 mostra a actividade mensal relativa ao Hemisfério Norte (inclui os ciclones tropicais do Pacífico). A Fig. 144 indica, desde 1980, além da actividade mensal do Hemisfério Norte, a actividade mensal global (inclui o Hemisfério Sul). Os valores de 2008 situaram-se ao nível dos de 1980.

Os blogues de Anthony Watts, de Steve McIntyre e de Antón Uriarte apresentam balanços da época. A descrição pormenorizada do desenrolar da época de 2008 dos furacões está na Wikipedia.

Mas, a NOAA, no seu balanço, acrescentou o seguinte parágrafo:

For the first time on record, six consecutive tropical cyclones (Dolly, Edouard, Fay, Gustav, Hanna and Ike) made landfall on the U.S. mainland and a record three major hurricanes (Gustav, Ike and Paloma) struck Cuba. This is also the first Atlantic season to have a major hurricane (Category 3) form in five consecutive months (July: Bertha, August: Gustav, September: Ike, October: Omar, November: Paloma).”

Prontamente, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), ao falar da época de furacões teve a ideia de redigir a seguinte nota bastante descuidada, sem referir a fonte, com um título especulativo:

«More records broken in Atlantic hurricane season
(posted on 18 November)

During the current Atlantic hurricane season, 16 cyclones have formed, of which eight were hurricanes, making it the busiest since the record-breaking season of 2005, which produced 28 cyclones.

The season began more actively than normal with four storms before August and the earliest known date for three storms to be active on the same day (Hurricane Bertha, and Tropical Storms Cristobal and Dolly were all active on 20 July).

It was one of only nine seasons on record to have a major hurricane before August and the only season in recorded history to feature a major hurricane (Category 3 or higher) in every month from July to November.

Haiti was hit by four hurricanes (Fay, Gustav, Hanna and Ike) and Cuba by three (Gustav, Ike and Paloma). Ike was the most destructive of the season and Hanna the deadliest (537 deaths). Bertha was the longest-lived July Atlantic tropical cyclone on record.

The Atlantic hurricane season lasts officially from 1 June to 30 November. The average hurricane season produces about 10 storms, of which six become hurricanes


Quem só lê esta nota da OMM – nomeadamente o seu título – pode ficar com a noção de que a época de 2008 até foi muito má. Esta distorção da realidade não parece que seja uma atitude correcta por parte da OMM.

Ou seja, o uso pensado das palavras para promover a confusão e a desinformação da opinião pública bem como a ocultação da verdade é o que se pode chamar manipulação.

Fig. 144 - ACE global e do Hemisfério Norte. 1980-2008. Fonte: FSU.

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Fig. 143 - ACE mensal do Hemisfério Norte. Janeiro 2003 - Outubro 2008. Fonte: FSU.

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Fig. 142 - ACE anual do Atlântico Norte. Fonte: Steve McIntyre.

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terça-feira, dezembro 02, 2008

... E as do Diário de Notícias

Por Jorge Pacheco de Oliveira

Diz o Diário de Notícias, em editorial de 02/12/2008, comentando a inundação de Veneza, «que esta acqua alta sirva de alerta para aqueles que insistem em dizer que as alterações climáticas são um mito».

Julgo que o autor do Mitos Climáticos deve ter tomado em devida conta este pungente alerta. E deve ter ficado ainda mais ciente de que a tolice de alguma da nossa comunicação social não tem limites.

As razões que levam à acqua alta em Veneza são várias, mas não têm nada a ver com o famigerado aquecimento global. Quando os termómetros registam temperaturas acentuadamente baixas, invocar o aquecimento global para justificar seja o que for não pode ser levado a sério.

Em qualquer caso, a ignorância do editorialista do DN não se fica por aqui. A propósito da Cimeira de Poznan associa o debate acerca das alterações climáticas com a necessidade de combate à poluição.

Estas alminhas confundem sistematicamente “clima” e “ambiente” e ainda não perceberam que o dióxido de carbono, o gás cujas emissões antropogénicas se pretende reduzir (para objectivos climáticos) não é um poluente (para objectivos ambientais).

Nem os cientistas favoráveis às teses do aquecimento global, nomeadamente, os que pontificam no IPCC, se referem ao dióxido de carbono como poluente. Até porque sabem, e não podem esconder, que as emissões de dióxido de carbono devidas à queima de combustívies fósseis, por enorme que seja o valor em toneladas, representam uma fracção ínfima da quantidade de dióxido de carbono que já se encontra presente na atmosfera.

