Modelos
O Prof. Doutor Lennart Bengtsson apresentou, no simpósio de Estocolmo, a comunicação intitulada «On the use of models to comprehend the climate system. What can be done? Where are the limitations?»
Bengtsson é um dos mais prestigiados especialistas de modelos meteorológicos-climáticos. São numerosos os prémios que já lhe foram atribuídos neste domínio. Recebeu prémios desde o do Instituto de Max Plank de Meteorologia, de Hamburgo, até ao da Organização Meteorológica Mundial.
O próprio nome da comunicação serviu para colocar algumas reticências às conclusões da aplicação de modelos. Em todo o caso Lennart é um defensor dos modelos como forma de melhorar os conhecimentos do sistema climático.
No entanto, também defende que os modelos têm melhor aplicação em meteorologia do que em climatologia. A escala temporal é muito importante. Uma coisa é aplicar um modelo para dois dias, outra é para cem anos.
A sua colaboração nos trabalhos do IPCC tem sido muito estreita. Afirmou que relativamente ao AR4 (Fourth Assessment Report) a apresentar no mês de Fevereiro de 2007, os resultados da maior parte dos modelos cai entre 0,1 ºC a 1,5 ºC de aumento da temperatura média global entre 1990 e 2100.
Mas, disse à cautela, não saber quais são os valores que vão ser anunciados pelo IPCC. Essa decisão é tomada a outro nível (político) que não o dos cientistas que praticaram os exercícios de simulação.
Aproveita-se a ocasião para emitir uma análise crítica ao uso e abuso dos modelos em meteorologia e climatologia. Os modelos são apresentados como referências absolutas. Ouve-se dizer: os modelos prenunciam, os modelos predizem, os modelos confirmam, os modelos negam…
A própria palavra ‘modelo’ dá a entender a perfeição, o ideal, o exemplo acabado de um exercício científico. Alguns utilizadores dos modelos chegam ao ponto de crer mais nos resultados dos modelos do que na realidade.
Os modelos são um perigo quando se esquece o objectivo do seu uso. São uma ferramenta de utilização importante para prospectar o futuro. Não mais do que isso. Encoberto no mistério da matemática e da física, um modelo está longe da realidade.
Não consegue abarcar toda a realidade. Se abarcasse a parte mais importante dela já era bom. Mas numa matéria tão complexa como a meteorologia e a climatologia nem isso consegue. O conceito real da circulação geral da atmosfera está ausente dos modelos.
Os modelos são indubitavelmente um avanço intelectual considerável. Mas nem o mais avançado nem o computador mais potente podem dar resultados fiáveis se se desconhecerem os fenómenos representados nas equações matemáticas.
O modelo (não se esqueça que estamos a falar de meteorologia e climatologia) é parcial e aproximativo. Não apreende senão uma parcela do que se pretende representar. É por isso que ele conduzirá ao malogro.
Em ciência, mesmo o malogro é fecundo. O malogro de um modelo teórico é o primeiro passo para construir outros modelos ou, até, novas teorias. O modelo precisa da sua comprovação.
No caso da meteorologia e climatologia, todos os modelos conhecidos conduzirão ao malogro. Quando tal for detectado concluir-se-á que eles não correspondem à realidade.
Nem sempre estamos certos do que é preciso modificar.
Mas os malogros dão-nos a conhecer que é necessário aperfeiçoar as ideais. Passo a passo, se fizermos o exercício da modificação dos conceitos, chegaremos ao êxito. Mas este é sempre temporário até novo aviso que o modelo ainda está longe da realidade.
A investigação típica contemporânea no domínio da meteorologia e climatologia tem de passar pela construção de modelos teóricos, a sua reprovação ou a sua comprovação. Esta fase só será alcançada quando o debate de ideias for aberto e não fechado como é actualmente.
Foge-se ao debate para se dar a ilusão de que não há dúvidas. Assim, pretende-se mostrar que está mais do que demonstrado o que se pretende fazer crer aos incautos. Teme-se que a existência de dúvidas ponha a claro afirmações sem base científica.
Nunca se deve esquecer que um modelo é uma representação abstracta da realidade através de um sistema de equações matemáticas. O modelo contém uma visão quantitativa e outra qualitativa.
A visão quantitativa é dada pela representação matemática que exprime o conhecimento teórico da realidade do problema a resolver. A visão qualitativa é dada pelo utilizador que emprega valores que julga válidos para o exercício a realizar.
Por melhores que sejam os valores a usar, se a visão quantitativa estiver distorcida os resultados são enganadores. Do mesmo modo se a visão quantitativa for boa (nunca será óptima) e os valores a utilizar (hipóteses) forem maus os resultados não podem ser bons.
