segunda-feira, novembro 27, 2006

Recusa de aquecimento

De acordo com medições de satélites, o Hemisfério Sul não apresenta qualquer tendência de aquecimento já lá vão 16 anos. De facto, desde Janeiro de 1990 até Setembro de 2006, as medições têm o aspecto da Fig. 66.

A temperatura subiu e desceu, mas no fim deste período de 16 anos, tem praticamente o mesmo valor que tinha no princípio. Tudo se passou na baixa troposfera até 3000 metros de altitude.

O dióxido de carbono – natural e antropogénico – reparte-se uniformemente pela atmosfera do planeta. Por isso, é de estranhar que a temperatura no HS não reaja a esse aumento como seria de esperar de acordo com as indicações dos modelos climáticos.

A Fig. 66 foi traçada com valores da base de dados da Universidade de Alabama, Huntsville, que monitoriza as observações do satélite AQUA da NASA. Seria interessante que esta informação chegasse até à opinião pública.

Fig. 66 - Temperatura troposférica HS. Fonte: Antón Uriarte Cantola

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Comentários dos leitores

Os meus caros leitores certamente já repararam e alguns até já se queixaram de que este blog não aceita comentários directos. Trata-se de uma opção que constitui prática de muitos outros blogs. Por exemplo, o Causa Nossa ou o Abrupto, passe a publicidade ou a imodéstia da comparação.

A verdade é que em vários dos blogs em que os comentários são livremente colocados pelos leitores verifica-se alguma tendência para o desvirtuamento das questões. Sobretudo quando se trata de temas ditos fracturantes, como, por exemplo, o aborto, a energia nuclear, o "aquecimento global", as opiniões extremam-se e acabam por cristalizar-se em torno de duas opções, o "sim" e o "não", muitas das vezes servidas por argumentos que têm pouco de racional.

No Mitos Climáticos tenho procurado apresentar os argumentos mais racionais que é possível encontrar para combater a ideia falsa, alarmista e catastrofista, de que uma tragédia climática nos aguarda daqui até a uma centena de anos por obra e graça das alterações climáticas induzidas pelo Homem. Alterações essas que seriam decorrentes da utilização de combustíveis fósseis para a obtenção de energia, a qual emite para a atmosfera, nomeadamente, o dióxido de carbono (CO2).

A poluição atmosférica é lamentável. Mas a variabilidade do clima não tem nada a ver com a poluição. De imediato se colocam duas questões: uma é saber se o envio de CO2 para atmosfera nas quantidades conhecidas terá ou não o efeito catastrófico que é anunciado; a outra é saber de que forma pode o Homem produzir a energia de que necessita sem utilizar combustíveis fósseis.

Neste blog tem sido privilegiada a análise da primeira questão, procurando-se demonstrar que a acção do Homem não é a causa da variabilidade do clima que possa ser observada. Nem a principal, nem sequer uma causa significativa. Não se trata de uma posição irresponsável, de meter a cabeça na areia para ignorar o perigo, nem, muito menos, para defender qualquer tipo de interesses menos claros. Trata-se de uma posição fundamentada, destinada a combater a precipitação, para dizer o mínimo, daqueles que divulgam ideias apocalípticas, cujo único efeito é aterrorizar as populações.

As designadas teorias do aquecimento global e das alterações climáticas com base nas emissões de gases antropogénicos com efeito de estufa são teorias absolutamente refutadas pela própria Natureza. Os fenómenos reais não as corroboram. Refutam-nas. Como tal têm de ser substituídas por outra que explique, de facto, o que está a acontecer. Eis a razão do blog explicitando a refutação e apresentando uma teoria que, inclusive, já resistiu a um teste específico de refutação (o Fastex, realizado pela Meteo France). Não significa que esta teoria não possa vir a ser também refutada. Mas até lá não existe outra melhor para explicar os fenómenos meteorológicos e climáticos que vão ocorrendo.

Se os meus caros leitores quiserem colocar questões acerca das matérias que são abordadas neste blog terei muito prazer em dialogar. Para o efeito, basta utilizar o meu endereço de e-mail, acima indicado. Os textos mais sugestivos e melhor organizados poderão ser aqui publicados, na íntegra ou parcialmente, com a identificação, ou não, do autor, conforme preferência manifestada pelo próprio. Uma vez que a climatologia é ainda uma ciência com muitas questões em aberto, procurarei encontrar as melhores respostas possíveis para as perguntas que me colocarem e tentarei deixar aqui os comentários que souber ou puder alinhavar.

sábado, novembro 25, 2006

Relação entre T e GEE

(continuação)

A Fig. 64 coloca outro problema crucial. Em que sentido funciona o mecanismo da ligação entre os gases com efeito de estufa e a temperatura? Se os GEE controlassem a temperatura então teriam de aumentar primeiramente as quantidades destes gases.

Mas essa hipótese levaria a admitir que as concentrações de GEE variavam de acordo com os ciclos de 100 mil anos! Mas os cilindros de gelo do Antárctico mostram, sem discussão, que as variações de temperatura ocorrem antes das variações dos GEE.

Até o pai do aquecimento global, James E. Hansen, reconhece este facto no seu artigo «Can we defuse the global warming time bomb?». O sinal da temperatura decresce primeiro do que o da concentração do CO2 quando se processa uma passagem de um período interglaciário para uma glaciação.

De igual modo, o CO2 decresceu a seguir à diminuição da temperatura no Antárctico com um atraso de 4000 anos. Também, na saída da glaciação, ou seja, durante a deglaciação, o aquecimento precede o aumento da concentração do CO2. Aqui a desfasagem em atraso é de 800 anos.

Haverá alguém minimamente honesto que seja capaz de continuar a afirmar que é o dióxido de carbono que comanda a temperatura? Seguramente, não! As concentrações de CO2 caem durante os períodos de glaciação. Descem lentamente para níveis da ordem de 180 ppmv a 200 ppmv (Fig. 64).

Pode-se perguntar: - Para onde vai o CO2 durante a glaciação? Uma resposta óbvia encontra-se na vegetação, tanto no mar como em terra. Pode-se verificar na ampliação da Fig. 65 que existe uma oscilação sazonal de 6 ppmv a 7 ppmv.

No Hemisfério Norte, o pico sazonal é alcançado em Maio e o mínimo no Outono, em função do ciclo da vegetação. Esta absorve durante o Outono-Inverno e devolve à atmosfera durante a Primavera-Verão.

Mas as variações na biosfera não podem realmente explicar a variação paleoclimática porque durante os períodos frios a grande redução da biomassa existente no planeta reduz consideravelmente a capacidade de armazenamento de carbono que pode ser mantido pela vegetação.

O reservatório dos oceanos armazena 50 vezes mais carbono do que o reservatório atmosférico. Pensa-se que, durante os períodos de glaciação, particularmente no Hemisfério Sul, são os oceanos que regulam o ciclo de carbono porque:

· A água fria absorve mais CO2;
· A acumulação de carbonatos e materiais carbonáceos aumentam durante as glaciações.

Têm sido avançadas várias hipóteses para explicar a evolução física (das águas superficiais e de profundidade, passando pelas camadas médias) e biológica (envolvendo a fixação do carbono pelo plâncton).