A referência a gás "poluente” foi deliberadamente introduzida para confundir o dióxido de carbono com outras substâncias emitidas durante a queima dos combustíveis fósseis (e que, essas sim, degradam a qualidade do ar) para assim predispor as populações a aceitar as teses dos alarmistas climáticos.

Estes erros, publicados no editorial de um jornal, comprometem a própria direcção e revelam que esta se deixou capturar pela propaganda do aquecimento global. Cada um está no direito de se deixar capturar pelas ideias que quiser. No entanto, directores e proprietários dos meios de comunicação social têm uma responsabilidade que ultrapassa as suas próprias convicções. Não podem ignorar a existência de polémica acerca de um qualquer assunto, tomando o partido de uma das facções e tudo fazendo para ocultar as posições divergentes da sua.

No estrangeiro, a começar pelos EUA, que é o grande “satã” de tudo e mais alguma coisa, incluindo as emissões de dióxido de carbono, existe uma acesa polémica acerca do aquecimento global. Apesar das tentativas ocultistas dos alarmistas, essa polémica tem divulgação pública, em revistas científicas e em vários órgãos de comunicação social.

Em Portugal não há debate nenhum. Não é preciso. O nosso país foi bafejado pela sorte de ter uma colecção de jornalistas e directores de meios de comunicação social que já viram o problema todo, que já sabem tudo, e que nos querem poupar à controvérsia.

segunda-feira, dezembro 01, 2008

As mentiras do Público

Por Jorge Pacheco de Oliveira

A edição do jornal Público de 01/12/2008, traz um artigo na página 14, intitulado “Cimeira de Poznam prepara o pós-Quioto com os olhos postos na crise e nos EUA”. Assinado pelo jornalista Ricardo Garcia, este artigo não merece outra classificação senão o de mistificação a roçar o ridículo.

Na mesma página, uma fotomontagem mostra um casal em fato de banho, sentado numa superfície, que não se sabe bem o que é, travestida de praia, à beira de umas águas tranquilas, tendo em pano de fundo uma elevação de gelo. A legenda diz o seguinte : “Activistas avisam que o Árctico poderá aquecer o suficiente para se fazer praia no gelo”. Praia no gelo !? Estão a gozar com os leitores.

Activistas !? Esta gente está convencida de que basta escrever uma patetice destas para levar os leitores a pensar em pessoas sérias, defensoras de causas justas. Tirem o cavalinho da chuva. Já há muitos leitores conscientes de que, pelo contrário, “activista” pode significar vigarista contumaz.

Revelando uma boa dose de falta de pudor, o jornalista do Público não hesita em insistir nas teses do aquecimento global precisamente numa altura em que Portugal e uma boa parte da Europa estão sob uma vaga de frio e de nevões violentos, pondo em causa toda uma teoria que se revela incapaz de dar a menor explicação acerca do que está a acontecer.

Para revelar uma tal desfaçatez, o jornalista tem que se encontrar respaldado em alguém com poder. Não é difícil seguir a pista. Depois de dizer que “Muitos acreditam que a crise financeira não irá atrapalhar, pelo contrário”, recorre a uma citação do secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa : “A nossa convicção é de que a crise financeira reforça a necessidade de acções para o combate às alterações climáticas”.

Ora aí está. O objectivo do jornalista e dos seus mentores torna-se claro. O que verdadeiramente os preocupa é que a actual crise financeira ponha em causa os financiamentos destinados aos denodados combatentes do aquecimento global. Isso sim, seria dramático. Para eles. Para nós, contribuintes, seria um alívio.

O que se torna curioso nisto tudo é que a questão do aquecimento global revela um grau elevado de controvérsia a nível internacional, mas em Portugal existe uma maioria de jornalistas alinhados com interesses que, a todo o custo, querem ocultar e travar a polémica nos nossos meios de comunicação social.

Dando voz apenas aos adeptos do aquecimento, e ignorando sistematicamente os críticos, ao fim e ao cabo estes jornalistas activistas prestam um mau serviço aos jornais em que escrevem. Evitando o contraditório, prejudicam a venda de mais exemplares do jornal. Resta saber até que ponto os directores e os proprietários dos jornais se apercebem do logro em que os activistas do aquecimento global os envolveram.