sábado, fevereiro 28, 2009

Gronelândia próxima do recorde

Em Summit, Gronelâdia, desde o início de 2009 que as temperaturas se aproximam do valor mínimo de – 63 ºC. Este facto pode ser observado na Fig. 159. Já se registou mesmo, em Fevereiro de 2009, a temperatura de 62 ºC negativos.

Na grande ilha da Gronelândia, enquanto nas suas margens se encontrem zonas com perdas em terrenos gelados (permafrost), as massas de gelo aumentam no seu centro e em altitude com um ganho positivo no balanço ganhos-perdas.

Num artigo publicado na Science, em 20 de Outubro de 2005, intitulado “Recent Ice-Sheet Growth in the Interior of Greenland”, Ola M. Johannessen et al. anunciavam um crescimento de 6,4 cm ± 2,0 cm por ano de gelo em vastas áreas do interior da Gronelândia acima dos 1500 metros de altitude.

Estes valores foram detectados por observações de satélites entre 1992 e 2003, ou seja num período de temperaturas médias globais elevadas (em 1998, ano de forte El Niño, foi atingido um pico). Mas a acumulação tem continuado até aos nossos dias.

O blogue Ecotretas publicou, no dia 30 de Dezembro de 2008, um post elucidativo sobre esta acumulação. Nesse post muito importante estão indicados três links onde se pode verificar como tem aumentado a deposição da neve.

As antigas estações de radar Dye 2 e Dye3, instaladas no centro da Gronelândia durante a guerra-fria, entre 1955 e 1960, encontram-se actualmente atoladas em gelo. O mesmo acontece no centro do Antárctico com antigas estações meteorológicas americanas que desaparecem debaixo do gelo.

A norte da Gronelândia nascem também anticiclones móveis polares. Com as temperaturas registadas na Fig. 159 não admira que os anticiclones móveis polares deste Inverno de 2008-2009 tenham sido tão violentos.

A água que escasseia no estado liquido no Hemisfério Norte tem estado a ser parcialmente concentrada no estado sólido na Gronelândia.

Mas não é apenas para a Gronelândia e para o Antárctico que tem sido desviado o potencial precipitável do HN e do HS. Também os glaciares escandinavos têm avançado bastante, mas a propaganda da ideologia oficial do global warming esconde este facto. Daí que seja difícil encontrar informação fundamentada para divulgação.

Fig. 159 - Temperaturas no centro da Gronelândia. 2009. Fonte: WSM.

Posted by Picasa

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Avanços, recuos e irregularidades

Depois da pequena brincadeira de Carnaval com a situação do Árctico (aqui e aqui), voltemos a nossa atenção para o caso de um artigo de George Will publicado no The Washington Post, no dia 15 de Fevereiro de 2009, intitulado “Dark Green Doomsayers”.

“De acordo com a Universidade de Illinois, no seu sítio web Arctic Climate Research Center, a extensão total do mar gelado atingiu agora os níveis de 1979”, escreveu George Will.

Na realidade, ele devia ter escrito que a extensão total do mar gelado do Árctico e do Antárctico, em Dezembro de 2008, atingiu um valor aproximadamente igual ao de Dezembro de 1979.

O gráfico utilizado por George Will é o que a Universidade de Illinois apresenta, no Arctic Climate Research Center, dia-a-dia. Usou o gráfico relativo ao fim do ano de 2008. George comparou o valor do final de 2008 com o do final de 1979.

Este artigo datado de 15 de Fevereiro seguiu-se a um outro de 1 de Janeiro de 2009 de Michael Asher, publicado no sítio web Daily Tech, intitulado “Sea Ice Ends Year at Same Level as 1979”.

O facto de se ter dito “igual” em vez de “aproximadamente igual” levou a que o Arctic Climate Research Center se insurgisse e emitisse um comunicado de imprensa em virtude do burburinho levantado por Michael Asher e Bill Will.

Resumidamente, o Arctic Climate Research Center afirmava no presse release que os dados mostravam que em 15 de Fevereiro de 1979 a área global do mar gelado era de 16,79 milhões de quilómetros quadrados enquanto que em 15 de Fevereiro de 2009 era apenas de 15,45 milhões de quilómetros quadrados.

Ou seja, segundo o ACRC, em Fevereiro de 2009 verificou-se uma diminuição de 1,34 milhões de quilómetros quadrados. Este valor é aproximadamente igual à área total dos Estados do Texas, da Califórnia e de Oklahoma, segundo o Arctic Climate Research Center.

Mas a Universidade de Illinois sabia perfeitamente que as afirmações incompletas [faltou a palavra “quase”] de George Will e de Michael Asher se baseavam no final do ano de 2008 e não a meio de Fevereiro de 2009. Entre uma data e outra observou-se uma profunda actividade do Árctico com exportação de ar frio e a concomitante importação de ar quente com consequências na área do mar gelado.

Mais importante do que estas querelas de datas, do género ‘chega-te mais para lá que eu é que sei o que estou a dizer’, era mais importante explicar correctamente o porquê da falta de uma tão extensa área em meados de Fevereiro de 2009. Essa falha não se verificava tão pronunciadamente em 31 de Dezembro de 2008.

Para isso, a Universidade de Illinois tem à sua disposição a evolução das áreas das sub-regiões do Árctico (Arctic Basin Bering Sea St. Lawrence Baffin/Newfoundland Bay Greenland Sea Barents Sea Kara Sea Laptev Sea East Siberian Sea Chuckchi Sea Beaufort Sea Canadian Archipelago Hudson BaySea of Okhotsk) para analisar em quais delas se encontram falhas nas áreas de mar gelado.

De facto, no Antárctico, contrariamente às mentiras frequentes, o mar gelado até tem aumentado ou não tem diminuído por aí além. A Universidade de Illinois informou isso mesmo no seu press release.

“A extensão total dos mares gelados do Árctico e do Antárctico encontrava-se, no final de 2009, próxima ou ligeiramente inferior à observada no final de 1979, tal como referido no artigo do Daily Tech”, afirmou o Arctic Climate Research Center.

“No entanto, no Hemisfério Norte a área é quase um milhão de quilómetros quadrados abaixo dos valores observados em 1979 e no Hemisfério Sul é cerca de meio milhão de quilómetros quadrados superior, compensando parcialmente a redução do seu simétrico”, acrescentou o ACRC.

