O ano do desaparecimento de Marcel Leroux
Termino o ano de 2008 com uma síntese sobre o fenómeno da Natureza que mais espaço tem ocupado nos textos do MC e, ao mesmo tempo, satisfaço a curiosidade dos leitores que chegaram ao blogue mais recentemente e podem ter ficado surpreendidos com as referências frequentes aos Anticiclones Móveis Polares (AMP).
A Fig. 151 é uma imagem do satélite Météosat 7, no modo visível, de um AMP passando pela Península Ibérica. No instante em que foi fotografado, o AMP estava, aproximadamente, centrado nos Açores e estendia-se até às Ilhas Britânicas.
A depressão D associada ao AMP estava situada ao largo das Ilhas Britânicas. O ar frio do conjunto anticiclone-depressão movia-se para sul e o ar quente circundante originava nuvens do tipo cumulus (nimbus). Pode-se verificar a dimensão colossal do AMP comparando-o com a Península Ibérica que estava à sua direita.
Na Fig. 152 representa-se esquematicamente o AMP com o ar frio a azul e o ar quente a vermelho. Na projecção nota-se o canal depressionário (vermelho) que se forma pelo avanço do anticiclone (azul), propriamente dito.
No Hemisfério Norte, a depressão atmosférica fechada D situa-se na posição que se vê no esquema da Fig. 152. É esta depressão D que pode originar mau tempo e chuvadas abundantes que podem atingir o nível das cheias.
Nota-se no corte zonal da Fig. 152 que a espessura dos AMP (azul) é pequena, da ordem de um a dois quilómetros. Neste volume de tipo lenticular, o ar é frio, denso, seco e rasteiro. Já o ar do canal depressionário (vermelho), pode atingir oito a dez quilómetros de altura. É relevante comparar o esquema da Fig. 152 com a realidade da Fig. 151.
Como é evidente, nenhuma destas realidades que a Natureza nos mostra com clareza, relativamente à atmosfera, está englobada nos modelos informáticos que servem de base a toda a especulação do global warming e da climate change.
De acordo com as observações feitas pelos satélites meteorológicos, a génese dos AMP, as suas trajectórias e variantes sazonais em função do défice térmico das calotes polares, mais intenso durante o Inverno, constitui a base da teoria desenvolvida pelo eminente climatologista Marcel Leroux.
Assim, em síntese :
- O ar frio polar é exportado regularmente, de modo descontínuo, pela ejecção de imponentes massas de ar densas e organizadas em AMP;
- O arrefecimento do Árctico e do Antárctico aumenta a potência e a frequência dos AMP, tal como tem estado a acontecer;
- Os AMP ejectados do Árctico e do Antárctico formam massas de ar pelicular com um diâmetro médio de 2000 a 3000 quilómetros que se movem em direcção aos Trópicos;
- Os AMP do Pólo Norte deslocam-se de um maneira geral de Oeste para Este com uma componente meridional que os vai afastando do Pólo;
- As condições dinâmicas do deslocamento dos AMP variam em função da estação do ano e do substrato que encontram pelo caminho;
- Os continentes perturbam fortemente as condições dinâmicas pelo aumento do atrito dos solos e, sobretudo, pela presença dos relevos ou edifícios geográficos com altitudes comparáveis ou superiores à espessura dos AMP;
- A relação entre o ar anticiclónico e a depressão é muito estreita;
- Ao longo do seu deslocamento a vantagem comparativa do factor densidade (ar frio, de modo absoluto ou relativo) permite ao AMP afastar-se e fazer sobrevoar sobre ele os fluxos de ar quente (de modo absoluto ou relativo) que vai encontrando no substrato;
- No ramo ciclónico a vorticidade é tanto mais intensa quanto o fluxo desviado é, ele próprio, intenso e tal como o AMP é também mais intenso;
- A depressão fechada (ciclone) é assim indissociável do anticiclone (AMP) que a provocou pelo sobrevoo, desde a partida dos Pólos, e desvio no sentido ciclónico (no HN os sentidos de rotação do ar anticiclónico e do ciclónico estão indicados na Fig. 152);
- O AMP, propriamente dito, e a depressão D estão inicialmente fortemente unidos e separam-se seguidamente, afastando-se progressivamente um do outro no decurso da migração para leste;
- Os anticiclones nas zonas subtropicais sofrem transformações mas sem se desfazerem totalmente;
- Os AMP vão perdendo progressivamente o seu dinamismo e encontram, simultaneamente, condições mais fortes do que eles, tais como relevos geográficos e formações mais frias de AMP antecedentes, que os obrigam a travar a velocidade e a formar Aglutinações Anticiclónicas (AA) que têm uma função importantíssima no estado do tempo;
- As AA, em função das condições extra-tropicais (estação do ano, escoamento do ar), determinam as circulações iniciais dos alísios;
- A zona tampão das trocas meridionais de energia situa-se numa AA que constitui um reservatório do ar que redistribui e regulariza o escoamento tropical com ponderação da sua velocidade em relação à circulação extra-tropical;
- A circulação geral à superfície organiza-se em função de vários princípios fundamentais: o factor geográfico determina os espaços aerológicos de circulação bem individualizados nas baixas camadas (seis ao todo, sendo três em cada hemisfério); as trocas meridionais seguem várias trajectórias a partir dos Pólos; os sectores onde as circulações em «8» – também designadas jets – se cruzam são o lugar de intensas trocas verticais impulsionadas pelo ar denso dos AMP que força o ar quente a subir.
