sábado, abril 30, 2005

Pequena viagem pela Climatologia (1)

Em tempos, o receio de uma “nova idade do gelo” dos anos 70, do século anterior, a ameaça das “chuvas ácidas”, o “buraco do ozono” foram modas que encheram jornais e noticiários de TV.

Agora é o famoso “aquecimento global” de um planeta doente que é necessário salvar. O planeta é frágil diz quem tem argumentação, essa sim, frágil. Aguarda-se o aparecimento de um novo lobby com outra fantasia passageira.

Esta sucessão de interesses – muitas vezes oportunistas e fugazes – momentaneamente polarizada num ínfimo aspecto então em moda, não faz progredir qualquer disciplina científica, antes a mergulha numa crise que se pode estender por vários anos.

Não ceder às modas não é o melhor caminho para se publicar um artigo ou para obter financiamento para um projecto de investigação pelo que é necessário obter todos os sacramentos adequados utilizando as palavras-chave em voga, quer no seio de um comité de redacção duma revista científica ou de uma instituição encarregada de distribuir as prebendas.

Actualmente os cientistas do “global warming” estabelecido tomaram conta das “peer review” (revisão pelos pares) das revistas científicas mais conhecidas e rejeitam com toda a facilidade qualquer artigo que não diga ámen aos seus conceitos.

Mas, mais descaradamente ainda, vêm depois dizer que existem muito mais artigos pelo “sim” do que pelo “não” ao “aquecimento global”, como se a ciência se medisse a metro.

O livro de Copérnico refutando a teoria do geocentrismo demorou cem anos a impor a teoria do heliocentriasmo. Durante aquele século, quantos cientistas não andaram pelas cortes a dizer que eram mais os apologéticos daquela teoria?

Actualmente, em Portugal, apareceu um grupo de “cientistas” que não é capaz de interpretar um conjunto de imagens obtidas pela observação dos satélites meteorológicos mas consideram-se especialistas de alterações (confusões) climáticas.

Mal sabem eles que a sua “ciência” se baseia em falaciosas explicações da circulação geral da atmosfera, mais precisamente do estrato inferior da troposfera. Raciocinam exclusivamente no efeito radiativo já que não conhecem nenhum modelo de circulação geral.

Eles são facilmente manipulados por gabinetes de estudos como o Hadley Center que vendeu o SIAM a Portugal como se fosse sério predizer, prever ou projectar o nosso clima em 2100. E depois andam a enganar toda a gente incluindo o mais alto magistrado da Nação.

Um modelo de circulação geral, expressamente fundamentado no conceito de anticiclone móvel polar, existe desde 1980. Ele encontra-se pormenorizadamente explicado em obras de Marcel Leroux (Prof. de Climatologia da Universidade Jean Moulin, Lyon III, Director do Laboratório de Climatologia, Riscos Naturais e Ambiente, do CNRS) que os descobriu e definiu a partir das primeiras imagens dos satélites:

- La dynamique du temps et du climat. Collection Enseignement des Sciences de la Terre, 310 p., Editions Masson - Colin, Paris, 1996.

- Dynamic analysis of weather and climate. General circulation, perturbations, climatic evolution. J. Wiley ed., Praxis-Wiley series in Atmospheric Physics, London, New-York, Sydney, 365 p., 1998

- La dynamique do temps et du climat. 2ème édition, revue et augmentée. Collection Masson – Science, Dunod Ed., Paris, 366 p., 2000

quinta-feira, abril 28, 2005

A ditadura dos modelos e o folclore climático (3)

A modelação climática também impõe a sua «ditadura» sobre a meteorologia além da imposição sobre a climatologia vista anteriormente.

Sobre a meteorologia, em particular no domínio das previsões, onde os modelos são incapazes de prever o tempo a mais de 2 – 3 dias. Para além desse prazo, a taxa de confiança não é maior do que 3 em 5 (60 %) ou 2 em 5 (40 %), ou seja, apresenta a ordem de grandeza da possibilidade de acertar numa chance de entre duas hipóteses prováveis, o que já não constitui uma previsão! Resultado idêntico poderia ser obtido, com menores custos, através do lançamento de uma moeda ao ar.

Os modelos nem sequer podem prever o tempo do mês seguinte, e ainda menos num prazo mais alargado, visto que são sempre os mesmos modelos pois simula-se o clima com os mesmos modelos que são utilizados para prever o tempo que vai fazer no fim-de-semana.

Os modelos não conseguem reconstituir a evolução do clima do século XX. As simulações do passado que se apresentam como validações dos modelos são no fundo aproximações sucessivas realizadas com parâmetros exógenos que se modificam até se ajustar a simulação à realidade.

É completamente pretensioso dizer que qualquer modelo pode hoje prever o clima que vai existir dentro de um século, sem os dados dos próximos 99 anos. É isto sério?

Também é utópico pensar que o desenvolvimento dos computadores, tanto na rapidez de cálculo como na capacidade de resolução, vem melhorar a previsão. O que está em causa é a explicação conceptual da dinâmica do tempo e do clima que não é transponível para modelos informáticos por desconhecimento dos mecanismos em causa. O problema não está nos computadores mas sim nos modelos…

Quando se tenta prever o clima de 2100, não deve ser esquecido que são os próprios modeladores que colocam reticências. As incertezas são muito elevadas, as variações associadas aos diferentes parâmetros exógenos são da mesma ordem de grandeza dos erros do modelo e, assim, a acumulação destes factores de incerteza tornam ilusório a previsão detalhada de uma evolução do clima futuro.

Os modeladores, que estão na origem do «cenário de aquecimento global», têm de se consciencializar do erro em que estão envolvidos e que andam a propagar como de uma epidemia climática se tratasse.

E, sobretudo, os modeladores têm de deixar de fazer crer àqueles que não estão em situação de os julgar, que eles dispõem realmente de «modelos», isto é, no sentido próprio, de referências indiscutíveis e de dados incontroversos.

Só assim se extinguirá esta forma de ditadura. Primeiro pela conversão do IPCC num organismo sério e competente, depois pela transformação dos vários actores, nomeadamente os decisores políticos, de modo a serem capazes de representar peças com real interesse para a Humanidade em vez de andarem envolvidos no folclore climático dos nossos dias.

quarta-feira, abril 27, 2005

A ditadura dos modelos e o folclore climático (2)

A modelação climática impõe a sua «ditadura», tanto sobre a climatologia como sobre a meteorologia.

Sobre a climatologia, onde os estudos ditos de diagnóstico estabelecem invariavelmente «relações a distância» ou correlações estatísticas, isto é, em realidade, covariações, sem nunca demonstrar os eventuais laços de causalidade entre os parâmetros analisados.

Pode-se assim muito facilmente «estabelecer relações longínquas», por exemplo, entre as temperaturas da superfície do mar do Atlântico Norte e as precipitações sahelianas.

Também se podem deste modo estabelecer relações estatísticas entre fenómenos muito afastadas como o índice ENSO (El Niño Southern Oscillation) e as precipitações à escala global…

Mas estes fenómenos não têm qualquer relação física entre si por obedecerem a factores totalmente diferentes, estarem afastados por milhares de quilómetros ou pertencerem a unidades de circulação específicas, separadas por barreiras montanhosas que interditam qualquer comunicação nas baixas camadas.

Estas análises não servem para grande coisa, porque elas não fazem progredir um micron na compreensão, por exemplo, dos processos pluviométricos (donde os mecanismos reais são sempre ignorados pelos modelos).