O que tem faltado, dentro do Circulo Polar Árctico, é gelo na região oriental. Aí, o ar quente importado na forma de depressões atmosféricas tem impedido a formação contínua do gelo. Este fenómeno foi flagrante durante este Inverno em que à medida que o Árctico exportava massas de ar frio originando tempestades violentíssimas no Hemisfério Norte, do lado oriental do Árctico, no Mar de Barents e, até, no Mar de Kara, o gelo avançava e retraía-se com a importação de ar quente (ver Barents Sea Kara Sea).

Mas, a questão importante que se coloca é a seguinte: – estas irregularidades, com avanços e recuos mais ou menos cíclicos, anual e inter-anualmente, durante todo o século XX e no início do XXI, do mar gelado nos extremos do Mundo não significarão o prenúncio de qualquer fenómeno importante?

A parte final que se encontra no press release ACRC “Arctic summer sea ice is only one potential indicator of climate change, however, and we urge interested parties to consider the many variables and resources available when considering observed and model-projected climate change. For example, the ice that is presently in the Arctic Ocean is younger and thinner than the ice of the 1980s and 1990s. So Arctic ice volume is now below its long-term average by an even greater amount than is ice extent or area” não está de acordo com a responsabilidade que devia ser atributo de uma Universidade de renome.

Esta percepção simplista do Arctic Climate Research Center está muito afastada da realidade. As evoluções climáticas recentes não são as previstas no arsenal dos modelos informáticos do clima (model-projected, segundo o ACRC). Algumas regiões aquecem, outras arrefecem ou não aquecem nem arrefecem.

O estado do tempo tornou-se mais severo, mais irregular e mais violento depois do shift climático de 1975-76. Estes comportamentos diferentes não são obra do acaso. São comportamentos perfeitamente organizados.

No Hemisfério Norte, o ponto de partida destes comportamentos é o arrefecimento do Árctico. Este arrefecimento proporciona uma robustez crescente aos anticiclones móveis polares boreais que são formados de acordo com mecanismos baseados em leis naturais. A evolução do Árctico, bem como a do Antárctico, não é devida ao cenário da climate change imaginado pelo Arctic Climate Research Center que, por azar, só atacaria o lado oriental do Árctico.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Desastre no Árctico (2)

(continuação)

Perante o post anterior, os leitores do MC devem ter ficado surpreendidos e os iniciados podem até ter-se interrogado acerca da possibilidade de tal notícia ter sido escrita por algum daqueles jornalistas já conhecidos pela sua militante adesão às teses do global warming.

Nada disso!

Esta notícia, que aparece na imagem do recorte do jornal, baseada num relatório governamental do United States Department of Commerce (*), com origem nas informações recolhidas pelo cônsul americano na Noruega sobre alterações climáticas no Árctico, foi publicada no The Washington Post em 2 de Novembro de 1922! Já lá vão, portanto, 86 anos!

Ao tempo, a repercussão internacional foi enorme. Estava-se perante a ameaça de uma alteração drástica de toda a região do Árctico. Estava-se à beira de uma catástrofe.

Na época, a NAO (North Atlantic Oscillation) apresentava-se manifestamente positiva e a OMM (Organização Mundial de Meteorologia) indicava uma temperatura média global fortemente ascendente, com uma taxa de crescimento que pedia meças à taxa de aumento da temperatura média global das décadas de 1970 a 1990.

A história repete-se na actualidade, com a alegação de uma situação sem precedentes no Árctico, quanto a temperaturas, superfície do mar gelado, habitat animal, etc. Na altura foi a Associated Press quem lançou o pânico. Actualmente, todas as agências de notícias repetem uma ladainha deste género.

Só que a situação do Árctico como a actual, com satélites ou sem satélites meteorológicos, com IPCC ou sem IPCC, repete-se desde tempos imemoriais. É a Natureza a trabalhar… Deixem-na trabalhar.

Não se deve esquecer que o comportamento do Árctico só está a ser observado com tanta minúcia num período tão curto como o de 30 anos das observações dos satélites meteorológicos.

____________

(*) O USDC é o departamento do Estado Americano onde se encontra funcionalmente integrada a NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration. Cinquenta e sete anos depois desta notícia, a NOAA começou a monitorizar o mar gelado do Árctico, bem como o do Antárctico.

Notícia do "The Washington Post"

Posted by Picasa

domingo, fevereiro 22, 2009

Desastre no Árctico (1)

Segundo uma notícia da Associated Press, que se apoia num relatório do Departamento de Comércio [dos EUA], o oceano Árctico está a aquecer, os icebergs estão a desaparecer e nalguns locais as focas ressentem-se de águas demasiado quentes.

Relatos de pescadores, de caçadores de focas e de exploradores, todos eles apontam para uma mudança radical das condições climáticas e das temperaturas na região do Árctico.

As expedições mostram que raramente foi encontrado gelo em latitudes tão a norte como 81 graus.

As sondagens efectuadas mostraram que a corrente do Golfo ainda mantinha uma temperatura muito elevada a profundidades de 3100 metros.

As grandes massas de gelo estão a dar lugar a moreias [acumulação de pedras roladas, cascalho e outros detritos depositados por um glaciar à medida que retrai], ao mesmo tempo que em vários locais alguns bem conhecidos glaciares estão a desaparecer.

Muito poucas focas e praticamente nenhuns ursos brancos conseguem ser avistados no Árctico oriental, ao mesmo tempo que vastos cardumes de peixes de superfície, que nunca foram vistos em latitudes tão elevadas, têm vindo a ocupar os anteriores domínios das focas.

(continua)

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Lições inglesas do Inverno 2008-2009

O Reino Unido conheceu um Inverno extremamente rigoroso. Dos mais frios de que há memória em muitas décadas. Poderia esperar-se que os decisores políticos tirassem algumas conclusões positivas para as suas actuações futuras. Mas uma tal esperança parece ser vã, nos tempos mais próximos, mesmo na encruzilhada que se avizinha.

Steven Goddard registou, no melhor blogue científico de 2008 – de Anthony Watts –, as seguintes interessantes conclusões:

- Os ingleses não podem confiar no aquecimento global durante os Invernos;

- Os ingleses não podem confiar na energia solar para os aquecer nos Invernos;

- Os ingleses não podem confiar na energia eólica para os aquecer nos Invernos;

- Os ingleses não podem confiar no gás natural russo para os aquecer no Inverno.

Foi o que aconteceu no Reino Unido durante o Inverno de 2008-2009, com sucessivas tempestades de neve e de frio, com nebulosidade e sem advecção dos ventos durante as estabilidades anticiclónicas que acompanharam os nevões.

Mas como é que os ingleses sobreviveram com tanto frio? As únicas fontes de energia primária que os salvaram de morrer de frio foram o carvão, o petróleo, o gás natural endógeno e a energia nuclear, por esta ordem de importância.

Curiosamente são fontes de energia que são alvo de ataques severos por parte do movimento ambientalista radical. E os decisores políticos seguem estas vozes deletérias já que o seguidismo lhes dá votos e a conservação do poder.

Mas, no Reino Unido, começa-se a reflectir e a olhar para o carvão como uma solução para a sobrevivência dos ingleses. Porém, a sra. Thatcher, enquanto Primeiro-ministro, mandou encerrar as minas de carvão do Reino Unido.

Devido ao encerramento, as minas de carvão do Reino Unido encontram-se inundadas. A sua reabertura vai custar uma fortuna. Ora fortuna é coisa que os ingleses começam a não ter em tempos de crise económica e financeira.

Uma alternativa será a importação de carvão da Colômbia, da Austrália ou da África do Sul, por exemplo. Para isso o Reino Unido teria de ter portos de transhipment de carvão na costa da grande ilha. O que também custa uma outra fortuna a implementar e a reavivar.

Mas mais grave ainda é que os ingleses começam a contar os tostões e encontram dificuldades para pagar a sua dívida externa. Deste modo, que países estariam dispostos a vender uma mercadoria com dificuldades de verem o retorno em libras, euros ou dólares?

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Shift climático de 1975-76

(Actualizado às 19 horas, com a Fonte)

O desvio (shift) climático que se observou em 1975-76, que consistiu numa subida brusca das temperaturas nalgumas regiões do planeta, embora de amplitude não alarmante (da ordem de décimos de ºC) representou um fenómeno cuja origem nunca foi claramente identificada e que continua a intrigar os cientistas.

Este desvio não tem nada a ver com a teoria do aquecimento global e os próprios alarmistas, como é óbvio, nunca se lhe referem, na medida em que teriam de aceitar uma justificação diferente e, sobretudo, natural para o aquecimento verificado nalgumas regiões do planeta nas últimas décadas do século XX. Os alarmistas preferem culpar a humanidade, melhor dizendo, a civilização ocidental.

Os oceanógrafos tentam encontrar explicação para o shift climático de 1975-76. Consideram que os oceanos exercem uma acção importante na evolução do clima. Eles estudam normalmente índices com periodicidade decenal.

Para aferir a variação brusca do clima em 1976, um grupo de investigadores liderado pelo oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer, da Evans-Hamilton, Inc., Seattle, construiu um índice composto a partir de 40 variáveis ambientais.

Estas variáveis procuram reflectir as condições existentes em redor da região do Pacífico, em geral, e da área do Puget Sound, em particular, durante o período 1968-1984. Entre essas 40 variáveis encontra-se:

- O número de ninhos de gansos do Canadá nas margens do Rio Columbia;
- A salinidade existente no Puget Sound;
- O vento nas latitudes subtropicais do Pacífico Norte;
- A quantidade de clorofila encontrada na zona central do Pacífico Norte;
- A captura do salmão no Alasca;
- A temperatura da superfície do mar no nordeste do Pacífico.

Após condensarem os valores estatísticos das 40 variáveis, ano a ano, num único índice relativo às zonas referidas, durante os 16 anos do estudo, o grupo traçou a curva da Fig. 158. É notável o desvio brusco verificado em 1976 para este índice composto.

O salto descontínuo, do tipo função escalão, contrasta com a regularidade do índice nos anos anteriores e posteriores a 1976. Kevin E. Trenberth, do National Center for Atmospheric Research, de Boulder, procurou correlacionar o índice composto com variáveis meteorológicas.

Aproveita-se, a propósito, para indicar que Kevin Trenberth, juntamente com Jeffrey T. Kiehl, publicou em 1997 o histórico gráfico do balanço radiativo no Bulletin of the American Meteorological Society.

A análise de Trenberth, no seguimento do estudo de Curtis Ebbesmeyer et al., mostrou que existia uma relação estreita entre o índice composto e a circulação geral da atmosfera sobre o Pacífico Norte. Essa relação ressalta, nomeadamente, no shift climático de 1976. Faltou verificar que, nessa altura, o Árctico, tal como o Antárctico, arrefeceu bruscamente.

Kevin reparou que o sistema de baixas pressões situado nas Aleutas, a sudoeste do Alasca (tal como o sistema de baixas pressões situado na Islândia), se intensificou bruscamente (devido a uma maior e mais robusta gestação de anticiclones móveis polares de origem boreal).

K. Trenberth verificou que a intensificação das baixas pressões sucedeu especialmente nos Invernos. Foi pois um shift climático no sentido da acentuação das trocas meridionais de energia entre Pólos e Trópicos. Cenário este que se manteve até aos nossos dias.

O planeta não aqueceu. O que cresceu foram os valores estatísticos da temperatura média global. Umas regiões aqueceram (aumentaram as transferências meridionais de energia, as aglutinações anticiclónicas, as estabilidades anticiclónicas – em extensão e no tempo –, as ondas de calor), outras arrefeceram (Pólos, por exemplo, que ejectaram mais potentes anticiclones móveis polares) ou não aqueceram nem arrefeceram (não viram alteradas as trocas de energia). A questão que se coloca é por que razão se deve salientar o valor estatístico das regiões onde cresceram os valores estatísticos e não as donde decresceram ou se mantiveram estáveis.

A correlação encontrada constitui uma pista, possivelmente uma boa pista, mas não uma explicação científica para o desvio climático de 1975-76. Encontrar correlações é uma parte importante da investigação científica, mas uma correlação não é exactamente a prova de uma relação causa-efeito no sentido científico do termo.

Fonte: Unmasking a Shifty Climate System, Science, Vol. 255

Fig. 158 - Shift climático de 1975-1976. Fonte: Curtis Ebbesmeyer et al.

Posted by Picasa

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Global Notícias

O leitor Luis de Sousa enviou a seguinte carta ao Global Notícias que reproduziu mais uma mentira climática, citando um cientista brasileiro que diz termos assinado a sentença de morte do Árctico. Dentro de 20 anos as temperaturas naquela região serão 7ºC acima do que são hoje, diz ele [o cientista brasileiro].

«A edição do jornal Global Notícias de segunda-feira dia 16 de Fevereiro apresenta um artigo intitulado “Ártico [sic] condenado em 20 anos” chamado à primeira página. Nele afirma-se que o Árctico vai “morrer” dentro de 20 anos devido a um aumento da temperatura na região de 7ºC. Para além do contra-senso que é afirmar o óbito de uma região geográfica (que não é um ser vivo) fica igualmente a ausência de qualquer contraditório, tal como dita a ética jornalística, para mais perante afirmações de tal gravidade.

É também estranha a época em que tais notícias são publicadas, quando 2008 foi dos mais frios desde 2000, perto da média dos últimos 30 anos, e o presente Inverno está a ser o mais frio dos últimos 20 anos na Europa e na América do Norte. Mais estranho ainda é tal artigo ser publicado escassos dias após a doutora Vicky Pope do Met Office do Reino Unido – equivalente britânico ao nosso Instituto de Meteorologia e uma das instituições que mais tem propalado a ideia de que o aumento da temperatura do globo entre os anos 70 e os anos 90 se deveu à acção do Homem – ter advertido contra tais visões apocalípticas.

No jornal “The Guardian” a doutora Pope escreve:

“Os jornais competem por títulos que chamam à atenção e é fácil aos cientistas do clima aproveitarem-se dessa competição ligando as alterações climáticas ao último evento meteorológico extremo ou previsão apocalíptica. Mas ao fazê-lo a percepção pública do que são as alterações climáticas pode ser distorcida.

[…]

Títulos recentes têm proclamado que o mar gelado do Árctico decresceu tanto nos últimos anos que chegou a um ponto sem retorno e desaparecerá rapidamente. A verdade é que existem poucos indícios para suportar tal afirmação.”

Parece pois que o Global Notícias pretende ser um destes veículos de distorção da opinião pública. É pena.»

Também é pena que não seja só um tablóide a publicar esta mentira climática. Também o sítio web Ciência Hoje a publicou com comentários deveras elucidativos do nível de intoxicação climática provocada por uma ignorância contagiosa.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Os Trópicos continuam sem aquecer

O vizinho Antón Uriarte Cantola actualizou a realidade existente na zona intertropical. Nesta região não se observa uma tendência para o aumento da temperatura. Pelo menos desde 1979, altura em que entraram em funcionamento os satélites meteorológicos, as temperaturas apresentam-se tendencialmente estáveis.

Usando a mesma base de dados da UAH, Antón traçou a curva para a zona compreendida entre as latitudes 20 ºN – 20 ºS, com o resultado que se vê na Fig. 159. O mês de Janeiro de 2009 registou uma anomalia negativa – referida em relação à média de 1979-1998 – de 0,06 ºC.

Antón salienta que o gráfico apresenta picos positivos das anomalias coincidentes com o aquecimento da superfície do oceano Pacífico em períodos de aparecimento do fenómeno conhecido com o nome de El Niño.

O enigmático El Niño aparece em momentos de elevado arrefecimento do Pólo Norte. A maior parte dos autores atribui o arrefecimento do Árctico ao El Niño. Pelo contrário, deve-se atribuir o aquecimento do oceano ao arrefecimento do Árctico. Este, assim como o seu simétrico Antárctico, é que comanda os fenómenos meteorológicos e climáticos.

São os anticiclones móveis polares muito fortes, da trajectória americano-atlântica, que conseguem atravessar o Istmo de Panamá, sobrevoando-o do Mar das Caraíbas para o Pacífico, e que obrigam as águas do Pacífico a movimentarem-se no sentido do aquecimento junto à costa do Peru.

Antón termina com um post scriptum curioso que se reproduz:

“P.S. Nada que ver con esto, pero lo cuento: hoy leo en un periódico que según el último inventario forestal, la superficie arbolada ha aumentado en todas las comunidades de España. La desertificación de España, otro mito.”

Fig. 159 - Evolução mensal das temperaturas de Janeiro de 1979 a Janeiro de 2009. Trópicos. Fonte: UAH, Antón Cantola.

Posted by Picasa

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Temperaturas de Janeiro de 2009 (satélites)

Desde 1979 os satélites da NOAA transportam instrumentos que medem a radiação térmica natural das microondas emitidas pelo oxigénio atmosférico.

Todos os meses, John Christy e Roy Spencer actualizam a base de dados. Esta representa uma reconstrução das leituras de temperaturas recolhidas ao longo de todo o ano de um total de onze instrumentos de medida instalados em outros tantos satélites.

A partir de 2008, o instrumento mais estável para esta monitorização é o Advanced Microwave Sounding Unit (AMSU-A) no satélite Aqua da NASA.

O gráfico abaixo representa a actualização mais recente. As actualizações são feitas normalmente na primeira semana de cada mês.

A curva de tendência é do tipo polinomial de quarta ordem que ajusta os dados, alisando ou suavizando a grande variabilidade mensal dos dados e ajuda a revelar a tendência.

Não existe nenhuma justificação para que dessa curva se possa tirar alguma conclusão quanto à previsão do que vai acontecer nos próximos meses ou anos.

As anomalias das temperaturas em Janeiro de 2009 foram as seguintes, comparando-as com as de Dezembro de 2008:

Dezembro 2008: 0,05 (global) 0,18 (HN) -0,08 (HS)
Janeiro de 2009: 0,31 (global) 0,44 (HN) 0,16 (HS)

onde: HN – Hemisfério Norte; HS – Hemisfério Sul.

Poder-se-ia concluir, paradoxalmente, que o globo aqueceu em Janeiro de 2009, especialmente no seu Hemisfério Norte. E dizemos paradoxalmente, porque o mau tempo e as tempestades de neve verificadas no HN levantam um grande ponto de interrogação relativamente à última temperatura observada pelos satélites.

Será, pois, necessário esperar pela chegada de mais dados para verificar a bondade dos valores agora recolhidos e fazer o alisamento com a função polinomial. Aguarda-se ainda a disponibilidade do mapa de Janeiro de 2009 fornecido pela UAH no seu sítio web http://climate.uah.edu/dec2008.htm.

A Fig. 158 traduz os resultados acabados de referir a nível global.

Fig. 158 - Evolução mensal das temperaturas de Janeiro de 1979 a Janeiro de 2009. Globo. Fonte: UAH.

Posted by Picasa

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Acabem com as sistemáticas mentiras climáticas

Eureka! O nosso muito bem conhecido Met Office, do Reino Unido, publicou um artigo onde se afirma que os cientistas alarmistas, os catastrofistas do aquecimento global, são perigosos demagogos.

Infelizmente, esse mesmo artigo acaba por conter algumas afirmações demagógicas acerca da matéria em si.

O artigo, de Vicky Pope, responsável pelo departamento das alterações climáticas do Met Office, insurge-se contra as mentiras de cientistas e de órgãos de comunicação social e apela a que passem a falar verdade.