Porém, não existe nenhuma explicação concordante. Vários autores afirmam mesmo que não há explicação para a existência de uma relação forte entre o CO2 atmosférico e a temperatura do ar antárctico.

Actualmente, ninguém consegue explicar a diferença de 80 ppmv a 100 ppmv entre os períodos glaciários e interglaciários. As concentrações de CO2 aumentam durante as fases interglaciárias atingindo níveis presumíveis de 280 ppmv a 300 ppmv.

As taxas de crescimento das concentrações são notavelmente mais rápidas quando comparadas com as taxas de decrescimento nos períodos frios (Ver Fig. 64). Existe um atraso na resposta da concentração enquanto a temperatura está a variar.

O atraso deve-se ao período latente que é necessário para a vegetação poder espalhar-se no seu antigo território (com os níveis do metano reflectindo as mudanças da biomassa global). Os oceanos também atrasam até se tornarem uma fonte de armazenamento de CO2, nomeadamente nas áreas de água quente dos Trópicos.

Deste modo, aparece uma questão complexa. Ou seja, não existe ligação aparente. Esta questão é de grande importância. Permanece insolúvel, tanto para o passado como para o presente.

No caso presente, a questão que se levanta para o CO2 atmosférico relaciona-se com os ambientes marinhos e terrestres que absorvem aproximadamente metade das emissões de dióxido de carbono originadas pela combustão dos combustíveis fósseis.

Mas, não existe nenhum modelo oceânico que represente exactamente as suas variações de CO2 acumulado. Consequentemente, se os gases com efeito de estufa não controlam a temperatura, ou seja, o CO2 não é um estímulo que inicie o controlo do sistema climático.

Por outro lado, no presente, também parece que a temperatura não comanda (pelo menos directamente) a concentração dos gases com efeito de estufa.

Já na escala paleoclimática as concentrações dos GEE não são a causa, como outros parâmetros, mas, sem qualquer dúvida, o efeito. Esta dinâmica mantém-se actualmente indefinida.

O designado cenário do efeito de estufa não se aplica no longo prazo (paleoclimático). Portanto, a análise dos climas do passado não serve para projectá-los para o futuro. Pode-se perguntar: - “Então qual é o mecanismo climático que explica a dinâmica da atmosfera?”.

Resposta: - “Talvez sejam os anticiclones móveis polares!”. Havemos de voltar aos AMP, até por pedido insistente de leitores.

Nota: A Fig. 65 foi obtida do artigo «Sinks for Anthropogenic Carbon», de Jorge L. Sarmiento et Nicolas Gruber
Obs.: A análise interpretativa das Fig. 62 a 65 foi feita com a ajuda, que muito nos honra, do prof. Marcel Leroux.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Evolução no Holoceno

(continuação)

As variações climáticas no Holoceno são um campo fértil de experiências e conclusões. Os níveis de CO2 variaram pouco durante este período (~20 ppmv). Partido de um máximo no início do Holoceno, os níveis desceram até há cerca de 8 000 anos atrás.

Em seguida iniciaram uma subida lenta até ao início da era pré-industrial. Assim, uma margem tão pequena de 20 ppmv não parece suficiente para explicar o Óptimo Climático do Holoceno (HCO em terminologia anglo-saxónica).

O HCO decorreu há 4000 a 7000 anos atrás. Então, a temperatura (média global) chegou a atingir valores superiores a 2 ºC em relação à actual.

O pequeno valor de 20 ppmv também não explica os episódios abruptos de arrefecimento que se verificaram no Holoceno. Este período foi menos estável do que se pensava (vide deMenocal).

De igual modo, parece inexplicável como uma variação de 100 ppmv (verificada na passagem de 200 ppmv para 300 ppmv) esteja associada às variações entre períodos glaciários e períodos interglaciários.

Também é estranho que uma variação de aproximadamente 100 ppmv tenha feito cair a temperatura do Antárctico de mais de 10 ºC (ver Fig. 64), ou tenha feito cair 6 ºC na média global.

Tudo é pouco consistente entre variações verificadas nos 420 mil anos (100 ppmv) e as dos últimos 150 anos (80 ppmv) que estariam associadas a uma pequeníssima elevação de temperatura de 0,6 ºC – 0,8 ºC.

Considerando o mesmo valor de 10 ppmv para o acréscimo das concentrações, é possível resumir o raciocínio do seguinte modo:

· Uma variação de 10 ppmv correspondeu no passado a uma variação de cerca de 1 ºC no Antárctico ou 0,6 ºC na globalidade;
· O mesmo valor de 10 ppmv correspondeu no presente a uma variação de 0,07 ºC – 0,10 ºC;

Donde:

· Se aplicarmos a lógica do passado (0,6 ºC – 1ºC para 10 ppmv), então a temperatura deveria ter subido 6 ºC – 8 ºC no presente (upa! upa!);
· Se aplicarmos a lógica do presente (0,07 ºC – 0,10 ºC para 10 ppmv) a variação térmica em 400 000 anos não teria excedido 0,7 ºC – 1 ºC!

Em termos de sensibilidade climática (conceito do agrado do IPCC), os valores variariam entre 0,007 ºC/ppmv e 0,1 ºC/ppmv. Estamos perante uma gama sem nexo.

Na hipótese, meramente académica (mas admitida pelo IPCC), de duplicar a concentração entre 1990 e 2100, passando de aproximadamente 350 ppmv para 700 ppmv, a temperatura média global aumentaria, respectivamente, entre 2,45 ºC e 35 ºC!

Ameaçar com estes valores exóticos era ideal aos governantes para justificar mais aumentos de impostos.

A pretensa co-relação física (não estatística) entre concentração de GEE e temperaturas é mera ficção. Isto é, os níveis de CO2 do passado (estimados) e os níveis de CO2 do presente (medidos) não são comparáveis do ponto de vista climático.

Jaworowski afirmou que os estudos de paleoclimatologia não podem fornecer uma reconstrução da evolução da concentração do CO2 do passado com um grau de confiança suficiente.

Já se disse anteriormente que os processos físico-químicos da formação e evolução das bolhas de ar dos cilindros de gelo alteraram a sua constituição química. Donde, não se pode comparar a estimativa do CO2 de uma bolha de ar (do passado) com a medida do CO2 no ar propriamente dito (do presente).

A este propósito tem ainda interesse consultar o estudo publicado pela Academia das Ciências dos Estados Unidos da América «Rapid atmospheric CO2 changes associated with the 8,200-years-B.P. Cooling event».
(continua)

Nota: ppmv – partes por milhão em volume

terça-feira, novembro 21, 2006

Evolução no último milénio

(continuação)

Jaworowski colocou a seguinte questão: - Os níveis dos gases com efeito de estufa no passado e no presente são comparáveis? A dúvida existe, principalmente, quando se comparam valores de concentrações obtidos por métodos diferentes.

A evolução climática do passado é muitas vezes invocada como um argumento falacioso para comparar com o presente mensurável e, até, o futuro projectável. Este partis pris sistemático vai contra o próprio espírito da investigação científica.

