quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Trocas meridionais (8)

Marcel Leroux (Estocolmo, 11-12 Set. 2006, trad. Rui G. Moura)
(continuação - finalização)
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8 – Conclusão

Façamos uma avaliação resumida das alterações observadas:

- O Árctico não está a aquecer, mas simultaneamente a aquecer e a arrefecer. Indubitavelmente, as trocas meridionais de ar são responsáveis pela distribuição dos campos térmicos;

- O Antárctico não está a aquecer, mas também a aquecer e a arrefecer. Aquece, particularmente, na área da Península do Antárctico por motivo das advecções do ar quente que retorna ao Sul;

- A pressão atmosférica de superfície está a crescer nas áreas cobertas pelos «anticiclones subtropicais». Isto é, pelas Aglutinações Anticiclónicas, formadas e reforçadas pela fusão de AMP potentes.

- Uma tal subida da pressão é, óbvia e fisicamente, uma antinomia do presumido «global warming». O «global warming», pelo contrário, a existir, faria baixar a pressão atmosférica. [A teoria do efeito de estufa antropogénico fica refutada através da evolução real da pressão atmosférica observada e que a contraria – NT.]

- Sobre os continentes, as Aglutinações Anticiclónicas, não permanentes mas mais frequentes, especialmente durante o Inverno, provocam estabilidades anticiclónicas, frio e calor (dependente da estação sazonal), sem precipitação (seca, mesmo) e sem queda de neve.

- O tempo tornou-se mais violento e mais irregular, com tempestades e ventos fortes, ligado a AMP potentes que desviam mais calor sensível e latente dos trópicos para os Pólos.

- Na zona tropical, nenhuma relação liga a evolução dos ciclones com a temperatura. A seca (como a existente na área Subsariana) está associada à penetração das condições anticiclónicas (que estreitam a zona) e ao empobrecimento do potencial precipitável de água.

Todas estas alterações do clima, e outras não evocadas nesta comunicação, como por exemplo o El Niño (Leroux, 2005), são fisicamente determinadas pelas dinâmicas das trocas meridionais de ar e de energia, mais intensas a partir dos anos 1970.

As alterações transmitidas pela circulação geral, funcionando sempre com os mesmos processos, diferem apenas na intensidade mas não na sua natureza.

Portanto, o clima não é «caótico» mas, pelo contrário, é um fenómeno estritamente bem organizado. O clima não é «desordenado» e está longe de se estar a aproximar do Juízo Final.

A Terra não está a aquecer «globalmente». A famosa curva do IPCC da temperatura média «global» [anual] não tem qualquer significado climático. É apenas um simples índice. Revela somente a intensidade das transferências de calor das baixas latitudes para as latitudes elevadas.

Em nenhum momento, e em nenhum fenómeno [atrás descrito], tivemos de evocar um «suposto» efeito de estufa [natural ou antropogénico], como faz o IPCC, a fim de explicar a fenomenologia climática.

Consequentemente, o proclamado «aquecimento global» não é mais do que um mito, e o sempre eterno recurso ao par EE/CO2 [efeito de estufa/dióxido de carbono] não é mais do que uma fraude.

[O autor utiliza a palavra trickery que foi traduzida por fraude.]

Como se explica, então, um «sucesso» enorme para esta impostura? E qual a razão pela qual, o 4º relatório do IPCC, de 2007, desnecessário e cientificamente ultrajante, não deixará de ser publicado?

Há alguma teoria da «conspiração»? Sim, certamente, e oficialmente, para alguns políticos, grupos financeiros, medias, IPCC, e certos países onde foi imposta uma doutrina oficial (como em França…).

Qualquer um devia saber isso! No todo deste conjunto há quem saiba que não se trata de uma matéria científica. Mas [também sabem] que os interesses materiais em jogo (frequentemente pessoais) são enormes!

E os cientistas como se comportam? A climatologia é dominada presentemente pelos modeladores, convencidos que os seus modelos são a oitava maravilha do Mundo e que não podem errar, mesmo quando refutados pelos factos reais.

Muitos «climatologistas» têm uma fé absoluta, e muitas vezes ingénua, nos modelos. Mesmo (e, certamente, mais até) quando não são propriamente especialistas de modelação.

Um deles, por exemplo, escreveu recentemente: «Todos os modelos de circulação geral usados, nas avaliações, pelo IPCC e pela ACIA, contêm os processos físicos básicos necessários para descrever os processos verticais e horizontais de advecção».

No entanto, e apesar de uma tal fé cega, os resultados mostram, sem nenhuma ambiguidade, que aquela afirmação está longe de ser verdadeira. Não é verdadeira porque os tais modelos não são baseados nos processos das dinâmicas reais.

A observação dos factos reais, considerada frequentemente como subjectiva e de menor importância, não é a preocupação principal dos “teóricos” e dos modeladores! Mais frequentemente, eles não são propriamente meteorologistas e manifestam uma forte «aversão» pelas imagens dos satélites e pelos mapas sinópticos. Por outras palavras, têm aversão à análise cuidadosa e perceptível dos fenómenos meteorológicos reais!

É como se um geólogo ou geomorfólogo pretendesse praticar a sua especialidade sem nenhum trabalho de campo! Em resumo, eles só podem odiar … o conceito de AMP … Rejeitam-no apressadamente (será uma reacção de sobrevivência?) como uma ideia tão perturbante!