Recorda-se por outro lado que os modelos são incapazes de precisar o sentido da causalidade das relações pressupostas, dado que falta o esquema explicativo de conjunto da circulação geral.

A interpretação pode então inverter o efeito pela causa, indiferentemente, e de acordo com as necessidades e a fantasia, o que só por uma grande sorte conduzirá ao entendimento dos fenómenos. É isso que acontece com no caso do El Niño considerado por alguns como um factor fundamental nas “alterações climáticas” embora ele se situe no fim da cadeia dos processos.

terça-feira, abril 26, 2005

A ditadura dos modelos e o folclore climático (1)

O discurso das alterações climáticas não é convincente, diríamos mais ele é mesmo incoerente. Poluição e clima, abusivamente ligados, devem estar dissociados.

A poluição é preocupante e deve ser tratada separadamente pelos especialistas destes problemas. Por seu lado, o clima, cuja ligação à poluição é especulativa, deve ser tratado pelos climatologistas. Isto é evidente. Cada disciplina tem muito a realizar no seu próprio domínio de competência e a actual mistura dos géneros diminui a eficácia das actuações respectivas.

Em climatologia a «ditadura» dos modelos deve ser particularmente combatida. As previsões, predições ou projecções são erradamente consideradas como o fruto idealizado de uma ciência meteorológica acabada. Os modelos são importantes mas a leitura dos seus resultados tem de ser cautelosa e nunca considerada como “palavra divina”.

As previsões só podem impressionar favoravelmente aqueles que não estão em condições de as julgar porque supõem resolvida a modelação dos fenómenos meteorológicos e que são perfeitamente conhecidos os seus segredos, como o da circulação geral, o que está muito longe de acontecer.

De facto, estas previsões resultam de aproximações, simplificações exageradas, incoerências e contradições de uma disciplina meteorológica em crise de conceitos, prisioneira dos seus velhos dogmas. Há necessidade de conhecer e discutir as suas limitações, o que ela não é capaz de demonstrar ou de resolver.

Os actuais modelos quase exclusivamente baseados no efeito de estufa antropogénico ocultam, por outro lado, os efeitos dos outros factores que influenciam o clima: o vapor de água, a turbulência atmosférica, a actividade solar, o vulcanismo, a urbanização, os parâmetros orbitais, os raios cósmicos, etc. E, sobretudo, a dinâmica das trocas meridianas deveria ser tida como um dos principais parâmetros dos modelos climáticos. Mas esta não é sequer tomada em consideração pelos actuais modelos, por mais aperfeiçoados que estes sejam.

No «Le Monde» de 24 de Fevereiro de 1995, o Prof. G. Dady, Director da Escola Nacional de Meteorologia, França, ao apreciar os modelos, de que foi um dos precursores, disse que «…a deriva redutora dos modelos é não somente perigosa, porque interpreta mal a realidade, mas também totalitária porque exclui parâmetros essenciais de explicação meteorológica e climatológica mas que não podem ser traduzidos em modelos informáticos

domingo, abril 24, 2005

“AQUECIMENTO GLOBAL”: MITO OU REALIDADE?

No «EXPRESSO» do dia 23 de Abril, no suplemento de «Economia & Internacional», Edição nº 1695, pág. 20, foi publicado o seguinte artigo do autor do blog Mitos-Climáticos.

No dia 27 de Fevereiro passado um anticiclone móvel polar (AMP) saído do Árctico cobriu a Escandinávia. No dia seguinte, 28 de Fevereiro, um AMP nascido na Gronelândia juntou-se ainda a outro que nasceu no Árctico nesse mesmo dia e sobrevoaram o sul da Escandinávia.

A conjunção destas duas massas de ar frio produziu uma potentíssima aglutinação de AMP que transferiu, no dia 1 de Março seguinte, rapidamente, ar frio em direcção ao sul da Grã-Bretanha e ao noroeste da França.

No dia 2 de Março o frio invadiu a Espanha. O ar frio do anterior anticiclone móvel polar fez cair neve sobre a Grã-Bretanha e a França. Esse frio foi estancado nas camadas baixas pelos montes Cantábricos, mas sobre os oceanos alimentou a circulação de ar que originou ventos atlânticos.

Em 3 de Março passado, mais um AMP invade a França e é estancado pelos montes Pirinéus – Cantábricos e pelos Alpes mas atinge o Mediterrâneo passando entre os desfiladeiros destas montanhas. O ar frio torna-se em ar húmido do Mediterrâneo (com a aglutinação dos anteriores AMP) e cai neve em Espanha, no sul da França, na Itália e até no Magrebe.

Ao mesmo tempo, um outro conjunto de AMP (oriundos da Gronelândia e do Árctico), aparece em 3 de Março e no dia 4 já está a atingir o norte da França. Esta aglutinação acaba por provocar um nevão no leste da França.

Este tipo de situação foi a regra, na Europa ocidental, durante as últimas 3 semanas de Fevereiro, provocando nevões (tal como já acontecera em Janeiro) e quedas de recordes de frio. No entanto, parte dos media manteve um silêncio sepulcral relativamente ao estado do tempo preferindo falar no aquecimento global e na entrada em “força” do Protocolo de Quioto!

Uma situação como a deste Inverno mostra claramente que a temperatura não é um problema abstracto a tratar pelos modelos climáticos teóricos mas sim o resultado das transferências meridianas de ar e de energia provocadas pelos anticiclones móveis polares que não só comandam o tempo nas altas e médias latitudes mas também os ventos e, finalmente, a circulação geral.

Ela mostra igualmente a direcção do fenómeno e identifica claramente qual é a causa e qual é o efeito. Mas há muitas coisas a dizer… Particularmente, este Inverno comportou-se exactamente ao contrário das previsões do IPCC.

Mas isto não é novidade para quem há muito diz que a teoria do aquecimento global devido aos gases com efeito de estufa de origem antropogénica não passa de uma pseudo – ciência saída dos modelos climáticos. Esta situação vai-se repetir nos anos próximos.

“Afortunadamente”…o Protocolo de Quioto entrou em «força» nesse exacto mês de Fevereiro, pelo que tudo está previsto para cortar o consumo de energia, nomeadamente a eléctrica, em todos os sítios onde ela seria necessária, como sejam nos hospitais (com pessoas a enregelar), nas escolas (os alunos e os professores a tiritar), nas fábricas (com os trabalhadores a baixar a produtividade) e nas habitações (com seres humanos a procurar meios antiquados de aquecimento para sobreviver).

A Natureza demonstrou em tempo real (visível através dos satélites) a gratuitidade do Protocolo de Quioto, dos PNAC, dos SIAM (tanto dinheiro deitado à rua…), etc.

É caso para agradecer aos decisores políticos e aos seus assessores, “cientistas” que têm a prosápia de se auto-intitularem especialistas em alterações climáticas…que não faltam a qualquer noticiário de TV para alarmar a opinião pública.

Todos eles deviam agora explicar a esta mesma opinião pública para que vai servir a transferência para o estrangeiro de cerca de 1000 milhões de euros dos portugueses em direitos de emissões que vão parar direitinhos aos bolsos de países como a Rússia, que se apresentará como nossa concorrente no mercado internacional, aumentado a competitividade das respectivas economias enquanto reduzem a de Portugal. E viva o desenvolvimento sustentável…em palavras.

E tudo isto sem o mínimo reflexo no clima, já que o designado mercado de carbono terá a mesma influência no clima que terá qualquer “marché aux puces”.

sexta-feira, abril 22, 2005

Alterações climáticas e alarmismo (4)

Apreciem-se mais algumas pérolas de origem nacional. Os modelos não previram (e prevêem eles alguma coisa acertada?) a situação da dinâmica deste Inverno passado.