Comecemos por analisar a evolução no último milénio. O IPCC publicou, em 2001, no seu Tecnical Summary, do grupo WG1, uma figura que se reproduz na Fig. 65 (Fonte: Jorge Sarmiento et Nicolas Gruber).

A curva representa a evolução da concentração atmosférica de CO2 no último milénio. Para começar, este tipo de curvas deveria indicar explicitamente os períodos que correspondem a medições com tecnologias distintas.

De facto, esta curva mistura medições obtidas através dos cilindros de gelo com medições feitas directamente na atmosfera. O IPCC afirma que «durante a era pré-industrial, a concentração de gases com efeito de estufa se apresentou relativamente constante».

Entre o ano 1000 e o ano 1800 (Fig. 64) o nível da concentração estimada pelos cilindros de gelo manteve-se de facto à volta de 280 ppmv (partes por milhão em volume).

Esta relativa constância poderia indicar que a temperatura também se manteve relativamente constante. Mas o que nos dizem as observações da temperatura?

Entre os anos 1000-1800 aconteceram nada mais, nada menos do que o Medieval Warm Period (MWP) e a Little Ice Age (LIA) períodos paleoclimáticos já nossos bem conhecidos. Ou seja, as temperaturas oscilaram e oscilaram bastante.

Então onde está a ligação física da causa-efeito entre a concentração de CO2 e a temperatura? Esta análise derruba claramente este mito! É o próprio IPCC quem fornece argumentos que se voltam contra as suas teses.

Ou seja, as temperaturas oscilaram bastante com uma diferença de concentração do CO2 da ordem de 4 ppmv a 5 ppmv. Estes resultados mostram que a variação da concentração do dióxido de carbono não teve qualquer influência no clima.

A função que relacionaria a temperatura e a concentração de CO2 na atmosfera teria de ser bastante bizarra e intratável.

Agora, as medidas dos cilindros de gelo, indirectas, e as directas (no Pólo Sul e em Mauna Loa) mostram que entre 1850 e 2000 a concentração de CO2 subiu rapidamente. Essa subida partiu de 310 ppmv e atingiu 370 ppmv.

Dizem-nos que em 100 anos foi a concentração de dióxido de carbono que provocou a subida de temperatura, o que não acontecera nos antecedentes 900 anos! Mas as questões duvidosas não se ficam por aqui.

Olhemos de novo para a Fig. 65. A forma da curva que representa a evolução da concentração do dióxido de carbono levante a seguinte dúvida: - Não será que a medida através dos cilindros de gelo está desvirtuada por qualquer fenómeno físico-químico que nos escapa?

Jaworowski afirma que as medições com as amostras de gelo não são comparáveis com as medições directas na atmosfera. As bolhas de ar contidas no gelo que serviram para medir as concentrações sofreram fenómenos físico-químicos que desvirtuaram o valor da concentração.

Essas bolhas de ar estavam localizadas entre 80 metros a 100 metros de profundidade do gelo antárctico. Não só no início, durante a formação da bolha, como no fim, com a compactação do gelo, alteraram-se os valores da concentração do dióxido de carbono.
(continua)

Fig. 65 - Concentração atmosférica CO2. Fonte: Jorge L. Sarmiento et Nicolas Gruber. Posted by Picasa

sábado, novembro 18, 2006

Relatório Stern

O Director-Adjunto de um dos maiores semanários do País sugeriu o envio de uma opinião sobre o relatório Stern. Foi-lhe enviado há mais de dez dias o artigo que se reproduz a seguir.

Relatório Stern – A história de um mito

(Rui G. Moura)

O estado a que chegou a climatologia

Todas as obras escritas, desde tempos imemoriais, sobre climatologia, a nível mundial, podem hoje ser reduzidas a um só livro. Mas o livro poderia conter apenas uma página. E essa página bastava ter escrita apenas uma linha. E nessa linha era suficiente escrever três palavras: “dióxido – de - carbono”.
Eis ao ponto a que chegou uma ciência ainda tão débil. Hoje em dia já só se debate o dióxido de carbono. Se a temperatura sobe, a culpa é do dióxido de carbono. Se chove a culpa é do dióxido de carbono. Se não chove, lá está o dióxido de carbono a fazer das suas. Se há ondas de calor é a prova das emissões de dióxido de carbono. Um dia destes, um jornal dito de referência, a propósito do relatório Stern apresentava uma fotografia de um nevão recente nos Estados Unidos da América: a culpa era do dióxido de carbono. O dióxido de carbono explica tudo. Mas uma coisa que explica tudo não explica nada.

A paranóia das alterações climáticas

Quem prova que não existem “alterações climáticas” no sentido em que se tornou uma doutrina oficial é, no mínimo, catalogado de amigo do Bush ou de estar a soldo das petrolíferas. O debate científico ficou reduzido ao dióxido de carbono e ao ser ou não ser amigo do Bush. Ah, e a estar ou não estar ao serviço das petrolíferas… Já fomos acusados destas infâmias por gente que só sabe recitar a cartilha do «global warming» promovida pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change). Colocam palas à volta dos olhos e só vêem dióxido de carbono por todo o lado…
Pois aqui têm mais afirmações a acrescentar ao rol de culpas a assacar antes de me enviaram para o cadafalso:

- O Árctico não está a aquecer mas a arrefecer e aquecer simultaneamente;
- O Antárctico não está a aquecer mais está a arrefecer na sua esmagadora maioria e a aquecer numa pequena parte da designada Península de Larsen B;
- A pressão atmosférica está a subir em Portugal e na Europa contrariamente ao que deveria acontecer se fosse verdadeira a existência do «global warming»;
- Sobre os continentes, nomeadamente o europeu, as aglutinações anticiclónicas – do tipo do anticiclone dos Açores – estão a ser mais frequentes, especialmente nos Invernos, mas também nos Verões, com consequentes estabilidades anticiclónicas, vagas de frio e de calor;
- O tempo tornou-se, desde 1976, mais violento e mais irregular com tempestades de vento que conduzem mais calor tropical, latente e sensível, em direcção aos pólos;
- Na zona tropical – tanto no Atlântico como no Pacífico – não há nenhuma relação entre a ciclogénese (Katrina, por exemplo) e a temperatura, seja do ar seja dos oceanos;
- As mal designadas “alterações climáticas” têm o aspecto das premissas de uma primeira fase de um glaciação (guardem-se as devidas proporções na escala temporal que não se coaduna com o tempo de vida dos humanos).


Tudo isto não tem nada a ver, mas rigorosamente nada, com o «global warming» nem com as famosas «alterações climáticas». Tanto um como a outra são mitos oportunisticamente utilizados como espantalhos para tentar resolver outros problemas: a poluição atmosférica e a dependência energética, especialmente, de produtos petrolíferos. Estão a preparar o País para enfrentar o calor e pode vir aí o frio (dentro de uma a duas décadas).