A climatologia (que não pode ser confundida com a poluição) devia ter mais que fazer do que perder horas e dinheiro com cenários como o do filme das predições astrológicas do ano 2100.

A polarização em miragens hipotéticas actua como se colocassem palas para se não ver a evolução real do clima. O clima está a mudar como mudou sempre visto que a mudança é própria do clima.

Mas, o «IPCC e os modeladores» ignoram deliberadamente a evolução real do clima e não tentam perceber a verdadeira natureza das mudanças. Um momento decisivo e fundamental aconteceu nos anos 1970.

Mas a causa dessa mudança brusca é ainda desconhecida. Por essa razão, ninguém sabe dizer se, e quanto tempo mais, a causa de tal evolução vai continuar a manter-se…

Além disso, a verdadeira evolução do clima é preocupante. Deviam ser tomadas muitas medidas, em muitos campos, por motivo da maior irregularidade e da violência do tempo, e da sucessão de ondas de frio e de calor, e de secas e de cheias.

Como ciência da Natureza, a Climatologia, actualmente ainda num estado «ab/errante», devia tornar-se novamente pragmática e útil [ao Homem].

(Fim)
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Referência bibliográfica
- Leroux, Marcel. (2005). Global warming: myth or reality? The erring wais of climatology. Sptinger-Praxis, 509 pp.

Correcção: Do modo do verbo "deixou de ser" por "deixará de ser".

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Fig. ML45, ML46

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Trocas meridionais (7)

Marcel Leroux (Estocolmo, 11-12 Set. 2006, trad. Rui G. Moura)
(continuação)
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7 – Subida da pressão atmosférica superficial

As variações do clima, depois do shift dos anos 1970, foram transmitidas pela circulação geral com várias características específicas em cada unidade [aerológica – NT].

Enquanto algumas regiões conhecem Depressões acentuadas, que se tornam necessário contrabalançar, outras regiões conhecem um aumento das pressões atmosféricas superficiais, comandadas por AMP reforçados.

Este aumento da pressão, verificado desde a variação brusca dos anos 1970, está ligado não só às passagens dos próprios AMP, mas também às suas aglutinações.

Consequentemente, a pressão de superfície cresce nos designados «anticiclones subtropicais», no lado oriental dos oceanos. Cada AA torna-se cada vez mais expandida.

As Fig. ML27, ML29 e ML30 mostram já este fortalecimento sobre o Atlântico Norte, sobre o Mediterrâneo e sobre a África do Norte.

A Fig. ML39 apresenta o crescimento da pressão na costa sul do México (nordeste do Oceano Pacífico) entre 1948 e 2003 (Barbier, 2004).

[As Fig. ML39 a ML44 não apresentam a melhor qualidade. No entanto, mostram bem as tendências crescentes nos períodos respectivos.]

Por outro lado, a Fig. ML40 mostra o notável crescimento em Macau ao longo da segunda parte do século anterior. Este facto, verificado no sul, estende-se até ao centro da China (Leroux, 2003).

No Hemisfério Sul, a pressão superficial cresceu na parte do Oceano Atlântico (Anticiclone de Santa Helena) (Fig. ML41), no Oceano Índico (Anticiclone das Mascarenhas) e no Oceano Pacífico (Anticiclone da Páscoa) (Leroux, 2005).

A Fig. ML42 mostra este crescimento em Hobart, na Tasmânia, durante a segunda metade do século passado.

Este aumento da pressão foi também acompanhado por uma expansão espacial dos «anticiclones subtropicais» e, consequentemente, a estabilidade anticiclónica afecta gradualmente uma área cada vez mais maior.

Sobre o continente, a presença dos relevos, em função das suas alturas e orientações, pode favorecer a formação de aglutinações, especialmente mas não só, durante o Inverno.

Sobre a Europa, por exemplo, a Fig. ML43 (Vigouroux, 2004) revela que no sul da Alemanha (Baviera), próximo do Lago Constança, a pressão está nitidamente a subir devido à presença do alinhamento dos Alpes no caminho dos AMP (Fig. ML15).

Em França, este papel é desempenhado pela barreira Alpina e pela cadeia de montanhas dos Cantábricos e Pirenéus. A Fig. ML44 mostra o constante crescimento da pressão no «centro» da França (2,5 ºE x 47,5 ºN) durante o período de 1948-2005.

Entre outras consequências, estes fenómenos explicam a eventual ocorrência das estabilidades anticiclónicas com falta de chuva e períodos de calor.

Nos Açores, o seu Anticiclone tende a estender-se, particularmente no Verão, quando a AA se move para Norte. Esta expansão adiciona a sua alta pressão especialmente sobre o lado ocidental das Ilhas.

Esta extensão ensolarada pode promover o turismo, mas a falta de precipitação, ou mesmo a seca, afecta seriamente as actividades agrícolas.

Tal evolução da pressão superficial dá uma indicação sobre as mudanças do estado do tempo desde o desvio abrupto dos anos 1970 em relação à potência e mobilidade dos AMP:

- Os AMP mais potentes formam Aglutinações Anticiclónicas mais duradouras e mais extensas, tanto no Inverno como no Verão;

- Na passagem dos AMP o estado do tempo torna-se mais violento, com tempestades e ventos de rajadas fortes. Somente um novo AMP mais denso e potente do que os antecedentes pode interromper uma aglutinação estável. O estado do tempo torna-se então mais irregular, alternando períodos calmos com períodos perturbados.