Mas os autores e editores do PNAC e do SIAM preparam-se para dar mais uma cambalhota para justificar o injustificável. Nem o Popper imaginou uma teoria tão vasta, que explica tudo, incluindo o contraditório, pelo que nunca pode ser refutada.

«Os diferentes modelos de simulação da evolução do clima para o período 2000-2100 prevêem para a Península Ibérica um aumento da temperatura variando entre 4 ºC e 7 ºC, ou seja, um aumento superior às previsões do IPCC para a temperatura média global à superfície da Terra (1,4 ºC a 5,8 ºC).» – Programa Nacional para as Alterações Climáticas, Versão 2001 para discussão pública, pág. 21.

«Os resultados destes modelos indicam também, para esta região, um decréscimo da precipitação, com maior incidência nas zonas centro e sul, e uma alteração do padrão da distribuição da precipitação mensal, com um decréscimo substancial na Primavera e um aumento no Inverno.» – Id., pág. 21.

Seguem-se vários disparates como sejam a estimativa (?!) de «[…] um acréscimo das doenças transmitidas pela água, pelos alimentos ou por outros vectores (e.g. mosquitos, roedores, etc.) e a um agravamento dos problemas de saúde associados à poluição atmosférica;» – Ibid., pág. 21. Nem os roedores conheciam estas estimativas (?!).

«O padrão geral da distribuição da precipitação mensal, obtida com o mesmo conjunto de GCMs – Global Circulation Models – mostra um aumento no Inverno, …» – SIAM – Mudança Climática em Portugal – Sumário Executivo e Conclusões, 2001, pág. 9.

«A precipitação aumenta no Inverno em cerca de 20 % – 50 % dos valores na simulação de controle, e decresce em todas as outras estações do ano. […] Além disso, a precipitação acumulada (> 10 mm/dia) tende a aumentar e estes dias tendem a acumular-se nos meses de Inverno. Este padrão de alteração pode aumentar significativamente o risco de episódios de cheias.» – Id., pág. 10.

Realmente, este ano, os episódios de cheias são os dos disparates que aparecem em todo o documento a prever Invernos húmidos e não secos.

Mas, agora, os mesmos (ir)responsáveis desta e de outras manipulações da opinião pública, como Filipe Duarte Santos, co-adjuvado pelo Francisco Ferreira, andam a proclamar, por tudo quanto é comunicação social, que a seca do Inverno de 2004-2005 é devida às alterações (confusões) climáticas. Tudo é devido às alterações climáticas…

Eles, de facto, não tiveram o arrojo de dizer que a seca era devida ao aquecimento global já que o Inverno foi bem frio. No entanto, preparavam-se para dizê-lo imediatamente antes dos nevões e do frio que assolou a Europa. Para este género de pessoas, alterações climáticas são o sinónimo de aquecimento global... É tudo a mesma confusão.

domingo, abril 17, 2005

Alterações climáticas e alarmismo (3)

A série de disparastes é interminável. Eis apenas mais alguns:

· Pode-se também temer um «aumento da mortalidade como consequência possível de um aumento das temperaturas
Brr! Não será que a mortalidade associada ao frio é de longe a mais frequente?

· Devemos ainda recear uma «deslocação para o Norte ou em altitude das zonas endémicas de paludismo» ou dos «dengues».
Nem os trogloditas tinham pensado numa coisa destas…

· «Uma mudança da alimentação humana à base da carne para os vegetais, onde for possível, diminuiria a emissão de gases com efeito de estufa (especialmente N2O e CH4) do sector agrícola
E esta hein! O IPCC a defender a alimentação vegetariana nem lembrava ao diabo!

Que pensar de tanta tolice? Será que só imaginar o hipotético aquecimento global deteriora os neurónios de tantos “cientistas”?

O volume de disparates que se encontra, por exemplo, no “Sumário Executivo e Conclusões” do SIAM é bem elucidativo da falta de escrúpulos dos respectivos autores que se prestaram a um exercício de ficção científica com todo o ar de um estudo sério.

Mas, de qualquer modo, vale a pena ler o que o SIAM imagina, naquele sumário, o que acontecerá em Portugal, em 2100, «e/ou», «se» e «se», por exemplo, à sardinha, ao atum rabilho e ao polvo. Nem mais…

Tudo isto faz lembrar os pregadores americanos que consideram o Homem responsável por todos os males da Terra. Há neste movimento uma verdadeira dimensão psicológica e sociológica. Mas nenhuma realidade científica.

Alterações climáticas e alarmismo (2)

Eis algumas pérolas das confusões climáticas ditas e reditas pelos autoproclamados especialistas de alterações climáticas:

· «A modelação permitiu desenhar um leque de futuros possíveis em que o clima deverá inevitavelmente alterar-se
Mas que truísmo! Que anda o clima a fazer há milhares de anos mesmo sem a prosápia destes profetas?

· «Uma alteração climática corresponderá a uma alteração das flutuações naturais.»
La Palice teria dito melhor do que isto? Qual será a definição de uma «flutuação natural» e qual é a diferença em relação, nomeadamente, a uma «alteração natural»?

· «[…] A possibilidade de uma fusão dos gelos polares é praticamente nula nesta previsão temporal (2100), mas o que acontecerá para além deste prazo?»
À falta de uma catástrofe imediata, é necessário projectar o alarmismo para além dos nossos descendentes…porque «uma fusão do Antárctico teria consequências fenomenais e irreversíveis.» Uh!

· «A elevação do nível do mar ameaçará mesmo certas ilhas
É o sindroma maldiviano e tuvaliano também pronunciado como um espantalho por (ir) responsáveis comunitários ao nível da Comissária do Ambiente Margot Walstrom muito "preocupada" com as ilhas Maldivas e Tuvalu.

· «Elevação» que noutros documentos acaba por ser considerada «quase nula» ou mesmo «impossível».
Afinal em que é que ficamos? É a história do «e/ou» …e do «se» e «se». É de ficar espantados com tanta “ciência”.

· «Como preservar a nossa saúde se nós não dispusermos de alimentos em quantidade suficiente, se os produtos tóxicos se disseminarem ou se um stress intenso desenvolver o consumo de drogas e de álcool?»
E «se» e «se» é de facto terrificante, mas esta tagarelice (bem típica de uma conversa de café) é grotesca!

Alterações climáticas e alarmismo (1)

A abundante e «impressionante» literatura pseudo-científica publicada pelo Grupo II do IPCC, encarregado de avaliar os impactes eventuais do presumível aquecimento, é repetida sem qualquer reflexão crítica noutros documentos internacionais e até nacionais.

É o caso, por exemplo dos documentos integrados no Plano Nacional para as Alterações Climáticas e o projecto SIAM (Mudança climática em Portugal. Cenários, impactes e medidas de adaptação).

Aquele Grupo II tem a audácia de afirmar que efectua «simulações arrojadas» com cenários apocalípticos, que causam medo a toda a gente, mas que repousam de facto numa hipótese com o valor de um postulado simples: «se» acontecer isto sucederá «aquilo».

Por exemplo, «se a temperatura aumentar, pode-se imaginar que…» e imaginam-se preferencialmente coisas terríveis com preferência para as catástrofes.

O inimaginável SIAM da 2ª geração (que tratou essencialmente do minúsculo – a nível planetário – grupo de ilhas dos Açores) teve o desplante de se preocupar com o que acontecerá ao turismo em Portugal… «se».

