sexta-feira, julho 31, 2009

Frio na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai

Posted by Picasa (Buenos Aires. Foto: La Nacion.)
No Hemisfério Sul, os anticiclones móveis polares (AMP) têm estado a fazer das suas. Durante o mês de Julho de 2009, o Inverno na América do Sul tem registado acontecimentos históricos na Argentina, no Brasil (Rio Grande do Sul), no Chile e no Uruguai.

Um AMP cobrindo a costa leste da América do Sul, desde a Argentina até ao Rio Grande do Sul, provocou tempestades de neve em muita regiões que raramente vêem neve a cair.

Na Argentina tem-se conhecimento de nevões nas províncias de Mendonza, San Luis, San Juan, Córdoba (- 14 ºC), La Pampa e Buenos Aires. Em Bahia Blanca (- 16 ºC), cidade costeira na parte sul de Buenos Aires, a tempestade de neve foi a pior dos últimos 50 anos.

As autoridades argentinas locais descreveram o resultado do nevão com o bloqueamento de estradas e camadas de neve até 3 metros nalgumas áreas da Sierra de la Ventana, o que era inimaginável para a região.

Anteriormente, em 9 e 10 de Julho de 2007, nevara em Buenos Aires como não acontecia há 89 anos. Passados dois anos voltou a nevar na capital da Argentina. Os argentinos andam surpreendidos com a repetição destes acontecimentos.

Os jornais sul-americanos, como o La Nacion, descreveram quedas de neve igualmente em Santiago do Chile, no Uruguai e no Rio Grande do Sul, Brasil. Falam em intenso ar polar como verdades inconvenientes…

Lá como cá, os media falam em quedas de neve mas não citam muito a palavra frio. Os acontecimentos são glosados como pitorescos que permitem brincadeiras com bolas de neve que se atiram uns aos outros e com bonecos de neve que se esculpem aqui e acolá.

Só que estes acontecimentos são mais um desmentido do cenário de aquecimento em que muitos governos, à escala global, pretendem fazer crer às populações. Para eles a palavra frio é tabu porque estão a preparar a guerra contra um presumível aquecimento e não lhes convém que se fale em frio.

Ainda há dias (Público, Sábado, 18 de Julho de 2009, pág. 9) o jornalista mais dedicado ao fanatismo climático, Ricardo Garcia, anunciava que o governo português estava a preparar um programa de adaptação ao calor.

Dizia ele que o Ministério do Ambiente estava a preparar uma estratégia que previa a revisão dos resultados do projecto SIAM. É estranho. Não se conhece a avaliação comparativa dos resultados deste projecto recente em relação às previsões e já se pensa em revê-lo...

Como se sabe, este projecto é uma carta astrológica traçada pelo “profeta” Filipe Duarte Santos que ofende a integridade da ciência. Serviu, basicamente, para alarmar os responsáveis políticos e assim justificar as condições de apoio ao inacreditável Plano Nacional para as Alterações Climáticas, uma inutilidade e um desperdício de dinheiros públicos.

Mas já se percebeu que o esquema habilmente montado pelos alarmistas exige sempre mais estudos, mais cenários e mais propostas, ou seja, mais dinheiro mal gasto, mas muito conveniente para eles.
Fontes:

quarta-feira, julho 29, 2009

Os dinheiros do clima

(por Jorge Pacheco de Oliveira)

O SPPI (Science & Public Policy Institute) acaba de publicar um interessantíssimo estudo de Joanne Nova intitulado “Climate Money” cuja leitura vivamente se recomenda a todos os leitores do MC.

E recomenda-se especialmente a todos quantos queiram inteirar-se acerca das gigantescas somas que têm sido atribuídas às entidades que andam há anos a “estudar” o aquecimento global, fenómeno que atribuem ao dióxido de carbono de origem antropogénica, ao mesmo tempo que fazem os possíveis por ignorar que desde há uma década não se observa qualquer aquecimento global, embora as emissões de dióxido de carbono tenham continuado ao mesmo ritmo.

Nesse trabalho, Joanne Nova cita parte de uma asserção de David Evans, sintomática do que está em causa na controvérsia do global warming :

Remember : a trial without a defense is a sham, business without competition is a monopoly, science without debate is propaganda, and government without an opposition is usually a disaster. Who is paid to audit the IPCC? No one; it’s just a few unpaid bloggers.

Exactamente. Alguns bloggers, a título gracioso. Como aqui, no Mitos Climáticos e outros. Felizmente, já não são assim tão poucos. Mas, de facto, a Ciência sem debate não é Ciência. É apenas propaganda. Foi o que Al Gore e Rajendra Pachauri vieram fazer a Portugal. As entidades que os convidaram deveriam sentir algum desconforto. Não houve debate, nem foi dada qualquer oportunidade, noutra ocasião admite-se, para a divulgação de opiniões contrárias.

É disso que se trata em toda esta questão. Os alarmistas recusam qualquer debate sobre as suas teorias. Talvez porque, no fundo, tenham consciência de que são erradas e que constituem apenas um pretexto para, no mínimo, justificarem as suas carreiras profissionais.

A propósito de David Evans recorda-se que já em 21 de Janeiro de 2009, o MC publicou um post intitulado A mudança de posição de David Evans no qual se dava a conhecer a forma como aquele cientista, depois de ter trabalhado seis anos ao lado dos “crentes”, mudou de posição, passando decididamente para o campo dos “cépticos”.

A expressão citada por Joanne Nova consta de um post convidado de David Evans, publicado no blog dela, intitulado “The Wong-Fielding Meeting On Global Warming - Finally, the question we’ve all wanted to ask of the people in power: Where’s the evidence?”.