- As ondas de calor e as ondas de frio sucedem-se, alternando os fortes contrastes térmicos.

- A precipitação torna-se irregular com uma má distribuição sazonal. Alternam inundações com secas. A Primavera e o Verão transformam-se em estações húmidas. Nestas estações do ano, as montanhas recebem abundante queda de neve. Enquanto isso, no pino do Inverno (com AA na base das montanhas) a neve torna-se rara.

Estas observações, e muitas outras não indicadas nesta apresentação (vide Leroux, 2005), revelam que estas alterações se verificam nos dois hemisférios meteorológicos. Significa que toda a circulação geral entrou no modo rápido.

[Esta conclusão aponta para uma tendência de frio e não de calor, a médio e longo prazo.]

Permita-se-nos, mais uma vez, refrescar as nossas ideias sobre as características do modo de circulação rápido. Refere-se, não somente à baixas camadas mas à totalidade da troposfera (Leroux, 1993,1998, 2005).

AMP mais fortes e AA mais extensas e deslocadas para os Trópicos tornam a zona meteorológica tropical mais estreita. Mas (paradoxalmente), os alísios e as monções tornam-se mais fortes.

As trocas meridionais de massas de ar são intensificadas e (o que é fundamental) cada vez mais calor sensível e calor latente (vapor de água) são exportados pelos fluxos de ar tropical cada vez mais rápidos.

Os fluxos de ar tropical são enviados para as zonas extratropicais [entre as latitudes 30 ºN – 90 ºN e 30 ºS – 90 ºS], pelos corredores frontais [vide Fig. ML6 e ponto 3.1] dos AMP que agora penetram, profundamente, nos Trópicos [30 ºN – 30 ºS].

Nalgumas regiões das zonas temperadas e zonas polares, a precipitação está a aumentar e a temperatura está a descer. Esta situação deve-se à vantagem dos consideráveis fornecimentos externos, como se destacou anteriormente [dois parágrafos antecedentes].

Mas, ao mesmo tempo, e pelo contrário, as zonas tropicais [30 ºN – 30 ºS] são desprovidas de uma parte do seu potencial precipitável de água. O potencial precipitável é captado e desviado para Norte e para Sul pelos AMP.

Ao longo do período 1950-2000, a largura da zona meteorológica tropical, dinamicamente compreendida entre os eixos [horizontais] das AA do norte e do sul, estreitou-se aproximadamente em cerca de 4 º a 5 º de latitude do Oceano Atlântico.

O estreitamento realizou-se, recentemente, com um recuo tímido (Pommier, 2006. Fig. 45). É, portanto, uma indicação de abundante precipitação no Sahel numa zona cada vez mais estreita. Esta zona de estreitamento seguiu, exactamente, a mesma evolução referida anteriormente (Mahé G., l' Hôte Y., 2004. Fig. 46).

(continua)
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Referências bibliográficas
- Barbier, E. (2004). La dynamique du temps et du climat en Amérique Centrale.Th. Univ., LCRE, Lyon.
- Leroux, Marcel. (2005). Global warming: myth or reality? The erring wais of climatology. Springer-Praxis, 509 pp.
- Vigouroux, G. (2004). Les hauts et les bas de la neige dans les Alpes Français. Univ. LCRE, Lyon.
- Leroux, Marcel. (1993). The Mobile Polar High : a new concept explaining present mechanisms of meridional airmass and energy exchanges and propagation of pal. changes. Global and Planet Change, 7, 69-93.
- Leroux M. (1998). Dynamic analysis of weather and climate. Wiley-Praxis series in Atmosph. Phys., 365 pp.
- Pommier, Alexis. (2006). Analyses of Highs and Lows tracks in South and North Atlantic from 1958 to 2000. 6th EMS Annual Meeting, Ljubljana, Sept.
- Mahé G., l’Hôte Y. (2004). Sahel, une sécheresse persistante et un environnement profondément modifié. La Météorologie, 44, 2-3.

Fig. ML39, ML40, ML41, ML42, ML43, ML44

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sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Trocas meridionais (6.2)

Marcel Leroux (Estocolmo, 11-12 Set. 2006, trad. Rui G. Moura)
(continuação)
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6.2 – Alterações no Antárctico

O Antárctico é, indubitavelmente, responsável pela circulação no Hemisfério Sul e pela sua variabilidade climática. Os AMP, que se dispersam à volta da cúpula do Antárctico, são imediatamente confrontados pela barreira dos Andes (Fig. ML34).

Por esta razão, a Península do Antárctico (ao sul de 60 ºS - 80 ºW a 30 ºW) é atingida por 61,33 % das Depressões do Sul (Pommier, 2006).

A intensificação das trocas de massas de ar manifesta-se também no Oceano Pacífico Sul pelo aumento da pressão ao nível do mar no designado «Anticiclone da Páscoa».

Manifesta-se igualmente [pelo mesmo motivo – NT] no «Anticiclone de Santa Helena» (no Atlântico Sul), (Leroux, 2005).

