Relação entre T e GEE
(continuação)
A Fig. 64 coloca outro problema crucial. Em que sentido funciona o mecanismo da ligação entre os gases com efeito de estufa e a temperatura? Se os GEE controlassem a temperatura então teriam de aumentar primeiramente as quantidades destes gases.
Mas essa hipótese levaria a admitir que as concentrações de GEE variavam de acordo com os ciclos de 100 mil anos! Mas os cilindros de gelo do Antárctico mostram, sem discussão, que as variações de temperatura ocorrem antes das variações dos GEE.
Até o pai do aquecimento global, James E. Hansen, reconhece este facto no seu artigo «Can we defuse the global warming time bomb?». O sinal da temperatura decresce primeiro do que o da concentração do CO2 quando se processa uma passagem de um período interglaciário para uma glaciação.
De igual modo, o CO2 decresceu a seguir à diminuição da temperatura no Antárctico com um atraso de 4000 anos. Também, na saída da glaciação, ou seja, durante a deglaciação, o aquecimento precede o aumento da concentração do CO2. Aqui a desfasagem em atraso é de 800 anos.
Haverá alguém minimamente honesto que seja capaz de continuar a afirmar que é o dióxido de carbono que comanda a temperatura? Seguramente, não! As concentrações de CO2 caem durante os períodos de glaciação. Descem lentamente para níveis da ordem de 180 ppmv a 200 ppmv (Fig. 64).
Pode-se perguntar: - Para onde vai o CO2 durante a glaciação? Uma resposta óbvia encontra-se na vegetação, tanto no mar como em terra. Pode-se verificar na ampliação da Fig. 65 que existe uma oscilação sazonal de 6 ppmv a 7 ppmv.
No Hemisfério Norte, o pico sazonal é alcançado em Maio e o mínimo no Outono, em função do ciclo da vegetação. Esta absorve durante o Outono-Inverno e devolve à atmosfera durante a Primavera-Verão.
Mas as variações na biosfera não podem realmente explicar a variação paleoclimática porque durante os períodos frios a grande redução da biomassa existente no planeta reduz consideravelmente a capacidade de armazenamento de carbono que pode ser mantido pela vegetação.
O reservatório dos oceanos armazena 50 vezes mais carbono do que o reservatório atmosférico. Pensa-se que, durante os períodos de glaciação, particularmente no Hemisfério Sul, são os oceanos que regulam o ciclo de carbono porque:
· A água fria absorve mais CO2;
· A acumulação de carbonatos e materiais carbonáceos aumentam durante as glaciações.
Têm sido avançadas várias hipóteses para explicar a evolução física (das águas superficiais e de profundidade, passando pelas camadas médias) e biológica (envolvendo a fixação do carbono pelo plâncton).
Porém, não existe nenhuma explicação concordante. Vários autores afirmam mesmo que não há explicação para a existência de uma relação forte entre o CO2 atmosférico e a temperatura do ar antárctico.
Actualmente, ninguém consegue explicar a diferença de 80 ppmv a 100 ppmv entre os períodos glaciários e interglaciários. As concentrações de CO2 aumentam durante as fases interglaciárias atingindo níveis presumíveis de 280 ppmv a 300 ppmv.
As taxas de crescimento das concentrações são notavelmente mais rápidas quando comparadas com as taxas de decrescimento nos períodos frios (Ver Fig. 64). Existe um atraso na resposta da concentração enquanto a temperatura está a variar.
O atraso deve-se ao período latente que é necessário para a vegetação poder espalhar-se no seu antigo território (com os níveis do metano reflectindo as mudanças da biomassa global). Os oceanos também atrasam até se tornarem uma fonte de armazenamento de CO2, nomeadamente nas áreas de água quente dos Trópicos.
Deste modo, aparece uma questão complexa. Ou seja, não existe ligação aparente. Esta questão é de grande importância. Permanece insolúvel, tanto para o passado como para o presente.
No caso presente, a questão que se levanta para o CO2 atmosférico relaciona-se com os ambientes marinhos e terrestres que absorvem aproximadamente metade das emissões de dióxido de carbono originadas pela combustão dos combustíveis fósseis.
Mas, não existe nenhum modelo oceânico que represente exactamente as suas variações de CO2 acumulado. Consequentemente, se os gases com efeito de estufa não controlam a temperatura, ou seja, o CO2 não é um estímulo que inicie o controlo do sistema climático.
Por outro lado, no presente, também parece que a temperatura não comanda (pelo menos directamente) a concentração dos gases com efeito de estufa.
Já na escala paleoclimática as concentrações dos GEE não são a causa, como outros parâmetros, mas, sem qualquer dúvida, o efeito. Esta dinâmica mantém-se actualmente indefinida.
O designado cenário do efeito de estufa não se aplica no longo prazo (paleoclimático). Portanto, a análise dos climas do passado não serve para projectá-los para o futuro. Pode-se perguntar: - “Então qual é o mecanismo climático que explica a dinâmica da atmosfera?”.
Resposta: - “Talvez sejam os anticiclones móveis polares!”. Havemos de voltar aos AMP, até por pedido insistente de leitores.
Nota: A Fig. 65 foi obtida do artigo «Sinks for Anthropogenic Carbon», de Jorge L. Sarmiento et Nicolas Gruber
Obs.: A análise interpretativa das Fig. 62 a 65 foi feita com a ajuda, que muito nos honra, do prof. Marcel Leroux.