Ah, é verdade, pediram-me para dar uma opinião sobre o relatório Stern. Mas valerá a pena perder tempo com esta inutilidade? O relatório Stern é apenas mais uma peça que se coloca no puzzle e que aparece sempre nas vésperas de reuniões inúteis como a de Nairobi. Relatórios deste tipo servem para pressionar os governos a prosseguirem uma política energética errante. Agora já se entrevê a energia nuclear sem qualquer justificação climática. Mas é sempre com dióxido de carbono que se pretende justificar soluções que interessam a alguns mas não a todos. Quando o mesmo grupo de pessoas se reuniu em Buenos Aires, por esta altura mas de 2004, apresentaram o inenarrável relatório ACIA (Arctic Climate Impact Assessment) que prenunciava o fim do Árctico e a morte à fome dos ursos. Mas quem serão os ursos? A crítica a este relatório ACIA pode ser encontrada no blogue (http://mitos-climaticos.blogspot.com/).

Já alguém ouviu falar no “culpado” desta situação climática? Tem o nome de Anticiclone Móvel Polar. Foi descoberto pelo Prof. Marcel Leroux, jubilado da cátedra de Climatologia da Universidade de Lyon. Faz o favor de ser meu amigo. Recentemente, em Estocolmo, perguntei-lhe: - “Quando é que pensa que vai acabar esta impostura científica?” Respondeu-me: - “Quando alguém responsável disser que tudo não passa de um mito e passarem a palavra uns aos outros”.
A climatologia, em particular, e a ciência, em geral, passa por um crise violentíssima que vai ter grave consequência num futuro próximo. Tudo por causa do dióxido de carbono. Que afinal até é útil à vida do nosso planeta.

Ramada, 7 de Novembro de 2006

quinta-feira, novembro 16, 2006

Paleoclimatologia

Zbigniew Jaworowski, cientista polaco, apresentou, no simpósio de Estocolmo, a comunicação «Atmospheric CO2 ice records – truth or artifacts?». É pois altura de nos debruçarmos um pouco sobre a paleoclimatologia.

O estudo dos cilindros de gelo do Antárctico retirados pela estação Vostok permitiu avaliar a evolução do clima dos últimos 420 mil anos (Fig. 64). Esta análise mostrou como os parâmetros orbitais da Terra influenciam o seu clima.

A variação da excentricidade da órbita da Terra, representada na figura por uma série de quatro grandes ciclos, teve um período de cerca de 100 mil anos. Dentro de cada grande ciclo, de glaciação-período interglaciário-glaciação, verificaram-se variações com durações mais curtas.

As variações mais curtas estão associadas à modificação da obliquidade do eixo de rotação da Terra e à precessão dos equinócios. Estes resultados gerais da análise dos cilindros de gelo vieram confirmar as teorias propostas por Milankovitch, em 1924.

A causa desta evolução cíclica é exterior ao sistema climático. Isto é, existiu uma causa externa a todos os parâmetros analisados que os obrigou a variar de um modo cíclico. A causa dependeu da posição da Terra em relação ao Sol. A posição variou de acordo com leis da mecânica celeste.

Detectam-se co-variações (variações no mesmo sentido) entre as concentrações de CO2 e CH4, o excesso de deutério, o volume de gelo, o conteúdo de cálcio, as poeiras …e a correspondente temperatura deduzida pela análise dos isótopos da água.

Estas co-variações resultaram de “forçamentos” exteriores ao nosso planeta. Todos os parâmetros variaram de acordo com leis semelhantes. Por isso, é possível co-relacioná-las estatisticamente. Mas isso não quer dizer que existam relações físicas entre elas.

Por exemplo, não se deve esquecer que a evolução da temperatura nesta escala temporal é consequência da insolação (acumulação de energia solar) nas elevadas latitudes austrais (onde se situa a Vostok).

A co-relação estatística da evolução da temperatura com a evolução co-variante de outro parâmetro (CO2 e CH4, por exemplo) não implica uma relação física de causa-efeito bem determinada.

Se houvesse uma ligação física, isso poderia significar que as variações das concentrações do CO2 e do CH4 teriam determinado a evolução da temperatura.

Se fosse esse o caso, seria necessário fazer uma demonstração de causa-efeito. Primeiro do que tudo seria necessário demonstrar o mecanismo da periodicidade das variações desses gases. Mas essa demonstração não existe.

Ou seja, ressalta a seguinte questão: - As concentrações do CO2 e do CH4 dependem de parâmetros astronómicos? Seria estranho que tal acontecesse. É óbvio que uma tal dependência é espúria. Elas não podem ser a causa da evolução da temperatura.

Os parâmetros orbitais é que determinaram a evolução da temperatura. Dizer, como o faz o IPCC, que «as variações das concentrações dos gases pode ter ajudado a amplificar os ciclos das eras do gelo» (IPCC, 2001), não altera em nada a natureza do problema inicial.

Essa afirmação transforma simplesmente a causa inicial (gases com efeito de estufa controlando a temperatura) numa causa secundária (gases com efeito de estufa contribuem para a amplificação do efeito de estufa).

Não podemos de facto ajudar a resolver o problema anunciando o paralelismo entre variações da temperatura do ar e o conteúdo dos gases com efeito de estufa.

Pode haver um maior ou menor paralelismo, ou concomitância, ou coincidência, ou simultaneidade mas não há certamente uma co-relação física que nada nem ninguém ainda demonstraram.

Para ser válida a co-relação física, e não apenas estatística, ter-se-ia de demonstrar uma relação física nos dois sentidos.

A paleoclimatologia revela claramente esta inaceitável confusão. A confusão envolve tanto o passado como o presente, entre co-relações estatísticas, ligações físicas e meras co-variações com desprezo pela realidade física dos fenómenos climáticos.
(continua)

Nota: A Fig. 64 foi retirada do artigo «Climate and atmospheric history of the past 420,000 years from the Vostok ice core, Antarctica», Nature, vol. 399, 429-435, cedido gentilmente pelo autor Jean Robert Petit a quem se agradece publicamente.

Fig. 64 - Cilindro de Vostok. Fonte: Petit et al. NaturePosted by Picasa

terça-feira, novembro 14, 2006

Astrofísica e clima

Willie Soon é um astrofísico que trabalha no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics. Juntamente com uma astrofísica do mesmo Centro, Sallie Baliunas, defende que o designado aquecimento global tem sido causado pelas variações solares.

Sallie Baliunas, que fora igualmente convidada para o simpósio de Estocolmo, não pôde comparecer. Deste modo, Willie Soon ocupou não só o seu tempo como também o da sua colega com a extensa comunicação «Solar variability and Arctic change».

A comunicação é demasiado especializada para ser aqui transcrita. Soon afirma existir uma correlação muito estreita entre a variação total da irradiância solar e a temperatura da região do Árctico.

No fundo, explicou pormenorizadamente o que foi dito de forma mais simples no Mitos Climáticos, nas notas sobre «As variações da actividade solar» (1), (2), (3), (4) e (5). Apresentou inclusive as Fig. 14, 15 e 16.

Como a comunicação era dirigida ao comportamento das temperaturas do Árctico, também apresentou, tal-qual, a Fig. 29 sobre as anomalias anuais das temperaturas do ar superficial do Árctico de acordo com Polyakov.

Como então se disse, sem tirar valor aos trabalhos de Willie, estas correlações não explicam a dinâmica do Árctico.

Para se conhecer o comportamento dos campos térmicos da região boreal tem de se recorrer à análise das trocas meridionais das massas de ar frias e quentes que saem e entram na região do Árctico.

