segunda-feira, abril 20, 2009

A entrevista de Rajendra Pachauri ao Expresso

(Recensão de Jorge Pacheco de Oliveira)

Na oportunidade da sua deslocação a Portugal, para o almoço-conferência no Convento do Beato, Rajendra Pachauri concedeu uma entrevista ao semanário Expresso, um dos anfitriões do chairman do IPCC.

As respostas do entrevistado permitem avaliar a (pouca) credibilidade do principal responsável do IPCC em relação à matéria de que se ocupa a organização a que preside.

Neste sentido, talvez a afirmação mais significativa de Pachauri seja aquela que proferiu quando o jornalista lhe pediu a opinião acerca do decréscimo que se observa, desde o início deste século, nas temperaturas médias globais. Com um evidente desprezo pela inteligência do interlocutor – e pela dos leitores do jornal – Pachauri teceu este elucidativo comentário :

"Pode haver mesmo declínio das temperaturas nos próximos dez ou 15 anos sem que a tendência para o aquecimento global se altere".

Isto não tem outro nome senão charlatanice. Tanto faz que a temperatura suba como desça que o xarope prescrito é sempre o mesmo! Não se trata aqui apenas de uma flagrante falta de credibilidade da teoria defendida pelo mais alto responsável do IPCC. Trata-se também de um óbvio sentimento de impunidade atingido pela corrente alarmista do aquecimento global.

Mas há mais.

Numa pergunta do jornalista a propósito da tendência que tem sido observada para um aumento das pressões atmosféricas sobre os continentes, em particular sobre Portugal, um fenómeno que se revela contrário ao que seria de esperar perante um crescimento sistemático das temperaturas, Pachauri procura desvalorizar a questão com uma resposta ao nível da anteriormente assinalada.

Para o chairman do IPCC a atmosfera não é estável, é um sistema muito complexo (que novidade!) há sítios do mundo em que as pressões sobem e outros em que descem. Os oceanos estão a aquecer, mas na Sibéria e na Gronelândia aumenta a precipitação e a neve. Enfim, para Pachauri tudo pode acontecer! É impossível acreditar que se esteja perante uma teoria consistente.

Aliás, neste aspecto, a teoria do global warming é peculiar. Tudo pode acontecer, desde que o dióxido de carbono de origem antropogénica seja o responsável. O caso do continente Antárctico é exemplar. Na parte ocidental do Antárctico existe uma pequena península que tem sido muito falada porque a temperatura nessa zona parece estar a aumentar. No resto do continente, a temperatura parece estar a diminuir. Onde aumenta, é culpa do Homem. Onde diminui, é variação natural...

Ou seja, a mesma acção do Homem – a emissão de gases com efeito de estufa, sobretudo no Hemisfério Norte – tem efeitos opostos lá muito longe, em duas zonas do continente Antárctico. Numa, aquece. Noutra, arrefece. Acredite quem quiser…

Mas ainda há mais na entrevista de Pachauri.

Na questão respeitante à carta enviada por uma centena de cientistas ao Secretário Geral das Nações Unidas por ocasião da cimeira de Bali, a resposta do chairman do IPCC foi a seguinte :

"Esse grupo está hoje melhor organizado e tem mais fontes de financiamento do que em 2007. Sente-se ameaçado e por isso está a organizar-se melhor para fazer muito barulho."

Isto já não é apenas a resposta de um charlatão. É a resposta de um verdadeiro tartufo. Então os cientistas que criticam o IPCC é que andam a receber financiamentos? E o que o IPCC recebe chama-se como? A verdade é que os 100 cientistas nem sequer formam um grupo organizado, como acontece com Pachauri e os membros do IPCC !

Mas aquele grupo de cientistas sente-se ameaçado...!? Essa agora ! Porquê? E por quem? Admite-se que, por uma questão de gentileza, própria de um anfitrião, o jornalista do Expresso não quis embaraçar Pachauri com estas perguntas elementares.

Mas o que verdadeiramente preocupa o chairman do IPCC pode depreender-se desta declaração :

"Parte dos fundos públicos destinados à retoma da economia podem ser investidos em programas e infra-estruturas relacionadas com as alterações climáticas".

Ora aí está. O grande receio de Pachauri e dos alarmistas profissionais é que a actual crise financeira leve os governos a reduzir significativamente os generosos subsídios que são postos à disposição das organizações que incessantemente estudam, investigam, propõem medidas e programas para combater a putativa ameaça do aquecimento global.