Consequentemente, dentro da área à volta da Península Antárctica (80 ºW a 30 ºW – 60 ºS a 90 ºS), no período 1950-2000, as Depressões ligadas aos AMP que saíram do Antárctico (Pommier, 2006):

- Atingiram pressões cada vez menores (Fig. ML35);

- Aumentaram, constantemente, em número as que se situaram abaixo de 980 hPa (Fig. ML36);

- Deslocaram-se cada vez mais para Sul até próximo do Pólo (Fig. ML37);

- Aumentaram, constantemente, as suas temperaturas médias anuais (Fig. ML38).

Portanto, tal como na área do Árctico, perto do Mar da Noruega e do Estreito de Alasca-Bering, o aquecimento da Península do Antárctico, atribuído [erradamente] pelo IPCC ao efeito de estufa [antropogénico], foi comandado pela intensificação das trocas meridionais que trouxeram mais ar quente e húmido em direcção ao Pólo Sul.

Não há, evidentemente, qualquer razão para que os resultados térmicos tivessem sido diferentes visto que os mecanismos climáticos são idênticos [tanto no Pólo Norte como no Sul]. Estão associados à dinâmicas dos AMP e das Depressões.

Estas variações climáticas estão associadas a uma diminuição da pressão atmosférica de superfície [junto dos Pólos]. No entanto, outras variações surgiram em sentido oposto com aumentos das pressões atmosféricas à superfície [nomeadamente nos continentes].

(continua)
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Referências bibliográficas
- Pommier, Alexis. (2006). Analyses of Highs and Lows tracks in South and North Atlantic from 1958 to 2000. 6th EMS Annual Meeting, Ljubljana, Sept.
- Leroux, Marcel. (2005). Global warming: myth or reality ? The erring ways of climatology. Praxis-Springer, 509 pp.

Fig. ML35, ML36, ML37, ML38

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Fig. ML34

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terça-feira, fevereiro 13, 2007

Fig. ML33

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Trocas meridionais (6.1)

Marcel Leroux (Estocolmo, 11-12 Set. 2006, trad. Rui G. Moura)
(continuação)
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6 – Alterações no Árctico e no Antárctico

6.1 – Alterações no Árctico

A área do Árctico está, simultaneamente, a aquecer e a arrefecer, como se disse anteriormente [no ponto 2 – NT]. A distribuição das consequências térmicas está bem organizada em relação aos eixos principais das trocas meridionais de ar.

As regiões que arrefeceram estão localizadas no caminho preferencial dos AMP. As que aqueceram estão principalmente ligadas às Depressões. Devido à passagem incessante de fluxos de ar frio e de ar quente o sinal térmico resultante só pode ser modesto.

Podem existir, igualmente, alguns outros efeitos contraditórios. Por exemplo, no Mar da Noruega, a tendência crescente das Depressões associadas aos AMP americanos é contrariada pela tendência igualmente crescente dos AMP escandinavos…

A Fig. ML5 (fonte da ACIA) mostra este antagonismo na parte norte da Escandinávia. Nesta zona aparece tanto o aquecimento como o arrefecimento, especialmente no Inverno.

Consequentemente, a temperatura média não pode ser aceite [como representativa da evolução], tal como tem sido, sem uma cuidadosa análise. De facto, os mecanismos dinâmicos e as suas consequências térmicas estão fortemente ligados.

Colocam-se duas situações:

1) - Um défice térmico polar atenuado (menos frio polar) está associado a AMP mais fracos (modo lento ou índices NADI/NAO negativos). Significa uma redução da transferência de ar (e da água do mar) quente para o Norte.

As Depressões são menos profundas e vão menos para Norte. A temperatura média resultante está, portanto, próxima da «normal». [Esta situação verifica-se no Verão e verificar-se-ia num cenário hipotético de «aquecimento global» se se mantivesse todo o ano.]

2) - Um défice térmico polar acentuado (zona polar ocidental mais fria, Fig. ML28) associado a AMP mais fortes (modo rápido ou índices NADI/NAO positivos).

Significa, como se verifica, que os AMP provocam uma intensificação da transferência de ar (e da água do mar) quente para Norte. As Depressões são, pois, mais cavadas e caminham mais para Norte.

A temperatura média resultante está, portanto, acima da «normal». [Esta situação, que se verifica no Inverno, acentuou-se a partir dos anos 1970 e, consequentemente, implica uma “temperatura média global anual” - que não explica a evolução climática -, acima da média].

A Fig. ML31 [temperatura média anual em Godthhaab e índice NAO, 1900-1995] pode, esquematicamente, mostrar a evolução deste tipo de relação [1 ou 2] durante quase todo o século passado: a temperatura em Godthhaab (oeste da Gronelândia) é representativa da área arrefecida uniformemente (Fig. ML5).

O índice NAO (Fig. ML31) revela a dinâmica desta unidade do Atlântico. Quando a temperatura era suave (meados do século) o índice NAO estava numa fase negativa (Fig. ML26). Essa situação manifestava uma fraqueza das transferências meridionais [caso 1 ].

Mas quando a temperatura arrefeceu, progressivamente, o índice NAO, agora nitidamente anti-correlacionado, estava numa fase positiva. Manifestava, gradualmente, uma intensificação das trocas meridionais do ar [caso 2].

A Fig. ML32 (obtida no sítio web www.john-daly.com) mostra [temperatura anual média em Reykjavik e Akureyri, Islândia, 1882-2002] num período longo, que aquela região, situada nos limites dos campos térmicos, pode ser influenciada tanto pelo arrefecimento (a maior parte da curva) como pelo aquecimento (no período recente).