Isto deve ser a mais incrível das manipulações da opinião pública alguma vez feitas em Portugal com a apresentação no Instituto do Ambiente que devia ser um organismo sério na defesa dos interesses dos cidadãos portugueses que pagam impostos para manter a sua existência.

Estas ficções/elucubrações são, no entanto, consideradas sem-razão como previsões (os especialistas de confusões climáticas falam em projecções para esconder que os seus modelos não são capazes de prever seja o que for).

Elas são repetidas sem cessar pelos media que são convidados para assistir à apresentação de resultados sem qualquer base técnica ou científica, de modo a serem os relés para a opinião pública, e que o fazem com todo o prazer.

Mas, o mais espantoso é que certos “cientistas” – nomeadamente de raiz oficial – não têm o menor escrúpulo, para não dizer vergonha, em aceitar uma manifestação de um tão baixo nível científico sem ao menos levantar a mais pequena dúvida.

sexta-feira, abril 15, 2005

O espantalho do aquecimento (2)

Não é absolutamente certo que as conclusões relativamente a um hipotético aquecimento sejam catastrofistas tal como são sistematicamente apresentadas pelos media, muito longe disso.

É evidente, com efeito, que poderíamos também encontrar, numa situação de aquecimento (se tal viesse verdadeiramente a produzir-se), múltiplas vantagens:

· Um melhor conforto e bem-estar nas regiões actualmente frias;

· Uma diminuição dos gastos em aquecimento;

· Uma maior clemência e uma maior regularidade do tempo (como foi descrito anteriormente), com menos tempestades e ventos menos fortes;

· Uma menor frequência das vagas de frio rigoroso;

· Uma maior extensão de terras cultiváveis (alongamento do ciclo vegetativo, diminuição do gelo de superfície e no interior do solo, etc.).

Mas, para julgar a pertinência do cenário catastrófico, é necessário fazer apelo simultâneo ao conhecimento dos paleoclimatologistas, dos mecanismos das variações climáticas em todas as escalas de tempo e da distribuição dos climas.

Esta cultura climatológica não é forçosamente extensiva à sabedoria dos autoproclamados especialistas em alterações climáticas que não passam de especialistas em confusões climáticas.

Em conclusão, é mais de temer um cenário de arrefecimento do que um de aquecimento. No entanto, este vende muito mais papel do que aquele e assusta muito mais os decisores políticos.

Dizer, como recentemente se ouviu de responsáveis políticos, nacionais e estrangeiros, que o aquecimento global é um alvo mais importante a atacar do que o terrorismo talvez seja uma afirmação, ela própria, de raiz obscurantista.

De facto, o terrorismo alimenta-se do medo, do alarmismo, da ignorância e do obscurantismo tal como a confusão da pseudo-teoria do aquecimento global devido a causas antropogénicas.

O espantalho do aquecimento (1)

Apresentar um hipotético aquecimento como o «apocalipse» (exercício no qual se distinguem os media) pode certamente fazer passar a mensagem anti-poluição, mas isso constitui, no plano estritamente científico, uma mensagem totalmente errada.

Esquecemo-nos que ainda há bem pouco tempo (meados do século passado) era o arrefecimento que era apresentado como a pior das perspectivas! Nesse caso talvez com uma certa razão.

Nessa altura os media exploravam a angústia da opinião pública com o caso dos sem-abrigo perante as vagas de frio e dos automobilistas transformados em «náufragos da auto-estrada» no meio dos nevões!

Pode-se antever um cenário de aquecimento analisando as condições registadas durante o Óptimo Climático Eemien (OCE, há 120 000 BP) ou as do Óptimo Climático Holoceno (OCH, entre 8000 e 5000 BP), quando a temperatura global era 2 ºC superior à actual.

Assim, por exemplo, no OCH, o Sahara estava cheio de lagos e de pântanos, com a parte desértica consideravelmente reduzida, registando-se migrações transarianas intensas favorecendo o florescimento do neolítico da tradição sudanesa.

Esta situação prevaleceu, embora numa menor escala, durante todos os períodos quentes ulteriores, nomeadamente durante o Óptimo Climático Medieval (vd. Medieval Warming Period).

Mesmo durante o Óptimo Climático Contemporâneo dos anos 1930-1960, quando as precipitações subsarianas eram mais intensas do que as actuais, verificou-se a subida dos criadores de gado, nómadas sahelianos, em direcção ao Norte.

Esta migração virou-se, mais tarde, num drama com o retorno para o Sul perante a desfavorável pluviometria já mais recente, verificada desde os anos 70, com uma «seca» prolongada que se estendeu para o Sul.

O deslocamento recente da pluviometria e das isoiéticas (linhas de igual precipitação) progrediu pouco, relativamente, talvez 200 km para o Sul do Sahara.

Obs.: BP – before presente = há x anos atrás

quinta-feira, abril 14, 2005

O caso do nível do mar (4)

Nunca o nosso planeta foi tão observado desde que começaram a ser conhecidos resultados saídos dos modelos. Têm-se gasto fortunas para se corroborarem os resultados dos modelos, esquecendo-se que o conteúdo dos modelos não tem suporte científico.

A NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration realizou um estudo exaustivo a partir de 2 milhões de perfis térmicos, obtidos através dos seus satélites, dos oceanos numa camada entre a superfície e 3000 metros de profundidade durante os últimos cinquenta anos.

Do resultado dessa análise deduz-se um aquecimento global do oceano 0.06 ºC naquele período sem que tenha sido uniforme o incremento ao longo do tempo ou do lugar, tendo sido maior na década de 70 quando aconteceu a viragem do modo de circulação geral.

Por outro lado, a missão satélite Topex-Poséidon calcula por cada dez dias o nível médio global da superfície do mar. Os seus resultados são superiores aos da NOAA tendo sido registado um valor de 20 mm de subida global coincidente com o apogeu do El Niño de 1997-1998.

No entanto, além das dificuldades técnicas para estimar médias com números milimétricos a partir de satélites que se movem a centenas de quilómetros por hora acima da agitada superfície do mar, a série de medidas destes é muito curta e demasiado recente para se poder extrair dela, com segurança, qualquer tendência.

Além disso, a dificuldade de previsão resulta de que a Terra não é propriamente uma esfera, nem sequer na sua parcela oceânica. Nesta, a água sobe nas regiões de maior influência gravítica e baixa nas outras.

Por exemplo, a superfície do Mar de Bornéu está actualmente cerca de 200 metros acima (isto é mais afastada do centro da Terra) da superfície do mar do sul da Índia.

Caso curioso é a indicação da missão Topex-Poséidon acerca do mar no Mediterrâneo com zonas rebaixadas (Mar Tirreno e sul da Itália) e zonas elevadas (Mediterrâneo oriental).

A Fig. 4 mostra o “geoide” muito exagerado possibilitando localizar as zonas salientes e as deprimidas dos oceanos.

Fig. 4 - Geoide muito exagerado. Zonas elevadas a vermelho. Zonas deprimidas a azul. Fonte: Uriarte Cantolla.Posted by Hello

quarta-feira, abril 13, 2005

O caso do nível do mar (3)

Os acontecimentos do El Niño são geralmente considerados, sem razão, como as causas e responsáveis de várias calamidades em todo o Mundo (mas sem provas).

Sempre pela mesma razão: as análises estatísticas (climatologia diagnóstico) colocam em evidência covariações, prematuramente consideradas como relações físicas causais.