Quando se analisou o relatório da ACIA, tivemos oportunidade de perceber como se comporta a dinâmica das temperaturas do Árctico.

Soon recorreu a factores cósmicos, magneto-galáticos e radiativos para explicar as perturbações vindas do espaço. Estas constituem factores exteriores à biosfera que podem contribuir para a variabilidade do clima.

Tem-se suspeitado, desde há vários séculos, que as variações da actividade solar têm estado na origem das alterações climáticas a longo prazo. Mas, até muito recentemente, o seu modo de acção permanecia desconhecido, exceptuando a hipótese de variação da “constante solar”.

Uma pista prometedora foi descoberta há cinco anos por físicos dinamarqueses. Dentre estes estão Friis Christensen e K. Lassen, fontes da Fig. 16 acima referida, e Henrik Svensmark (que também não esteve no simpósio, contrariamente ao previsto).

Segundo estes cientistas dinamarqueses, as variações do campo magnético solar modulam o fluxo dos raios cósmicos que entram na atmosfera.

Este fluxo exerce uma acção significativa sobre as propriedades reflectoras das nuvens. Segundo os físicos dinamarqueses, apoiados por Willie Soon, esta conclusão seria mais uma machadada na teoria do efeito de estufa antropogénico.

Por isso, os «warmers» reagem contra esta tese. Nomeadamente, houve em tempos uma polémica entre Soon e Hans von Storch. Este último estava no anfiteatro da Universidade de Estocolmo, mas desta vez não reagiu à apresentação de Soon.

Correcções: 1) "...têm estão..." por "...têm estado...". Gralha detectada por um leitor a quem se agradece o aviso. 2) Adicionado o link para Henrik Svensmark.

domingo, novembro 12, 2006

Modelos

O Prof. Doutor Lennart Bengtsson apresentou, no simpósio de Estocolmo, a comunicação intitulada «On the use of models to comprehend the climate system. What can be done? Where are the limitations?»

Bengtsson é um dos mais prestigiados especialistas de modelos meteorológicos-climáticos. São numerosos os prémios que já lhe foram atribuídos neste domínio. Recebeu prémios desde o do Instituto de Max Plank de Meteorologia, de Hamburgo, até ao da Organização Meteorológica Mundial.

O próprio nome da comunicação serviu para colocar algumas reticências às conclusões da aplicação de modelos. Em todo o caso Lennart é um defensor dos modelos como forma de melhorar os conhecimentos do sistema climático.

No entanto, também defende que os modelos têm melhor aplicação em meteorologia do que em climatologia. A escala temporal é muito importante. Uma coisa é aplicar um modelo para dois dias, outra é para cem anos.

A sua colaboração nos trabalhos do IPCC tem sido muito estreita. Afirmou que relativamente ao AR4 (Fourth Assessment Report) a apresentar no mês de Fevereiro de 2007, os resultados da maior parte dos modelos cai entre 0,1 ºC a 1,5 ºC de aumento da temperatura média global entre 1990 e 2100.

Mas, disse à cautela, não saber quais são os valores que vão ser anunciados pelo IPCC. Essa decisão é tomada a outro nível (político) que não o dos cientistas que praticaram os exercícios de simulação.

Aproveita-se a ocasião para emitir uma análise crítica ao uso e abuso dos modelos em meteorologia e climatologia. Os modelos são apresentados como referências absolutas. Ouve-se dizer: os modelos prenunciam, os modelos predizem, os modelos confirmam, os modelos negam…

A própria palavra ‘modelo’ dá a entender a perfeição, o ideal, o exemplo acabado de um exercício científico. Alguns utilizadores dos modelos chegam ao ponto de crer mais nos resultados dos modelos do que na realidade.

Os modelos são um perigo quando se esquece o objectivo do seu uso. São uma ferramenta de utilização importante para prospectar o futuro. Não mais do que isso. Encoberto no mistério da matemática e da física, um modelo está longe da realidade.

Não consegue abarcar toda a realidade. Se abarcasse a parte mais importante dela já era bom. Mas numa matéria tão complexa como a meteorologia e a climatologia nem isso consegue. O conceito real da circulação geral da atmosfera está ausente dos modelos.

Os modelos são indubitavelmente um avanço intelectual considerável. Mas nem o mais avançado nem o computador mais potente podem dar resultados fiáveis se se desconhecerem os fenómenos representados nas equações matemáticas.

O modelo (não se esqueça que estamos a falar de meteorologia e climatologia) é parcial e aproximativo. Não apreende senão uma parcela do que se pretende representar. É por isso que ele conduzirá ao malogro.

Em ciência, mesmo o malogro é fecundo. O malogro de um modelo teórico é o primeiro passo para construir outros modelos ou, até, novas teorias. O modelo precisa da sua comprovação.

No caso da meteorologia e climatologia, todos os modelos conhecidos conduzirão ao malogro. Quando tal for detectado concluir-se-á que eles não correspondem à realidade.
Nem sempre estamos certos do que é preciso modificar.

Mas os malogros dão-nos a conhecer que é necessário aperfeiçoar as ideais. Passo a passo, se fizermos o exercício da modificação dos conceitos, chegaremos ao êxito. Mas este é sempre temporário até novo aviso que o modelo ainda está longe da realidade.

A investigação típica contemporânea no domínio da meteorologia e climatologia tem de passar pela construção de modelos teóricos, a sua reprovação ou a sua comprovação. Esta fase só será alcançada quando o debate de ideias for aberto e não fechado como é actualmente.

Foge-se ao debate para se dar a ilusão de que não há dúvidas. Assim, pretende-se mostrar que está mais do que demonstrado o que se pretende fazer crer aos incautos. Teme-se que a existência de dúvidas ponha a claro afirmações sem base científica.

Nunca se deve esquecer que um modelo é uma representação abstracta da realidade através de um sistema de equações matemáticas. O modelo contém uma visão quantitativa e outra qualitativa.

A visão quantitativa é dada pela representação matemática que exprime o conhecimento teórico da realidade do problema a resolver. A visão qualitativa é dada pelo utilizador que emprega valores que julga válidos para o exercício a realizar.

Por melhores que sejam os valores a usar, se a visão quantitativa estiver distorcida os resultados são enganadores. Do mesmo modo se a visão quantitativa for boa (nunca será óptima) e os valores a utilizar (hipóteses) forem maus os resultados não podem ser bons.

O que se passa actualmente é que nem a visão quantitativa é boa nem a visão qualitativa é melhor.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Entrevista

Uma pequena entrevista com o editor do Mitos Climáticos foi publicada na newsletter digital deFrente do Grupo Algébrica.

As perguntas foram muito bem colocadas e encadeadas. O assunto está relacionado com o tema do blogue.

Como entretanto foi editada nova entrevista e a hiperligação não encaminha directamente para aquela, reproduz-se a seguir a pequena entrevista. As perguntas, feitas por António Coxito, estão realçadas a bold.

«1. O que é uma teoria científica?