Vicky Pope, de entre as várias mentiras, refere-se ao caso da situação real do Árctico, nomeadamente ao seu mar gelado, sistematicamente distorcida pelos media e por determinados cientistas. Se reflectisse sobre Portugal, Vicky teria muito que contar.

De facto, em Portugal a colheita de mentiras seria farta. Não eram apenas os cientistas alarmistas, os catastrofistas e os jornalistas. Era nos jornais, nas televisões, nas rádios, nos blogues, nos sítios web, nos seminários nacionais e internacionais, entre os políticos, os governantes, na Assembleia da República, etc., etc.

Esta importante dirigente do Met Office, afirma sensacionalmente: “Notícias recentes proclamam que o mar gelado do Árctico atingiu um ponto sem retorno e que vai desaparecer rapidamente. A verdade é que não há provas que apoiem esta conclusão.” Fugiu-lhe a boca para a verdade.

Só é pena que Vicky acabe por entrar na demagogia, que começou por recriminar, ao afirmar que “as provas científicas [sobre o aquecimento global] são esmagadoras”. Esmagadoras são as tais mentiras que ela denuncia.

Historicamente, o Met Office está ligado às mentiras em Portugal, através do seu Hadley Centre, por ter colaborado no embuste dos designados projectos SIAM I (para o Continente) e SIAM II (para a Região Autónoma da Madeira). Estes projectos relatam como seria Portugal, visto pelas respectivas bolas de cristal, em 2100.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

UNESCO usada como sede do obscurantismo

A grande reunião internacional sobre o clima acabada de se realizar na sede da UNESCO *, em Paris, no dia 5 de Fevereiro de 2007, apresentou o veredicto, sem apelo nem agravo, da culpabilidade do Homem no aquecimento global.

Esta culpa foi catalogada de «crime contra a Natureza». Os media de quase todo o Mundo, no dia seguinte, propagaram o grande acontecimento. Mas, a bem das suas quotas de vendas, mantiveram durante vários dias o sabor desta acusação contra a humanidade.

«Actuar de imediato», «As dúvidas científicas, por mais legítimas que fossem, foram completamente dissipadas», «Tudo converge para demonstrar a parte essencial da mão do Homem no aquecimento global – concluiu Susan Soloman», foram algumas das parangonas dos jornais e das entradas dos telejornais e noticiários dos media internacionais.

Susan Soloman, para que ninguém tivesse dúvidas, era apresentada como uma das principais figuras (presidente da Mesa) dos cientistas do IPCC. É essa mesma. A que já teve visões para o ano 3000, como se viu anteriormente.

Mas não se ficaram por aqui os títulos que angustiavam o pacífico cidadão dado como culpado. «O IPCC reuniu provas sem ambiguidade», resumiu Achim Steiner, patrão do programa PNUDE, programa da ONU dedicado a gastar dinheiro para (hipoteticamente) salvar o planeta.

«Se não se fizer nada [isto é, se não se desbaratarem fortunas a alimentar uma máquina burocrática infernal], a temperatura da Terra subirá entre 1,8 ºC e 4 ºC daqui até ao ano 2100 com consequências incomensuráveis para toda a humanidades», «A hora é de acção, uma acção a nível mundial, ambiciosa, de longo prazo e duração. Temos apenas cinco anos para salvar o planeta», acrescentou o impagável presidente do IPCC, desde 2002, Rajendra Pachauri.

Vem a propósito partilhar com os leitores um texto escrito a pedido dos responsáveis da revista INDÚSTRIA, da Confederação da Indústria Portuguesa.

O aquecimento global tornou-se um assunto mediático, sobretudo depois da seca observada nos Estados Unidos da América, no Verão de 1988. O receio de um novo e prolongado período de calor e de seca, como o que se verificou nos anos 1930 (cf. As Vinhas da Ira de John Steinbeck), explica a atenção particular dedicada à seca de 1988 e a dramatização que se lhe seguiu, até hoje.

Na verdade, a ideia do aquecimento global, com origem na emissão de gases com efeito de estufa (GEE) libertados na queima dos combustíveis fósseis, foi transformada num tema extremamente confuso, em que os alarmistas misturam tudo:

A poluição e o clima – tornou-se o clima num álibi para resolver a poluição. A evolução futura do clima é apresentada como um postulado e quem coloca dúvidas sobre o aquecimento global fica catalogado como favorável à poluição.

Os bons sentimentos e os interesses (in)confessados – alarma-se com um planeta em perigo, que é necessário salvar mas, em simultâneo, admite-se o direito de poluir, mediante o comércio de «direitos de emissão» de GEE.

As suposições e as realidades – apresentam-se modelos informáticos do clima sem relação directa com os mecanismos reais e avançam-se previsões tanto mais gratuitas quanto os prazos são mais longínquos (2100!).

O sensacionalismo e a seriedade científica – procura-se o furo jornalístico e ignora-se a informação devidamente fundamentada, com os políticos e os media a ajudar à confusão.

Os alarmistas pretendem ver sinais da catástrofe anunciada nalguns acontecimentos recentes (ondas de calor, secas, cheias, evolução natural do mar gelado do Árctico e do Antárctico) os quais, no entanto, não têm qualquer relação com as emissões de GEE.

Seleccionam as informações favoráveis à ideia do aquecimento, ocultando as que dão conta de situações de arrefecimento. O que domina incontestavelmente o debate, e mais o falseia, é que as alterações climáticas são um assunto de climatologia, que está a ser tratado, maioritariamente, por não especialistas, nomeadamente pelos ambientalistas.

Com uma complacência geralmente proporcional à ignorância dos fundamentos da disciplina, muitos dos que têm a audácia de se proclamar cientistas apenas propalam as hipóteses oriundas dos modelos.

Deve-se começar por colocar fortes reticências ao mito segundo o qual os relatórios do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) são preparados por «milhares de cientistas». É falso. Não provêm senão de uma pequena equipa dominante.

Os conhecimentos actuais sobre climatologia são em geral limitados. O IPCC reconhece-o quando refere que «A aptidão dos cientistas para fazer verificações das projecções provenientes dos modelos é bastante limitada…».

As explicações do IPCC não reflectem a verdade científica, que é extremamente complexa. São em regra simplistas, próximas do slogan, a fim de serem facilmente apreendidas. Quanto mais simples a mensagem, maior a hipótese de ser adoptada pelos políticos e pelos media.

Este conhecimento superficial e esquemático é também imposto pelas «simplificações inevitáveis, transpostas para os modelos», os quais não podem integrar todas as componentes dos fenómenos climáticos.

Esta falha explica também a fé cega atribuída a uma ciência – a climatologia – idealizada por alguns, ignorando, geralmente, que a climatologia está num verdadeiro impasse conceptual há mais de cinquenta anos.