Mas, à falta do esquema coerente de circulação geral, estas análises não podem determinar o sentido real das relações e o lugar exacto do fenómeno incriminado na cadeia de processos, no início ou no fim.

A intensidade das vagas (que aumentam também no Pacífico Norte), devidas ao movimento das águas do mar depois de uma tempestade e das correntes superficiais, depende por outro lado das variações da circulação aérea.

Uma estimativa das variações do nível do mar não tem assim senão pouco significado sem uma estimativa paralela das variações da pressão atmosférica e da circulação aérea das baixas camadas.

Uma evolução do tempo com aquecimento, isto é, em direcção a um estado clemente, seria por outro lado uma perspectiva tranquilizadora para os litorais.

Para modificar o escoamento da água superficial oceânica, intervêm ainda outros parâmetros (não tendo em conta factores tectónicos, hidrológicos, etc.).

O nível 0, teórico, depende assim das águas da chuva, da evaporação, ou da retenção glaciar ou continental (terrenos gelados, águas subterrâneas, lagos, barragens, irrigação, etc.).

A ameaça da «subida do nível do mar», resumida nas duas formulações elementares recordadas anteriormente, repousa ainda sobre o mais ou menos e constitui portanto ainda um argumento que, no essencial, cai por água abaixo.

O caso do nível do mar (2)

Eis pois uma forma aparentemente simples de raciocínio do IPCC – «Faz calor, o gelo funde» – que não funciona bem na Natureza!

É também invocada uma outra relação primária: «a água quente dilata-se, o mar sobe», pelo que um aumento de 1 ºC da temperatura do ar arrastaria uma subida de 20 cm numa camada de água do mar de 200 m de espessura.

É isto tão simples e imediato? Em Breste, por exemplo, o nível médio do oceano é máximo de Outubro a Dezembro (+7 cm), e mínimo de Março a Agosto (–5 cm), enquanto que a temperatura média do ar é de 16,0 ºC em Agosto de 5,8 ºC em Fevereiro, ou seja uma amplitude média de 10,2 ºC para uma diferença de altura observada de 12 cm…

Mas as variações de temperatura e de nível do mar são inversas! Esta ausência de ligação directa mostra que a temperatura do ar não comanda a altura da água, e que as cotas elevadas são produzidas no Inverno por factores meteorológicos: a intensificação das tempestades e aceleração dos ventos de afluxo do sector sudoeste, e acréscimo da altura das vagas.

O factor atmosférico, que raramente ou mesmo não é tomado em conta nas previsões do IPCC, é assim fundamental para a variação do nível do mar. A pressão atmosférica (1 hPa corresponde a 1 cm) baixa o nível sob os anticiclones móveis polares e sob as aglutinações anticiclónicas, mas permite uma elevação sob as depressões.

Assim, por exemplo, a anomalia positiva do nível do mar do Pacifico equatorial revelado pelo Topex-Poséidon (projecto este que será citado de novo), ligada a uma anomalia positiva da temperatura durante os anos 1997-1998 (e subida imediata), resulta simplesmente do deslizamento para Sul do equador meteorológico vertical (EMV).

Esta translação manifesta-se em superfície por uma baixa de pressão sob os movimentos ascendentes do EMV, e uma migração das águas quentes da Contra-Corrente-Equatorial em direcção ao Este (que compensa a translação para oeste da Corrente Norte-Equatorial e da Corrente Sul-Equatorial impulsionadas pelos alísios norte e sul), aquecimento e elevação do nível (deslocados para o sul) que acompanham todos os episódios do El Niño, donde a origem é aerológica. Mas quem o sabe?

O caso do nível do mar (1)

«Os modelos prevêem uma elevação suplementar do nível do mar de 15 cm a 95 cm daqui até ao ano 2100 […] devido à dilatação térmica das águas dos oceanos […] e […] da fusão das calotes glaciares e dos glaciares» (Organização Mundial de Meteorologia, 2002, p.11).

Esta previsão segue-se a previsões anteriores bastante mais dramáticas, então expressas em metros, mas progressivamente minimizadas. Qual é a verdade desta ameaça permanente sobre «as zonas costeiras e as pequenas ilhas»?

Afastemos imediatamente a maior ameaça de todas – cerca de 91,49 % da massa do volume de gelo dos glaciares do planeta –, a do Antárctico (que faria subir, em teoria, 73,44 m o nível dos oceanos). A sua situação é notavelmente estável: «O grosso da calote antárctica não sofreu qualquer fusão desde a sua formação, ou seja, desde há 60 milhões de anos».

A observação dos satélites mostra mesmo que no decurso do período 1979-1999, que é aquele em que se supõe ter havido uma maior elevação de temperatura, houve um aumento da superfície do gelo à volta do continente antárctico.

O gelo da Gronelândia – cerca de 7,96 % do volume de gelo dos glaciares do planeta que faria subir 6,55 m – está protegido pelo relevo, não podendo o oceano provocar a desagregação de uma parte dos bancos de gelo que produziria os icebergues (o que explica a conservação dos glaciares continentais até à latitude inabitual de 61 ºN).

Além disso, a maior parte da superfície do gelo gronelandês situa-se a mais de 2000 m de altitude onde o ar permanece frio. Observa-se uma alternância de zonas de fusão e de ganho de massa, mas no conjunto o gelo gronelandês permanece estável.

Que problemas existem então para se falar tanto nos perigos da Gronelândia? O dos glaciares de montanha? Eles não representam senão um milésimo do volume total dos gelos.

Por outro lado, «os glaciares já registaram no passado flutuações mais importantes do que as que se verificam actualmente», onde em todo o planeta existem glaciares que recuam (por exemplo, na vertente exposta ao sul do Alasca) como há glaciares que avançam (nomeadamente na Escandinávia).

segunda-feira, abril 11, 2005

As alterações climáticas já começaram?

«Existem provas de que as alterações climáticas já começaram» conforme pretende o IPCC que acrescenta: «A evolução das temperaturas desde há alguns decénios corresponde ao aquecimento previsto pelos modelos devido ao efeito de estufa».

O principal argumento sob o qual se fundamenta esta "certeza" reside nas curvas das temperaturas reconstituídas a partir das observações, isto é, das médias à escala planetária ou hemisférica – hemisfério Norte e hemisfério Sul – (3 curvas publicadas todos os anos pela Organização Mundial de Meteorologia - OMM).

Com pouco discernimento, a curva média anual global parece confirmar que poderíamos atribuir «uma influência perceptível do homem… na evolução do clima». Mas isso não é verdade….

Como já se viu, nada permite afirmar que o aquecimento global começou, não existe nenhuma prova. Só existem “cientistas”, “modelos”, “cenários” e “estudos” que são 4 bolos para enganar os tolos….

A curva térmica reconstituída tem portanto cada vez menos significado climático à medida que vai ascendendo. Deve-se, por outro lado, sublinhar que este aquecimento (aritmético ou contabilístico) é mais elevado ao Norte da latitude 30 ºN (cf. OMM, 2001).

Esta elevação de temperatura naquela latitude (Fig. 3: Temperatura média anual 30 ºN) é que determina a evolução da curva dita «global» (Fig. 3: Temperatura média anual global), pelo que o significado climático real é consideravelmente diminuto.

A similitude entre aquelas duas curvas térmicas mostra que o hemisfério Sul e as latitudes entre 0 ºN e 30 ºN não jogam senão um papel muito limitado na evolução geral, sendo que esta é, por fim, sobretudo determinada pelas latitudes situadas a norte de 30 ºN.