Desde os meus tempos de estudante que nunca gostei de definições do género «a Física é a ciência que estuda os fenómenos físicos». Isto antes mesmo de se ter uma noção exacta do que são fenómenos físicos. Para definir o que é uma teoria científica talvez devêssemos começar por discutir se a teoria começa quando se nos colocam problemas para resolver ou se ela termina com mais problemas. O que se coloca primeiro é o problema ou é a teoria? Em todo o caso podemos definir uma «teoria científica» como uma solução provisória para explicar determinado(s) fenómeno(s) da Natureza. Provisória porque se admite que ela venha a ser refutada e substituída por outra que explique melhor e faça melhores previsões. Assim, uma teoria para ser científica tem de admitir a possibilidade da realização de um ensaio – nos tempos mais próximos – que a possa refutar. Mas, mesmo o facto de a teoria resistir a esse ensaio não quer dizer que ela seja uma solução definitiva.

2. É pretensioso dizermos que o Homem pode influenciar o clima do Planeta?

É não só pretensioso como errado. Desde Arrhenius que se coloca esta questão. O clima (o que é o clima?) do nosso planeta é influenciado por um grande número de fenómenos, nem todos ainda suficientemente bem explicados. Depende inclusive de parâmetros astronómicos. Isto é, também depende dos planetas nossos vizinhos. Uns fenómenos têm maior influência do que outros. O homem, como ser da Natureza, não tem capacidade para ter uma influência determinante no clima. Confunde-se clima com a poluição. Aqui sim, o homem tem uma influência enorme. Mas no clima não.

3. Resumidamente, o que diz a Teoria dos Anticiclones Móveis Polares?

Aqui está umas das perguntas que para se responder completamente teríamos de escrever um tratado de meteorologia e climatologia. Resumindo, a teoria dos AMP explica a circulação geral da atmosfera (mais propriamente no estrato inferior da troposfera) que é determinante – mas não única – para a dinâmica do tempo e do clima. Esta teoria explica que os AMP são os principais responsáveis tanto nas altas como nas baixas latitudes pelas variações da pressão atmosférica, pelas direcções e velocidades do vento, pela temperatura, pela humidade, pela nebulosidade e pela pluviosidade. Em resumo, os AMP são responsáveis pela variação perpétua do tempo e pela variação do clima. Essa responsabilidade vem desde tempos imemoriais até aos nossos dias. São os AMP que iniciam as glaciações e as terminam. Nos períodos interglaciários, como o que vivemos, responsabilizam-se pela irregularidade do tempo e do clima que conhece curtos períodos de estabilidade conhecidos como óptimos climáticos. Nos nossos dias eles estão a preparar a próxima glaciação que pode ocorrer mais depressa do que se imagina. De facto, as mal designadas “alterações climáticas” não são mais do que as premissas da primeira fase de uma glaciação. Temos de guardar as devidas proporções pois a escala temporal do clima não se conforma com a duração da vida dos humanos.

4. Será possível incorporar num modelo matemático todos os dados de previsão climatológica?

Actualmente não. Não há nenhum modelo matemático-informático que tenha incorporado a teoria dos AMP. E, como se viu, eles são determinantes para o clima. O que torna aliciante para a previsão climática é que os AMP são imprevisíveis nas suas trajectórias. Neste momento, os climatologistas da Universidade de Lyon estão a estudar a estatística das trajectórias dos AMP boreais. Com esse estudo poder-se-á calcular o integral da potência desenvolvida no movimento de um AMP desde que nasce até a um determinado ponto. Se for possível integrar todos os dados para uma previsão climatológica poupar-se-ão muitas vidas humanas. Em todo o caso, com as observações dos satélites meteorológicas, desde que nasce um AMP já se poderia prever com alguma precisão as consequências dele durante a sua trajectória. Mas o drama é que, infelizmente, os serviços meteorológicos – não só os nacionais – ainda não conseguem fazer essa avaliação por não dominarem a teoria dos AMP. Por exemplo, se o centro de Miami especializado em furacões estivesse apto a incorporar os AMP nos seus modelos (que se baseiam nas médias anuais) muitas vidas humanas teriam já sido poupadas. De facto, um furacão procura seguir a trajectória onde encontra as pressões mais baixas. Ora, isso acontece nas faces frontais dos AMP. E em Miami desconhecem os AMP!


5. Quais os responsáveis por esta desinformação: os “climatocratas” com os seus modelos informáticos, ou os media com as suas novelas sensacionalistas?

Os dois. Os climatocratas-modeladores porque se convencem e querem convencer que dominam a “máquina do tempo”. Os media porque adoram angustiar a opinião pública. A angústia é o produto que mais vende quando inscrito no papel que se compra cheio de “bad news” (good news are not news). E, as “bad news” propagam-se a um a velocidade próxima da velocidade da luz no vazio.

6. Qual o efeito que o bater de asas de uma borboleta sobre os céus de Hong-Kong pode ter sobre o clima de Lisboa?

Nenhum. Essa ideia está associada à teoria do caos. E a circulação atmosférica é tudo menos caótica. Os AMP são constituídos por massas de ar frio absolutamente bem organizadas. O caos só existe nas explicações de quem não sabe explicar o que se passa nas camadas baixas da troposfera.»

Obs.: A reprodução da entrevista foi feita no dia 2006-11-11. O original pode ser alcançado directamente aqui.

quarta-feira, novembro 08, 2006

ACIA. Dinâmica da temperatura do Árctico

(continuação)

A ACIA desconhece as leis que regem a dinâmica das temperaturas do Árctico. As afirmações feitas anteriormente indicam que é absolutamente necessário fazer o exame da efectiva dinâmica das trocas meridionais.

As trocas meridionais são responsáveis pelo campo de temperaturas (e pelo campo de ventos, e pelo campo das pressões) da região do Árctico. O sinal térmico é apenas moderado devido à alternância dos fluxos de ar vindos do Sul e idos do Norte.

Estes fluxos em sentidos contrários provocam a quase anulação das variações dos valores médios da temperatura em jogo. Por isso é que o valor médio das temperaturas nesta região não tem significado físico importante.

No entanto, apesar da natureza moderada do sinal, o resultado médio do campo térmico apresenta-se especialmente bem explicitado. O que revela bem a dinâmica aerológica do Árctico, com as suas origens e os seus destinos.

As regiões que apresentam arrefecimento estão associadas às trajectórias preferenciais das massas de ar frio que saem do Árctico bem organizadas pelos anticiclones móveis polares (AMP).

E as regiões que mostram aquecimento estão associadas ao ar quente ciclónico que entra na região boreal vindo do Sul (desviado pela parte frontal dos AMP).

A co-variação entre o arrefecimento e o aquecimento, elucidativamente confirmada pelas figuras relativas ao Inverno (Fig. 62, do lado direito), representa a relação física real que se explica pelo conceito dos AMP.

[Alguns leitores queixam-se das explicações demasiado técnicas, em relação ao nível geral dos seus conhecimentos, mas tem de ser assim quando não há outra forma de explicação].

Recordemos duas das regras (ignoradas pelo IPCC-Intergovernmental Panel on Climate Change, pela NASA-National Aeronautics and Space Administration e pela NOAA-National Oceanic and Atmospheric Administration) que governam a dinâmica deste mecanismo e os consequentes efeitos térmicos.