Também se recomenda vivamente a leitura deste texto, pois David Evans relata aqui, em primeira pessoa, uma das raras reuniões entre crentes e cépticos, realizado na Austrália, por iniciativa do Senador Steve Fielding que, muito sensatamente, quis encontrar-se com o Senador Penny Wong, Ministro das Alterações Climáticas, antes de tomar a sua decisão de voto a favor ou contra o ETS (Emissions Trading Scheme).

Poucos dias depois da reunião o Senador Fielding anunciava a sua decisão de votar contra o ETS na medida em que, após ter compreendido que não se observava qualquer aumento da temperatura global desde há vários anos, ficara convencido de que o dióxido de carbono de origem antropogénica não seria a causa de alterações climáticas. Ainda há quem pense pela sua própria cabeça.

segunda-feira, julho 27, 2009

El Niño, modelos e «global warming»

Como não podia deixar de ser, surgiu a controvérsia: - O global warming intervém na amplitude e na frequência dos episódios do El Niño? Ou, inversamente, o El Niño é uma causa do global warming?

Misturam-se no debate científico os devotos do ambientalismo. Para eles climatologia é o CO2 e nada mais do que CO2. Confundem clima com poluição. Deste modo, não conseguem resolver qualquer problema quer do clima quer da poluição.

A controvérsia complica-se com posições políticas (impostos) e económicas (negócios). Desbaratam-se fortunas gigantescas com a histeria do global warming. Com essa perda de recursos não se respeita os pagadores de impostos.

Anualmente, a concentração atmosférica do CO2 cresce de modo monótono desde o fim da última glaciação, com o atraso característico em relação à subida da temperatura que antecede o crescimento da concentração.

O CO2 não pode ser considerado responsável pelos episódios do El Niño. Estes são aleatórios desde tempos imemoriais. O registo histórico do índice ENSO é convincente para afastar a hipótese do global warming como causador do El Niño.

Mesmo assim, certos cientistas atribuem ao El Niño um papel importante no clima da Terra. Para que esta hipótese fosse realista, teriam de explicar o desencadeamento do El Niño. Mas para eles o El Niño permanece indecifrável.

Escute-se o especialista de modelos informáticos do clima Pascale Poussart:

«Alors que certaines études de modélisation basées sur les observations climatologiques des vingt dernières années suggèrent que le réchauffement progressif de l’atmosphère devrait causer des El Niños plus fréquents et plus intenses dans le futur, d’autres semblent annoncer l’inverse.»

Pois é, a modelação informática dá resultados antagónicos por não integrar os mecanismos reais. Os peritos da modelação, que não são climatologistas – tais como James E. Hansen e os editores do RealClimate, p.e. –, julgam que dominam a arte.

De seguida, dizem que há um enorme consenso quanto às suas congeminações. Mas o consenso existente é apenas entre os próprios modeladores. Só assim conseguem passar a ideia de que o El Niño é a origem de uma miríade de perturbações.

Os modeladores associam o El Niño a várias perturbações (inundações, canículas, secas, incêndios gigantescos, tornados, tempestades, etc.). Dizem que o El Niño joga um papel decisivo na pluviometria de praticamente todo o planeta.

Mas como resolvem eles a contradição entre a confiança que têm nos respectivos modelos e a incapacidade destes explicarem e preverem alterações do regime do El Niño, o mestre do clima – segundo eles –, que poderiam ser provocadas pelo aumento do efeito de estufa?
____________

Obs.: Com esta nota termina-se uma pequena reflexão não clássica sobre o El Niño. Para quem quiser proceder a uma leitura clássica aconselha-se Our affair with El Niño. Este livro foi escrito pelo ilustre cientista norte-americano S. George Philander. O livro contém mais de uma centena de referências bibliográficas.

Philander é Prof. de Meteorologia do Departamento de Geociências da Universidade de Princeton, EUA.

quinta-feira, julho 23, 2009

AMP asiático pai do El Niño

Na Fig. 175 representam-se elementos fundamentais da circulação atmosférica no Pacífico equatorial no Inverno boreal. Contrariamente à Fig. 174, agora na Fig. 175 aparece a situação com El Niño, no Pacífico Este-equatorial.

Esquematiza-se na Fig. 175 a sequência do desencadeamento de um episódio El Niño. No Outono boreal, reforça-se a actividade dos anticiclones móveis polares (AMP) da trajectória asiática e observa-se uma anomalia da pressão atmosférica sobre o Oeste do Pacífico Equatorial.

O EMV, zona de convergência dos alísios, desloca-se para o Sul do Equador geográfico. Nestas circunstâncias, as ascendências do ar encontram, com um vórtice satisfatório e a aproximação dos AMP austrais, condições favoráveis ao desencadear dos ciclones tropicais. O El Niño não é, portanto, responsável pelos ciclones tropicais.

A contra corrente equatorial (CCE, na Fig. 175) é também desviada e acelerada para o Sul pela forte componente Oeste dos ventos de monção. A potência aerológica relativa ao hemisfério Norte estará mais próxima do seu máximo, no início do Inverno boreal, dois a três meses depois do início do processo.

O EMV ganhou uma posição excepcional a Sul, provocando chuvas intensas sobre a costa desértica do Norte do Peru no momento em que são interrompidas as águas quentes pobres em nutrientes da contra corrente equatorial.

