As diabruras do El Niño
(Actualizados, às 21 h 30 m, os parágrafos 12 e 13 com as definições do IOA)
Os profundos mistérios da alma do El Niño apaixonam, qualquer que seja o país, todos os media. Pede meças ao anticiclone dos Açores. O El Niño tanto é acusado de desgraças pelos pescadores como é incensado de venturas pelos agricultores do Peru.
Quer o El Niño de 1972-73, quer o de 1982-83 foram considerados como «El Niño do século» até ao aparecimento do El Niño de 1997-98. Este último ficou então baptizado como o «Super El Niño do século».
Os episódios do El Niño são considerados, por certos cientistas, como sendo os responsáveis pelas desordens climáticas mundiais. Também são invocados para explicar tal ou tal acontecimento fora do comum, suceda aonde suceder.
Os povos ribeirinhos do Peru, especialmente os pescadores, desesperam com o aparecimento do El Niño que faz diminuir as capturas e diminui uma fonte de rendimento, nomeadamente de exportação de farinha de peixe para os EUA.
As anchovas capturadas fora dos períodos de El Niño são secas e reduzidas a farinha que enchem sacos enviados para aviários norte-americanos. A farinha de peixe também serve de fertilizante usado na agricultura tanto no Peru como algures.
Poucos são os que se dedicam a interrogar: - mas porque se forma o El Niño? De facto, os clássicos interessam-se mais pelas estatísticas do que pelas percepções dos mecanismos que originam este fenómeno e da sua suposta influência na dinâmica do tempo e do clima, a começar, na região da América Central.
Agora que se estima uma inversão das temperaturas superficiais do Pacífico equatorial (ver Continuou a queda …) é uma boa altura de dedicar alguma atenção ao El Niño. E também à sua irmã La Niña que é o inverso dele.
Do ponto de vista estatístico, o El Niño está associado ao Índice da Oscilação Austral (IOA) ou Southern Oscilation (SO), em terminologia anglo-saxónica. Walker definiu a SO em 1923. Posteriormente, o fenómeno El Niño passou a ser designado como índice ENSO (El Niño-Southern Oscillation).
A ENSO é medida pela diferença das pressões atmosféricas ao nível do mar entre dois limites do oceano Pacífico tropical: «em termos gerais, quando a pressão é elevada no oceano Pacífico, ela tende a ser baixa no oceano Índico de África até à Austrália».
Foi desta forma que Walker et Bliss se exprimiram num artigo histórico da meteorologia e climatologia. A ENSO é determinada pela diferença entre as pressões atmosféricas de superfície da ilha de Tahiti, Ilhas da Sociedade, por um lado, e da cidade de Darwin, norte da Austrália, por outro.
Em vez da pressão de Tahiti usa-se, igualmente, a pressão atmosférica na Ilha de Rapa, Ilhas Austrais, ou ainda na Ilha da Páscoa. Do mesmo modo, em vez das indicações da pressão atmosférica de Darwin também se utiliza a de Jacarta, na Indonésia.
Assim, quando a pressão atmosférica é elevada em Tahiti e baixa em Darwin (IOA elevado), a temperatura da superfície do oceano Pacífico central na vizinhança do equador é baixa. É o caso de um episódio frio da La Niña.
Inversamente, quando a diferença daquelas pressões atmosféricas se torna minima (IOA fraco) observa-se uma anomalia térmica superficial quente. É o caso do El Niño.
Ao falar em pressões atmosféricas é por que os anticiclones móveis polares devem estar implicados nestes fenómenos. Mas haverá algum fenómeno meteorológico que não tenha os AMP por perto?
O fenómeno El Niño é conhecido desde há séculos, como afirmou Enfield. Mas «as causas da ENSO não são muito bem compreendidas» conforme disse Hastenrath no seu livro Climate dynamics of the Tropics.
A grande mediatização do El Niño não facilita a compreensão do fenómeno, aliás como de muitos outros no campo da meteorologia e climatologia (caso dos hipotéticos «aquecimento global» e, como sinónimo, das «alterações climáticas»).