O pretendido aquecimento dito global atribuído ao efeito de estufa antropogénico é com efeito regional e limitado e ele releva no essencial do factor dinâmico do tempo e do clima e, portanto, de uma alteração do modo de circulação geral a partir dos anos 70.

As outras unidades de circulação do hemisfério Norte (3)

A leste, a outra unidade de circulação da Ásia é alimentada pelos anticiclones móveis polares (AMP) da trajectória siberiana, descendo principalmente a leste dos Montes Urais, que atravessa dificilmente a Ásia e atinge o Pacífico através da China.

Os dados disponíveis dessa região são fragmentados, mas sublinha-se o arrefecimento muito marcado (– 0,7 ºC) na Sibéria (os recordes de frio da Sibéria e da Mongólia dos Invernos recentes ainda se mantêm na memória) e um aquecimento nas regiões litorais orientais, sobre a trajectória das elevações do Sul.


Em resumo, no hemisfério Norte, as evoluções climáticas recentes são diversas mas não são as previstas pelos modelos: algumas regiões arrefecem, outras aquecem, as precipitações aumentam ou diminuem, a pressão aumenta ou baixa, mas, em todo o lado, o tempo tornou-se mais severo, mais irregular e mais violento depois dos anos 70, verdadeiro marco da viragem climática do século passado.

Estes diferentes comportamentos não devem nada ao acaso e são, pelo contrário, perfeitamente organizados; eles têm a mesma condição inicial: o arrefecimento do Árctico que, de há trinta anos para cá, dá um vigor crescente aos AMP boreais.

Colocada na evolução climática a longo prazo, esta situação corresponde, todas as proporções guardadas, às premissas da primeira fase de uma glaciação que se caracteriza por uma intensificação lenta da transferência do potencial precipitável tropical em direcção aos pólos e a uma retenção da reserva de água sob a forma sólida.

A evolução do tempo, tal como ele é observado directamente, não deve, por consequência, absolutamente nada ao «cenário do efeito de estufa, do aquecimento global e das alterações climáticas mal compreendidas pelos "experts" e os seus modelos».

As outras unidades de circulação do hemisfério Norte (2)

A partir da Escandinávia começa uma outra unidade de circulação, onde os anticiclones móveis polares (AMP) de trajectórias escandinavas e russas propagam frio e aumento da pressão em direcção aos Balcãs e à bacia do Mediterrâneo.

Durante um século, de 1891 a 1990, a temperatura baixou 1 ºC ao longo da trajectória dos AMP tanto na Escandinávia como para lá da Europa central, enquanto que aumentou aproximadamente 2 ºC na Ucrânia e no sul da Rússia, ao longo da trajectória ciclónica do Sul.

No Mediterrâneo central e oriental a temperatura baixou em média 1 ºC em trinta anos. Em Jerusalém, as temperaturas invernais registaram em 1992-93 os recordes inferiores do período 1865-1993 (– 3,5 ºC em relação à normal de 1961-1990). Israel conheceu em 1994 o pior Inverno desde há cem anos (Organização Mundial de Meteorologia, 1995).

Uma situação de «seca» reinou no Mediterrâneo, nomeadamente na Espanha, na Itália, na Argélia e na Grécia onde o défice pluviométrico se tornou preocupante.

O aumento da pressão é forte, constante e generalizado na Europa ocidental e central assim como no conjunto da bacia mediterrânica, situação que se estendeu ao sul na África setentrional.

A evolução da pressão em Constança (como em Lisboa, ver Fig. 1), comparada com a das temperaturas árcticas é muito eloquente:

· A pressão em Constança (Lisboa) é baixa quando a temperatura do Árctico aumenta até se atingir o óptimo climático (meados do século XX);
· Depois dos anos 70 o aumento de pressão em Constança (Lisboa) é rápido, associado ao arrefecimento do Árctico, chegando a atingir cerca de 4 hPa (o que é considerável à escala dos valores médios anuais).

Obs.: hPa – hectopascal (100 vezes 1 pascal)

As outras unidades de circulação do hemisfério Norte (1)

Na unidade aerológica do Pacífico Norte, os anticiclones móveis polares (AMP), que nascem no Árctico ou na Gronelândia, chegam através da Ásia ou descem directamente pelo estreito de Behring.

A evolução recente é idêntica àquela observada no Atlântico Norte, com a formação das aglutinações anticiclónicas ditas das Havai ou da Califórnia (semelhante à dos Açores) e a localização, no nordeste, das depressões ditas das Aleutas (semelhante à da Islândia).

A corrente «quente» do Alasca conduz as águas do mar para o Norte e a corrente «fresca» da Califórnia leva as águas do mar para o Sul.

Observou-se um aquecimento tanto no ar como na água superficial (tendo intensificado a corrente do Alasca), com as mesmas consequências (que no mar de Barents) sobre a espessura do banco de gelo.

Mais uma vez se verifica que o adelgaçamento do mar gelado do Árctico não deve nada ao muito propalado “aquecimento global”.

A pluviosidade aumentou fortemente, enquanto que baixou a pressão nas escalas sinópticas e médias. Mais ao Sul, a alta pressão é forte nas aglutinações anticiclónica desfasadas em direcção ao Norte, arrefecendo o Pacífico Norte ocidental e central.

A actividade ciclónica aumentou de maneira notável, a frequência das depressões profundas aumentou cerca de 50 %, a pressão central mínima declinou de 4 hPa a 5 hPa, enquanto que os ventos extremos associados e a vorticidade aumentaram 10 % a 15 %.

As perturbações migraram vantajosamente para o Sul, donde as tempestades foram mais frequentes (inundações na Califórnia).

Obs.: hPa – hectopascal (100 vezes 1 pascal)

Temperaturas médias anuais globais e acima da latitude 30 ºN e índice ONA

Um dos mitos anunciados pelos modelos do IPCC é o «da prova discernível e perceptível da influência do homem no aumento da temperatura média global e nas alterações climáticas».

Esta afirmação é repetida ad perpetuam rei memoriam nos PNAC (Programa Nacional para as Alterações Climáticas), nos SIAM (Climate Change in Portugal. Scenarios, Impacts and Adaptation Measures), nos Assessment Reports e nos Summary for Policymakers do IPCC, e tudo quanto seja manipulação da opinião pública nacional e internacional.

Qual é o valor real desta «prova absoluta» (já infirmada pelos satélites)? Nada nem ninguém pode afirmar que já começou o aquecimento global e a prova irrefutável – a curva padrão da evolução da temperatura “global” – é um autêntico logro.

A Fig. 3, na qual o índice ONA deve ser considerado uma testemunha da intensidade das trocas meridianas no hemisfério Norte, mostra três períodos distintos:

1) No início do século, a diminuição progressiva do índice ONA traduz uma atenuação dos desvios entre as fronteiras das unidades de circulação e um aumento da temperatura média a norte da latitude 30 ºN.

2) Em meados do século (óptimo climático), o índice ONA foi moderado a negativo, os contrastes térmicos são fracos e a média das temperaturas é próxima da normal.


3) Depois dos anos 70, o índice ONA aumentou vigorosamente e a elevação das temperaturas está directamente associada aos aumentos do ar quente na face frontal dos anticiclones móveis polares. Isso também prova que o aquecimento dos invernos europeus não é devido, no período 1948-1995, ao aumento dos gases com efeito de estufa de origem antropogénica (nem até natural) mas sim a uma modificação da circulação atmosférica e nomeadamente à intensificação dos ventos do sudoeste.

