domingo, março 20, 2005

As indicações dos climas do passado

Pretende-se que o estudo paleoclimatológico do passado possa dar uma ideia da amplitude das futuras alterações climáticas.

Esta afirmação, que deseja fundamentar a alteração climática de longo prazo, permite colocar o problema da relação entre os gases com efeito de estufa (GEE) e a temperatura :

  • É uma covariância ou é uma correlação física?
  • Quando é que o acréscimo dos GEE é a causa e quando é que é o efeito?
  • Que significa à escala paleoclimática (como à escala sazonal) a covariação mais ou menos estreita entre o CO2 e a temperatura?

Os cilindros da Vostock retirados dos gelos antárcticos parecem mostrar o paralelismo das variações de temperatura do ar e do teor atmosférico de GEE. Deduzir que o passado e o futuro são directamente comparáveis representa a astúcia ideal : qual é, com efeito, o não-climatologista e, a fortiori, o cidadão que conhece Milankovitch e a sua teoria sobre os períodos da predominância do gelo?

A covariação geral dos parâmetros (deutério, CO2, CH4, Ca, etc. e a temperatura correspondente deduzida) no decurso de mais de 400 mil anos resulta de um “forçamento” exterior à própria Terra : quatro ciclos principais revelam a influência da excentricidade da órbita terrestre (ciclo de 100 000 anos), enquanto no interior de cada grande ciclo glaciário-interglaciário, as variações mais breves são conjuntamente associadas à variação da inclinação do eixo dos pólos e à precessão dos equinócios, parâmetros orbitais da radiação precisamente demonstrados por Milankovitch em 1920.

Todos os parâmetros covariam, e estão portanto estatisticamente correlacionados, mas a evolução da temperatura a esta escala de tempo não depende dos GEE, mas, ao contrário, são as suas taxas de crescimento que dependem, mais ou menos directamente, da temperatura.

Por consequência, apesar dos resultados notáveis das análises dos cilindros de gelo para o conhecimento dos climas passados, a referência sistemática aos paleoclimas não faz qualquer sentido no debate. E tanto menos sentido quanto as teorias meteorológicas convencionais utilizadas pelos modelos não propõem um esquema de circulação geral válido a esta escala paleoclimática.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá

Li todo o seu blog. Encontrei-o por acaso, enquanto procurava dados sobre a última era glaciar.

Fui durante muito tempo "fã" do aquecimento do global e preocupada com a poluição. Mas quando nos últimos tempos se tornou tema dos media e dos políticos comecei a desconfiar.

Não sei se o que aqui diz é verdade, uma vez que eu não tenho capacidade cientìfica para o verificar. Mas certamente que é mais um passo importante na contra-informação tão ausente e tão mal-vista na nossa sociedade.

Houve sempre algumas coisas que me intrigaram:
- não seria o clima, pelo menos na Europa, mais quente que nos nossos dias durante a Antiguidade Clássica? Não é por causa das roupas que actores vestem em filmes históricos, desconfio disto devido à descrição que os próprios romanos fazem do seu vestuário e dos tipos de casas que habitavam.

- não andarão a esconder as verdadeiras consequências da poluição (na saúde humana, por exemplo e na poluição das águas que no futuro pode vir a implicar muita coisa, desde a vida animal e vegetal á vida humana)

- aumento dos custos dos combustíveis fósseis, devido à poluição, escassez, guerras... não sera tudo uma falácia?!

- porque é que o clima está a mudar?

Obrigado pela anteção
OG

10:32 da manhã  

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