Avanços, recuos e irregularidades
Depois da pequena brincadeira de Carnaval com a situação do Árctico (aqui e aqui), voltemos a nossa atenção para o caso de um artigo de George Will publicado no The Washington Post, no dia 15 de Fevereiro de 2009, intitulado “Dark Green Doomsayers”.
“De acordo com a Universidade de Illinois, no seu sítio web Arctic Climate Research Center, a extensão total do mar gelado atingiu agora os níveis de 1979”, escreveu George Will.
Na realidade, ele devia ter escrito que a extensão total do mar gelado do Árctico e do Antárctico, em Dezembro de 2008, atingiu um valor aproximadamente igual ao de Dezembro de 1979.
O gráfico utilizado por George Will é o que a Universidade de Illinois apresenta, no Arctic Climate Research Center, dia-a-dia. Usou o gráfico relativo ao fim do ano de 2008. George comparou o valor do final de 2008 com o do final de 1979.
Este artigo datado de 15 de Fevereiro seguiu-se a um outro de 1 de Janeiro de 2009 de Michael Asher, publicado no sítio web Daily Tech, intitulado “Sea Ice Ends Year at Same Level as 1979”.
O facto de se ter dito “igual” em vez de “aproximadamente igual” levou a que o Arctic Climate Research Center se insurgisse e emitisse um comunicado de imprensa em virtude do burburinho levantado por Michael Asher e Bill Will.
Resumidamente, o Arctic Climate Research Center afirmava no presse release que os dados mostravam que em 15 de Fevereiro de 1979 a área global do mar gelado era de 16,79 milhões de quilómetros quadrados enquanto que em 15 de Fevereiro de 2009 era apenas de 15,45 milhões de quilómetros quadrados.
Ou seja, segundo o ACRC, em Fevereiro de 2009 verificou-se uma diminuição de 1,34 milhões de quilómetros quadrados. Este valor é aproximadamente igual à área total dos Estados do Texas, da Califórnia e de Oklahoma, segundo o Arctic Climate Research Center.
Mas a Universidade de Illinois sabia perfeitamente que as afirmações incompletas [faltou a palavra “quase”] de George Will e de Michael Asher se baseavam no final do ano de 2008 e não a meio de Fevereiro de 2009. Entre uma data e outra observou-se uma profunda actividade do Árctico com exportação de ar frio e a concomitante importação de ar quente com consequências na área do mar gelado.
Mais importante do que estas querelas de datas, do género ‘chega-te mais para lá que eu é que sei o que estou a dizer’, era mais importante explicar correctamente o porquê da falta de uma tão extensa área em meados de Fevereiro de 2009. Essa falha não se verificava tão pronunciadamente em 31 de Dezembro de 2008.
Para isso, a Universidade de Illinois tem à sua disposição a evolução das áreas das sub-regiões do Árctico (Arctic Basin Bering Sea St. Lawrence Baffin/Newfoundland Bay Greenland Sea Barents Sea Kara Sea Laptev Sea East Siberian Sea Chuckchi Sea Beaufort Sea Canadian Archipelago Hudson BaySea of Okhotsk) para analisar em quais delas se encontram falhas nas áreas de mar gelado.
De facto, no Antárctico, contrariamente às mentiras frequentes, o mar gelado até tem aumentado ou não tem diminuído por aí além. A Universidade de Illinois informou isso mesmo no seu press release.
“A extensão total dos mares gelados do Árctico e do Antárctico encontrava-se, no final de 2009, próxima ou ligeiramente inferior à observada no final de 1979, tal como referido no artigo do Daily Tech”, afirmou o Arctic Climate Research Center.
“No entanto, no Hemisfério Norte a área é quase um milhão de quilómetros quadrados abaixo dos valores observados em 1979 e no Hemisfério Sul é cerca de meio milhão de quilómetros quadrados superior, compensando parcialmente a redução do seu simétrico”, acrescentou o ACRC.