O exame da dinâmica atmosférica nas baixas camadas recusa a casualidade pretendida para o El Niño nas correlações estatísticas. Marcel Leroux, resume muito claramente os pontos principais:

«Le phénomène el Niño implique dans le Pacifique l’intervention de facteurs dynamiques puissants. Ces facteurs appartiennent à des espaces aérologique distincts, qui expliquent les causes diverses et les physionomies multiples des Niño…

Mais ces facteurs, qui n’agissent pas nécessairement de façon simultanée, relèvent de la même cause initiale, et par le déplacement de l’EM vers le Sud, traduisent une puissance accrue de l’hémisphère météorologique Nord.

Par conséquent, dans l’échelle des puissances, ce n’est certainement pas un courant marin superficiel même renforcé (puisque le CCE est un courant permanent) qui serait capable de commander au-delà des barrières montagneuses et/ou des distances : la qualité des pluies africaines, indiennes, ou brésiliennes, ou l’intensité des jets, ou l’extension des glaces de mer…

Les téléconnexions évoquées dans lesquelles l’enchaînement des phénomènes est envisagée à l’envers, relations trop vite appelées corrélations (…) sont uniquement statistiques, révèlent des covariations ou des coïncidences, sans démontrer de relations physiques entre les paramètres.

Lorsque la logique des phénomènes météorologiques est respectée (…), le phénomène el Niño apparaît ce qu’il est vraiment, c’est-à-dire une conséquence de la dynamique des transferts méridiens partis des Pôles qui atteignent le cœur de la zone tropicale.
»

Fig. 175 - Componentes aerológicas e marítimas do El Niño. Inverno boreal no Pacífico tropical. Fonte Marcel Leroux.


AA - Aglutinações anticiclónicas
AMP - Anticiclone móvel polar
CCE - Contra corrente equatorial
EMV - Equador meteorológico vertical
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terça-feira, julho 21, 2009

Uma criativa taxa de carbono (2)

Na sequência do post Uma criativa taxa de carbono o MC recebeu uma mensagem oriunda dos serviços de relações públicas da empresa Tivoli Hotels & Resorts. Para conhecimento dos leitores aqui fica essa mensagem na íntegra, com a ressalva de que o episódio não se passou com o editor do MC, mas sim com o colega Jorge Pacheco de Oliveira, que no final deixará um comentário.

17-07-2009

Caro Rui Moura

Lamentamos que durante a sua estadia num dos nossos hotéis não lhe tenha sido explicada de forma correcta a nossa iniciativa “Neutros em Carbono” e que este facto lhe tenha causado incómodos.

Trata-se de uma campanha em que os Tivoli Hotels & Resorts, propriedade do Grupo Espírito Santo, pretendem gerir as emissões de carbono afectas à sua actividade pois estamos conscientes do impacto económico, ambiental e social da mesma.

Os nossos objectivos são:

· Reduzir as nossas emissões de gases com efeito estufa através do investimento em eficiência energética, em energias renováveis e na optimização dos recursos já existentes.
· Compensar as emissões resultantes da estadia dos nossos hóspedes através do apoio a variados projectos.


Actualmente estamos envolvidos na recuperação da Tapada de D. Fernando II, em Sintra e no desenvolvimento sustentável do município de Várzea Paulista, no Brasil. O montante angariado junto dos clientes foi já canalizado para a plantação de árvores em ambos os projectos, sendo suficiente para plantar 10 974 árvores.

As plantações estão a decorrer de acordo com as diferentes épocas de plantio, tanto em Portugal como no Brasil. Em Sintra, os colaboradores dos Tivoli Hotels & Resorts celebraram o Dia da Árvore participando numa acção especial de plantação de árvores. No Brasil, a acção de plantação teve lugar em Maio e também contou com a participação dos colaboradores.

Desde o início desta iniciativa, em Junho 2008, 21 949 clientes dos Tivoli Hotels & Resorts já aderiram à iniciativa “Neutros em Carbono” e contribuíram activamente para compensar 1 567 toneladas de dióxido de carbono.

Participar nesta campanha não podia ser mais simples: ao contribuir com 2€ por noite para neutralizar as suas emissões (até um máximo de 10€ por estadia), os Tivoli Hotels & Resorts comprometem-se a investir 2€ em medidas que contribuam para o aumento da eficiência energética.

Esta informação é sempre disponibilizada ao cliente que confirma junto do Hotel se pretende aderir à iniciativa “Neutros em Carbono”. Caso o cliente não deseje contribuir, basta informar a Recepção do hotel aquando do check-out e retiramos o montante da factura.

Acreditamos que este incidente não irá colocar em causa o seu juízo sobre os Tivoli Hotels & Resorts e que futuramente nos possamos redimir deste facto negativo que ocorreu na sua estadia.

Caso necessite de mais esclarecimentos, por favor, contacte-nos.

Com os melhores cumprimentos

Andrea Granja
Media Relations
TIVOLI HOTELS & RESORTS
Av. Álvares Cabral, 61 - 4º
1250-017 Lisboa – Portugal
T: +351 213 932 677 F: +351 213 932 679

No grupo Tivoli Hotels & Resorts estamos a implementar nos nossos hotéis um Sistema de Gestão de Qualidade, Ambiente e Segurança. Saiba mais em www.tivolihotels.com
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Comentário de Jorge Pacheco de Oliveira

É lisonjeiro para o colega Rui Moura que o blog Mitos Climáticos seja acompanhado com tanta atenção, que um post como o que aqui deixei há poucos dias seja prontamente detectado e comentado pelos visados.

De facto, não foi o colega Rui Moura o protagonista deste episódio, mas sim eu próprio, conforme ficou claro no post que justifica esta explicação da representante das relações públicas dos Tivoli Hotels & Resorts.