Os profundos mistérios da alma do El Niño apaixonam, qualquer que seja o país, todos os media. Pede meças ao anticiclone dos Açores. O El Niño tanto é acusado de desgraças pelos pescadores como é incensado de venturas pelos agricultores do Peru.
Quer o El Niño de 1972-73, quer o de 1982-83 foram considerados como «El Niño do século» até ao aparecimento do El Niño de 1997-98. Este último ficou então baptizado como o «Super El Niño do século».
Os episódios do El Niño são considerados, por certos cientistas, como sendo os responsáveis pelas desordens climáticas mundiais. Também são invocados para explicar tal ou tal acontecimento fora do comum, suceda aonde suceder.
Os povos ribeirinhos do Peru, especialmente os pescadores, desesperam com o aparecimento do El Niño que faz diminuir as capturas e diminui uma fonte de rendimento, nomeadamente de exportação de farinha de peixe para os EUA.
As anchovas capturadas fora dos períodos de El Niño são secas e reduzidas a farinha que enchem sacos enviados para aviários norte-americanos. A farinha de peixe também serve de fertilizante usado na agricultura tanto no Peru como algures.
Poucos são os que se dedicam a interrogar: - mas porque se forma o El Niño? De facto, os clássicos interessam-se mais pelas estatísticas do que pelas percepções dos mecanismos que originam este fenómeno e da sua suposta influência na dinâmica do tempo e do clima, a começar, na região da América Central.
Agora que se estima uma inversão das temperaturas superficiais do Pacífico equatorial (ver Continuou a queda …) é uma boa altura de dedicar alguma atenção ao El Niño. E também à sua irmã La Niña que é o inverso dele.
Do ponto de vista estatístico, o El Niño está associado ao Índice da Oscilação Austral (IOA) ou Southern Oscilation (SO), em terminologia anglo-saxónica. Walker definiu a SO em 1923. Posteriormente, o fenómeno El Niño passou a ser designado como índice ENSO (El Niño-Southern Oscillation).
A ENSO é medida pela diferença das pressões atmosféricas ao nível do mar entre dois limites do oceano Pacífico tropical: «em termos gerais, quando a pressão é elevada no oceano Pacífico, ela tende a ser baixa no oceano Índico de África até à Austrália».
Foi desta forma que Walker et Bliss se exprimiram num artigo histórico da meteorologia e climatologia. A ENSO é determinada pela diferença entre as pressões atmosféricas de superfície da ilha de Tahiti, Ilhas da Sociedade, por um lado, e da cidade de Darwin, norte da Austrália, por outro.
Em vez da pressão de Tahiti usa-se, igualmente, a pressão atmosférica na Ilha de Rapa, Ilhas Austrais, ou ainda na Ilha da Páscoa. Do mesmo modo, em vez das indicações da pressão atmosférica de Darwin também se utiliza a de Jacarta, na Indonésia.
Assim, quando a pressão atmosférica é elevada em Tahiti e baixa em Darwin (IOA elevado), a temperatura da superfície do oceano Pacífico central na vizinhança do equador é baixa. É o caso de um episódio frio da La Niña.
Inversamente, quando a diferença daquelas pressões atmosféricas se torna minima (IOA fraco) observa-se uma anomalia térmica superficial quente. É o caso do El Niño.
Ao falar em pressões atmosféricas é por que os anticiclones móveis polares devem estar implicados nestes fenómenos. Mas haverá algum fenómeno meteorológico que não tenha os AMP por perto?
O fenómeno El Niño é conhecido desde há séculos, como afirmou Enfield. Mas «as causas da ENSO não são muito bem compreendidas» conforme disse Hastenrath no seu livro Climate dynamics of the Tropics.
A grande mediatização do El Niño não facilita a compreensão do fenómeno, aliás como de muitos outros no campo da meteorologia e climatologia (caso dos hipotéticos «aquecimento global» e, como sinónimo, das «alterações climáticas»).
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