O que tem faltado, dentro do Circulo Polar Árctico, é gelo na região oriental. Aí, o ar quente importado na forma de depressões atmosféricas tem impedido a formação contínua do gelo. Este fenómeno foi flagrante durante este Inverno em que à medida que o Árctico exportava massas de ar frio originando tempestades violentíssimas no Hemisfério Norte, do lado oriental do Árctico, no Mar de Barents e, até, no Mar de Kara, o gelo avançava e retraía-se com a importação de ar quente (ver Barents Sea Kara Sea).
Mas, a questão importante que se coloca é a seguinte: – estas irregularidades, com avanços e recuos mais ou menos cíclicos, anual e inter-anualmente, durante todo o século XX e no início do XXI, do mar gelado nos extremos do Mundo não significarão o prenúncio de qualquer fenómeno importante?
A parte final que se encontra no press release ACRC “Arctic summer sea ice is only one potential indicator of climate change, however, and we urge interested parties to consider the many variables and resources available when considering observed and model-projected climate change. For example, the ice that is presently in the Arctic Ocean is younger and thinner than the ice of the 1980s and 1990s. So Arctic ice volume is now below its long-term average by an even greater amount than is ice extent or area” não está de acordo com a responsabilidade que devia ser atributo de uma Universidade de renome.
Esta percepção simplista do Arctic Climate Research Center está muito afastada da realidade. As evoluções climáticas recentes não são as previstas no arsenal dos modelos informáticos do clima (model-projected, segundo o ACRC). Algumas regiões aquecem, outras arrefecem ou não aquecem nem arrefecem.
O estado do tempo tornou-se mais severo, mais irregular e mais violento depois do shift climático de 1975-76. Estes comportamentos diferentes não são obra do acaso. São comportamentos perfeitamente organizados.
No Hemisfério Norte, o ponto de partida destes comportamentos é o arrefecimento do Árctico. Este arrefecimento proporciona uma robustez crescente aos anticiclones móveis polares boreais que são formados de acordo com mecanismos baseados em leis naturais. A evolução do Árctico, bem como a do Antárctico, não é devida ao cenário da climate change imaginado pelo Arctic Climate Research Center que, por azar, só atacaria o lado oriental do Árctico.
“De acordo com a Universidade de Illinois, no seu sítio web Arctic Climate Research Center, a extensão total do mar gelado atingiu agora os níveis de 1979”, escreveu George Will.
Na realidade, ele devia ter escrito que a extensão total do mar gelado do Árctico e do Antárctico, em Dezembro de 2008, atingiu um valor aproximadamente igual ao de Dezembro de 1979.
O gráfico utilizado por George Will é o que a Universidade de Illinois apresenta, no Arctic Climate Research Center, dia-a-dia. Usou o gráfico relativo ao fim do ano de 2008. George comparou o valor do final de 2008 com o do final de 1979.
Este artigo datado de 15 de Fevereiro seguiu-se a um outro de 1 de Janeiro de 2009 de Michael Asher, publicado no sítio web Daily Tech, intitulado “Sea Ice Ends Year at Same Level as 1979”.
O facto de se ter dito “igual” em vez de “aproximadamente igual” levou a que o Arctic Climate Research Center se insurgisse e emitisse um comunicado de imprensa em virtude do burburinho levantado por Michael Asher e Bill Will.
Resumidamente, o Arctic Climate Research Center afirmava no presse release que os dados mostravam que em 15 de Fevereiro de 1979 a área global do mar gelado era de 16,79 milhões de quilómetros quadrados enquanto que em 15 de Fevereiro de 2009 era apenas de 15,45 milhões de quilómetros quadrados.
Ou seja, segundo o ACRC, em Fevereiro de 2009 verificou-se uma diminuição de 1,34 milhões de quilómetros quadrados. Este valor é aproximadamente igual à área total dos Estados do Texas, da Califórnia e de Oklahoma, segundo o Arctic Climate Research Center.