A influência deve-se à intensificação das trocas que é seguida por uma expansão da área de aquecimento ciclónico (e da «Depressão da Islândia»).

Estas curvas das temperaturas enfatizam, mais uma vez, a necessidade de as análises terem de ser feitas numa conjunção apertada com as dinâmicas exactas.

Na parte do Árctico dentro da unidade aerológica do Atlântico Norte (Fig. ML28), o aquecimento (iniciando-se no Nordeste da América, Fig. ML19) está profundamente incorporado mais a norte (Fig. ML23) do Mar da Noruega e regiões circunvizinhas.

O aquecimento é canalizado, em parte, entre a Gronelândia e os Alpes Escandinavos e é trazido pelas Depressões, vindas do Sul, pelas transferências de ar do calor sensível e latente (vapor de água).

A temperatura está, portanto, a subir, a precipitação está a aumentar (com neve, especialmente nas regiões montanhosas), a pressão está a baixar (Fig. ML24) e o mau estado do tempo acentua-se (WASA Group, 1998).

No norte desta região, o mar gelado pode derreter facilmente, aquecido pelo fluxo de ar (e pela água do mar superficial) quente também dirigido para Norte.

Uma outra região conhece, pelas mesmas razões dinâmicas, um recente e acentuado aquecimento.

Na parte norte da unidade aerológica do Oceano Pacífico Norte (Fig. ML10), o Alasca está também envolvido pelo aumento da actividade das Depressões (Fig. ML33, Fontes: Favre, 2002 e Leroux, 2005).

Aqui, no Alasca, as transferências meridionais são fortemente controladas pelo alinhamento das Montanhas Rochosas.

A circulação ciclónica do ar quente, desviado pelos AMP, é vigorosamente encaminhada e elevada para Norte, especialmente, quando a Cadeia do Alasca forma barreira [à passagem do ar].

Nesta região extensa, que corresponde aproximadamente à designada Depressão Aleutiana, são também observados:

- Um aumento da temperatura do ar e do mar;
- Um aumento da precipitação e da queda de neve;
- Uma diminuição marcada da pressão superficial;
- E, em ligação com as Depressões cavadas, um aumento das tempestades (Graham, Diaz. 2001).

O prolongamento da transferência para o pólo desta área de aquecimento, para além do Estreito de Bering, corresponde precisamente à segunda região onde o mar gelado derrete mais facilmente.

Mas, a parte central da região do Árctico, menos facilmente atingida pelos fluxos de ar (e da água do mar) quente vindos do Sul, permanece praticamente inalterada (mesmo relativamente ao Verão).

(continua)
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Referências bibliográficas
- WASA Group (1998). Changing waves and storms in the Northeast Atlantic. Bulletin AMS, 795, 741-760.
- Favre, A. (2002). L’évolution récente de la dynamique aérologique dans le Pacifique Nord. Ecole Normale Supérieure, Fête de la Science, Lyon.
- Leroux, M. (2005). Global Warming: Myth or Reality? The Erring Ways of Climatology. Praxis-Springer, 509 pp.
- Graham, N.E., Diaz, H.F. (2001). Evidence for intensification of North Pacific winter cyclones since 1948. Bull. MAS, vol. 82, 9, 1869-1893.

Fig. ML32

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Fig. ML31

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sábado, fevereiro 10, 2007

Trocas meridionais (5)

Marcel Leroux (Estocolmo, 11-12 Set. 2006, trad. Rui G. Moura)
(continuação)
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5 – Variações dinâmicas recentes na unidade Atlântico Norte

Pommier (2005) analisou atentamente a evolução recente da dinâmica dentro desta unidade de circulação ao longo do período 1950-2000. Concluiu, relativamente aos AMP, que:

- Nesse período, o número de AMP aumentou (especialmente o de AMP mais potentes), com a particularidade do aumento ser significativo durante os anos mais recentes (Fig. ML20);
- A latitude mínima atingida pelos AMP deslocou-se para Sul (Fig. ML21).

Ao longo do mesmo período (1950-2000), em relação aos AMP, a evolução das depressões apresentou algumas características notáveis:

- As Depressões foram mais frequentes, especialmente durante os anos 1990 (Fig. ML22);
- A latitude alcançada pelas Depressões foi constantemente deslocada mais para Norte (Fig. ML23);
- As Depressões foram mais cavadas (Fig. ML24);
- A velocidade de deslocamento aumentou regularmente (Fig. ML25).

Esta evolução particular na unidade do Atlântico Norte é também revelada pelos seguintes índices específicos (Fig. ML26):

- NAO, Oscilação do Atlântico Norte (Wanner, 1999; Hurrell, et ali., 2001), que mede, nas estações fixas (enquanto tudo se move), a diferença das pressões entre a Alta dos Açores e a Baixa da Islândia;

- NADI, Índice Dinâmico do Atlântico Norte (Pommier, 2005), que integra, cuidadosamente, a frequência, a pressão, a extensão, a duração, a velocidade, a latitude e a longitude, tanto dos AMP como das Depressões.

Por integrar mais variáveis (7), o NADI é mais representativo [do que o NAO – NT] das dinâmicas reais.

Qualquer destes índices mostra uma fase positiva recente que revela uma viragem climática decisiva nos anos 1970.