O que se passa actualmente é que nem a visão quantitativa é boa nem a visão qualitativa é melhor.
Bengtsson é um dos mais prestigiados especialistas de modelos meteorológicos-climáticos. São numerosos os prémios que já lhe foram atribuídos neste domínio. Recebeu prémios desde o do Instituto de Max Plank de Meteorologia, de Hamburgo, até ao da Organização Meteorológica Mundial.
O próprio nome da comunicação serviu para colocar algumas reticências às conclusões da aplicação de modelos. Em todo o caso Lennart é um defensor dos modelos como forma de melhorar os conhecimentos do sistema climático.
No entanto, também defende que os modelos têm melhor aplicação em meteorologia do que em climatologia. A escala temporal é muito importante. Uma coisa é aplicar um modelo para dois dias, outra é para cem anos.
A sua colaboração nos trabalhos do IPCC tem sido muito estreita. Afirmou que relativamente ao AR4 (Fourth Assessment Report) a apresentar no mês de Fevereiro de 2007, os resultados da maior parte dos modelos cai entre 0,1 ºC a 1,5 ºC de aumento da temperatura média global entre 1990 e 2100.
Mas, disse à cautela, não saber quais são os valores que vão ser anunciados pelo IPCC. Essa decisão é tomada a outro nível (político) que não o dos cientistas que praticaram os exercícios de simulação.
Aproveita-se a ocasião para emitir uma análise crítica ao uso e abuso dos modelos em meteorologia e climatologia. Os modelos são apresentados como referências absolutas. Ouve-se dizer: os modelos prenunciam, os modelos predizem, os modelos confirmam, os modelos negam…
A própria palavra ‘modelo’ dá a entender a perfeição, o ideal, o exemplo acabado de um exercício científico. Alguns utilizadores dos modelos chegam ao ponto de crer mais nos resultados dos modelos do que na realidade.
Os modelos são um perigo quando se esquece o objectivo do seu uso. São uma ferramenta de utilização importante para prospectar o futuro. Não mais do que isso. Encoberto no mistério da matemática e da física, um modelo está longe da realidade.
Não consegue abarcar toda a realidade. Se abarcasse a parte mais importante dela já era bom. Mas numa matéria tão complexa como a meteorologia e a climatologia nem isso consegue. O conceito real da circulação geral da atmosfera está ausente dos modelos.
Os modelos são indubitavelmente um avanço intelectual considerável. Mas nem o mais avançado nem o computador mais potente podem dar resultados fiáveis se se desconhecerem os fenómenos representados nas equações matemáticas.
O modelo (não se esqueça que estamos a falar de meteorologia e climatologia) é parcial e aproximativo. Não apreende senão uma parcela do que se pretende representar. É por isso que ele conduzirá ao malogro.
Em ciência, mesmo o malogro é fecundo. O malogro de um modelo teórico é o primeiro passo para construir outros modelos ou, até, novas teorias. O modelo precisa da sua comprovação.
No caso da meteorologia e climatologia, todos os modelos conhecidos conduzirão ao malogro. Quando tal for detectado concluir-se-á que eles não correspondem à realidade.
Nem sempre estamos certos do que é preciso modificar.
Mas os malogros dão-nos a conhecer que é necessário aperfeiçoar as ideais. Passo a passo, se fizermos o exercício da modificação dos conceitos, chegaremos ao êxito. Mas este é sempre temporário até novo aviso que o modelo ainda está longe da realidade.
A investigação típica contemporânea no domínio da meteorologia e climatologia tem de passar pela construção de modelos teóricos, a sua reprovação ou a sua comprovação. Esta fase só será alcançada quando o debate de ideias for aberto e não fechado como é actualmente.
Foge-se ao debate para se dar a ilusão de que não há dúvidas. Assim, pretende-se mostrar que está mais do que demonstrado o que se pretende fazer crer aos incautos. Teme-se que a existência de dúvidas ponha a claro afirmações sem base científica.
Nunca se deve esquecer que um modelo é uma representação abstracta da realidade através de um sistema de equações matemáticas. O modelo contém uma visão quantitativa e outra qualitativa.
A visão quantitativa é dada pela representação matemática que exprime o conhecimento teórico da realidade do problema a resolver. A visão qualitativa é dada pelo utilizador que emprega valores que julga válidos para o exercício a realizar.
Por melhores que sejam os valores a usar, se a visão quantitativa estiver distorcida os resultados são enganadores. Do mesmo modo se a visão quantitativa for boa (nunca será óptima) e os valores a utilizar (hipóteses) forem maus os resultados não podem ser bons.
O que se passa actualmente é que nem a visão quantitativa é boa nem a visão qualitativa é melhor.
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