Para descanso da empresa, posso garantir, por um lado, que o episódio não me causou qualquer incómodo. Como deixei escrito, até acabou por me divertir quando recordei a taxa para a banda de música na cervejaria de Stuttgart…

Por outro lado, não é adequado conjecturar que a iniciativa “Neutros em Carbono” me teria sido explicada de forma incorrecta. Também esclareci no meu post que, passado o primeiro momento de surpresa, de imediato percebi do que se tratava. Portanto, eu próprio poupei ao funcionário do hotel a tarefa de me explicar com mais detalhe aquilo que já sei.

O que os funcionários do hotel e os colaboradores do departamento de relações públicas da empresa provavelmente não têm presente é que o “investimento em eficiência energética, em energias renováveis e na optimização dos recursos já existentes” constitui uma acção em si mesma meritória, que não necessita de ser justificada com a histeria das emissões de gases com efeito de estufa.

Com efeito, é lamentável que o alarmismo do global warming leve empresas e instituições com peso na economia do país a tomar iniciativas que chegam a assumir aspectos caricatos, como esse de andar a plantar árvores no Brasil - até parece que têm poucas (!) - para apagar a pegada de carbono dos clientes num hotel do Algarve. Nossa Senhora da Globalização...!

Claro que a essência deste assunto é mais profunda, mas por agora não se justifica ir mais longe. Os responsáveis das relações públicas dos Tivoli Hotels & Resorts e, sobretudo, da própria administração do Grupo BES, têm a oportunidade de consultar a vasta informação já disponibilizada neste blog.

E o que seria interessante, no sentido de revelarem um mínimo de isenção nesta matéria, era que os responsáveis do BES e de outras empresas que patrocinaram a vinda a Portugal dos dois maiores expoentes da propaganda do terror climático, como Al Gore e Rajendra Pachauri, tomassem a iniciativa de trazer também a Portugal alguns dos cientistas de craveira internacional que se opõem às teses do global warming.

segunda-feira, julho 20, 2009

Situação sem El Niño

Quando o Árctico arrefece, os anticiclones móveis polares (AMP), com origem na região, são mais potentes e frequentes. Influenciam toda a circulação atmosférica até ao limite da sua zona de acção. O limite é o Equador Meteorológico Vertical (EMV) (1).

O El Niño depende da posição do EMV sobre o Pacífico. O El Niño tem lugar quando os AMP da trajectória asiática afastam o EMV para sul da sua posição sazonal normal. Considere-se as duas situações: sem e com El Niño no quadro da teoria dos AMP.

Neste post será considerado o caso sem El Niño. No próximo ter-se-á em consideração a situação com El Niño.

Na Fig. 174 representam-se elementos fundamentais das circulações atmosférica e oceânica no Pacífico equatorial no Inverno boreal. A Fig. 174 é representativa da situação sem El Niño que se vai analisar em primeiro ligar.

Os alísios do norte e do sul (marcados com setas finas e curvas, na Fig. 174) geram a Corrente Norte Equatorial (CNE, na Fig. 174) e a Corrente Sul Equatorial (CSE, na Fig. 174) que empurram as águas de superfície para o Pacífico ocidental.

Como se vê na Fig. 174, verifica-se que o deslocamento do EMV (representado pelo traço no solo), em relação ao Equador geográfico, é fraco no Pacífico Central. O deslocamento está limitado à vizinhança da costa sul-americana.

O alísio canalizado pelo relevo dos Andes é responsável por um intenso upwelling costeiro a norte do Peru, fazendo subir as águas frias, ricas em nutrientes e em anidrido carbónico.

Os deslocamentos das massas de água para Oeste produzem um desnível oceânico entre Oeste e Este do Pacífico Equatorial. O desnível origina, à superfície, uma Contra-Corrente Equatorial (CCE, na Fig. 174) que se desloca de Oeste para Este. A CCE situa-se acima do EMV e transporta água quente.

A pluviosidade continental está relacionada com a proximidade do EMV. Ela é forte na região do porto colombiano de Buenaventura (6000 mm/ano), média em Quito (sobre o Equador, 1100 mm/ano) e Guayaquil (a 2 ºS, 850 mm/ano) e quase nula apenas mais a Sul em Chiclayo (a 7 ºS, 30 mm/ano).
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(1) O equador meteorológico é a zona de convergência dos anticiclones móveis polares boreais e austrais. Situa-se junto do equador geográfico mas não é necessariamente coincidente.

Junto à superfície dos continentes, o equador meteorológico é inclinado até que, subindo, passa a vertical. Nos oceanos o equador meteorológico é essencialmente vertical. O EMI e o EMV são conceitos avançados em relação à teoria clássica do Intertropical Convergence Zone (ITCZ).

No desastre recente do Boeing da carreira Rio de Janeiro – Paris muito se falou na ITCZ. Chegou a avançar-se a hipótese de o avião ter entrado, tragicamente, no EMV.

No link da Wikipedia observa-se, no canto superior direito, uma fotografia com a formação nebulosa do EMV. É uma espécie de coroa, não obrigatoriamente contínua, à volta da Terra.

Fig. 174 - Circulações marítima e aérea. Pacífico oriental e América central. Inverno boreal. Fonte: Marcel Leroux.


AA - Aglutinações anticiclónicas
CCE - Contra corrente equatorial
CNE - Corrente norte equatorial
CSE - Corrente sul equatorial
EMI - Equador meteorológico inclinado
EMV - Equador meteorológico vertical
al - alísios
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quinta-feira, julho 16, 2009

Upwelling chileno

Ao longo do litoral do Chile, do Peru, do Equador (região das Ilhas Galápagos) e da Colômbia, no Pacífico, os ventos alisados marítimos afastam as águas quentes superficiais.