Tendo em conta as evoluções semelhantes noutras unidades de circulação do hemisfério Norte (a ver no prosseguimento do blogue), o aumento da temperatura indevidamente atribuído ao efeito de estufa não é mais do que um artefacto provocado pela aceleração das trocas meridianas e por um fornecimento do calor tropical, aéreo e marítimo mais intenso nas médias e altas latitudes.

Fig. 3 - Evolução das temperaturas médias anuais globais e acima da latitude 30 ºN e do índice ONA. 1900-1995. Fonte: Marcel Leroux. Posted by Hello

O Projecto Europeu WASA

Os resultados do projecto europeu WASA Group (1998) «Changing waves and storms in the Northeast Atlantic?», Bull. of the Am. Met. Soc. Vol. 79 (5), pp. 741-760, fundamentados na observação das pressões (a força do vento está ligada ao vazio das depressões) são inequívocos:

«A conclusão principal é que a climatologia das tempestades e das vagas na maior parte do Atlântico Nordeste e no Mar do Norte tornou-se cada vez mais violenta no decurso dos decénios recentes, mas a intensidade actual é comparável à do início do século».

É isso mesmo que mostra a Fig.2 onde se verifica que o índice de violência do tempo se molda de modo notável com o índice ONA, com os valores mais elevados do século registados no fim do século.

Esta evolução é o inverso da evolução térmica das altas latitudes. Salienta-se que no início do século só com muito boa vontade se pode falar em “aquecimento global devido aos gases com efeito de estufa de origem antropogénica”. Os alarmistas afirmam que isto aconteceu na década final do século XX!...

Fig. 2 - Evolução do tempo violento nas ilhas britânicas, no Mar do Norte e no Mar da Noruega e o Índice ONA. 1900-1995. Fonte: Marcel Leroux. Posted by Hello

sexta-feira, abril 08, 2005

Relação empírica entre a ONA e o Estado do Tempo


· Na fase baixa (índice negativo-vide Obs.) da Oscilação do Norte Atlântico (ONA):

1. Os anticiclones móveis polares (AMP) são menos potentes, menos rápidos e menos frequentes;
2. O Árctico está menos frio e tem menos gelo, daí a gestação de menos AMP (em n.º e em potência);
3. O tempo é mais clemente (é o que acontece no Verão, por exemplo);

· Na fase alta (índice positivo-vide Obs.) da ONA:

1. Os AMP são mais potentes, mais rápidos, mais frequentes;
2. O Árctico está mais frio e tem mais gelo, daí a gestação de mais AMP (em n.º e em potência);
3. O tempo é mais violento (é o que acontece no Inverno, p.e.).

Daqui se vê que o “cenário de aquecimento global” deveria corresponder a uma fase baixa com tempo mais clemente. Era esta a previsão inicial do IPCC que tinha a sua lógica de raciocínio.

Mas como o tempo, tal como no início da década de 70, continuou a ser mais violento, o IPCC deu uma cambalhota de 180 º e disse que as “alterações climáticas” incluíam tempo clemente e/ou tempo violento o que é um milagre da Física…

De facto, o tempo violento corresponde a um cenário de frio e não a um cenário de calor…Todos sabemos que são os Invernos que se caracterizam por tempo violento e não os Verões…

Trata-se de um profundo mistério da alma do IPCC e dos seus famosos modelos…

Obs. : O índice ONA diz-se negativo (positivo) quando ele é menor (maior) do que o valor médio verificado num determinado período (décadas).

quinta-feira, abril 07, 2005

O tempo tornou-se cada vez mais violento depois dos anos 70 (2)

As tempestades no litoral atlântico francês, e também no britânico, foram cada vez mais frequentes e intensas, provocando na Bretanha um aumento da frequência dos ventos fortes e das tempestades depois dos anos 70.

Os ventos de sudoeste (quentes e húmidos) intensificaram-se na face frontal dos AMP, elevando a temperatura e a pluviosidade (com inundações repetidas).

Este acréscimo da potência dos AMP traduziu-se no aumento, contínuo e forte, da pressão atmosférica ao longo da trajectória dos AMP.

De facto, o “b” – “a” – “ba” do estabelecimento de um campo de pressões ensina-nos que, enquanto o ar quente e leve provoca uma baixa de pressões, o ar frio e pesado provoca uma subida de pressões.

A subida brusca das pressões sucedeu na década de 70. Ela continuou a subir na Europa ocidental, donde em Portugal (tal como na América do Norte, no este do Canadá e no Atlântico Norte).

Na Fig.1 detecta-se o salto da pressão na década de 70 em Lisboa e em Constança (Roménia) significativo da brusca variação climática.

Exceptua-se, naturalmente, a zona acima do mar da Noruega onde se conhece pelo contrário uma baixa concomitante de pressão e de temperatura.

Uma tal tendência, na Europa ocidental, é antinómica de um cenário de aquecimento global, se a temperatura for considerada como a causa (com o ar quente ligeiro), pois então, a pressão (efeito) desceria. Mas ela está a subir!

Mas é lógica se invertermos a relação causa – efeito: uma alta das pressões nas baixas camadas da atmosfera é que é a causa da subida das temperaturas à superfície que é o efeito. Este aumento da temperatura é a consequência das propriedades termodinâmicas dos gases pois uma pressão elevada favorece, em particular, a condução molecular.

Então, sendo a alta das pressões a causa e o aumento das temperaturas o efeito, qual é a origem daquela?

A alta de pressões explica-se por uma frequência maior das aglutinações anticiclónicas, nomeadamente continentais, que favorecem a seguir uma alta das temperaturas diurnas (forte insolação).

Em troca, esta situação provoca uma baixa das precipitações (estabilidade anticiclónica), em particular no coração do Inverno.

Eis também a explicação correcta da seca vivida em Portugal no fim de 2004 e no início de 2005.

A seca não tem nada a ver com as alterações climáticas como é propalado nos media pelos “cientistas” do regime que continuam erradamente a fazer uma ligação entre estes dois fenómenos.

Esta evolução do tempo no espaço Atlântico Norte fornece um desmentido suplementar às previsões dos modelos, visto que é exactamente o inverso de um «cenário de aquecimento global devido ao efeito de estufa antropogénico».

Ela é também confirmada noutras unidades aerológicas do hemisfério Norte, assim como em todo o globo.

Fig.1 - Evolução da pressão em Lisboa (Portugal) e Constança (Roménia). 1920-1995. Fonte: Marcel Leroux.Posted by Hello

O tempo tornou-se cada vez mais violento depois dos anos 70 (1)

Nos anos 70 verificou-se uma verdadeira viragem climática, a partir da qual se acentuaram os contrastes nas duas fronteiras do oceano Atlântico, a leste e a oeste. A partir de 1974, o modo positivo da ONA foi preponderante.

O aumento contínuo do índice ONA está associado a uma baixa da temperatura do Árctico e a um aumento da potência e do número dos anticiclones móveis polares saídos do Árctico.

Isso significa que, depois dos anos 70, se intensificaram as trocas meridionais, o que corresponde a um cenário «frio», a um modo rápido de circulação, a afrontamentos mais severos e a contrates mais acentuados nas duas fronteiras da unidade aerológica.

Na América do Norte, aumentou fortemente a frequência das perturbações violentas e dos tornados em ligação com o ar frio mais frequente como consequência dos AMP mais potentes e mais numerosos.

Este endurecimento do tempo, que se propagou ao Atlântico Norte com a potência acrescida dos AMP, provocou depressões profundas e cavadas. O número de «ciclones» aumentou de maneira notável (Organização Mundial de Meteorologia, 1999).