Mas a Universidade de Illinois sabia perfeitamente que as afirmações incompletas [faltou a palavra “quase”] de George Will e de Michael Asher se baseavam no final do ano de 2008 e não a meio de Fevereiro de 2009. Entre uma data e outra observou-se uma profunda actividade do Árctico com exportação de ar frio e a concomitante importação de ar quente com consequências na área do mar gelado.
Mais importante do que estas querelas de datas, do género ‘chega-te mais para lá que eu é que sei o que estou a dizer’, era mais importante explicar correctamente o porquê da falta de uma tão extensa área em meados de Fevereiro de 2009. Essa falha não se verificava tão pronunciadamente em 31 de Dezembro de 2008.
Para isso, a Universidade de Illinois tem à sua disposição a evolução das áreas das sub-regiões do Árctico (Arctic Basin Bering Sea St. Lawrence Baffin/Newfoundland Bay Greenland Sea Barents Sea Kara Sea Laptev Sea East Siberian Sea Chuckchi Sea Beaufort Sea Canadian Archipelago Hudson BaySea of Okhotsk) para analisar em quais delas se encontram falhas nas áreas de mar gelado.
De facto, no Antárctico, contrariamente às mentiras frequentes, o mar gelado até tem aumentado ou não tem diminuído por aí além. A Universidade de Illinois informou isso mesmo no seu press release.
“A extensão total dos mares gelados do Árctico e do Antárctico encontrava-se, no final de 2009, próxima ou ligeiramente inferior à observada no final de 1979, tal como referido no artigo do Daily Tech”, afirmou o Arctic Climate Research Center.
“No entanto, no Hemisfério Norte a área é quase um milhão de quilómetros quadrados abaixo dos valores observados em 1979 e no Hemisfério Sul é cerca de meio milhão de quilómetros quadrados superior, compensando parcialmente a redução do seu simétrico”, acrescentou o ACRC.
O que tem faltado, dentro do Circulo Polar Árctico, é gelo na região oriental. Aí, o ar quente importado na forma de depressões atmosféricas tem impedido a formação contínua do gelo. Este fenómeno foi flagrante durante este Inverno em que à medida que o Árctico exportava massas de ar frio originando tempestades violentíssimas no Hemisfério Norte, do lado oriental do Árctico, no Mar de Barents e, até, no Mar de Kara, o gelo avançava e retraía-se com a importação de ar quente (ver Barents Sea Kara Sea).
Mas, a questão importante que se coloca é a seguinte: – estas irregularidades, com avanços e recuos mais ou menos cíclicos, anual e inter-anualmente, durante todo o século XX e no início do XXI, do mar gelado nos extremos do Mundo não significarão o prenúncio de qualquer fenómeno importante?
A parte final que se encontra no press release ACRC “Arctic summer sea ice is only one potential indicator of climate change, however, and we urge interested parties to consider the many variables and resources available when considering observed and model-projected climate change. For example, the ice that is presently in the Arctic Ocean is younger and thinner than the ice of the 1980s and 1990s. So Arctic ice volume is now below its long-term average by an even greater amount than is ice extent or area” não está de acordo com a responsabilidade que devia ser atributo de uma Universidade de renome.
Esta percepção simplista do Arctic Climate Research Center está muito afastada da realidade. As evoluções climáticas recentes não são as previstas no arsenal dos modelos informáticos do clima (model-projected, segundo o ACRC). Algumas regiões aquecem, outras arrefecem ou não aquecem nem arrefecem.
O estado do tempo tornou-se mais severo, mais irregular e mais violento depois do shift climático de 1975-76. Estes comportamentos diferentes não são obra do acaso. São comportamentos perfeitamente organizados.
No Hemisfério Norte, o ponto de partida destes comportamentos é o arrefecimento do Árctico. Este arrefecimento proporciona uma robustez crescente aos anticiclones móveis polares boreais que são formados de acordo com mecanismos baseados em leis naturais. A evolução do Árctico, bem como a do Antárctico, não é devida ao cenário da climate change imaginado pelo Arctic Climate Research Center que, por azar, só atacaria o lado oriental do Árctico.
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