A grande reunião internacional sobre o clima acabada de se realizar na sede da UNESCO *, em Paris, no dia 5 de Fevereiro de 2007, apresentou o veredicto, sem apelo nem agravo, da culpabilidade do Homem no aquecimento global.
Esta culpa foi catalogada de «crime contra a Natureza». Os media de quase todo o Mundo, no dia seguinte, propagaram o grande acontecimento. Mas, a bem das suas quotas de vendas, mantiveram durante vários dias o sabor desta acusação contra a humanidade.
«Actuar de imediato», «As dúvidas científicas, por mais legítimas que fossem, foram completamente dissipadas», «Tudo converge para demonstrar a parte essencial da mão do Homem no aquecimento global – concluiu Susan Soloman», foram algumas das parangonas dos jornais e das entradas dos telejornais e noticiários dos media internacionais.
Susan Soloman, para que ninguém tivesse dúvidas, era apresentada como uma das principais figuras (presidente da Mesa) dos cientistas do IPCC. É essa mesma. A que já teve visões para o ano 3000, como se viu anteriormente.
Mas não se ficaram por aqui os títulos que angustiavam o pacífico cidadão dado como culpado. «O IPCC reuniu provas sem ambiguidade», resumiu Achim Steiner, patrão do programa PNUDE, programa da ONU dedicado a gastar dinheiro para (hipoteticamente) salvar o planeta.
«Se não se fizer nada [isto é, se não se desbaratarem fortunas a alimentar uma máquina burocrática infernal], a temperatura da Terra subirá entre 1,8 ºC e 4 ºC daqui até ao ano 2100 com consequências incomensuráveis para toda a humanidades», «A hora é de acção, uma acção a nível mundial, ambiciosa, de longo prazo e duração. Temos apenas cinco anos para salvar o planeta», acrescentou o impagável presidente do IPCC, desde 2002,
Rajendra Pachauri.
Vem a propósito partilhar com os leitores um texto escrito a pedido dos responsáveis da revista INDÚSTRIA, da Confederação da Indústria Portuguesa.
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O aquecimento global tornou-se um assunto mediático, sobretudo depois da seca observada nos Estados Unidos da América, no Verão de 1988. O receio de um novo e prolongado período de calor e de seca, como o que se verificou nos anos 1930 (cf. As Vinhas da Ira de John Steinbeck), explica a atenção particular dedicada à seca de 1988 e a dramatização que se lhe seguiu, até hoje.
Na verdade, a ideia do aquecimento global, com origem na emissão de gases com efeito de estufa (GEE) libertados na queima dos combustíveis fósseis, foi transformada num tema extremamente confuso, em que os alarmistas misturam tudo:
A poluição e o clima – tornou-se o clima num álibi para resolver a poluição. A evolução futura do clima é apresentada como um postulado e quem coloca dúvidas sobre o aquecimento global fica catalogado como favorável à poluição.
Os bons sentimentos e os interesses (in)confessados – alarma-se com um planeta em perigo, que é necessário salvar mas, em simultâneo, admite-se o direito de poluir, mediante o comércio de «direitos de emissão» de GEE.
As suposições e as realidades – apresentam-se modelos informáticos do clima sem relação directa com os mecanismos reais e avançam-se previsões tanto mais gratuitas quanto os prazos são mais longínquos (2100!).
O sensacionalismo e a seriedade científica – procura-se o furo jornalístico e ignora-se a informação devidamente fundamentada, com os políticos e os media a ajudar à confusão.
Os alarmistas pretendem ver sinais da catástrofe anunciada nalguns acontecimentos recentes (ondas de calor, secas, cheias, evolução natural do mar gelado do Árctico e do Antárctico) os quais, no entanto, não têm qualquer relação com as emissões de GEE.
Seleccionam as informações favoráveis à ideia do aquecimento, ocultando as que dão conta de situações de arrefecimento. O que domina incontestavelmente o debate, e mais o falseia, é que as alterações climáticas são um assunto de climatologia, que está a ser tratado, maioritariamente, por não especialistas, nomeadamente pelos ambientalistas.
Com uma complacência geralmente proporcional à ignorância dos fundamentos da disciplina, muitos dos que têm a audácia de se proclamar cientistas apenas propalam as hipóteses oriundas dos modelos.
Deve-se começar por colocar fortes reticências ao mito segundo o qual os relatórios do
Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) são preparados por «milhares de cientistas». É falso. Não provêm senão de uma pequena equipa dominante.
Os conhecimentos actuais sobre climatologia são em geral limitados. O IPCC reconhece-o quando refere que «A aptidão dos cientistas para fazer verificações das projecções provenientes dos modelos é bastante limitada…».
As explicações do IPCC não reflectem a verdade científica, que é extremamente complexa. São em regra simplistas, próximas do slogan, a fim de serem facilmente apreendidas. Quanto mais simples a mensagem, maior a hipótese de ser adoptada pelos políticos e pelos media.
Este conhecimento superficial e esquemático é também imposto pelas «simplificações inevitáveis, transpostas para os modelos», os quais não podem integrar todas as componentes dos fenómenos climáticos.
Esta falha explica também a fé cega atribuída a uma ciência – a climatologia – idealizada por alguns, ignorando, geralmente, que a climatologia está num verdadeiro impasse conceptual há mais de cinquenta anos.
A climatologia não dispõe de um esquema explicativo observável da circulação geral da atmosfera (fenómeno este que é fundamental) apto a traduzir a realidade das trocas meridionais de energia e vive na ignorância dos mecanismos reais.
Este impasse tem conduzido, entre outros, aos «falhanços» dos serviços de meteorologia dos EUA na previsão das trajectórias dos furacões tropicais, por deficiente conhecimento da sua dinâmica.
O conhecimento é substituído pela convicção (sincera, ou pela fé) do género «estou convencido de que o aquecimento global do planeta é uma realidade» ou «há quem não acredite no aquecimento global». Isto é a negação do método científico.
É, pois, necessário fazer um ponto da situação. Sem complacências nem concessões, aprofundado, rigoroso e unicamente centrado na climatologia, pois o estudo do clima deve ser deixado aos climatologistas.
Torna-se necessário desmascarar a pretensa ligação Homem – poluição – GEE – aquecimento global – alterações climáticas. O Homem, neste caso, está inocente e a acusação que lhe fazem não se justifica.”
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United Nations Educational Scientific and Cultutal Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura)