quinta-feira, março 30, 2006

Dinâmica do Árctico (2)

A figura 49 mostra como se dispersam os anticiclones móveis polares no Oceano Árctico. Os sentidos de avanço estão representados por setas bold. A figura mostra os relevos geográficos, assinalados a negro, que encaminham os AMP para os trópicos.

Por exemplo, os AMP que são encaminhados para a América do Norte seguem pelos desfiladeiros das montanhas da Gronelândia, da ilha de Ellesmere e da ilha de Baffin. A frequência das trajectórias americano-atlânticas é de um AMP em cada 2 a 3 dias.

Repare-se como a teoria moderna da meteorologia e climatologia está muito associada ao estudo da geografia e da topografia. Estas disciplinas começam a estar ligadas na explicação dos fenómenos meteorológicos e climáticos.

No corredor formado pela ilha de Baffin e as Montanhas Rochosas, os AMP impelem ar continental frio e seco em direcção ao Norte da América, nomeadamente, no Inverno quando a neve e o gelo cobrem a região.

Não admira, pois, que a temperatura do norte do Canadá (a ocidente do Árctico) varie pouco e apresente valores negativos. À medida que caminham para o Sul, os AMP desviam o ar que encontram pela frente.

Este ar, mais húmido e mais quente, segue o caminho inverso para o Árctico. Aproveita a boleia do percurso ciclónico de baixas pressões correspondente ao corredor periférico dos AMP.

Tal como acontecia com o ar frio que se dirigia para Sul, o ar quente é encaminhado, agora em sentido contrário, pelos mesmos relevos geográficos, assinalado na figura 49 por meio de setas de traço interrompido.

A dinâmica dos AMP é um factor de complexidade para a avaliação da temperatura e da pressão na região. Quanto mais potentes e frios são os AMP, mais intensos e quentes são os fluxos ciclónicos de retorno. Eis o motivo da dificuldade desta determinação.

Embora estejamos longe do Antárctico, aproveita-se para salientar que esta mesma complexidade se apresenta nessa outra região. Por isso, levantam-se sempre grandes dúvidas sobre o valor dos estudos das temperaturas polares.

A passagem de um sistema de AMP, em vez de um único, com alternância de ar quente e de ar frio em sentidos inversos, agrava a situação. Os valores extremos das temperaturas associados às baixas e altas pressões não têm significado físico.

As sequências de ar quente de curta duração e de ar frio de longa duração é que dão o verdadeiro significado físico em que se devia basear a investigação. No entanto, não são consideradas as durações das fases de ar quente e frio na determinação das temperaturas destas regiões.

Esta imperfeição é patente quando o cálculo se baseia apenas na média aritmética entre as temperaturas máximas e a mínimas verificadas. Dever-se-ia calcular o valor médio do integral das temperaturas instantâneas de um determinado período.

A temperatura média, tal como se calcula, não representa uma região tão complexa com zonas muito frias e menos frias e com dinâmicas variadas. Além disso, as séries históricas das temperaturas pertencem a registos de estações meteorológicas situadas apenas na periferia do Oceano Árctico (Vd. Fig. 13 - as estações estão assinaladas com pontos vermelhos).

Resumidamente, a maioria das análises baseada em temperaturas médias descrevem imperfeitamente todo o Árctico. A evolução actual, incluindo a da Gronelândia, não deve ser assacada ao «global warming».

A situação da região boreal, contando com a Gronelândia, relativamente aos mares de gelo, aos permafrosts (terras geladas), aos campos de gelo (banquisas) e aos glaciares deve ser analisada fora do preconceito do «global warming».

Antes, os acontecimentos podem ser considerados proxies da hiperactividade dos anticiclones móveis polares iniciada a partir dos anos 70 do século XX (talvez 1976). O parti pry do «global warming» introduz erros de avaliação tremendos.

Mais tarde, quando analisarmos em pormenor o célebre relatório da ACIA-Arctic Climate Impact Assessment, veremos os erros grosseiros que foram cometidos quando se aborda a região do Árctico sem aprofundar os conhecimentos da sua dinâmica.

(continua)

Corrigida a gralha (detectada por leitor): permafrost; ...Montanhas...(em vez de ilhas)

Fig. 49 - Oceano Árctico. Dispersão de AMP (setas bold) e retorno de ar quente (setas interrompidas). Fonte: Marcel Leroux.Posted by Picasa

terça-feira, março 28, 2006

Dinâmica do Árctico (1)

Para analisar o tempo e o clima de uma determinada zona ou região do planeta não é suficiente estudar a evolução da temperatura ou de uma outra qualquer variável isolada. Este é um dos maiores erros que está subjacente ao dossier do «global warming».

No caso do Árctico, verificámos anteriormente que a temperatura se comporta de modo diverso consoante o quadrante em que se pode dividir a região. O mesmo se passa com a área do mar gelado ou a espessura dos mantos de gelo.

De qualquer modo, afastada a hipótese simplista do efeito de estufa antropogénico para aquela região de tão profundo défice térmico, deve ser sempre contemplada uma análise da dinâmica aerológica.

Considerar apenas o efeito radiativo é imaginar que vivemos num qualquer planeta dos macacos em que nem sequer existisse vento. É a tendência para a qual nos querem convencer que vamos a caminho com o cenário do «global warming».

De facto, se os pólos aquecessem conforme os utilizadores dos modelos dizem que estes indicam, o gradiente de temperatura entre latitudes amorteceria. Mas não é nada disto que se passa.

Há que considerar a advecção (que palavra rebarbativa!) correspondente ao transporte do ar de um lado para o outro. Genericamente, trata-se da circulação geral da atmosfera que se processa ao nível da troposfera.

Aqui começa a distinção entre os conceitos clássicos e os modernos. Ambos admitem a existência da circulação geral da atmosfera devida às diferenças de temperatura entre os pólos e os trópicos.

Enquanto a teoria clássica imagina o transporte essencialmente feito a partir do ar quente dos trópicos, a moderna explica que é o ar frio dos pólos que comanda tudo na vida meteorológica e climática do nosso planeta.

Aquela teoria tem avançado as explicações clássicas do comportamento climático do Árctico. Como não podia deixar de ser, o efeito de estufa aparece num elevado número de propostas explicativas.

Mas, mesmo entre os clássicos, não são poucas as críticas feitas à consideração do efeito de estufa que aparece para se introduzir o antropogénico à socapa. Numa região de tão profundo défice térmico, o que andaria o efeito de estufa antropogénico a fazer?

Essas vozes não se calam e há quem lhes dê ouvidos. Porém, vozes mais avisadas, ainda que com raciocínios clássicos, avançam com outras possíveis causas. Nestas encontram-se os índices estatísticos como sejam o LFO, o NAM, o AO. E, ainda, os mais conhecidos, NAO e o ENSO (Vd. Nota).

Misturada com índices aparece às vezes a corrente oceânica termohalina (de sal). Mas o que representam todos esses índices? Sabe-se que são obtidos através dos registos de valores históricos dos serviços meteorológicos. Mas que significam?

As causas e os mecanismos que conduzem à existência daqueles registos ficam por esclarecer. Por exemplo, o índice NAO ou OAN, que diz muito aos portugueses, é obtido através das diferenças das pressões atmosféricas dos Açores (ou de Lisboa) e da Islândia.

Mas como se produzem essas pressões? E qual é o motivo por que umas vezes sobe e outras desce a alta pressão dos Açores ou a baixa da Islândia? São profundos mistérios a que os conceitos clássicos não dão resposta.

Na era da proliferação dos modelos, tenta-se resolver o assunto com equações matemáticas a que chamam modelos regionais. Mas como é possível traçar um modelo se não se sabe explicar o fenómeno que se pretende reproduzir?

Falta conhecer a explicação do mecanismo da circulação geral que transporta o ar de e para as altas latitudes. Então, na zona dos pólos, muito especialmente na boreal, a complexidade é enorme.

Os satélites meteorológicos vieram ajudar a encontrar uma solução que satisfaz não só às regiões polares como a todas do planeta. Principalmente nas latitudes elevadas e temperadas, é seguramente a melhor das explicações existentes.

Estamos a falar do conceito dos anticiclones móveis polares. Estes explicam os mecanismos da evolução térmica do Árctico. A consideração dos AMP fornece uma explicação coerente por meio do comportamento aerológico da região.

A circulação geral é consequência da radiação que tem o máximo nos trópicos. O veículo principal das trocas meridionais é o AMP. Este actua directamente no sentido pólos-equador e indirectamente no sentido inverso.

Indirectamente, provoca o retorno do ar tropical para os pólos. As variações diárias, sazonais e de longo prazo dependem do défice térmico polar. As baixas camadas são fortemente condicionadas pelos relevos geográficos, nomeadamente topográficos. Inclusive na região boreal.

É o ar de retorno que afecta as temperaturas boreais e austrais das altitudes elevadas. A influência nas altitudes baixas, como o mar gelado, é devida à actividade quase imediata dos AMP que estabelece campos de ventos quentes com circulações violentas de retorno próximo.

Este último fenómeno aconteceu nas proximidades atlânticas de Portugal no dia 29 de Janeiro de 2006 quando nevou no País. Trata-se do efeito Venturi que teremos oportunidade de analisar mais adiante.

Os AMP têm a máxima importância porque são os actores principais das trocas meridionais por meio de transferências horizontais (advecção). São as baixas camadas que influenciam as camadas superiores. Não é o inverso

As camadas baixas determinam os campos de pressão e de ventos (voltaremos a falar destes). São elas que provocam as transferências verticais ascendentes. A repetição destes fenómenos marca o estado do tempo e o clima desde tempos imemoriais.

Seguir-se-ão explicações que os satélites permitem tirar ao se observarem as imagens directas da evolução dinâmica das massas de ar que saem perfeitamente organizadas e cadenciadas em qualquer estação do ano.

Nota:
LFO-Low-Frequency Oscillation; NAM-Northen Annular Mode; AO- Arctic Oscilation; NAO-North Atlantic Oscilation; ENSO-El Niño-Southern Oscilation.

(continua)

Corrigido (chamada de atenção de um leitor): ...mecanismos que conduzem à existência daqueles registos...; ...mistérios a que os conceitos...;...meridianas...por meridionais...

segunda-feira, março 20, 2006

Mar de Bering

O jornal Público do dia 11 de Março de 2006, na página 22, dizia em título «Aquecimento do mar de Bering afecta espécies animais e populações nativas». Eram cientistas que lançavam o alerta. As populações hipoteticamente afectadas eram de esquimós.

Há cientistas dispostos a lançar alertas. Parte deles são falsos alarmes. E, como quase sempre, a revista dita científica Science dá guarida a estes falsos alertas. O Público recolheu a notícia na Science.

“Como consequência das alterações climáticas, toda a cadeia alimentar está a sofrer alterações” – dizia o Público. São alterações de alterações. “Alterações” deve ser uma das palavras mais utilizadas desde há alguns anos para cá.

O artigo de o Público, depois de falar inevitavelmente no dióxido de carbono, terminava com a sentença de morte: “Os cientistas…consideram que a situação pode já ser irreversível e que vai afectar ecossistemas vizinhos.”

Esta da irreversibilidade já alcançada, ou a alcançar proximamente, começa a fazer parte da litania do «global warming». Estamos a viver num mundo a caminho do apocalipse climático. O dia do juízo final climático aproxima-se irreversivelmente.

Para surpresa de alguns – os dados deste artigo foram colhidos em registos dos últimos 20 anos –, a tal irreversibilidade foi revertida recentemente. Em Fevereiro de 2006 a área do mar gelado de Bering atingiu um máximo.

O sítio da web «The Cryosphere Today» está devotado ao estudo da criosfera. Possui uma valiosa base de dados das observações de satélites vocacionados para as observações dos mantos de gelo do planeta.

Os resultados das observações são fornecidos pela National Center for Environmental Prediction / NOAA. Como se vê na Fig. 48 – traçada a partir daquela base de dados – , a área do mar gelado de Bering começou a crescer em Novembro de 2005 depois de ter estado quase a zero durante cerca de um ano.

Se o artigo da Science tivesse sido publicado em Junho de 2005 é que alarmaria a opinião pública. Agora não! O movimento cíclico do mar gelado de Bering que se vê na figura é elucidativo. O gelo do planeta recua e avança com surpresas destas da figura.

Já não é para admirar que revistas ditas de ciência e media considerados de referência tenham ignorado o crescimento da área do mar gelado de Bering. Só lhes interessa falar em decréscimos. Os acréscimos não são com eles.

O clima tem variado de forma natural muito antes de o Homem ter entrado em cena. A tendência actual não é mais do que uma simples continuação desse facto. As previsões apocalípticas do «global warming» são um novo género das crenças do passado que se provou que estavam erradas.
Fig. 48 - Mar gelado de Bering (Março 2005 - Março 2006). Fonte: The Cryosphere Today.Posted by Picasa

sábado, março 18, 2006

Realidade e ficção

O artigo que levou o Público de 5/03/2006 a escrever o título erróneo “Gelo da Antárctida está a derreter de forma acelerada” foi anunciado na Science Express do dia 2 de Março de 2006. O artigo só pode ser lido através de pagamento.

Mas o Abstract está disponível: «Using measurements of time-variable gravity from the Gravity Recovery and Climate Experiment (GRACE) satellites we determine mass variations of the Antarctic ice sheet during 2002-2005. We find that the ice sheet mass decreased significantly, at a rate of 152 ± 80 km3/year of ice, equivalent to 0.4 ± 0.2 mm/year of global sea level rise. Most of this mass loss came from the West Antarctic Ice Sheet

Lido desta forma resumida, parece que os seus autores, Isabella Velicogna e John Wahr, da Universidade de Colorado, Boulder, EUA, mediram directamente a redução dos mantos de gelo da Antárctica por meio de satélites.

Mas isso não é verdade. Fica por dizer que a conclusão errada foi obtida através de modelos. Sempre os modelos… Usaram valores observados pelos satélites, introduziram-nos em modelos e obtiveram uma conclusão errada.

A explicação deste logro, já que não é possível fornecer a hiperligação do artigo, pode-se encontrar no sitio web do Center for the Study of Carbon Dioxide and Global Change. De facto, os valores indicados por Isabella Velicogna e John Wahr são de estimativas erradas.

É interessante saber que no texto original os autores reconhecem, de acordo com uma metodologia bem singular, “there are errors in those (meteorological) fields” das previsões que utilizaram nos modelos. Reconhecem que existem mais fontes de erro nas bases de dados utilizadas.

O que admira é uma revista dita científica como a Science, tão zelosa dos seus “peer-reviewers”, ter permitido a publicação de um Abstract tão enganador. Muitos media morderam o isco. Aqueles que não cruzaram informação.

Nunca é demais denunciar este tipo de enganos que desacreditam a ciência. Ou antes, quem a usa sem escrúpulos. A crise já não é apenas conceptual relativamente à meteorologia e climatologia. É mais vasta.

Cientistas que possuem meios de observação poderosos como a NASA e a NOAA não promoveram até hoje um milímetro que fosse no avanço dos conhecimentos da meteorologia e da climatologia.

Observam os fenómenos, tiram conclusões erradas e lançam a confusão. Cientistas da NASA e da NOAA abusam do mérito inquestionável dos seus meios de observação para distorcerem a realidade. Confundem os seus desejos (corroborar o «global warming») com a realidade.

A impostura científica do «global warming» tem vários dogmas. Um deles é o do derretimento dos gelos polares. Foram modelos que sugeriram essa visão enganadora. Procura-se por todos os meios encontrar a corroboração desse dogma.

Um outro, relacionado com aquele, é o da subida do nível dos oceanos. Gastam-se fortunas com experiências inconclusivas. Mas o dogma é repetido insistentemente. Os aliados nos media fazem por propagar a fé climática deste tipo de “cientistas”.

sexta-feira, março 17, 2006

Antarctic Ice Sheets Are Growing

O segundo texto, em anexo à carta dirigida ao sr. Provedor de o Público, provinha de um jornal alemão com tradução em inglês. Imagina-se a razão da não publicação deste texto por parte de alguns media. Curiosamente, esta notícia nasce em meios europeus sempre prontos a descobrir os malefícios hipotéticos do «global warming».

Die Welt am Sonntag, 7 March 2005

The West Antarctic peninsula only covers one tenth of the South Pole s ice. There are rarely spectacular reports about the much larger parts of the continent. These do not provide a uniform scientific picture.

In total, however, the ice masses of the continent, which hold about 70 per cent of the world's fresh water resources, seem to be growing. This conclusion was reported at the Earth Observation summit in Brussels in the middle of February by Antarctic researcher Duncan Wingham (University College London).

Wingham presented new satellite data which show that the Antarctic ice cover is getting thicker. "To claim that the ice sheets are melting is rather daring," Wingham said in an interview with Die Welt.

Wingham presented radar measurements taken by the European satellites ERS-2 and Envisat, whose altimeter exactly measures elevations on the earth s surface down to two centimeters by means of electromagnetic wave pulses.

This way, changes of the ice cover can be identified over many years. Soon, even more precise measurements will be possible once the European satellite CryoSat is going to be launched later in June.

Orbiting the Polar Regions, CryoSat will take exact measurements (at the millimeter level) for at least three years of the ice thicknesses on both the mainland and the sea at both poles.

At a conference in Frascati next week, these operations are going to be prepared. However, whether CryoSat's measurements will be able to clarify how the ice cover of the Antarctic (which is up to 4770 meters thick) will evolve in the future, remains questionable.

Systematic climate research has been going on for some 30 years on the seventh continent - with contradictory findings: the climate of the Antarctic is complex. A temperature rise over the western peninsula has coincided with a cooling of the south part of the continent.

And even in the west the ice cover has been growing. Standard explanations claim that a slight warming will lead to intensified snow which freezes. A global temperature rise could possibly lead to the thickening of the Antarctic ice cover altogether. In any case, the doomsday scenario of an Antarctic meltdown and consequently a rise in sea level of up to 60 meters - seems rather unrealistical.

More Ice Melting Disputes

O primeiro dos textos enviados, em anexo, ao sr. Provedor dos leitores de o Público tinha a proveniência da Associated Press. É um texto daqueles que os media fogem de publicar como o diabo da cruz! Não vá os leitores começarem a pensar que estão envolvidos numa das maiores mistificações de que há memória. Ei-lo:

Associated Press, 18 January 2002

WASHINGTON (AP) New measurements show the ice in West Antarctica is thickening, reversing some earlier estimates that the sheet was melting. Scientists concerned about global warming have worried that higher temperatures could melt the massive ice sheet, causing a rise in sea levels worldwide.

But new flow measurements for the Ross ice streams, using special satellite-based radars, indicate that movement of some of the ice streams has slowed or halted, allowing the ice to thicken, according to a paper in the Jan. 18 issue of the journal Science.

If the thickening is not merely part of some short-term fluctuation, it represents a reversal of the long retreat of the ice, say researchers Ian Joughin of the Califórnia Institute of Technology and Slawek Tulaczyk of the University of California, Santa Cruz.

Their finding comes less than a week after a separate paper in Nature reported that Antarctica's harsh desert valleys - long considered a bellwether for global climate change - have grown noticeably cooler since the mid-1980s.

Air temperatures recorded continuously over a 14-year period ending in 1999 declined by about 1 degree Fahrenheit in the polar deserts and across the White Continent, that paper said.

The cooling defies a trend spanning more than 100 years in which average land surface temperatures have increased worldwide by about 1 degree Fahrenheit. The scientists said Antarctica is the only continent that is cooling.

They can not say why. In their paper, Joughin and Tulaczyk suggest the West Antarctic ice streams may be undergoing the same transition from shrinking to growing that appears to have occurred on a neighboring stream 150 years ago.

The results, they add, suggest a reduced possibility of the feared massive collapse of the ice field. "Perhaps, after 10,000 years of retreat from the ice-age maximum, researchers turned on their instruments just in time to catch the stabilization or re-advance of the ice sheet," Richard B. Alley of Pennsylvania State University, wrote in a commentary accompanying the Science paper.

But he warned that coastal property owners should not become too optimistic about the findings, since the instrumental record is short and coastal ice streams have changed periodically over the centuries.

quinta-feira, março 16, 2006

Relações com o «Público»

Há muito o jornal Público defende a existência do suposto “aquecimento global” e das célebres “alterações climáticas”, o que se evidencia em todas as "notícias" ali publicadas.

Este sectarismo climatológico é de tal ordem que aquele jornal simplesmente não admite, ou seja, censura pela omissão, qualquer notícia que contrarie o seu ponto de vista pré-concebido.

Dessa forma induz os seus leitores em erro, pois estes não ficam a saber que existem correntes ponderáveis de cientistas respeitáveis que negam a existência dos ditos fenómenos.

Esta atitude de o Público é manifestamente parcial e não louva as qualidades de isenção e lisura que uma publicação noticiosa deveria manter. Nesse unilateralismo extremista, que se poderia classificar até de censório, têm-se distinguido dois dos seus redactores, os srs. Ana Fernandes e Ricardo Garcia.

O editor de Mitos Climáticos tomou a iniciativa de contactar o Provedor dos leitores de o Público, sr. Rui Araújo, a fim de protestar contra tamanho unilateralismo sectário e tendencioso.

As cartas que lhe foram enviadas (reproduz-se em baixo a última) mereceram a sua atenção. No entanto, apesar da sua boa vontade e correcção, verifica-se que o senhor Provedor de o Público foi impotente para corrigir a actuação enviesada de alguns redactores daquele jornal.

O motivo imediato da última carta enviada ao Sr. Provedor foi a queda de neve em Lisboa em 29 de Janeiro de 2006, cujo relato em o Público era absolutamente distorcido.

E alguns dias depois surgia ali outra inimaginável "notícia" acerca do hipotético derretimento da Antárctica. Este "derretimento" foi refutado com notícias fidedignas de outras fontes, mas obviamente o Público também as omitiu.

Para que conste, faz-se aqui o historial dessa epistolografia. Eis a última carta de 10/03/2006:

«Exmo. Senhor Provedor:

Afinal a minha proposta de esclarecimento dos leitores do Público sobre as causas da queda de neve sobre Lisboa no dia 29 de Janeiro de 2006 não resultou. Verifica-se portanto que o Público continua assim a manter os seus leitores nas trevas do «global warming».

Ao omitir a existência de cientistas respeitáveis que negam o dito «aquecimento global» o Público rompe assim uma das regras básicas do jornalismo: ouvir os dois lados. Ao tomar posição só por um lado o Público está assim a assumir uma pesadíssima responsabilidade e a comprometer a sua idoneidade.

O parti pris dos jornalistas que fazem o Público tornou-se bem patente na muitíssimo pequena atenção que tem dedicado às tempestades de neve que se têm verificado por esse mundo fora, até em Portugal. Por cá envia a notícia para o suplemento Local não vá o leitor começar a duvidar da mistificação do aquecimento global.

Manipuladores climáticos como o Ricardo Garcia e a Ana Fernandes entraram então em hibernação. Quando vier um bocadinho de calor acordam e lá vêm com a ladainha do costume.

No dia 5 de Março de 2006 temos outro exemplo na pág. 33 do artigo «Gelo da Antárctica está a derreter de forma acelerada». Tal “notícia” constitui uma grande aldrabice.

Envio a seguir dois textos com referências de hiperligação que comprovam a mistificação do suposto derretimento dos pólos. Seria digno da parte do vosso jornal se publicasse textos como esse. Caso não o faça, terei de continuar a pensar que está apostado na manipulação da opinião pública.

Cumprimentos de Rui Moura.»

O sr. Provedor respondeu às anteriores. Sugeriu então o envio de um artigo de opinião para publicação. Mas foi avisando que não tem qualquer poder quanto à decisão de publicação.

De acordo com a sugestão fora enviado para a Redacção (publico@publico.pt) o artigo «Neve em Lisboa, uma fria refutação» com pedido de publicação. Este não foi atendido.
Apresentar-se-ão em posts vindouros os textos (em inglês) referidos acima.

terça-feira, março 14, 2006

Mar gelado do Árctico (2)

(continuação)

- Anomalias da extensão mensal das áreas e das agregações de 5 meses

O excelente estudo de John McLean apresenta também as anomalias mensais e de 5 meses agregados da evolução das áreas de cada quadrante entre 1994 e 2003. Esta análise tem o inconveniente de ter uma duração limitada a uma década.

A conclusão principal que McLean tira da análise é que a falta de consistência entre as anomalias de cada quadrante sugere ausência de factores de influência global (temperatura média global do planeta ou do hemisfério Norte).

- Área total dos Quadrantes

Entre 1973-2003, a área do mar gelado dos Quadrantes 1 e 3 diminuiu mais do que nos outros dois. As variações são cíclicas entre reduções e aumentos como os gráficos mostram.

O que John McLean investigou foi a determinação das “driving forces” das evoluções. Por exemplo, entre 1979 e 1992 não existiu diminuição alguma. Entre 1984 e 1987 houve um aumento da área do mar gelado. Por que motivo? A temperatura não é a variável explicativa procurada.

- Área total do Mar Gelado do Árctico

Finalmente, entre 1973 e 2003 verificou-se uma redução de aproximadamente um milhão e duzentos e cinquenta mil quilómetros quadrados. Esta redução é recuperável. Isso aconteceu várias vezes durante as décadas analisadas.

- Extensões mínimas e máximas – média anual

Em trinta anos, de 1973 a 2003, o declínio do mínimo (Verão) é maior do que do máximo (Inverno) o que seria consistente com a diminuição da espessura. Nota-se também a inconsistência na variação; em 1996 o máximo diminuiu e o mínimo aumentou!