· Quando há um défice térmico polar atenuado, os AMP são fracos e causam um ligeiro aquecimento localizado. A resultante matemática da temperatura média mantém-se próxima da ‘normal’.
· Quando há um défice térmico polar acentuado, os AMP são fortes e provocam um maior aquecimento localizado. A resultante matemática da temperatura média é superior à ‘normal’.

É esta última regra que se verifica na actualidade. O IPCC, a NASA, a NOAA e os seus seguidores chamam “aquecimento global” e “alterações climáticas” ao resultado deste fenómeno!

Do mesmo modo, as variações nas respectivas áreas dos AMP e dos ciclones polares (depressionários) são capazes de provocar variações na extensão dos campos térmicos. O ar frio ocupará muito menos espaço do que o ar aquecido.

Nessas condições, o ar frio também se moverá para o exterior da região polar mais rapidamente. Define-se assim o modo rápido de circulação. Este modo aparece nos Invernos.

Ninguém pode fazer projecções acerca do futuro térmico do Árctico colorindo-o totalmente de vermelho como fez a ACIA. É uma impossibilidade física total! Comprova-se, com esse absurdo, o total desconhecimento da dinâmica do Árctico.

É inegável que algumas regiões bem definidas do Árctico tornar-se-ão mais frias no futuro longínquo (como é explícito na imagem dos Invernos passados recentes) se se mantiver a evolução da actual dinâmica.

Todas as figuras da ACIA que mostram as projecções térmicas do Árctico, de certeza, deviam apresentar zonas pintadas a azul (arrefecimento) acompanhando as pintadas a vermelho (aquecimento).

Quanto mais profundo for o vermelho das zonas aquecidas, mais profundo deve ser o azul das zonas arrefecidas.

As figuras das projecções da ACIA com temperaturas de superfície até 2090, da região do árctico, estão totalmente erradas!

O suposto significado destas (e de outras!) imaginativas projecções não tem qualquer interesse. Nem para o Árctico, nem para a completa circulação do Hemisfério Norte.

Com excepção para as figuras das tendências das evoluções dos últimos 50 anos, que são muito úteis, o extenso (e caro) relatório da ACIA não tem qualquer interesse científico.

De facto, a “chave dos impactes”, apresentada no relatório, sobre o ambiente, a economia e a vida das pessoas são apenas ficções, imaginações e historietas.

A inevitável ameaça para os ursos polares (que está destacada na página 3 do relatório da ACIA: ‘a retracção do gelo marinho diminuirá o habitat dos ursos polares”, ACIA 2004) é uma brincadeira de mau gosto. Esta imagem saltou facilmente para os media, e não só!

Este exemplo do relatório da ACIA mostra a falta de entendimento que existe entre os que defendem o cenário do IPCC e aqueles que o questionam. Também aponta claramente onde se situa a diferença abissal: é uma questão de fractura na compreensão dos fenómenos.

A análise climatológica dos 50 anos de observações no Árctico é, de certo modo, tradicional, baseada nas médias e muito regionalizada. É portanto de grande valor. Seria mais preciosa se fosse usada como a base de um argumento lógico.

Mas esta reflexão lógica está ausente no relatório da ACIA. Há uma falta de ligação na cadeia explicativa, um vazio no pensamento. O vazio na reflexão é, na verdade, devido a uma falta de esquematização das observações e do seu significado dinâmico.

O abismo é profundo em relação à maior parte do relatório da ACIA. É um relatório inútil perante os erros manifestos. Não se compreende como há tanta gente agarrada a uma explicação sem nexo de causa-efeito.

Existem muitos outros exemplos que poderiam ser apresentados para ilustrar a enorme falta de compreensão que se apresenta neste debate, quando ele existe, para se reconhecerem os erros de avaliação e de diagnóstico.

Nota: Os 3 posts relativos ao relatório ACIA foram suportados pelas lições do Prof. Marcel Leroux que também participou no simpósio de Estocolmo.

domingo, novembro 05, 2006

ACIA. Futuro longínquo

(continuação)

Para cada uma das figuras da evolução recente das temperaturas (Fig. 62), o relatório ACIA faz corresponder outras duas figuras (anual/Inverno) para ‘as projecções das evoluções das temperaturas’ em 2090 (Fig. 63).

A Fig. 63 tem a particularidade de mostrar apenas cores de laranja e vermelha. Isto é, a ACIA generaliza o aquecimento. Será de admirar? Não, pois o relatório ACIA utiliza como base de dados, para os seus inputs, os cenários do IPCC.

Alem disso, o modelo que usou não tem em consideração a dinâmica do Árctico. Esta é desconhecida da ACIA. O truque é o mesmo que foi utilizado no projecto SIAM (Mudança climática em Portugal) e noutros estudos que falam das extinções das espécies.

Os outputs do IPCC (obtidos com modelos climáticos que não representam a realidade e hipóteses arbitrárias de desenvolvimento económico) não têm qualquer significado físico, climático ou científico. São especulação informática.

Esses outputs, têm servido de base para estudos que ainda menos significados têm! Ainda se fosse para ficar, heuristicamente, no recato dos gabinetes, vá que não vá.

Mas, a partir do momento que são tornados públicos com pompa e circunstância, tornaram-se numa trapaça. Pena é que alguns cientistas caiam nesta esparrela. A ambição de se tornarem alvo do mediatismo ensombra as suas virtudes.

Devem-se colocar questões pertinentes acerca das projecções do relatório ACIA para o futuro climático.

A que fenómeno se pode atribuir a distribuição heterogénea da evolução das temperaturas nas décadas recentes (Fig. 62)? A algum acaso? Qual é a causa que originou uma organização tão perfeita das áreas com arrefecimentos e aquecimentos?

Pode-se desde já avançar com as seguintes afirmações (Marcel Leroux):

· O Árctico não está sujeito a uma evolução homogénea.
· A distribuição dos campos térmicos é idêntica, tanto para a escala anual como para a invernal, o que demonstra a existência de um mesmo mecanismo.
· A escala dos Invernos apresenta uma maior intensidade na variação (como aliás em toda a parte) do mesmo fenómeno que provoca aumentos e reduções de temperatura da mesma ordem de grandeza de + 2 ºC e – 2 ºC, conforme as sub-regiões do Árctico.
· Também na escala invernal, no Pacífico Norte (sub-região III do relatório ACIA), a Sibéria oriental sofreu uma redução da temperatura, enquanto o Alasca e o Yukon canadiano sofreram aumentos de temperatura.
· As configurações das temperaturas no Árctico são comparáveis ao que se passa no espaço aerológico do Atlântico Norte (não representado no relatório ACIA).

Assim, a ausência de uma tendência uniforme e/ou a alternância das tendências de aquecimento e de arrefecimento, torna impossível aplicar mecanicamente as mesmas taxas de aumento (a mesma regra de três) a todos os sectores do Árctico.

Isto é, não se pode utilizar o argumento de que os resultados do relatório ACIA estão conformes com todas as curvas dos cenários do IPCC que só apresentam crescimentos. Claro, os modelos estão concebidos para esta conclusão.

O relatório ACIA diz-nos que ‘algumas variações sub-regionais são o resultado de variações bruscas nos comportamentos da circulação atmosférica… A região I (Fig. 61) é particularmente susceptível às variações da Oscilação do Atlântico Norte (NAO) …’

Mas não estamos apenas discutindo uma pequena sub-região. Estamos a discutir todas as variações (aumentos e diminuições) ao longo de todo o Árctico. E, além disso, estas variações são indissociáveis de todo o Hemisfério Norte.

Como a ACIA pensa que a NAO “está associada a uma possível resposta ao crescimento dos gases com efeito de estufa” (saliente-se a referência aos GEE, no relatório ACIA, como um reflexo dos cães de Pavlov), está tudo esclarecido.

Ou seja, a ACIA não percebe o mecanismo real da evolução climática do Árctico. Como tal, tira conclusões erradas, engana os media e estes fazem de caixa-de-ressonância para enganar os políticos e a opinião pública mundial.

Mas não é só a ACIA que não domina a dinâmica do Árctico. Também a NASA e a NOAA não admitem o nível de conhecimentos para além dos clássicos. Daí que os seus diagnósticos acerca da real situação do Árctico sejam igualmente falaciosos.
(continua)

Fig. 63 - Projecções 1990-2090. Fonte: ACIA, Novembro de 2004.Posted by Picasa

quinta-feira, novembro 02, 2006

ACIA. Passado recente

Erland Källén, Prof. do Real Instituto de Tecnologia, onde se realizou o simpósio de Estocolmo, fez uma das apresentações de fundo designada «Arctic Climate Change».

Källén foi um dos autores do relatório “Arctic Climate Impact Assessment” (ACIA). A sua apresentação correspondeu a um resumo deste relatório.

Todos estamos recordados do alvoroço dos media internacionais e nacionais acerca deste relatório. Novembro de 2004 foi fértil em notícias espampanantes: «O Árctico está a derreter…os ursos polares ficam sem abrigo em 2070…os mantos de gelo estão a desaparecer mais depressa do que se previa…o relatório confirma…resultante do aquecimento global… devido aos gases com efeito de estufa…»

Mais coisa menos coisa, os jornais de todo o mundo repetiam a cartilha da ACIA. Nas várias publicações, as notícias acompanhavam fotografias que mostravam tudo: - os ursos famintos…o urso comportando-se como antropófago…o Árctico a desaparecer…as chaminés a deitar fumos…o exagero elevado à enésima potência.

E em que revista dita científica apareceu o relatório? Na respeitável ‘Science’, pois claro…

Este enredo, próprio de um filme de terror, atentatório da inteligência humana, não foi descrito por Erland Källén. A assistência não iria em cantilenas. Mas resumiu aquilo que a ACIA projecta: o desaparecimento do Árctico a médio prazo.

Em tempos, o Mitos Climáticos prometeu uma análise deste relatório. Chegou a altura de cumprir a promessa. Vale a pena olhar para ele, dado o importante papel que o Árctico desempenha na circulação geral do Hemisfério Norte.

A nossa atenção vai para o “Chapter 1 – An Introduction to the Arctic Climate Impact Assessment”. A Fig. 1.1, da página 2, está reproduzida na Fig. 61 do MC. A divisão em 4 regiões é semelhante à já apresentada anteriormente na Fig. 47.

Só que o relatório ACIA exagerou quanto à região do Árctico. Até Estocolmo faz parte da região do Árctico segundo a Fig. 61. De facto o círculo da figura deveria ter um raio bem menor.

Deste modo, as conclusões quanto às temperaturas seriam bem mais moderadas. Mas os erros não se ficam por aqui. Há outros bem mais graves.

As pág. 2 e 3 do relatório ACIA são dedicadas à evolução da temperatura dos últimos 50 anos, de 1954 a 2003. A Fig. 1.2 do relatório ACIA está reproduzida na Fig. 62 do Mitos Climáticos. Do lado esquerdo apresenta-se a média anual e do lado direito a média dos Invernos.

Relativamente à média anual verificam-se zonas de aquecimento (cor de laranja) e zonas de arrefecimento (cor azul). É notável que o próprio relatório ACIA mostra que no Árctico não existe homogeneidade de tendências termométricas.

Algumas zonas aqueceram 1 ºC em 50 anos (partes do norte da Gronelândia, Escandinávia e noroeste da Rússia). Outras arrefeceram 1 ºC (sul da Gronelândia, Islândia, Atlântico Norte e Pólo Norte, propriamente dito, e o norte da Escandinávia).

Os valores numéricos obtêm-se pela coloração indicada na escala que está entre as duas figuras (médias anual e invernal).

Quanto à média dos Invernos (Fig. 62), as zonas de arrefecimento (cor azul) são significativamente maiores. Cobrem as anteriores relativas à média anual. É na grande mancha azul do quadrante 4 onde se encontra o berço dos anticiclones móveis polares boreais.

A figura dos Invernos mostra que no Árctico e na zona do Atlântico Norte houve, durante 50 anos, um arrefecimento de 2 ºC (de acordo com as colorações da escala).

Neste arrefecimento invernal encontram-se o norte da Gronelândia (muitos AMP nascem aqui) com extensão ao oriente do Canadá.

Entretanto, nos Invernos, subiu a temperatura de 2 ºC a 3 ºC na Escandinávia (com excepção do norte com maior cobertura de arrefecimento) e no noroeste da Rússia.
(continua)
Fig. 62 - Observações 1954-2003. Fonte: ACIA, Novembro de 2004. Posted by Picasa
Fig. 61 - As 4 regiões. Fonte: ACIA, Novembro de 2004.Posted by Picasa

quarta-feira, novembro 01, 2006

Palavras finais

(finalização da palestra de Fred Goldberg)

Fred Goldberg não pretendeu discutir se o aquecimento recente é natural ou não. Destacou apenas que estranha o facto de a opinião pública estar muito alarmada com o aquecimento.

Qual é então a alternativa? O arrefecimento global com destruição de colheitas e a fome? Dir-lhe-ão: - o que desejamos é um clima estável para todo o sempre. Mas isso nunca aconteceu na história do clima. E, muito provavelmente, nunca acontecerá.

A memória dos homens é muito curta. Dura pouco mais do que uma geração. O frio traz perdas de colheitas para a alimentação humana. Arrasta consigo emigrações para sítios menos atingidos. Provoca guerras entre os sobreviventes.

A “fome da batata” na Irlanda, nos anos 1840, matou um milhão de pessoas. A perda das colheitas na Finlândia, entre 1866-1868, matou 100 mil pessoas. Este número representava 15 % da população finlandesa.

São apenas alguns exemplos. Deixou esta pergunta: - Será que a população mundial tem a noção que o clima frio é mais danoso do que o quente?

A terminar aconselhou a leitura dos seguintes livros:

- “How climate made history 1300-1850”, de Brian Fagan, ed. Basic Books,
ISBN 0-465-02272-3

- “Climate history and the modern world”, de Hubert Lamb, ed. Methuen London & New York,
ISBN 0-416-33440-7

Pode-se acrescentar o livro em francês:

-“Histoire du Climat”, de Pascal Acot, ed. Perrin,
ISBN 2-262-02161-9