Ainda a tragédia de Nova Orleães
A propósito de uma afirmação recente do actual governador da Louisiana, o jornalista Rui Tavares escreve hoje no Público, pág. 36, na sua “Crónica sem dor” o artigo com o título “Sobre vulcões e outros dilemas”.
Afirma o sr. Rui Tavares: “Atenção. Este homem, Bobby Jindal, é o governador do estado de Louisiana, que é o estado onde fica Nova Orleães, que foi a cidade inundada após o furacão Katrina – por causa dos cortes orçamentais que impediram o reforço dos diques que a protegem.”
Esta afirmação não dá conta de toda a verdade. Como temos a ideia que o sr. Rui Tavares é um jornalista que se preocupa com o rigor, vimos acrescentar uma correcção para esta sua omissão.
Para isso, socorremo-nos de Marlo Lewis, autor do livro traduzido para português «A Ficção Científica de Al Gore», que também se ocupou desta tragédia sucedida no sul dos Estados Unidos da América.
Na pág. 64 da edição portuguesa, lê-se o destaque do texto do livro «Uma Verdade Inconveniente» de Al Gore, nas páginas 94-95 (da versão em língua inglesa): “E então chegou o Katrina... As consequências foram horríveis. Não há palavras para as descrever.”
Marlo Lewis faz o seguinte comentário a esta afirmação de Al Gore: “As consequências do Katrina foram horríveis, mas é pura demagogia responsabilizar as emissões de CO2 pela devastação.
Kerry Emanuel, exactamente o cientista cujo trabalho Gore costuma citar para reclamar a ‘emergência de um forte consenso’ acerca da ideia de que o aquecimento global está a aumentar a duração e intensidade dos furacões, alertou contra as tentativas de associar o Katrina, ou outras tempestades recentes no Atlântico, ao aquecimento global.
Numa entrevista que ocorreu durante a fase em que o Katrina ainda se mostrava ameaçador, Emanuel afirmou: ‘Nós tivemos dez anos muito activos, ao longo da costa dos EUA e do golfo, e podíamos atirar as culpas para cima do aquecimento global. É, de facto, tentador. Mas olhando para as estatísticas, é muito difícil fazer tal ligação. Penso que o que estamos a observar neste caso é, sobretudo, um ciclo natural.’ (1)
Mais significativamente, o Katrina foi o maior desastre natural na história dos Estados Unidos, não por se tratar de um furacão demasiado forte – era uma tempestade de Categoria 3 quando entrou no território continental – mas porque o governo federal falhou na construção de protecções adequadas contra inundações da cidade de Nova Orleans.
John Berlau, colega do autor, faz a reportagem desta triste história num novo e importante livro. (2) A história conta-se em poucas palavras. Os decisores políticos sabiam há décadas que o sistema de canais, diques, muros e açudes não era adequado para proteger Nova Orleans. Nos anos 1960 e 1970, o Corpo de Engenheiros propôs a construção de grandes comportas de aço e betão para evitar que um furacão levasse as vagas do oceano até ao Lago Pontchartrain através de Nova Orleans.
Os políticos locais e a delegação ao Congresso de Louisiana deram o seu acordo a esta proposta. Todavia, grupos de pressão ambientalistas processaram o Corpo, recorrendo à Lei de Política Nacional do Ambiente com o objectivo de impedirem a construção das comportas de protecção contra as inundações. Tiveram sucesso. O Katrina devastou Nova Orleans porque os açudes, batidos pelas vagas, abriram brechas e permitiram que também a água do Lago fosse despejada no interior da cidade, inundando-a. O sistema de controlo de cheias proposto pelo Corpo teria evitado, com toda a probabilidade, a enorme perda de vidas e prejuízos económicos que bateram todos os recordes.
A litigação [dos ambientalistas] e não o aumento das concentrações de CO2, foi o factor ‘antropogénico’ que transformou o Katrina numa horrenda catástrofe.”
Afirma o sr. Rui Tavares: “Atenção. Este homem, Bobby Jindal, é o governador do estado de Louisiana, que é o estado onde fica Nova Orleães, que foi a cidade inundada após o furacão Katrina – por causa dos cortes orçamentais que impediram o reforço dos diques que a protegem.”
Esta afirmação não dá conta de toda a verdade. Como temos a ideia que o sr. Rui Tavares é um jornalista que se preocupa com o rigor, vimos acrescentar uma correcção para esta sua omissão.
Para isso, socorremo-nos de Marlo Lewis, autor do livro traduzido para português «A Ficção Científica de Al Gore», que também se ocupou desta tragédia sucedida no sul dos Estados Unidos da América.
Na pág. 64 da edição portuguesa, lê-se o destaque do texto do livro «Uma Verdade Inconveniente» de Al Gore, nas páginas 94-95 (da versão em língua inglesa): “E então chegou o Katrina... As consequências foram horríveis. Não há palavras para as descrever.”
Marlo Lewis faz o seguinte comentário a esta afirmação de Al Gore: “As consequências do Katrina foram horríveis, mas é pura demagogia responsabilizar as emissões de CO2 pela devastação.
Kerry Emanuel, exactamente o cientista cujo trabalho Gore costuma citar para reclamar a ‘emergência de um forte consenso’ acerca da ideia de que o aquecimento global está a aumentar a duração e intensidade dos furacões, alertou contra as tentativas de associar o Katrina, ou outras tempestades recentes no Atlântico, ao aquecimento global.
Numa entrevista que ocorreu durante a fase em que o Katrina ainda se mostrava ameaçador, Emanuel afirmou: ‘Nós tivemos dez anos muito activos, ao longo da costa dos EUA e do golfo, e podíamos atirar as culpas para cima do aquecimento global. É, de facto, tentador. Mas olhando para as estatísticas, é muito difícil fazer tal ligação. Penso que o que estamos a observar neste caso é, sobretudo, um ciclo natural.’ (1)
Mais significativamente, o Katrina foi o maior desastre natural na história dos Estados Unidos, não por se tratar de um furacão demasiado forte – era uma tempestade de Categoria 3 quando entrou no território continental – mas porque o governo federal falhou na construção de protecções adequadas contra inundações da cidade de Nova Orleans.
John Berlau, colega do autor, faz a reportagem desta triste história num novo e importante livro. (2) A história conta-se em poucas palavras. Os decisores políticos sabiam há décadas que o sistema de canais, diques, muros e açudes não era adequado para proteger Nova Orleans. Nos anos 1960 e 1970, o Corpo de Engenheiros propôs a construção de grandes comportas de aço e betão para evitar que um furacão levasse as vagas do oceano até ao Lago Pontchartrain através de Nova Orleans.
Os políticos locais e a delegação ao Congresso de Louisiana deram o seu acordo a esta proposta. Todavia, grupos de pressão ambientalistas processaram o Corpo, recorrendo à Lei de Política Nacional do Ambiente com o objectivo de impedirem a construção das comportas de protecção contra as inundações. Tiveram sucesso. O Katrina devastou Nova Orleans porque os açudes, batidos pelas vagas, abriram brechas e permitiram que também a água do Lago fosse despejada no interior da cidade, inundando-a. O sistema de controlo de cheias proposto pelo Corpo teria evitado, com toda a probabilidade, a enorme perda de vidas e prejuízos económicos que bateram todos os recordes.
A litigação [dos ambientalistas] e não o aumento das concentrações de CO2, foi o factor ‘antropogénico’ que transformou o Katrina numa horrenda catástrofe.”
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