Tal como vimos no comportamento dos AMP e Depressões, esta viragem ressalta, claramente, na evolução da pressão de superfície do designado Anticiclone dos Açores (Fig. ML27).

De facto, no período 1948-2002, esta evolução do Anticiclone dos Açores caracteriza-se por um vincado crescimento desde os anos 1970.

A Fig. ML28 [que corresponde à Fig. 52 que, para se acompanhar a descrição do texto de ML, convém ser utilizada simultaneamente] sintetiza as variações do clima na unidade do Atlântico Norte.

As variações estão ligadas a uma intensificação das trocas meridionais de ar e de energia desde os anos de 1970 (modo rápido da circulação, segundo Leroux, 1993).

A característica fundamental que deve ser enfatizada é que as variações são regionais relativamente ao comportamento dos AMP e Depressões (Leroux, 2005).

Numa tal fase alta (índice positivo) do NADI/NAO (ou modo rápido), os AMP são potentes, o Árctico ocidental é mais frio, o tempo é mais violento, as trocas meridionais são intensificadas.

As aglutinações anticiclónicas oceânicas são mais fortes e mais extensas e as correntes oceânicas comandadas pelos ventos são mais rápidas (os AMP exercem uma tensão mais forte).

A unidade Atlântico Norte exibe vários tipos de variação climática: algumas regiões arrefecem enquanto outras aquecem, as precipitações estão acima ou abaixo do normal, as pressões superficiais sobem ou descem [vide Fig. ML28 ou Fig. 52].

Consequentemente, não existe qualquer «clima Atlântico» e, a fortiori, muito menos existe um «clima global».

Estas variações estão todas sujeitas à mesma causa: o fortalecimento dos AMP. Os comportamentos regionais dependem da sua localização em relação aos trajectos seguidos pelos AMP e pelas Depressões, e da intensificação das trocas de frio e de calor.

Por exemplo, no Mediterrâneo, especialmente na sua parte oriental, o clima tem-se tornado mais frio e seco, enquanto a pressão superficial tem subido (Fig. ML29).

Na África do Norte, o fortalecimento dos alísios continentais, capaz de mover areias das dunas previamente fixas, tem deslocado o Equador Meteorológico para Sul, enquanto as chuvas de Verão se fixam abaixo do normal (seca Shaeliana).

A AA do Atlântico (ou Anticiclone dos Açores) mais forte (Fig. ML27 e ML30) estende-se mais para Sul. O Shael Atlântico (assim como o Arquipélago de Cabo Verde) é mais afectado pela seca do que a parte leste do continente (Leroux, 1983, 2001).

Os alísios marítimos são acelerados e conduzem para o oeste mais calor tropical, sensível e latente.

A área do Árctico Atlântico, que está longe de ser uma entidade isolada, também toma parte nesta dinâmica [da unidade aerológica do Atlântico Norte].
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Referências bibliográficas
- Pommier, Alexis. (2005). Analyse objective de la dynamique aérologique de basses couches dans l’espace Atlantique Nord : mécanismes et évolution de 1950 à 2000. Thèse, Univ., LCRE, Lyon.
- Leroux M. (1993). The Mobile Polar High : a new concept explaining present mechanisms of meridional air mass and energy exchanges and propagation of pal. changes. Global and Planet. Change, 7, 69-93.
- Leroux M. (2005). Global Warming: myth or reality ? The Erring Ways of Climatology. Praxis-Springer, 509 p
- Leroux M. (1983). Le climat de l’Afrique tropicale. T1 : 636 p., T2 : notice et atlas de 250 cartes. Ed. Champion-Slatkine, Paris-Genève.
- Leroux M. (2001). The Meteorology and Climate of Tropical Africa. Springer-Praxis, 550 p + CD.
- Wanner, H. (1999). Le balancier de l’Atlantique Nord. La Recherche, 321, 72-73.
- Hurrel, J.W. et ali. (2001). The North Atlantic Oscillation. Science, vol. 291, 603-604.

Fig. ML29, ML30

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Fig. ML28

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Fig. ML26, 27

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Fig. ML22, 23, 24, 25

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Fig. ML20, ML21

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quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Trocas meridionais (4.2)

Marcel Leroux (Estocolmo, 11-12 Set. 2006, trad. Rui G. Moura)
(continuação)
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4.2 – Depressões associadas aos AMP

Os AMP, motores da circulação atmosférica, são também os principais actores do estado do tempo nas latitudes médias e mais elevadas. Enquanto eles mantêm a vantagem da densidade do ar, os AMP varrem à sua volta ou obrigam a passar por cima deles os outros fluxos que aparecem no seu caminho.

Deste modo, é criado um défice da pressão resultante em torno do AMP. Este fica cercado por um corredor de baixas pressões. Dentro do corredor, uma circulação ciclónica desvia o ar quente em direcção ao pólo de origem do AMP.

A circulação ciclónica, retida temporariamente no bordo principal do AMP, pode ultrapassá-lo de forma turbilhonar e desenvolver-se autonomamente. Dirige-se para norte do AMP (no Hemisfério Norte) formando uma depressão fechada (ciclone) que pode, agora, aprofundar-se livremente.

A profundidade desta Depressão depende sobretudo do volume, da velocidade e do conteúdo energético do ar desviado vindo do Sul (HN), na sua maior parte, pela potência do AMP que dirigiu esta circulação para o Pólo Norte. A Fig. ML18 esquematiza estas ligações em diferentes escalas. Assim,

Na escala sinóptica (Fig. ML18a):

- Quando o AMP é fraco, a Depressão é menos cavada e menos distante do seu AMP associado (por exemplo, durante o Verão, num período quente / modo lento de circulação);

- Mas um forte AMP provoca uma intensificação da transferência de ar, o afundamento da Depressão e ao mesmo tempo o afastamento dela em relação ao movimento do AMP (por exemplo, durante o Inverno, num período frio / modo rápido de circulação).

Na escala estatística, que é a dos valores médios usada em climatologia (Fig. ML18b):

- Um valor baixo da pressão média numa AA corresponde a uma depressão superficial média;

- Um valor alto da pressão média, mais extensivo e desviado para Sul, significa que a Depressão média associada é muito cavada e extensiva. Noutras palavras, um designado «Anticiclone dos Açores» forte corresponde a uma «Depressão da Islândia» cavada e expandida.

Na unidade América – Atlântico – Europa Ocidental, as áreas principais de geração de Depressões (chamada de «ciclones noruegueses») são o Mar do Labrador e o sudeste da Gronelândia (Fig. ML19). As Depressões são mais frequentes e mais rápidas durante o Inverno e o Outono.

As relações principais que se estabelecem entre Anticiclones e Depressões, nesta unidade aerológica e nas escalas anuais e sazonais, são:

- A maioria das pressões dos AMP é elevada e a maioria das Depressões é profunda. Como consequência, um AMP forte é rodeado por Depressões profundas e provoca tempo violento;

- Quando os AMP têm trajectórias para Sul e atingem baixas latitudes as Depressões atingem latitudes mais a Norte. O ar quente vem então de latitudes subtropicais, mesmo tropicais, e consequentemente é transferida mais energia do Sul para Norte. No Inverno o potencial precipitável local é mais rico, e nessa altura as transferências de energia do Sul são mais intensas;

- A Aglutinação de Anticiclones dos AMP (como o «Anticiclone dos Açores») tem uma posição mais a Sul no Inverno e é mais expandida, mas é mais posicionada a Norte e relativamente menos expandida no Verão.

(continua)
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NT- Acabámos de conhecer a explicação das chuvadas que se verificaram em Portugal por altura da transição do Outono 2006 – Inverno de 2007. Do mesmo modo, a maior parte dos episódios de cheias, algures, têm a sua explicação no texto 4.2.

Fig. ML19

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Fig. ML18

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domingo, fevereiro 04, 2007

Trocas meridionais (4.1)

Marcel Leroux (Estocolmo, 11-12 Set. 2006, trad. Rui G. Moura)
(continuação)
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4 – Unidade aerológica do Atlântico Norte

Consideremos, a título de exemplo, a unidade de circulação do Atlântico desde o oriente das Montanhas Rochosas (Estados Unidos da América) até à Europa Ocidental, passando pelo Oceano Atlântico (Fig. ML10).

4.1 – Anticiclones Móveis Polares (AMP) e Aglutinações Anticiclónicas (AA)

A análise dos AMP que atravessaram esta vasta unidade, ao longo do período 1950-2000, revela uma clara divisão em duas áreas. A parte que fica a oeste da Gronelândia foi atravessada pelos AMP «americano/atlânticos» (70 % do total); a que fica a leste da Gronelândia foi cruzada pelos AMP «escandinavos» (30 %) - (Fig. ML11).

Os AMP americano/atlânticos (Fig. ML12) foram ejectados no noroeste do Árctico e somaram um número médio anual de 166,5. Isto é, saiu 1 AMP em cada 53 horas (1 em cada 2 dias e 5 horas).

A pressão média destes AMP foi de 1023,03 hPa (hectopascal), com um valor máximo de 1028 hPa. A duração entre a saída e a absorção numa AA foi de 6,5 dias, cobrindo uma distância de 6754 km à velocidade média de 43,5 km/h. Os valores mais elevados destes parâmetros aconteceram no Inverno.

A Fig. ML13 mostra que, independentemente do limiar de pressão, estes AMP seguiram o mesmo caminho. Quanto mais forte foram os AMP mais longe foram para Sul (Fig. ML13D).

Os AMP escandinavos (Fig. ML14) entraram nesta unidade do Atlântico através do norte do Mar da Noruega e representaram apenas uma fracção de todos os AMP pertencentes à respectiva unidade aerológica (Fig. ML10).

Voaram para leste e para o Sul através da Europa. Particularmente, dirigiram-se para o Mediterrâneo e para o Norte de África (Fig. ML15) onde forneceram os alísios continentais. O alísio continental tórrido e seco é designado por harmattan [nome árabe – NT].

Sobre a Europa, dois factores principais contribuem para a formação eventual de uma AA: a presença do relevo inultrapassável dos Alpes e a fusão de parcelas de AMP escandinavos com americano/atlânticos.

A diferença das densidades do ar de dois ou mais AMP joga um papel importante quando eles se encontram. A Fig. ML16 revela que um AMP americano/atlântico só tinha a possibilidade de se dirigir para Sul devido à barreira formada por uma AA de ar mais frio e denso existente sobre a Europa que estava a ser alimentada por AMP frios de origem escandinava.

As AA são mais frequentes no Inverno. Mas também podem ser formadas no Verão. Exemplo destas foi a de Julho - Agosto de 2003 sobre a Europa e no leste do Oceano Atlântico.