O afastamento das águas quentes provoca um vazio relativo e, consequentemente, a subida de águas frias profundas que emergem de uma profundidade que pode atingir 100 m a 200 m. (Ver Fig. 170, 171 e 172.)

Este fenómeno designado upwelling observa-se também ao largo das costas californianas. O upwelling é mais marcado em período invernal por causa do reforço dos ventos alísios ou alisados.

No Pacífico, existem duas grandes zonas de upwelling: - a sul-americana e a norte-americana. No Inverno, juntam-se àquelas zonas a da Costa Rica – Panamá e a do Golfo de Tehuantepec, México. (Ver Fig. 170 a 172.)

Durante o upwelling, a ascendência das águas frias fornece uma grande quantidade de nutrientes e mantém uma enorme riqueza em plâncton que atrai peixes, aves e pescadores. O valor económico destas águas costeiras é muito importante para as populações locais.

Todos os anos, uma fraca corrente costeira, na época do Natal, escoa-se em direcção ao Sul, até ao norte do Peru, e retira-se em Abril. Esta corrente toma o nome de corrente El Niño. (Ver Fig. 173.)

Episodicamente, a intervalos irregulares, esta corrente El Niño é mais forte e desce para Sul. As águas frias são então substituídas por águas quentes com consequências económicas desastrosas para os pescadores.

Em situação normal, a América Central é banhada, de uma parte e da outra do istmo, por águas quentes. A configuração média, descrita atrás, conhece importantes variações sazonais. (Ver Fig. 171 e 172.)

De uma estação para a outra, o deslocamento das correntes marítimas é geral. Para o Sul no inverno boreal e para o Norte no inverno austral (migração da ordem de 10 º de latitude).

Variações impressionantes são susceptíveis de se produzir durante um episódio do El Niño. Em poucos dias, a temperatura da superfície do oceano pode subir uma dezena de graus Celsius e os peixes podem desaparecer.

Quanto às precipitações, a variação pode também ser espectacular: - chuvas diluvianas, consideradas como um fenómeno natural, abatem-se sobre a borda costeira da cordilheira desértica do Norte do Peru.

Algumas semanas mais tarde, com o retorno do Outono austral, as chuvas cessam, o deserto retoma os seus direitos, o oceano arrefece e pouco a pouco os peixes regressam. Este retorno à normal foi maliciosamente baptizado com o nome La Niña.

Como curiosidade, a velocidade horizontal (zonal ou meridional) das correntes é da ordem de centímetros por segundo. Já um fenómeno de upwelling decorre com uma velocidade de milímetros por segundo – informação da oceanógrafa brasileira que redigiu o post A influência galáctica no clima da Terra.
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Fonte: Emmanuel Barbier, tese de doutoramento da Universidade de Lyon III, sob a orientação do Prof. Marcel Leroux, «La Dynamique du Temps et du Climat en Amérique Centrale», Setembro de 2004.

Fig. 173 - As correntes marítimas. Situação de El Niño. Fonte: Emmanuel Barbier.

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Fig. 172 - As correntes marítimas. Situação no Inverno austral. Fonte: Emmanuel Barbier.

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Fig. 171 - As correntes marítimas. Situação no Inverno boreal. Fonte: Emmanuel Barbier.

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Fig. 170 - As correntes marítimas. Situação média. Fonte: Emmanuel Barbier.

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quarta-feira, julho 15, 2009

Uma criativa taxa de carbono

(por Jorge Pacheco de Oliveira)

Estive há dias num hotel do Algarve e quando, à saída, a conta me foi apresentada no balcão, observei que em cada um dos dias se encontrava debitada uma parcela de 2 Euros com a singular designação de “Neutro Carbono”.

Passado o instante inicial de surpresa, imediatamente me apercebi de que estava a ser vítima de uma tentativa de extorsão no âmbito do global warming.

Formulado o inevitável protesto, a resposta meio constrangida do senhor por detrás do balcão foi a de que se tratava apenas de uma contribuição para uma campanha de protecção do ambiente promovida pela entidade proprietária do hotel. Mas, sendo facultativa, o cliente só pagava se quisesse.

Eu não quis, claro. Mas a verdade é que a insidiosa parcelazinha de 2 Euros/dia já lá estava metida na factura ainda antes de me perguntarem fosse o que fosse. Isto é legal? Ou antes, isto é honesto? E se eu não tivesse dado conta?

Ora, quem era então a entidade proprietária do hotel ? Nem mais nem menos do que o banco BES!

Percebi tudo. Um banco! Uma daquelas instituições em que antigamente costumávamos confiar! Para mais, o banco que, em parceria com o Semanário Expresso, trouxe a Portugal o líder oficial da fraude do global warming, o chairman do IPCC, Rajendra Pachauri, para um almoço conferência no Convento do Beato, assunto já abordado neste blog aqui, aqui e aqui.

Mas este episódio acabou por me divertir, na medida em que me trouxe à memória um outro, já lá vão uns bons anos. Com efeito, durante uma estadia de trabalho de uma semana em Stuttgart, eu e alguns colegas descobrimos, logo no primeiro dia, uma fantástica e bem animada cervejaria, onde passámos a jantar quase exclusivamente.