Com esta síntese, presto uma singela homenagem a Marcel Leroux, de cujos ensinamentos e amizade beneficiei.
Marcel Leroux faleceu em 12 de Agosto conforme oportunamente noticiado no MC.
A Fig. 151 é uma imagem do satélite Météosat 7, no modo visível, de um AMP passando pela Península Ibérica. No instante em que foi fotografado, o AMP estava, aproximadamente, centrado nos Açores e estendia-se até às Ilhas Britânicas.
A depressão D associada ao AMP estava situada ao largo das Ilhas Britânicas. O ar frio do conjunto anticiclone-depressão movia-se para sul e o ar quente circundante originava nuvens do tipo cumulus (nimbus). Pode-se verificar a dimensão colossal do AMP comparando-o com a Península Ibérica que estava à sua direita.
Na Fig. 152 representa-se esquematicamente o AMP com o ar frio a azul e o ar quente a vermelho. Na projecção nota-se o canal depressionário (vermelho) que se forma pelo avanço do anticiclone (azul), propriamente dito.
No Hemisfério Norte, a depressão atmosférica fechada D situa-se na posição que se vê no esquema da Fig. 152. É esta depressão D que pode originar mau tempo e chuvadas abundantes que podem atingir o nível das cheias.
Nota-se no corte zonal da Fig. 152 que a espessura dos AMP (azul) é pequena, da ordem de um a dois quilómetros. Neste volume de tipo lenticular, o ar é frio, denso, seco e rasteiro. Já o ar do canal depressionário (vermelho), pode atingir oito a dez quilómetros de altura. É relevante comparar o esquema da Fig. 152 com a realidade da Fig. 151.
Como é evidente, nenhuma destas realidades que a Natureza nos mostra com clareza, relativamente à atmosfera, está englobada nos modelos informáticos que servem de base a toda a especulação do global warming e da climate change.
De acordo com as observações feitas pelos satélites meteorológicos, a génese dos AMP, as suas trajectórias e variantes sazonais em função do défice térmico das calotes polares, mais intenso durante o Inverno, constitui a base da teoria desenvolvida pelo eminente climatologista Marcel Leroux.
Assim, em síntese :
- O ar frio polar é exportado regularmente, de modo descontínuo, pela ejecção de imponentes massas de ar densas e organizadas em AMP;
- O arrefecimento do Árctico e do Antárctico aumenta a potência e a frequência dos AMP, tal como tem estado a acontecer;
- Os AMP ejectados do Árctico e do Antárctico formam massas de ar pelicular com um diâmetro médio de 2000 a 3000 quilómetros que se movem em direcção aos Trópicos;
- Os AMP do Pólo Norte deslocam-se de um maneira geral de Oeste para Este com uma componente meridional que os vai afastando do Pólo;
- As condições dinâmicas do deslocamento dos AMP variam em função da estação do ano e do substrato que encontram pelo caminho;
- Os continentes perturbam fortemente as condições dinâmicas pelo aumento do atrito dos solos e, sobretudo, pela presença dos relevos ou edifícios geográficos com altitudes comparáveis ou superiores à espessura dos AMP;
- A relação entre o ar anticiclónico e a depressão é muito estreita;
- Ao longo do seu deslocamento a vantagem comparativa do factor densidade (ar frio, de modo absoluto ou relativo) permite ao AMP afastar-se e fazer sobrevoar sobre ele os fluxos de ar quente (de modo absoluto ou relativo) que vai encontrando no substrato;
- No ramo ciclónico a vorticidade é tanto mais intensa quanto o fluxo desviado é, ele próprio, intenso e tal como o AMP é também mais intenso;
- A depressão fechada (ciclone) é assim indissociável do anticiclone (AMP) que a provocou pelo sobrevoo, desde a partida dos Pólos, e desvio no sentido ciclónico (no HN os sentidos de rotação do ar anticiclónico e do ciclónico estão indicados na Fig. 152);
- O AMP, propriamente dito, e a depressão D estão inicialmente fortemente unidos e separam-se seguidamente, afastando-se progressivamente um do outro no decurso da migração para leste;
- Os anticiclones nas zonas subtropicais sofrem transformações mas sem se desfazerem totalmente;
- Os AMP vão perdendo progressivamente o seu dinamismo e encontram, simultaneamente, condições mais fortes do que eles, tais como relevos geográficos e formações mais frias de AMP antecedentes, que os obrigam a travar a velocidade e a formar Aglutinações Anticiclónicas (AA) que têm uma função importantíssima no estado do tempo;
- As AA, em função das condições extra-tropicais (estação do ano, escoamento do ar), determinam as circulações iniciais dos alísios;
- A zona tampão das trocas meridionais de energia situa-se numa AA que constitui um reservatório do ar que redistribui e regulariza o escoamento tropical com ponderação da sua velocidade em relação à circulação extra-tropical;
- A circulação geral à superfície organiza-se em função de vários princípios fundamentais: o factor geográfico determina os espaços aerológicos de circulação bem individualizados nas baixas camadas (seis ao todo, sendo três em cada hemisfério); as trocas meridionais seguem várias trajectórias a partir dos Pólos; os sectores onde as circulações em «8» – também designadas jets – se cruzam são o lugar de intensas trocas verticais impulsionadas pelo ar denso dos AMP que força o ar quente a subir.
Com esta síntese, presto uma singela homenagem a Marcel Leroux, de cujos ensinamentos e amizade beneficiei.
Marcel Leroux faleceu em 12 de Agosto conforme oportunamente noticiado no MC.
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