segunda-feira, dezembro 15, 2008

Dissonância cognitiva

Por Jorge Pacheco de Oliveira

Um dos dois grandes propósitos da recente cimeira de Bruxelas era encontrar um conjunto de soluções para reduzir as perigosíssimas emissões antropogénicas de dióxido de carbono e assim evitar o cataclismo climático anunciado para daqui a 100 anos.

Todavia, é de crer que pelo menos os mais lúcidos dos líderes europeus se tenham sentido assaltados por uma desesperante dissonância cognitiva.

Por um lado, ainda há poucos dias, no decurso da Conferência Climática de Poznam, o Sr. Rajendra Pachauri, distinto chairman do IPCC, avisava a comunidade internacional de que o fenómeno do aquecimento global se estava a intensificar de forma preocupante, tornando possível prever que a catástrofe se poderia verificar muito mais cedo que se pensava.

Por outro lado, ao mesmo tempo que todos eles se encontravam reunidos para tomar decisões no sentido de evitar o temido aquecimento global, a Europa e outras regiões do planeta estavam, e continuaram a estar, assoladas por nevões e vagas de frio sem precedentes, possivelmente levando alguns dos participantes na cimeira a discorrer acerca da inutilidade, talvez mesmo da infantilidade das decisões que estavam a tomar.

Não obstante, os líderes europeus acabaram por se comprometer, ou melhor, por nos comprometer a todos nós, com objectivos energéticos delirantes, não só inatingíveis, à semelhança do que se passou com o falhado Protocolo de Quioto, como extremamente penalizadores para as economias dos países europeus e para o bolso dos consumidores de energia eléctrica. Quão longe pode levar uma simples crença!