A climatologia não dispõe de um esquema explicativo observável da circulação geral da atmosfera (fenómeno este que é fundamental) apto a traduzir a realidade das trocas meridionais de energia e vive na ignorância dos mecanismos reais.

Este impasse tem conduzido, entre outros, aos «falhanços» dos serviços de meteorologia dos EUA na previsão das trajectórias dos furacões tropicais, por deficiente conhecimento da sua dinâmica.

O conhecimento é substituído pela convicção (sincera, ou pela fé) do género «estou convencido de que o aquecimento global do planeta é uma realidade» ou «há quem não acredite no aquecimento global». Isto é a negação do método científico.

É, pois, necessário fazer um ponto da situação. Sem complacências nem concessões, aprofundado, rigoroso e unicamente centrado na climatologia, pois o estudo do clima deve ser deixado aos climatologistas.

Torna-se necessário desmascarar a pretensa ligação Homem – poluição – GEE – aquecimento global – alterações climáticas. O Homem, neste caso, está inocente e a acusação que lhe fazem não se justifica.”
____________

* United Nations Educational Scientific and Cultutal Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura)

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

O ano inconveniente de 2007

(Correcção Fevereiro de 2007 em vez de 2009)

Em 2009 completam-se dois anos de convergência do pensamento mágico dos cientistas do IPCC e dos políticos de quase todo o Mundo. De facto:

- No mês de Fevereiro de 2007, o IPCC aprovou por “unanimidade”, de braço no ar, à boa maneira dos partidos pouco democráticos, o seu AR4 – Forth Assessment Report - afirmando: «O Homem é culpado de um crime contra a Natureza»;

- O secretário-geral da ONU, Sr. Ban Ki-Moon, acrescentou mais um ponto: «Estamos à beira de uma catástrofe»;

- Al Gore valeu-se das circunstâncias e recebeu em Hollywood dois Óscares pelo filme de ficção científica “Uma Verdade Inconveniente”.

Na realidade, cientificamente, o que foi provado? NADA.

Em primeiro lugar a própria teoria do aquecimento global de origem antropogénica levanta fortes dúvidas como teoria científica. Não basta que um determinado conjunto de cientistas a proclame como tal. Existem tantos ou mais cientistas que a impugnam e que põem em causa, quer os fundamentos, quer as conclusões.

Uma certeza científica não é apenas uma intuição, nem uma convicção íntima, e muito menos uma prospectiva obtida numa bola de cristal (vide aqui e aqui).

A atribuição de uma probabilidade de 90 % à hipótese de culpabilidade do Homem, como faz o IPCC, não constitui uma prova científica. Não é sequer uma prova que se possa sujeitar à refutação própria do método científico. E quando tal acontece, não estamos perante Ciência, mas sim crença.

E, sobretudo, não é aos políticos nem aos media que compete certificar a validade ou a invalidade de uma lei científica, como se tem observado largamente com a teoria do aquecimento global.

Como é que, em pleno século XXI, uma declaração de um milhar de cientistas se pode tornar uma lei científica? Será plausível planificar a vida de milhões de cidadãos em todo o mundo pelo facto de um milhar deles, ditos cientistas, declarar de braço no ar que são culpados de interferir no clima?

Estas e outras questões foram colocadas numa tribuna do jornal Le Monde, em 7 de Fevereiro de 2007, pelo Físico francês Serge Galam.

Serge é director de investigação do Centre National de la Recherche Scientifique e acaba de publicar o livro «Les scientifiques ont perdue le Nord. Réflexions sur le réchauffement climatique» que dá muito que pensar acerca do comportamento dos cientistas, por acção e omissão, nesta matéria do aquecimento global.

Como diz Galam, existe uma grande diferença entre uma prova científica e uma teoria científica. Assim é no caso do aquecimento global, em que nenhum cientista honesto pode provar que o Homem seja culpado.

Neste assunto, salienta Serge Galam, alguns cientistas tornaram-se gurus. As suas opiniões tornaram-se verdades absolutas. A ciência, mesmo que não provada, passou a ser publicada por decreto em Diários da República.

E toda a gente tem de se calar caso contrário sofre as consequências. É assim que alguns cientistas tomam as suas cautelas para não perderam o acesso a fundos de investigação. Embora se possa compreender esta atitude defensiva, não se pode deixar de lamentar e denunciar a situação que foi criada pelos alarmistas climáticos.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Alterações climáticas irreversíveis até ao ano 3000…

(Actualizado, 8 de Fevereiro de 2009)

A propósito de profecias, as de Susan Solomon ultrapassam as de James Hansen. Fazer uma predição para o clima no ano 3000 não é para qualquer um. Ainda para mais é uma predição para o clima de várias regiões do globo que se verificaria no ano 3000.

Cá por “casa” também temos futurologistas mas, ao que parece, apetrechados com bolinhas de cristal mais modestas, de modo que apenas arriscam previsões para Portugal continental e para a Região Autónoma da Madeira até ao ano 2100. Já conseguiram ver na bolinha como será Portugal em 2025 e 2050. Falta ainda ver como vai ser em 2075.

A falta de decoro deste pessoal parece não ter limites. Ainda se andassem a brincar com o dinheiro deles, ninguém tinha nada com isso. Mas, não. Gastam o nosso dinheiro, pago em contribuições e impostos, e ainda brincam connosco.

Nada do que eles dizem é sério e credível. Claro que há sempre uns ingénuos que engolem as suas profecias, mas o que eles querem é que todos aceitemos o embuste. É este o estilo dos colaboradores do IPCC (Susan, James e outros).

Para uma análise crítica da recente profecia de Susan Solomon et al. é interessante ler o trabalho de Laurence Hecht “El calentamiento global por CO2 es un fraude”. De facto, o estudo psicadélico de Susan baseia-se quase exclusivamente no CO2.

É de registar que, normalmente, os artigos do PNAS (Proceedings of the National Academy of the United States of América) apenas são disponibilizados após o pagamento de uma determinada verba. Pois desta vez, perante o elevadíssimo interesse em conhecer o que vai acontecer no ano 3000, o PNAS oferece o artigo de Susan free of charge.

Aproveite-se pois a oportunidade para ler “Irreversible climate change due to carbon dioxide emissions” sem pagar. Ficará para a história, pois apenas os nossos longínquos vindouros poderão verificar o acerto das profecias dos colaboradores do IPCC.

Com a oferta deste artigo, o PNAS anda a fazer concorrência às revistas Nature e Science na publicação do pior que se pode imaginar em ciência (bad science). Deplorável. Mas afinal o que descobriu a Susan e os seus colegas?

A interessante descoberta foi que “if carbon dioxide continues to build up unchecked in our atmosphere, then the effects of global warming could be irreversible for more than a thousand years. That could mean severe drought in some parts of the world. Researchers conclude things are not hopeless as long as immediate action is taken to cut greenhouse gases.”

Repare-se nos tempos dos verbos “if … continues …”, “… could be …”, “… could mean …”. Claro, todas estas precauções para concluírem que “… things are not hopeless as long as immediate action is taken to cut greenhouse gases.”

Cortem-se pois os gases satânicos antes que seja tarde. Caso contrário, temos de começar a fazer as malas e procurar um outro planeta onde ainda se possa viver. De preferência sem a Susan, o James e os outros.

Mas admitamos que o estudo merecia alguma atenção. Vejamos algumas curiosidades:

(1) Os autores utilizam pressupostos inimagináveis como um valor para a sensibilidade climática que é cerca do décuplo dos considerados noutros estudos menos extravagantes.

(2) Esquecem-se de que o próprio IPCC considera que o acréscimo da temperatura é uma função logarítmica de um quociente entre concentrações de CO2.

(3) Usam os modelos já refutados para a hipotética evolução dos mantos de gelo do Antárctico e da Gronelândia (que estão bem encaixados numa concha geológica). Daí que a subida do nível dos oceanos tenda para limites arrasadores.

(4) No fundo, exercitaram o “pipeline principle” do guru James Hansen (logo citado em primeiro lugar nas referências bibliográficas) segundo o qual mesmo que a emissão de gases satânicos fosse estabilizada, as temperaturas aumentariam sempre devido ao calor já armazenado nos oceanos. Só que a temperatura destes, entretanto estabilizou.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

As profecias falhadas de James Hansen

Lubos Motl é um jovem físico teórico, checo, que tem dedicado a sua atenção a matérias avançadas como a Teoria das Cordas e a Gravitação Quântica.

Lubos publica um blog no qual comenta questões de Física, de política e também, para regozijo do MC, da controversa teoria do global warming, não poupando nas palavras para manifestar a sua posição fortemente crítica do alarmismo que caracteriza esta teoria.

Aproveitando a oportunidade, o MC vai disponibilizar na coluna aqui ao lado o link para o blog de Lubos Motl, facultando aos leitores a possibilidade de lerem os textos polémicos mas estimulantes deste jovem físico teórico.

Num dos seus últimos posts, cuja leitura se recomenda, intitulado “Hansen's colossal failures: Super El Niño predictions” Lubos critica as previsões alarmistas e fantasistas de James Hansen, suportadas no fenómeno El Niño.

Lubos é particularmente duro com Hansen, a quem chega a classificar como um “feiticeiro” que se dedica a submergir a climatologia em profecias injustificadas e com muito menos sucesso do que meros palpites atirados ao acaso.

E vai mais longe, classificando Hansen como um cargo cult scientist, uma referência ao conceito de "Cargo Cult Science" utilizado por Richard Feynman para criticar, com ironia, certas formas de pseudo ciência.

Num outro post, que igualmente se recomenda, Lubos relata o encontro em Davos entre Al Gore e Vaclav Klaus.

Al Gore é sobejamente conhecido. Vaclav Klaus, já referido no MC aqui e aqui , é o presidente da República Checa, país que assume a presidência da União Europeia durante o primeiro semestre de 2009.

Conhecidas que são as posições fortemente críticas do presidente checo relativamente aos ambientalistas e aos adeptos do global warming, o encontro com Al Gore correu bastante melhor do que alguns observadores esperavam.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

A percepção nebulosa do RealClimate

Pelo Prof. Henk Tennekes (*).

Roger Pielke Sr. convidou-me gentilmente para apresentar o meu ponto de vista sobre a discussão que manteve com Gavin Schmidt do RealClimate [blogue indicado na faixa direita do MC]. Se o assunto não fosse demasiado sério, ter-me-ia divertido com a ignorância de Gavin acerca das diferenças entre modelos meteorológicos e modelos climáticos. Como é o caso, estou chocado. Regresse à escola, Gavin!

Um modelo meteorológico trata da atmosfera. Os processos lentos dos oceanos, da biosfera e das actividades humanas podem ser ignorados ou parametrizados grosseiramente. Este método tem tido sucesso. A comunidade científica dos modeladores do estado do tempo aproveitou esta vantagem e utilizou-a para se impor à comunidade dos modeladores do clima.

Apoiando-se num sistema de observação bastante mais avançado que o da oceanografia ou de outras partes constituintes do sistema climático, aquela comunidade explorou a fundo a sua vantagem.

Para esta comunidade, trata-se de uma feliz coincidência que o sistema sinóptico dominante da atmosfera tenha uma escala de várias centenas de quilómetros, o que faz com que as insuficiências da parametrização e da rede de observações, incluindo a cobertura por satélites, não impeça previsões válidas com vários dias de antecedência.

Por outro lado, um modelo climático ocupa-se do sistema climático global, o qual inclui os oceanos do planeta. Os oceanos constituem uma componente lenta e decisiva do sistema climático. Decisiva, porque é lá que está armazenada a maioria do calor disponível do sistema.

Os meteorologistas têm tendência para esquecer que alguns metros de água contêm tanto calor como a atmosfera inteira. Igualmente, os oceanos são a principal fonte de vapor de água que faz com que a dinâmica atmosférica do nosso planeta é ao mesmo tempo interessante e excessivamente complexa. Por esse motivo e por outras razões, uma representação explícita dos oceanos deveria constituir o núcleo de todo o modelo climático que se preze.

Ora, os sistemas de observação dos oceanos são primitivos em comparação com os seus homólogos atmosféricos. Os satélites que podem seguir o que se passa sob a superfície do oceano têm uma resolução espacial e temporal limitada.

Além disso, a escala dos movimentos sinópticos do oceano é bastante menor que a dos ciclones na atmosfera, pelo que necessita de uma resolução espacial dos modelos informáticos e da rede de observação fora das capacidades actuais dos sistemas de observação e dos super computadores.

Não podemos observar, por exemplo, a estrutura vertical e horizontal da temperatura, da salinidade e do movimento turbilhonar do Gulf Stream em tempo real e de modo suficientemente detalhado e não podemos modelar ao nível do detalhe necessário devido às limitações dos computadores.

Por amor de Deus, como poderíamos então calcular com verosimilhança a sua contribuição para a alteração multi-decenal do transporte de calor meridional? As parametrizações grosseiras utilizadas na prática podem predizer com verosimilhança os processos físicos do oceano com dezenas de anos de antecedência? Eu afirmo que não.

O armazenamento e o transporte de calor nos oceanos são cruciais para a dinâmica do sistema climático e não podendo ser, actualmente, convenientemente observados ou modelados, temos de admitir que as alegações sobre o desempenho preditivo dos modelos climáticos são construídas sobre areias movediças.

Os modeladores do clima que pretendem predizer o futuro com décadas de avanço vivem num mundo da fantasia, no qual manipulam numerosos botões da parametrização para produzir resultados que possam ter uma aparência de verdade. Fundamentos sólidos? Esqueçam!

Gavin Scmidt não é o único meteorólogo com uma falsa noção do papel dos oceanos no sistema climático. No meu post de 24 de Junho de 2008, critiquei a percepção limitada que outro modelador do clima parecia ter.

Algumas linhas desse artigo merecem ser repetidas aqui. Em resposta a um artigo de Tim Palmer do ECMWF, escrevi: “Palmer et al. parecem esquecer que, se as previsões meteorológicas são concentradas numa sucessão rápida de acontecimentos atmosféricos, as previsões climáticas devem concentrar-se na evolução lenta da circulação oceânica do planeta e nas alterações lentas da utilização dos solos e da vegetação natural.

Na evolução do 'Snow Manifold' (para usar por empréstimo um termo original de Edward Lorenz), a atmosfera actua essencialmente como ruído estocástico de alta-frequência. Se ainda fosse jovem, tentaria construir um modelo climático conceptual baseado numa representação determinista do oceano planetário e uma representação estocástica da actividade sinóptica da atmosfera”.

Penso que é bastante preocupante que a actual geração de modelos do clima não possa simular um fenómeno tão fundamental como a Pacific Decadal OscillationPDO.

Não confiarei em nenhum modelo do clima até que ele possa representar correctamente a PDO e outras particularidades da circulação lenta dos oceanos. E mesmo nessa altura, permanecerei céptico quanto à possibilidade de um tal modelo poder prever o clima com várias dezenas de anos de avanço.
____________

(*) Henk Tennekes foi demitido de director da investigação do Koninklijk Nederlands Meteorologisch InstituutKNMI (instituto de meteorologia dos Países Baixos) após questionar as bases científicas do global warming. Ver artigos deste autor sobre modelação informática do clima.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Calor na Austrália, frio na Europa, a mesma causa

(Actualizado)

Começa a ser um lugar comum. Os anticiclones móveis polares voltaram a largar neve, neve e neve na Europa. Notícias do Reino Unido, de França e de Itália contam como foi:

- Neve em Londres (TSF)
- Três mortos em Itália, nevões no Reino Unido e em França (TSF)
- Tempestades de neve em Londres e Paris cancelam e atrasam voos (TSF)
- Heaviest snow in 20 years brings large parts of Britain to a halt (TIMESONLINE)
- Ver TVNET


Haverá ainda quem duvide que o Árctico arrefeceu? E que aconteceu o mesmo com o Antárctico? Começou em 1975/76. Já lá vão 33 anos!

O que parece estranho é não aparecer nenhuma autoridade na matéria (por exemplo, a Organização Mundial de Meteorologia) a explicar estes acontecimentos que se sucedem a um ritmo impressionanate. Têm medo de dizer a verdade?

domingo, fevereiro 01, 2009

Vaga de calor na Austrália

Para além de se lamentar a perda de vidas humanas (30 mortes), lamenta-se uma vez mais que a histeria do “global warming” retire o discernimento racional para se diagnosticar correctamente esta vaga de calor na Austrália.

Vá lá que a TSF, pelo menos por ora, relatou o acontecimento de modo isento sem entrar na demagogia típica dos alarmistas que se aproveitam destes fenómenos para lançarem as suas nuvens de fumo com a tradicional ladainha.

Mas um sítio web de origem brasileira que foi facultado por um leitor demonstra o baixo nível de competência das autoridades australianas.

Nesse sítio lê-se: “A onda de calor que vem provocando transtornos no sul da Austrália é um sinal das mudanças [alterações] climáticas globais, disse na quinta-feira o ministro encarregado do tema.” Foram palavras pronunciadas por um ministro [das Alterações Climáticas] do governo australiano.

O sítio web brasileiro acrescenta, como sendo dito pelo ministro australiano: “Tudo isso é consistente com a mudança climática, e tudo isso é consistente com o que os cientistas nos disseram que iria acontecer.”

Mais disse o ministro Penny Wong: “… os cientistas já vinham alertando para esse tipo de onda de calor, que começou na quarta-feira.” Na Austrália, como noutros países, existe um Ministério para as Alterações Climáticas… com ministros que dizem estas barbaridades.

Mas a origem deste trágico acontecimento, por estranho que pareça, é exactamente a mesma das vagas de frio do Hemisfério Norte: o arrefecimento acentuado do Antárctico e do Árctico, respectivamente, e a consequente ejecção de anticiclones móveis polares (AMP) muito potentes.
Em qualquer dos casos, e como frequentemente acontece, existe a possibilidade de vários AMP se aglutinarem e darem origem a uma estabilidade anticiclónica. Nessas circunstâncias duas situações se podem verificar.

Numa primeira situação, se o solo se encontra muito aquecido, como acontece no Verão, devido a uma maior incidência de radiação solar, a dificuldade de ascensão do ar quente devido à alta pressão das camadas de ar da aglutinação anticiclónica estacionada sobre a região, ainda que se trate de ar frio oriundo do Pólo, provoca um efeito de aquecimento, aí sim, semelhante ao de uma estufa que impede a convecção do ar. A vaga, ou onda, de calor é a consequência mais certa. É o que está a acontecer na Austrália.

Numa segunda situação, se o solo se encontra muito arrefecido, como acontece no Inverno, devido a uma menor incidência de radiação solar, a permanência do ar frio da aglutinação anticiclónica estacionada sobre a região vem agravar a situação, podendo conduzir a uma vaga de frio. É o que tem estado a acontecer na generalidade do Hemisfério Norte.

Mais factores intervêm nas ondas de calor e nas vagas de frio. Mas, de certeza, o efeito de estufa antropogénico não é um deles.

A luminosidade e a nebulosidade são importantes para, respectivamente, as ondas de calor (mesmo no Inverno) e as vagas de frio. Aquela facilita o aquecimento das camadas baixas do ar atmosférico e esta dificulta-o, para iguais pressões atmosféricas.

Fontes: TSF, Sítio Web.