- Extensões no Verão e no Inverno de 1973 a 2003. Anomalias mensais de 1996 a 2002

A variação no Verão (Janeiro a Março) foi maior do que no Inverno (Julho a Setembro) de 1973 a 2003. Qual é a consistência entre as extensões do mar gelado nos mesmos meses de anos diferentes? Não existe consistência para as anomalias entre os anos 1973 e 2002 para as médias de cada mês.

- Anomalias das áreas sem gelo e da temperatura média global

Talvez a mais esperada das análises do estudo de John McLean. Hélas! Existem períodos em que a extensão do mar gelado aumenta quando a temperatura média global aumenta.

Igualmente, existem períodos em que a extensão diminui quando a temperatura diminui. Não há explicação para um abrupto declinar da extensão do mar gelado em 1978 quando a anomalia da temperatura foi ligeiramente negativa.

- Conclusão

Afastada a hipótese de qualquer influência da temperatura na evolução do mar gelado do Árctico, John McLean aponta para o transporte de calor oceânico através do Quadrante 1 (Vd. Fig. 47).

É manifesto que o Oceano Atlântico pode conduzir mais calor em direcção ao Pólo Norte do que o Oceano Pacífico. Isso acontece, nomeadamente, pela geografia da região boreal. É pelo menos a explicação que se pode tirar por exclusão de partes para a ligeira redução do mar gelado do Árctico.

Note-se que o Árctico não é apenas o mar gelado. Os mantos de gelo que originam os anticiclones móveis polares e recebem em troca ar menos frio de regresso ficaram de fora desta análise.

Mar gelado do Árctico (1)

As observações do mar gelado do Árctico têm gerado controvérsias. Os satélites da NASA e da NOAA fornecem indicações interpretadas de modo diverso. Dependem da largura do período observado.

O climatologista australiano John McLean, sempre extremamente rigoroso nos seus estudos, realizou uma curiosa análise da região do Árctico a partir da base de dados do website «The Cryosphere Today».

Dividiu a região em quatro quadrantes ortogonais para procurar a existência de alguma relação entre a área do mar gelado e a temperatura. Concluiu que as evoluções irregulares do mar gelado demonstram uma não-relação.

A partir daquela base de dados não resolveu uma outra questão. A de saber se a alteração da extensão do mar gelado é devida às correntes oceânicas, especialmente aquelas que introduzem águas menos frias na região.

No entanto, na falta de uma relação consistente entre a área e a temperatura, sugere que são as águas menos frias que penetram na região a causa possível para as variações verificadas na extensão do mar gelado.

Nesta análise faltou acrescentar a hipótese do recrudescimento da actividade dos anticiclones móveis polares a partir de 1970-1976. A reentrada de ar quente (menos frio) para substituir a partida de ar frio também deve ser responsabilizada.

McLean considerou as seguintes sub-regiões (Vd. Fig. 47): Quadrante 1 – Atlântico Norte; Quadrante 2 – Mares de Kara, de Laptev e da Sibéria Oriental; Quadrante 3 – Mar de Chukots, Estreito de Bering e Mar de Beaufort; Quadrante 4 – Arquipélago Canadiano.

Em todas elas estudou a variação da extensão do mar gelado durante as estações do Inverno e do Verão (entre 1973 e 2001), bem como a extensão em cada um dos doze meses de um ano (entre 1997 e 2002).

O estudo apanhou o período de um severo El Niño (Outubro de 1997 a Outubro de 1998) com origem no oceano Pacífico. Os resultados podem-se encontrar no website de John McLean.

O elevado número de gráficos apresentados no estudo de McLean desaconselha a reprodução dos mesmos no Mitos Climáticos. Resumem-se as conclusões do climatologista australiano.

- Quadrante 1

A variação da área do mar gelado é significativamente maior no Inverno do que no Verão. Não se notou qualquer influência do El Niño.

- Quadrante 2

Em contraste com o Quadrante anterior, a variação da área do mar gelado no Verão é maior do que no Inverno. As variações mensais são menores do que no Quadrante 1. O motor dessas variações é local e não global ou hemisférico (temperatura).

- Quadrante 3

As variações da área do mar gelado são mais pronunciadas no Verão. Atingiu-se uma diferença de cerca de um milhão e duzentos mil quilómetros quadrados entre o início de 1973 e o fim de 2002. Estas variações são cíclicas e recuperáveis.

Ao longo dos doze meses de cada ano, detecta-se uma menor taxa de variação nos primeiros seis meses (redução) do que nos restantes (aumento). Isto é, a recuperação é mais rápida.

Neste Quadrante apareceu uma redução da extensão do mar gelado sincronizada com o fenómeno do El Niño de 1997/98. Mas não se pode atribuir influência directa.

- Quadrante 4

Neste Quadrante as variações são mais pronunciadas no Verão do que no Inverno. Nota-se que o aumento da extensão da área no início de 1984 não foi sustentado ao longo do meio do ano.

A taxa de variação da área entre os doze meses de cada ano comporta-se de modo diferente do caso anterior. A taxa de decrescimento nos primeiros 3 meses é inferior à dos 3 seguintes. O aumento anual da área, nos últimos meses, tem uma taxa intermédia à daquelas duas.

(continua)
Fig. 47 - Quatro quadrantes do Árctico. Fonte: John McLean.Posted by Picasa

sábado, março 11, 2006

TNYT corrigiu

O artigo «The North Pole is melting» do The New York Times de 19 de Agosto de 2000 foi corrigido logo a seguir. A 29 de Agosto, foram publicadas correcções sugeridas por alguns cientistas atentos, nomeadamente Richard S. Lindzen do MIT. Foi importante o TNYT ter feito a correcção embora de um modo disfarçado na página D-3.

No fim da estiagem, as rotas navegáveis no oceano Árctico permitem a passagem de quebra-gelos. O jornal admitiu que errou acerca da verdadeira situação do gelo polar. Apenas cerca de dez por cento do Oceano Árctico estava navegável.

O repórter McCarthy afirmou agora que «would not argue with critics who said that open water at the pole was not unprecedented.» (a água encontrada no pólo não era tão invulgar como fora dito).

Qual é então a verdadeira situação do Pólo Norte? É uma zona muito complexa. Existem vários estudos independentes acerca das temperaturas nas altas latitudes. Um deles é o do climatologista R. Pryzbylak que é citado por Patrick J. Michaels.

Foi publicado em 2000 nas páginas 587-614 do número 20 do International Journal of Climatology. Trata-se do artigo «Temporal and spatial variation of surface air temperature over the period of instrumental observation in the Arctic».

A Fig. 46, obtida desse artigo, regista anomalias da temperatura, entre 1930 e 1990, para as latitudes 70 ºN até 85 ºN. A figura mostra um declínio das temperaturas desde 1940. Este estudo confirma os resultados anunciados por Jonathan Kahl, da Universidade de Wisconsin (Vd. Obs. do post anterior)

O comportamento da temperatura ao longo do século XX naquelas paragens inóspitas não é homogéneo. O Pólo Norte apresenta uma situação geral extremamente complexa. Se dividirmos a região boreal em quatro quadrantes ortogonais, em cada um deles existem diferenças importantes.

Além disso, as evoluções dependem muito das latitudes e das estações do ano. Daí que falar em médias, tanto espaciais como temporais, é muito arriscado. O IPCC publicou os piores valores para as latitudes acima dos 55 ºN e acima dos 60 ºN.

Os resultados são completamente distintos se as latitudes escolhidas forem de 70 ºN a 85 ºN, por exemplo. Há, portanto, que estar bastante atento às latitudes a que se referem os estudos publicados.

Definitivamente, os gelos não fundem nas noites polares do Inverno. Na escuridão fria do Inverno os mantos de gelo boreais têm-se mantido. E, depois, têm resistido às estiagens. A melhor prova está na intensificação dos anticiclones móveis polares já ejectados este ano.
Obs.: Acrescentado «...quadrantes ortogonais,...»
Fig. 46 - Árctico. Anomalias da temperatura de 70 ºN a 85 ºN. Fonte: Pryzbylac. Posted by Picasa

quinta-feira, março 09, 2006

Oceano Árctico a derreter?

Eis um exemplo característico das análises que ignoram deliberadamente factos que lhes são inconvenientes. Este é um dos temas preferidos pelo alarmismo do «global warming»: o suposto desaparecimento dos mantos de gelo do Pólo Norte.

Tudo começou quando, em 19 de Agosto de 2000, o The New York Times publicou uma reportagem de página inteira com o título «The North Pole is Melting» (o Pólo Norte está a derreter). Salienta-se a data. Em pleno Verão.

Descrevia que “the last time scientists can be certain that the pole was awash in water was more than 50 millions years ago.» (cientistas verificaram que o Pólo estava inundado de água como há mais de 50 milhões de anos).

O TNYT baseou a sua história nas observações de dois passageiros especiais de um cruzeiro do quebra-gelo russo Yamal que navegou acima da latitude 80 ºN em águas livres.

Eram eles James J. McCarthy − professor de oceanografia da Harvard University e co-presidente do Working Group II do IPCC − e Malcolm C. McKenna − um famoso especialista de dinossáurios do American Museum of Natural History de Nova Iorque.

McKenna tirou fotografias para o TNYT dar mais enfase à história do jornalista John Noble Wilford que alarmou os leitores: «I don’t know if anybody in history ever got to 90 degrees north to be greeted by water, not ice.» (Não conheço ninguém que tenha chegado à latitude 90 ºN e só tenha encontrado água em vez de gelo).

Por sua vez, McCarthy disse que do lado de fora do Yamal «There was a sense of alarm. Global warming, was real, and we were seeing the effects for the first time that far north.» (Havia um sentimento de alarme. O “global warming” era real e nós víamos os seus efeitos pela primeira vez naquelas latitudes).

Dito por desconhecedores estas afirmações poderiam ser admissíveis. Mas o que dizer de cientistas que parecem não ter a mínima noção da impossibilidade de o efeito de estufa antropogénico poder ter qualquer influência naquelas latitudes?

Só por milagre da Física é que, numa latitude com um défice térmico brutal, o microscópico forçamento radiativo dos gases com efeito de estufa de origem antropogénica teria alguma influência. Mas em Física não existem milagres.

Os modelos é que continuam a dar resultados que a realidade afasta como concebíveis. É difícil imaginar que o ilustre representante do IPCC, McCarthy, seja capaz de admitir a hipótese de um milagre da Física. Por que motivo fez aquelas afirmações?

Contrariamente às predições dos modelos, o Árctico não está a aquecer. Longe disso. O arrefecimento é um facto garantido. Vejamos o que aconteceu nos últimos 40 anos:

- Para o conjunto da área do oceano Árctico, o arrefecimento tem sido especialmente marcado no Inverno (- 2,44 ºC). Mais ainda no Outono (- 4,14 ºC). Na Primavera e no Verão os resultados não são significativos;

- Na parte ocidental do oceano (isto é, a norte da América do Norte), precisamente onde nasce a maior parte dos anticiclones móveis polares, o arrefecimento tem sido maior:
- 4,40 ºC no Inverno e - 4,99 ºC no Outono. Isto explica a razão da campanha de AMP de 2005-2006 ter começado tão cedo;

- Existiu um aquecimento (+ 3,75 ºC no Inverno) na camada de ar superficial entre 850 hPa e 700 hPa [hectoPascal – unidade de pressão atmosférica], ou seja entre 1400 m e 2800 m de altitude dos mantos de gelo.

- Este aquecimento nas camadas intermédias é a manifestação da intensificação induzida pelas trocas meridionais que chegam do Sul por cima dos anticiclones móveis polares que se movem nas camadas baixas do Árctico. A uma saída de ar frio corresponde uma vinda de ar quente (menos frio). É a Natureza que dita esta regra. Não são os modelos.

Obs.: Consultar a fonte idónea – Kahl, J. D., Charlevoix, D. J., Zaltseva, N. A. Scnell, R. C. and Serreze, M. C. (1993), Absence of evidence for greenhouse warming over the Arctic Ocean in the past 40 years. Nature, 131, 335-337.
Correcção: "... acima da latitude 80 ºN..."

quarta-feira, março 08, 2006

Menino mal comportado?

Wilson e Morales são incapazes de diagnosticar o que acontece aos glaciares andinos fora do preconceito do «global warming». A superstição não lhes permite ver outra causa que não seja o dióxido de carbono.

Como o El Niño influencia, de tempos a tempos, o clima do Peru, acusam-no como sendo o culpado da retracção dos glaciares. Nada mais a calhar do que dizer ainda que a génese do El Niño está no dióxido de carbono antropogénico.

Os diagnósticos vão sempre parar ao mesmo. A Fig. 43 revela, de facto, picos da temperatura do Peru durante os acontecimentos do El Niño nos anos de 1997, 1983 e 1972. Mas e nos intervalos de repouso do El Niño?

Wilson escreveu que o El Niño é o culpado da rápida retracção dos glaciares peruanos e acrescentou: «Muitos cientistas confirmam que o aumento da frequência e da intensidade do El Niño é devido à poluição».