Pois na conta do jantar vinha imputada uma parcela extra de dois marcos, que associei, por antinomia, à parcela de dois euros do hotel “besiano”. A contradição estava no facto de pagarmos a taxa de dois marcos com muito gosto, justificada que era pela actuação de uma banda, por sinal excelente, abrilhantada por duas cantoras muito sugestivas que reproduziam quase fielmente as canções dos Abba. Faz toda a diferença.

segunda-feira, julho 13, 2009

As diabruras do El Niño

(Actualizados, às 21 h 30 m, os parágrafos 12 e 13 com as definições do IOA)

Os profundos mistérios da alma do El Niño apaixonam, qualquer que seja o país, todos os media. Pede meças ao anticiclone dos Açores. O El Niño tanto é acusado de desgraças pelos pescadores como é incensado de venturas pelos agricultores do Peru.

Quer o El Niño de 1972-73, quer o de 1982-83 foram considerados como «El Niño do século» até ao aparecimento do El Niño de 1997-98. Este último ficou então baptizado como o «Super El Niño do século».

Os episódios do El Niño são considerados, por certos cientistas, como sendo os responsáveis pelas desordens climáticas mundiais. Também são invocados para explicar tal ou tal acontecimento fora do comum, suceda aonde suceder.

Os povos ribeirinhos do Peru, especialmente os pescadores, desesperam com o aparecimento do El Niño que faz diminuir as capturas e diminui uma fonte de rendimento, nomeadamente de exportação de farinha de peixe para os EUA.

As anchovas capturadas fora dos períodos de El Niño são secas e reduzidas a farinha que enchem sacos enviados para aviários norte-americanos. A farinha de peixe também serve de fertilizante usado na agricultura tanto no Peru como algures.

Poucos são os que se dedicam a interrogar: - mas porque se forma o El Niño? De facto, os clássicos interessam-se mais pelas estatísticas do que pelas percepções dos mecanismos que originam este fenómeno e da sua suposta influência na dinâmica do tempo e do clima, a começar, na região da América Central.

Agora que se estima uma inversão das temperaturas superficiais do Pacífico equatorial (ver Continuou a queda …) é uma boa altura de dedicar alguma atenção ao El Niño. E também à sua irmã La Niña que é o inverso dele.

Do ponto de vista estatístico, o El Niño está associado ao Índice da Oscilação Austral (IOA) ou Southern Oscilation (SO), em terminologia anglo-saxónica. Walker definiu a SO em 1923. Posteriormente, o fenómeno El Niño passou a ser designado como índice ENSO (El Niño-Southern Oscillation).

A ENSO é medida pela diferença das pressões atmosféricas ao nível do mar entre dois limites do oceano Pacífico tropical: «em termos gerais, quando a pressão é elevada no oceano Pacífico, ela tende a ser baixa no oceano Índico de África até à Austrália».

Foi desta forma que Walker et Bliss se exprimiram num artigo histórico da meteorologia e climatologia. A ENSO é determinada pela diferença entre as pressões atmosféricas de superfície da ilha de Tahiti, Ilhas da Sociedade, por um lado, e da cidade de Darwin, norte da Austrália, por outro.

Em vez da pressão de Tahiti usa-se, igualmente, a pressão atmosférica na Ilha de Rapa, Ilhas Austrais, ou ainda na Ilha da Páscoa. Do mesmo modo, em vez das indicações da pressão atmosférica de Darwin também se utiliza a de Jacarta, na Indonésia.

Assim, quando a pressão atmosférica é elevada em Tahiti e baixa em Darwin (IOA elevado), a temperatura da superfície do oceano Pacífico central na vizinhança do equador é baixa. É o caso de um episódio frio da La Niña.

Inversamente, quando a diferença daquelas pressões atmosféricas se torna minima (IOA fraco) observa-se uma anomalia térmica superficial quente. É o caso do El Niño.

Ao falar em pressões atmosféricas é por que os anticiclones móveis polares devem estar implicados nestes fenómenos. Mas haverá algum fenómeno meteorológico que não tenha os AMP por perto?

O fenómeno El Niño é conhecido desde há séculos, como afirmou Enfield. Mas «as causas da ENSO não são muito bem compreendidas» conforme disse Hastenrath no seu livro Climate dynamics of the Tropics.

A grande mediatização do El Niño não facilita a compreensão do fenómeno, aliás como de muitos outros no campo da meteorologia e climatologia (caso dos hipotéticos «aquecimento global» e, como sinónimo, das «alterações climáticas»).

sexta-feira, julho 10, 2009

Continuou a queda das anomalias da temperatura em Junho de 2009

A anomalia da temperatura média global em Junho de 2009 situou-se 0,001 ºC acima da média dos meses de Junho do período base (1979-1998). Significa que se manteve a queda das anomalias iniciada em Fevereiro de 2009 – conforme quadro de valores abaixo –, embora se admitisse que ela fosse estancada.

De facto, como a NOAA anunciou a transição do ENSO-neutro (anomalia entre + 0,5 e – 0,5), que tem prevalecido desde há bastante tempo (ver slide 26 do link atrás indicado), para condições do El Niño (ver slide 3 do link), admitia-se uma paragem na queda das temperaturas. Mas tal não aconteceu.

Segundo a NOAA, a anomalia do El Niño da região 3.4 (definida por 5 N - 5 S, 120 W - 170 W) foi de + 0,9 ºC (muito semelhante à de outras regiões) o que está bastante acima do valor + 0,5 ºC estipulado para a definição do El Niño.

No entanto, globalmente, esta inversão não se fez sentir na queda pronunciada da temperatura média global. Significa que noutras regiões, que não as do Pacífico, as temperaturas ao nível do mar baixaram expressivamente.

A Fig. 169 actualiza para Junho de 2009 as anomalias registadas desde 1979. A anomalia global (AG) foi de apenas + 0,001 ºC. As restantes para o Hemisfério Norte (HN), Hemisfério Sul (HS) e Trópicos (T) encontram-se no quadro seguinte (temperaturas em ºC):

Ano...Mês.....AG..........HN..........HS.............T
2009...1......0.304......0.443......0.165.....- 0.036
2009...2......0.347......0.678......0.016...... 0.051
2009...3......0.206......0.310......0.103.....- 0.149
2009...4......0.090......0.124......0.056.....- 0.014
2009...5......0.045......0.046......0.044.....- 0.166
2009...6......0.001......0.032.....- 0.030.....- 0.003

As anomalias da região tropical têm sido quase todas negativas, desde o início do ano de 2009. Como se detecta um acréscimo dos gradientes das temperaturas entre Pólos e Trópicos – pois os anticiclones móveis polares aceleraram – segue-se que as anomalias negativas dos trópicos são, pois, uma prova adicional do arrefecimento das calotes polares.

Outra prova, relativamente à situação real do Árctico, é a própria inversão do ENSO-neutro para o El Niño (índice superior a + 0,5). O El Niño tem a sua génese na calote polar boreal, embora com a contribuição da austral. Quanto mais frio está o Árctico mais El Niños nascem e mais intensos são.

Fonte: Roy Spencer.

Fig. 169 - Anomalias da temp. méd. global mensal. Fonte: UAH. Roy Spencer.

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quarta-feira, julho 08, 2009

A fábula do aquecimento global (9)

(Final da entrevista da La Nouvelle Revue d’Histoire)

La Nouvelle Revue d’Histoire – Entre várias catástrofes anunciadas, alguns media afirmam também que o Gulf Stream vai parar…

Marcel Leroux – Para que isso acontecesse seria necessário que o vento, motor das correntes marítimas superficiais, deixasse de soprar, isto é, que toda a circulação atmosférica, assim como a oceânica, fosse bloqueada o que é naturalmente inverosímil!

Afirma-se também que «o nível do mar sobe» … mas nenhuma curva prova essa afirmação, salvo para alguns hipotéticos centímetros (12 cm em 140 anos) e ainda não desapareceu submergido qualquer território.

As predições, sobretudo de carácter «hollywoodesco», são temas que têm saído dos modelos informáticos do clima cuja fiabilidade científica é fortemente contestável.

Para cúmulo depreciativo dos modelos, são os próprios matemáticos que julgam que «os modelos empregues são sumários, grosseiros, empíricos e falaciosos» e que «as conclusões que deles se tira são desprovidas de qualquer valor de predição» (1).

La Nouvelle Revue d’Histoire – Qual é o futuro da climatologia dentro do actual panorama politicamente correcto do debate sobre o clima?

Marcel Leroux – Em vez de traçar cenários hipotéticos para 2100, a climatologia, que se encontra num impasse conceptual desde há cinquenta anos, deveria contribuir eficazmente para a especificação de medidas de prevenção e adaptação ao clima futuro próximo.

A alteração climática – é o próprio clima que evolui constantemente – é bem real, mas é antinómica do cenário «quente» que nos é actualmente imposto, como prova a elevação contínua da pressão atmosférica em numerosas regiões como acontece em França.

Esta alteração do clima não é aquela prevista pelo IPCC. Os teóricos e os modeladores preocupam-se pouco com a observação dos fenómenos reais. São as razões e os mecanismos desta alteração permanente que a climatologia deve definir seriamente.

Ao mesmo tempo, as outras disciplinas que se misturam com a climatologia, mas que para progredirem não têm necessidade do ilusório espantalho climático, poderão dedicar-se eficazmente na luta contra a poluição ou pelo desenvolvimento sustentável.
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(1) Beauzamy, B. (2006) – Le réchauffement climatique: mystifications et falsifications, Société de Calcul Mathématique, SA, note adressé au Sécretariat Général de la Defense Nationale, Fevereiro de 2006, 10 pp.

Depoimento recolhido por Bernard LUGAN para a NRH nº 31 de Julho-Agosto de 2007.

segunda-feira, julho 06, 2009

A fábula do aquecimento global (8)

(Continuação da entrevista da La Nouvelle Revue d’Histoire)

La Nouvelle Revue d’Histoire – Contudo, como se diz frequentemente, «os glaciares desaparecem…»

Marcel Leroux – Porque não se diz que eles estiveram ainda mais reduzidos, como aconteceu nos Alpes, durante a Idade Média e que o comprimento da língua glaciária hoje observável depende da sua alimentação em neve anterior ao período actual?

É tanto mais verdade que, noutro exemplo hipermediatizado, à altitude das neves do Kilimanjaro, próximo dos 6000 metros, não foi a temperatura (inferior a 0 ºC) que variou mas sim, como em muitas outras regiões, as condições de pluviosidade que se modificaram (1,2).

La Nouvelle Revue d’Histoire – Diz-se igualmente que os ciclones são cada vez mais numerosos e cada vez mais violentos.

Marcel Leroux – Os especialistas de meteorologia tropical não têm essa percepção, mas eles não são escutados… Afirmam mesmo que não se observa qualquer tendência para o aumento da frequência e da potência dos ciclones tropicais.

No colóquio sobre ciclones tropicais realizado na Costa Rica, sob a égide da Organização Meteorológica Mundial, em Dezembro de 2006, concluiu-se mesmo que «nenhum ciclone pode ser atribuído às alterações climáticas».

Chris Landsea, especialista incontestado de ciclones, preferiu demitir-se do IPCC do que «participar num processo motivado por objectivos preconceituosos e cientificamente não fundamentados».

Mas os estragos provocados pelos ciclones oferecem tão «belas imagens» às revistas e aos telejornais… O exemplo do Katrina foi explorado sem vergonha embora a rotura dos diques de Nova Orleães tenha sido uma catástrofe já anunciada desde há longa data… [Ver Ainda a tragédia de Nova Orleães]
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(1) Leroux, M. (1996, 2001) – La dynamique du temps et du climat, Masson-Sciences, Dunod, 367 pp.
(2) Leroux, M. (1998) – Dynamic analysis of weather and climate, Wiley-Praxis series in Atmosph. Phys., 365 pp.

(Continua)

sábado, julho 04, 2009

A fábula do aquecimento global (7)

(Continuação da entrevista da La Nouvelle Revue d’Histoire)

La Nouvelle Revue d’Histoire – Como é que explica então as alterações que se observam na Europa?

Marcel Leroux – A fim de responder à vossa questão de modo a ser compreendido pelos não-especialistas, diga-se que no espaço do Atlântico Norte o Árctico ocidental arrefece e que os anticiclones que saem do Pólo são mais potentes.

Nesse espaço, os retornos do ar ciclónico associado às depressões transportam mais ar quente e húmido de origem subtropical, mesmo tropical, para o Mar da Noruega e para lá deste.

Consequentemente, a temperatura sobe e as precipitações (de neve em altitude, sobre a Gronelândia e na Escandinávia) aumentam.

Quando a pressão baixa as tempestades aumentam, com depressões mais numerosas atingindo latitudes mais setentrionais (1).

Como a Europa Ocidental está situada na trajectória dos retornos ciclónicos do Sul, ela beneficia também do aquecimento, e mesmo de um excesso de chuva.

É necessário verificar que no Atlântico a aglutinação anticiclónica (AA), correntemente chamada anticiclone dos Açores, é mais potente e mais estendida para o Sul.

É devido à extensão para Sul da AA que o Sahel atlântico, nomeadamente o arquipélago de Cabo Verde, sofre uma seca mais pronunciada que no continente vizinho.

O Mediterrâneo que prolonga este espaço atlântico está mais frio e, portanto, mais seco na sua bacia oriental (como na Europa central), enquanto que a pressão atmosférica à superfície é igualmente crescente.

Em particular, é esta alta pressão atmosférica, e não o CO2, que é simultaneamente responsável, nas nossas regiões, pelas longas sequências de falta de chuva (ou de neve nas montanhas) e de calor, mesmo de canícula como a de Agosto de 2003.

Estas sequências de seca e de calor agravam-se quando a situação anticiclónica permanece estável durante muito tempo.
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(1) Pommier, A. (2005) - Analyse Objective de la Dynamique Aérologique de Basses Couches dans l’Espace Atlantique Nord: Mécanisme et Évolution de 1950 à 2000, Thèse Universitaire, LCRE, Lyon.

(Continua)

quinta-feira, julho 02, 2009

A fábula do aquecimento global (6)

(Continuação da entrevista da La Nouvelle Revue d’Histoire)

La Nouvelle Revue d’Histoire – Como responder àqueles que anunciam fortes ameaças para o Árctico e para o Antárctico?

Marcel Leroux – Mistura-se tudo: clima, poluição, ecologia e ecologismo, desenvolvimento sustentável, sensacionalismo mediático, propaganda e factos reais, muitas vezes distorcidos, política e interesses económicos (confessados e inconfessados).

Deste modo, as incoerências, as afirmações gratuitas, as impossibilidades físicas e as mentiras descaradas são múltiplas.

La Nouvelle Revue d’Histoire – Contudo, «a Gronelândia funde» e o Antárctico desloca-se.

Marcel Leroux – É verdade que o gelo funde nas baixas camadas, à volta da Gronelândia, que são atingidas pelo ar quente vindo do Sul. Mas, em 1816 e 1817, por exemplo, podia-se atingir o Pólo andando pela costa gronelandesa.

Em compensação, os satélites mostram que no pico a Gronelândia arrefeceu e o manto de gelo tem crescido 6 cm por ano devido às abundantes quedas de neve.

Quanto ao Antárctico, é particularmente estável e beneficia mesmo de um ganho de massa glaciar na sua parte oriental. A Península do Antárctico constitui uma excepção bem conhecida dos climatologistas.

Devido à sua latitude e à proximidade dos Andes, as depressões austrais conhecem aqui uma evolução notável. São canalizadas vigorosamente para o Sul como um fluxo ciclónico quente e húmido (1).

Tais depressões atmosféricas são cada vez mais cavadas. As trajectórias são cada vez mais meridionais. A temperatura do ar que transportam é crescente (2).

Tal como na vizinhança do Mar da Noruega (ou ainda na região do Alasca – Estreito de Bering), o aquecimento da Península do Antárctico é comandado pela intensificação da circulação de ar quente e húmido de origem tropical dirigido para o Sul.

Contrariamente à falsa afirmação do IPCC de que é o efeito de estufa que aquece a região da Península do Antárctico, é o ar quente importado pelo Pólo – em troca do ar frio exportado a partir do centro do Antárctico – que é responsável por esta situação.

O ar quente é dirigido para o Pólo através de uma intensificação da circulação do ar quente e húmido que vem de longe. É de origem tropical. Quanto mais intensa é a exportação de ar frio, mais intensa é a importação de ar quente.
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(1) Leroux, M. (2005) - Global Warming: Myth or Reality? The Erring Ways of Climatology, Praxis-Springer, 509 pp.

(2) Pommier, A. (2005) - Analyse Objective de la Dynamique Aérologique de Basses Couches dans l’Espace Atlantique Nord: Mécanisme et Évolution de 1950 à 2000, Thèse Universitaire, LCRE, Lyon.

(Continua)