A Fig. ML17 (a sequência completa de 1 a 15 de Agosto está representada na referência bibliográfica “Leroux, 2005” abaixo citada) mostra que a canícula (dog days) está claramente ligada à chegada de vários AMP: durante o período completo fundiram-se 12 AMP, sendo 7 de origem americano - atlântica e 5 de origem escandinava.

A aglutinação de AMP fez aumentar a pressão atmosférica de superfície. A temperatura também subiu rapidamente visto que a condução do calor e a absorção do infravermelho são mais fáceis quando a pressão do ar é mais elevada e quando o ar não pode subir devido à estabilidade anticiclónica [subsidência ou pressão exercida de cima para baixo].

Nessas condições, o calor provocou uma considerável diminuição da humidade relativa. Ao mesmo tempo, o vapor de água do Atlântico e do Mediterrâneo não puderam penetrar na Aglutinação Anticiclónica. A onda de calor torna-se assim sinónimo de seca severa, embora temporária.

Tal período de canícula nada teve a ver quer com os níveis superiores [da troposfera], quer com o presumível ar quente vindo do Sul («vindo do Sara»!). E, obviamente, não teve nada a ver com o presumido efeito de estufa [nomeadamente, antropogénico].

A situação de canícula, embora satisfaça a todos os defensores das «alterações climáticas» e do «aquecimento global» para invocar imediatamente (com ímpeto) os seus pseudo-fenómenos, joga exactamente contra os argumentos falaciosos. [Isto é, a realidade refuta a fantasia das «alterações climáticas» e do «aquecimento global».]

(continua)
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Referência bibliográfica
- Leroux, Marcel (2005). Global warming, myth or reality ? The erring ways of climatology. Praxis-Springer, 509 pp.
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P.S:. Restabeleceu-se uma aglutinação anticiclónica complexa sobre a Península Ibérica que se estende a quase toda a Europa. Hoje, dia 4 de Fevereiro de 2007, as eólicas com telemedida pararam completamente (vide REN, dia 04-02-2007). É impressionante…

Esta nova estabilidade anticiclónica formou-se pouco depois das farripas de neve que caíram nos arredores de Lisboa, no dia 28 de Janeiro de 2007. Nenhum modelo clima-informático reproduz este fenómeno da Natureza.

Fig. ML16, ML17

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Fig. ML14, ML15

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Fig. ML13

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Fig. ML11, ML12

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quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Fig. ML10

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Fig. ML9

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Trocas meridionais (3.2)

Marcel Leroux (Estocolmo, 11-12 Set. 2006, trad. Rui G. Moura)
(continuação de 3 – Circulação nas baixas camadas: Anticiclone Móvel Polar (AMP))
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A Fig. ML7 mostra um AMP cortado em 3 partes desiguais pelos relevos da Península Ibérica e dos Alpes. As 3 parcelas dirigem-se para o Atlântico (fornecendo uma corrente de ar alísio marítimo), para o Mediterrâneo ocidental e para a Europa central.

Mesmo uma cordilheira modesta como a Grande Escarpa (com um altura média de 1500 m), que contorna a meseta da África do Sul, é capaz de canalizar o ar denso dos AMP. A Fig. ML8 apresenta um AMP aproximando-se da costa ocidental [da África do Sul – NT].

Será cortado em duas partes. A principal permanecerá sobre o Atlântico enquanto a outra continuará em direcção ao Oceano Índico. O ar frio canalizado pelo lado ocidental da Grande Escarpa formará uma Aglutinação Anticiclónica designada por «Anticiclone de Santa Helena» subtropical. Alimentará igualmente ventos alísios que evoluem para monções depois de ultrapassarem o equador.

A interferência de factores dinâmicos e geográficos [de um modo geral] tem duas consequências fundamentais:

- A formação de Aglutinações Anticiclónicas (AA) devidas ao encaixe de vários AMP (Fig. ML9);

- A divisão da circulação [geral da atmosfera] nas camadas mais baixas em 6 unidades aerológicas (Fig. ML10).

Os corredores periféricos entre AMP desaparecem progressivamente. As diferenças de densidade [do ar] diminuem gradualmente. Finalmente, os AMP fundem-se. Permanece apenas uma vasta área de altas pressões: a AA. Na zona tropical aparecem ventos alísios que se prolongam, eventualmente, em monções.

A AA constitui um género de “zona de amortecimento” entre zonas temperadas e zonas tropicais. Como consequência, não aparece nenhum hiato que interrompa a circulação nas camadas baixas entre os pólos e o Equador.

Como se verifica pelo corte vertical N-S [Fig. ML9 ], a camada mais baixa de alísios termina numa descontinuidade: a inversão dos alísios. O ar quente e seco, da parte superior, não pode alcançar a superfície.

Dentro de cada unidade [de circulação] todos os elementos estão ligados por uma co-variação geral, mesmo que os efeitos sejam diferentes. A complexidade da circulação nos níveis mais baixos termina, quando o ar se torna menos denso, numa circulação de nível superior mais simples.

Progressivamente, somente permanecem as maiores correntes de ar zonais. São correntes de ar tropical, concentradas em jets [correntes de ar em circuito fechado] numa altitude próxima da tropopausa.

(continua)

Fig. ML8

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Fig. ML7

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