Porém, só é conhecido um climatologista que faz aquela afirmação. Trata-se de Kevin Trenberth, outro «climate star» sempre disponível para aparecer na TV. Como pertence ao National Centre for Atmosferic Research devia ter mais cuidado na acusação que faz.

Kevin escreveu em newlleters do NCAR que encontra uma ligação directa entre o El Niño e a poluição. Mas como é ele descobriu essa relação? Andou a observar a atmosfera dos Andes ou do Pacífico?

Não. De facto, o que ele encontrou foram resultados da aplicação de modelos do NCAR. Não foi a realidade, foram modelos a substituir a realidade. Curiosamente, outros modelos, como os do Hadley Centre, fornecem resultados que não confirmam os do NCAR.

Quando confrontados com diferentes resultados da aplicação de modelos, seria inteligente da parte dos seus utilizadores olhar para a realidade. Mas nem todos o fazem. Ficam fascinados com os resultados impressos nos rolos de papel que saem dos computadores.

Certa ocasião, James E. Hansen, num debate, quando apertado perante as suas contradições, disse: «De vez em quando devemos esticar o pescoço, colocar a cabeça do lado de fora da janela (dos modelos) e olhar para a atmosfera (observar o mundo real).

A Fig. 45 traça a evolução quinquenal (médias de cinco anos seguidos) do índice OA (Oscilação Austral). Este índice, determinado pela diferença de pressões em sítios distintos, é parente do índice ONA ou OAN (Oscilação do Atlântico Norte).

O índice OA apresenta-se como uma variável proxy da actividade do El Niño. A figura indica valores entre 1872 e 2004. Valores negativos do OA estão associados ao aparecimento do El Niño. Quanto mais negativos, mais forte é o El Niño.

A actividade do El Niño nos anos 90 do século passado foi inusitada. Depois adormeceu. Mas continuou o aumento das emissões globais do dióxido de carbónico devido às actividades humanas. E também a contracção dos glaciares andinos.

Portanto, duvida-se que o El Niño seja capaz de fazer encolher os glaciares do Peru pelo seu “mau” comportamento. As causas vêm de trás. Começaram a aparecer muito antes da revolução industrial.

Se o El Niño encurta os glaciares quando aparece, então estes deviam ter diminuído a retracção entre os anos 50 e 90 do século passado em que ele esteve quase sempre adormecido. Mas tal não sucedeu.

A Fig. 45 foi construída a partir da base de dados da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration dos EUA). Em terminologia anglo-saxónica o índice OA é designado por SOI (Southern Oscillation Index).

O índice ONA ou OAN foi tratado no Mitos Climáticos, por exemplo, nas notas (1), (2), (3), (4).
Fig. 45 - Índice OA (1872 - 2004). Fonte: Patrick J. Michaels.Posted by Picasa

domingo, março 05, 2006

Kilimanjaro novamente

A “climate star” Lonnie Thompson continua a contar a sua história das neves do Monte de Kilimanjaro. Agora voltou à televisão americana no dia 3 de Março passado. Repetiu a sua história com projecção de slides.

É oportuno acrescentar a Fig. 44 que regista as anomalias das temperaturas médias anuais à volta do Kilimanjaro entre 1979 e 2004 a partir das observações dos satélites. Conclui-se que houve uma ligeira descida da temperatura. Esta figura foi retirada de uma webpage da responsabilidade do climatologista Patrick J. Michaels.

Como se disse anteriormente, não é este valor médio anual que marca a vida de um glaciar. São, principalmente, as precipitações invernais e as temperaturas estivais (Junho, Julho e Agosto).

Indica-se ainda um link do Spiegel Online com tradução em inglês. O artigo jornalístico também fala na réplica do climatologista americano Doug Hardy. Segundo este, a história mais recente do recuo do Kilimanjaro está associado ao declínio da precipitação. Argumento semelhante têm vários autores do artigo científico de Kaser, G., et al., «Modern Glacier Retreat on Kilimanjaro as Evidence of Climate Change: Observations and Facts» publicado no International Journal of Climatology, 24, 329-339. A tese deste artigo não suporta, nem de perto nem de longe, a história contada pelo «climate star» Lonnie.
Fig. 44 - Kilimanjaro. Anomalias (1979-2004) das temperaturas médias anuais. Fonte: World Climate Report.Posted by Picasa

sexta-feira, março 03, 2006

Glaciares peruanos

Em 9 de Julho de 2001, o correspondente no estrangeiro do Washington Post, Scott Wilson, lembrou-se de justificar a sua avença com a história «Warming Shrinks Peruvian Glaciers» (o aquecimento global encolhe os glaciares peruanos).

A história foi embrulhada pelo peruano Benjamin Morales que Wilson apresentou como sendo “the dean of Peru’s glaciologists” (o decano dos glaciologistas peruanos). Descreveu os glaciares peruanos como “the world’s most sensitive thermometers” (os termómetros mais sensíveis do planeta).

Afirmou: “The temperature was rising very slowly until 1980, and then” – conforme descrito por Wilson – “sweeps his arm up at a steep angle” (a temperatura aumentou ligeiramente até 1980 mas depois subiu como uma encosta íngreme).

É fácil descobrir que os valores históricos da temperatura superficial do Peru desde 1900 não suportam a afirmação do decano peruano (Vd. Fig. 43).

Os dados históricos mostram que houve um aumento de 1,5 ºF de 1900 até 2000. A subida verificou-se apenas a partir do shift climático de 1976. Antes desta data não se nota qualquer aumento significativo.

Mesmo depois de 1980 as temperaturas do Peru não cresceram significativamente. Mas a verdade é que os glaciares peruanos começaram a retrair há pelo menos 150 anos. Quem acredita que o decano dos glaciologistas peruanos não tinha conhecimento deste fenómeno?

Até o IPCC reconhece que há cerca de um quarto de século se verificou o shift para o qual Mitos Climáticos tem vindo a chamar a atenção. É a partir desse fenómeno que se nota a mudança do clima.

A Fig. 43 – construída a partir das estatísticas da Climatic Research Unit, UK –, mostra que a partir de 1976 (já os glaciares encolhiam) houve uma variação das temperaturas no Peru. O salto de 1976 é designado por alguns climatologistas, como Patrick J. Michaels, “The Great Pacific Climate Shift”.

Esta descontinuidade brusca é atribuída, pelos clássicos, ao fenómeno do El Niño. Marcel Leroux atribui à brusca alteração do modo rápido da circulação geral da atmosfera ao nível da troposfera que é realizada pelos anticiclones móveis polares.