A Fig. 64 coloca outro problema crucial. Em que sentido funciona o mecanismo da ligação entre os gases com efeito de estufa e a temperatura? Se os GEE controlassem a temperatura então teriam de aumentar primeiramente as quantidades destes gases.
Mas essa hipótese levaria a admitir que as concentrações de GEE variavam de acordo com os ciclos de 100 mil anos! Mas os cilindros de gelo do Antárctico mostram, sem discussão, que as variações de temperatura ocorrem antes das variações dos GEE.
Até o pai do aquecimento global, James E. Hansen, reconhece este facto no seu artigo «Can we defuse the global warming time bomb?». O sinal da temperatura decresce primeiro do que o da concentração do CO2 quando se processa uma passagem de um período interglaciário para uma glaciação.
De igual modo, o CO2 decresceu a seguir à diminuição da temperatura no Antárctico com um atraso de 4000 anos. Também, na saída da glaciação, ou seja, durante a deglaciação, o aquecimento precede o aumento da concentração do CO2. Aqui a desfasagem em atraso é de 800 anos.
Haverá alguém minimamente honesto que seja capaz de continuar a afirmar que é o dióxido de carbono que comanda a temperatura? Seguramente, não! As concentrações de CO2 caem durante os períodos de glaciação. Descem lentamente para níveis da ordem de 180 ppmv a 200 ppmv (Fig. 64).
Pode-se perguntar: - Para onde vai o CO2 durante a glaciação? Uma resposta óbvia encontra-se na vegetação, tanto no mar como em terra. Pode-se verificar na ampliação da Fig. 65 que existe uma oscilação sazonal de 6 ppmv a 7 ppmv.
No Hemisfério Norte, o pico sazonal é alcançado em Maio e o mínimo no Outono, em função do ciclo da vegetação. Esta absorve durante o Outono-Inverno e devolve à atmosfera durante a Primavera-Verão.
Mas as variações na biosfera não podem realmente explicar a variação paleoclimática porque durante os períodos frios a grande redução da biomassa existente no planeta reduz consideravelmente a capacidade de armazenamento de carbono que pode ser mantido pela vegetação.
O reservatório dos oceanos armazena 50 vezes mais carbono do que o reservatório atmosférico. Pensa-se que, durante os períodos de glaciação, particularmente no Hemisfério Sul, são os oceanos que regulam o ciclo de carbono porque:
· A água fria absorve mais CO2;
· A acumulação de carbonatos e materiais carbonáceos aumentam durante as glaciações.
Têm sido avançadas várias hipóteses para explicar a evolução física (das águas superficiais e de profundidade, passando pelas camadas médias) e biológica (envolvendo a fixação do carbono pelo plâncton).
Porém, não existe nenhuma explicação concordante. Vários autores afirmam mesmo que não há explicação para a existência de uma relação forte entre o CO2 atmosférico e a temperatura do ar antárctico.
Actualmente, ninguém consegue explicar a diferença de 80 ppmv a 100 ppmv entre os períodos glaciários e interglaciários. As concentrações de CO2 aumentam durante as fases interglaciárias atingindo níveis presumíveis de 280 ppmv a 300 ppmv.
As taxas de crescimento das concentrações são notavelmente mais rápidas quando comparadas com as taxas de decrescimento nos períodos frios (Ver Fig. 64). Existe um atraso na resposta da concentração enquanto a temperatura está a variar.
O atraso deve-se ao período latente que é necessário para a vegetação poder espalhar-se no seu antigo território (com os níveis do metano reflectindo as mudanças da biomassa global). Os oceanos também atrasam até se tornarem uma fonte de armazenamento de CO2, nomeadamente nas áreas de água quente dos Trópicos.
Deste modo, aparece uma questão complexa. Ou seja, não existe ligação aparente. Esta questão é de grande importância. Permanece insolúvel, tanto para o passado como para o presente.
No caso presente, a questão que se levanta para o CO2 atmosférico relaciona-se com os ambientes marinhos e terrestres que absorvem aproximadamente metade das emissões de dióxido de carbono originadas pela combustão dos combustíveis fósseis.
Mas, não existe nenhum modelo oceânico que represente exactamente as suas variações de CO2 acumulado. Consequentemente, se os gases com efeito de estufa não controlam a temperatura, ou seja, o CO2 não é um estímulo que inicie o controlo do sistema climático.
Por outro lado, no presente, também parece que a temperatura não comanda (pelo menos directamente) a concentração dos gases com efeito de estufa.
Já na escala paleoclimática as concentrações dos GEE não são a causa, como outros parâmetros, mas, sem qualquer dúvida, o efeito. Esta dinâmica mantém-se actualmente indefinida.
O designado cenário do efeito de estufa não se aplica no longo prazo (paleoclimático). Portanto, a análise dos climas do passado não serve para projectá-los para o futuro. Pode-se perguntar: - “Então qual é o mecanismo climático que explica a dinâmica da atmosfera?”.
Resposta: - “Talvez sejam os anticiclones móveis polares!”. Havemos de voltar aos AMP, até por pedido insistente de leitores.
Nota: A Fig. 65 foi obtida do artigo «Sinks for Anthropogenic Carbon», de Jorge L. Sarmiento et Nicolas Gruber
Obs.: A análise interpretativa das Fig. 62 a 65 foi feita com a ajuda, que muito nos honra, do prof. Marcel Leroux.
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