quinta-feira, novembro 02, 2006

ACIA. Passado recente

Erland Källén, Prof. do Real Instituto de Tecnologia, onde se realizou o simpósio de Estocolmo, fez uma das apresentações de fundo designada «Arctic Climate Change».

Källén foi um dos autores do relatório “Arctic Climate Impact Assessment” (ACIA). A sua apresentação correspondeu a um resumo deste relatório.

Todos estamos recordados do alvoroço dos media internacionais e nacionais acerca deste relatório. Novembro de 2004 foi fértil em notícias espampanantes: «O Árctico está a derreter…os ursos polares ficam sem abrigo em 2070…os mantos de gelo estão a desaparecer mais depressa do que se previa…o relatório confirma…resultante do aquecimento global… devido aos gases com efeito de estufa…»

Mais coisa menos coisa, os jornais de todo o mundo repetiam a cartilha da ACIA. Nas várias publicações, as notícias acompanhavam fotografias que mostravam tudo: - os ursos famintos…o urso comportando-se como antropófago…o Árctico a desaparecer…as chaminés a deitar fumos…o exagero elevado à enésima potência.

E em que revista dita científica apareceu o relatório? Na respeitável ‘Science’, pois claro…

Este enredo, próprio de um filme de terror, atentatório da inteligência humana, não foi descrito por Erland Källén. A assistência não iria em cantilenas. Mas resumiu aquilo que a ACIA projecta: o desaparecimento do Árctico a médio prazo.

Em tempos, o Mitos Climáticos prometeu uma análise deste relatório. Chegou a altura de cumprir a promessa. Vale a pena olhar para ele, dado o importante papel que o Árctico desempenha na circulação geral do Hemisfério Norte.

A nossa atenção vai para o “Chapter 1 – An Introduction to the Arctic Climate Impact Assessment”. A Fig. 1.1, da página 2, está reproduzida na Fig. 61 do MC. A divisão em 4 regiões é semelhante à já apresentada anteriormente na Fig. 47.

Só que o relatório ACIA exagerou quanto à região do Árctico. Até Estocolmo faz parte da região do Árctico segundo a Fig. 61. De facto o círculo da figura deveria ter um raio bem menor.

Deste modo, as conclusões quanto às temperaturas seriam bem mais moderadas. Mas os erros não se ficam por aqui. Há outros bem mais graves.

As pág. 2 e 3 do relatório ACIA são dedicadas à evolução da temperatura dos últimos 50 anos, de 1954 a 2003. A Fig. 1.2 do relatório ACIA está reproduzida na Fig. 62 do Mitos Climáticos. Do lado esquerdo apresenta-se a média anual e do lado direito a média dos Invernos.

Relativamente à média anual verificam-se zonas de aquecimento (cor de laranja) e zonas de arrefecimento (cor azul). É notável que o próprio relatório ACIA mostra que no Árctico não existe homogeneidade de tendências termométricas.

Algumas zonas aqueceram 1 ºC em 50 anos (partes do norte da Gronelândia, Escandinávia e noroeste da Rússia). Outras arrefeceram 1 ºC (sul da Gronelândia, Islândia, Atlântico Norte e Pólo Norte, propriamente dito, e o norte da Escandinávia).

Os valores numéricos obtêm-se pela coloração indicada na escala que está entre as duas figuras (médias anual e invernal).

Quanto à média dos Invernos (Fig. 62), as zonas de arrefecimento (cor azul) são significativamente maiores. Cobrem as anteriores relativas à média anual. É na grande mancha azul do quadrante 4 onde se encontra o berço dos anticiclones móveis polares boreais.

A figura dos Invernos mostra que no Árctico e na zona do Atlântico Norte houve, durante 50 anos, um arrefecimento de 2 ºC (de acordo com as colorações da escala).

Neste arrefecimento invernal encontram-se o norte da Gronelândia (muitos AMP nascem aqui) com extensão ao oriente do Canadá.

Entretanto, nos Invernos, subiu a temperatura de 2 ºC a 3 ºC na Escandinávia (com excepção do norte com maior cobertura de arrefecimento) e no noroeste da Rússia.
(continua)