As tempestades transbordaram para os países ribeirinhos do Atlântico. A principal conclusão é que o tempo na maior parte do Atlântico Nordeste e no mar do Norte se tornou mais rude no decurso dos decénios recentes.

Verifica-se que o índice de tempestuosidade se ajusta de maneira notável à evolução do índice ONA. Também se nota que os valores recentes são os mais elevados do século.

Esta evolução é o inverso da evolução térmica das altas latitudes e contrasta com a de meados do século em que o clima foi mais clemente, predominando então o óptimo climático contemporâneo.

quarta-feira, abril 06, 2005

A evolução recente do tempo no espaço do Atlântico Norte (6)

Fase positiva ou alta da ONA

Existe uma diferença de pressões forte entre AA (Açores) e D (Islândia). É o que acontece actualmente.

O Árctico está mais frio, tem mais gelo, os AMP são inicialmente mais potentes, mais frequentes, a sua trajectória é mais meridional – foi o que aconteceu no Inverno de 2004-2005.

À escala média, a aglutinação anticiclónica atlântica AA (dita dos Açores) é mais potente, mais extensa e mais meridional; as depressões sinópticas provocadas pelos AMP são mais cavadas.

A esta escala média, a depressão D (dita da Islândia) é mais profunda e mais extensa. As trocas meridionais são intensificadas, tanto no ar como no oceano (modo de circulação rápido).

O tempo é mais violento: os contrastes térmicos são mais fortes, tanto entre os fluxos como entre as fachadas do Atlântico – eis a explicação do rigor e da violência do tempo que se regista actualmente e que nada tema ver com as chamadas alterações climáticas dos media.

A temperatura média da unidade aerológica não tem então significado climático. Esta conclusão é extraordinariamente importante. A subida de temperatura em Portugal, nesta fase positiva da ONA, não tem significado climático. Tem sim a pressão que está a subir.

Sobre a Europa e o Mediterrâneo, as aglutinações anticiclónicas são mais frequentes e de longa duração. Assim, uma fase positiva da ONA é absolutamente antinómica do «esquema do cenário de aquecimento global».

O Inverno de 2004-2005 demonstrou que o Árctico está mais frio e tem mais gelo contrariamente ao que tem sido dito e redito nos media.

A evolução recente do tempo no espaço do Atlântico Norte (5)

Fase negativa ou baixa da ONA

Neste caso é fraca a diferença de pressões entre AA (Açores) e D (Islândia). O Árctico está relativamente menos frio, tem menos gelo, os AMP são menos potentes, menos frequentes, a sua trajectória é menos meridional.

É exactamente ao contrário do que acontece actualmente, mas que os media insistem em descrever («O Árctico está à beira do abismo» - escrevia recentemente um jornal de referência em título de mais uma notícia infundada).

À escala média (de valores médios num intervalo de tempo), a aglutinação anticiclónica (AA dita dos Açores) é mais fraca, menos extensa e situada mais a norte; as depressões sinópticas (valores instantâneos) associadas aos AMP são menos cavadas.

A esta escala média, a depressão D dita da Islândia é menos profunda e menos extensa. As trocas meridionais são vagarosas, tanto no ar como no oceano (modo de circulação lento).

O tempo é mais clemente: os contrastes térmicos são minorados, entre os fluxos assim como entre as fachadas oeste e este do oceano – seria este o esquema do «global warming» que está realmente longe de acontecer.

A temperatura média da unidade aerológica é neste caso mais representativa da realidade, isto é, não dá indicações falsas. Sobre a Europa e o Mediterrâneo, as aglutinações anticiclónicas são menos frequentes e de curta duração.

Um caso particular da ONA negativa produz-se quando os AMP descendentes a este da Gronelândia são anormalmente frequentes (isto é, grosseiramente superiores a um quarto das trajectórias dos AMP).

A pressão média resultante da depressão da Islândia é então menos cavada, reduzindo a diferença de pressões com a AA.

segunda-feira, abril 04, 2005

A evolução recente do tempo no espaço do Atlântico Norte (4)

A Oscilação Norte-Atlântica (ONA)

O tempo no Atlântico Norte e na Europa está associado à chamada Oscilação do Atlântico Norte (ONA).

A ONA é um índice que representa a diferença entre a pressão do «anticiclone dos Açores» (formado pelo agrupamento de anticiclones móveis polares – AMP, designado por aglutinação anticiclónica - AA e a «depressão da Islândia» - D (formada pelas depressões associadas aos AMP).

A ONA está em modo positivo (vs negativo) quando a pressão está elevada no anticiclone AA e, simultaneamente, a depressão D está cavada (e inversamente).

Estes modos, positivo e negativo, estabelecem covariações mas não as explicam. A causa comum (isto é, a dinâmica dos AMP) não consegue ser identificada pelas teorias clássicas da meteorologia.

Entretanto, estes conceitos habituais (e «oficiais» da meteorologia clássica) ignoram os mecanismos do «balancé do Atlântico Norte», assim como as razões da alteração que lhe permanecem inexplicáveis:

«Como e porquê a ONA balanceia de um modo ao outro? […] o mecanismo do flip-flop é bem misterioso», dizem os clássicos.

Os meteorologistas clássicos atestam ainda o seu deficiente conhecimento: «Permanecem bastantes coisas a apreender sobre a ONA […], podendo o forçamento provir da estratosfera, do oceano ou de outros processos ainda não identificados», continuam eles.

No entanto na meteorologia avançada, a dinâmica dos AMP fornece uma resposta clara ao pretenso enigma e o respectivo índice ONA transforma-se num indicador da potência dos AMP e da intensidade das trocas meridianas no espaço Norte – Atlântico.

A evolução recente do tempo no espaço Atlântico Norte (3)

O nordeste do Atlântico

Fora da trajectória americano – atlântica (a mais frequente), onde se localiza a depressão estatística dita da Islândia, no caminho menos frequente das descidas directas dos anticiclones móveis polares, o nordeste do Atlântico regista uma evolução original:

· Uma subida contínua da temperatura que se acentua no Inverno, estação que reafirma o carácter dinâmico deste fenómeno.

· Um aumento contínuo das precipitações. Isto traduz-se, entre outras coisas, por um ganho de massa em glaciares gronelandeses, islandeses e escandinavos (Organização Mundial de Meteorologia, 1998). Este ganho é muito raramente mencionado pelos media que, bem pelo contrário, exageram largamente a redução dos bancos de gelo vizinhos.

· Um aumento contínuo da pressão que se acentua também no Inverno.

Assim, observa-se um arrefecimento ao longo das trajectórias dos anticiclones móveis polares (AMP), enquanto que se verifica um aquecimento nas regiões situadas fora das trajectórias principais dos AMP (caso de Portugal).

Estas regiões, de aquecimento, sofrem os deslocamentos das massas de ar dos AMP no sentido horizontal, às quais acrescem o ar quente e húmido vindo do sul. Este fenómeno é tanto mais importante quanto mais potentes forem os AMP.

Do mesmo modo, a Deriva Norte – Atlântica, prolongamento do Gulf Stream, acelerada pelas transferências atmosféricas mais intensas, leva água quente em direcção ao Mar da Noruega que, em seguida, se dirige para o Mar de Barents.

Este transporte de calor reforça a fusão e o adelgaçamento dos bancos de gelo periféricos aquecidos por baixo pela água quente. É este o fenómeno principal que explica a situação do Árctico oriental.