O shift não é capaz de ser reproduzido por qualquer dos modelos que se conhecem. Estes não são capazes de descrever ou prever qualquer descontinuidade. Só prevêem aumentos contínuos de temperatura.

Assim, quem admite que os gases antropogénicos devem ser julgados em tribunal da opinião pública pelo shift deve obrigar os modeladores a construírem um modelo diferente daqueles que actualmente prevêem o apocalipse de 2100.

Para sustentar as premissas da sua história, o jornalista Scott Wilson citou o glaciologista Lonnie Thompson, da Universidade de Ohio, que, uma vez mais, estimou que a maioria dos mantos de gelo do planeta poderia desaparecer nos próximos quinze anos.

Ao mesmo tempo, Wilson descobriu alguns dissidentes climáticos não especificados: «Other scientists say this is implausibly fast» (outros cientistas afirmam implausível esta rapidez).

Escudado, por um lado, com o argumento de um nome famoso (o “climate star” Lonnie) e atribuindo, por outro lado, a incerteza a nenhum nome em particular, o jornalista enviesa os leitores para uma certa direcção. É uma técnica aprimorada de manipulação da opinião pública.

Mas, para avaliar o argumento do “climate star”, pergunta-se: que género de alteração nas temperaturas peruanas seria necessário acontecer para derreter os glaciares peruanos em quinze anos?

Primeiro, admitamos – de acordo com princípios básicos – que a temperatura do ar diminui cerca de 2,2 ºC (4 ºF) por cada 1000 pés (330 m) de aumento de cota. Depois, admitamos que a temperatura média ao nível das águas do mar, no Peru, é de cerca de 22 ºC (72 ºF).

Uma conta rápida mostra que seria necessário um aquecimento de cerca de 11 ºC (19,8 ºF) para aumentar a temperatura média estival acima dos 0º C (ponto de congelação – freezing) a uma altitude de 15 000 pés (4570 m).

Isto é lógico, pois:

22 ºC +11 ºC = 33 ºC; 33 ºC – (15 x 2,2) ºC = 0 ºC
já que (15 = 15 000 / 1000).

Ainda daria uma grande margem – pelo menos uma milha de altitude (1609 metros = 5280 pés) – para haver acumulação de neve; tendo em conta que muitos dos picos andinos no Peru ultrapassam os 20 000 pés.

Não existe um único cenário de alterações climáticas que aponte para este aumento espectacular de temperatura perto do equador, mesmo em 2100. Nem um. Só por absurdo se pode afirmar que dentro de quinze ou vinte anos vão desaparecer as neves dos Andes.

Os autores deste absurdo são personagens bem identificadas: Scott Wilson, Benjamin Morales e Lonnie Thompson. Depois, estas histórias expandem-se a um ritmo veloz sem cuidar da veracidade dos factos.

Como esta, outras histórias vão circulando sem alicerces verdadeiros. Como dizia outro “climate star” Stephen H. Schneider, em 1989, em duas afirmações curiosas:

To capture the public imagination, we have to offer up some scary scenarios, make simplified dramatic statements and little mention of any doubts one might have."
(Para captar a opinião pública, devemos oferecer cenários assustadores, fazer afirmações simples e dramáticas com poucas razões para dúvidas.)

Each of us has to decide the right balance between being effective, and being honest.” (Cada um de nós deve decidir entre ser eficaz e ser honesto.)

São “cientistas” deste jaez – grande colaborador do IPCC – que, por exemplo, o The New York Times gosta. Ajudam a vender papel…
Fig. 43 - Peru. Anomalias da temperatura (1900-2000). Fonte: Climatic Research Unit, UK.Posted by Picasa

quarta-feira, março 01, 2006

Glaciares de Montana

Dois dias antes do 11 de Setembro, ávido de falar sobre qualquer coisa, o repórter Jim Avila da NBC procurou nas profundezas da reciclagem a história que ocupasse o bloco de notícias nocturno com maior impacto.

Escolheu a mais sensacionalista para um calmo fim de Verão. Nada mais a calhar do que a fusão dos glaciares do Parque Nacional de Montana. “A temperatura subiu uma média de três graus e meio (Fahrenheit) no parque durante os últimos 110 anos”, afirmou eufórico.

As temperaturas dos EUA são medidas pelo National Climatic Data Center. Divide o país em cerca de cem “Climatological Divisions”. Estas retalham a área nacional numa reticula minuciosa que faz dele dos mais bem apetrechados para a recolha de dados meteorológicos. Monitores profissionais e voluntários calibram e observam os resultados dos aparelhos de medida de cada divisão.

As temperaturas mensais e anuais são calculadas pelas médias das leituras feitas pelas respectivas divisões climatológicas. As estatísticas da Western Montana Climatological Division podem ser obtidas na hiperligação http://www.wrcc.dri.edu/

A Fig. 42 mostra valores estatísticos anuais das temperaturas médias estivais (Junho, Julho e Agosto) da divisão de Montana que inclui o Glacier National Park. Demonstra não existir qualquer aquecimento significativo entre 1890 e 2000. O mesmo também é verdade para os valores médios anuais embora estes não sejam relevantes para a vida dos glaciares (Vd. Prof. Robert Vivian).

Se desprezarmos os primeiros 55 anos da estatística das temperaturas e calcularmos a variação desde 1950 até 2001, encontramos o tal valor de 3,5 graus Fahrenheit proclamado por Avila.

Mas isto não é correcto quanto à história completa dos glaciares de Montana. Esse valor não prova nada. Os glaciares do Parque de Glaciares de Montana estão a recuar com temperaturas de Verão a manterem-se tal como há 107 anos atrás.

Porque é que Avila não consultou todo o registo das temperaturas da Western Montana Climatological Division? Se o tivesse feito concluiria que os glaciares estariam a desaparecer independentemente de o planeta estar a aquecer ou a arrefecer. Aquela região não está mais quente do que há cem anos atrás.

Trata-se de mais uma história do género da dos glaciares do Kilimanjaro. Estas histórias contadas por todos os Avilas repetem-se continuamente e não raro voltam à ribalta. Como acontece nas proximidades das realizações das COP (Conference of the Parties) ou, agora, dos MOP (Meeting of the Parties).
Nota: Foi corrigida a data de 9 para 11 de Setembro.
Fig. 42 - Temperaturas médias anuais de Verão (Junho, Julho, Agosto) da Western Montana Climatological Division. Fonte: National Climatic Data Center (EUA).Posted by Picasa