sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Alterações climáticas irreversíveis até ao ano 3000…

(Actualizado, 8 de Fevereiro de 2009)

A propósito de profecias, as de Susan Solomon ultrapassam as de James Hansen. Fazer uma predição para o clima no ano 3000 não é para qualquer um. Ainda para mais é uma predição para o clima de várias regiões do globo que se verificaria no ano 3000.

Cá por “casa” também temos futurologistas mas, ao que parece, apetrechados com bolinhas de cristal mais modestas, de modo que apenas arriscam previsões para Portugal continental e para a Região Autónoma da Madeira até ao ano 2100. Já conseguiram ver na bolinha como será Portugal em 2025 e 2050. Falta ainda ver como vai ser em 2075.

A falta de decoro deste pessoal parece não ter limites. Ainda se andassem a brincar com o dinheiro deles, ninguém tinha nada com isso. Mas, não. Gastam o nosso dinheiro, pago em contribuições e impostos, e ainda brincam connosco.

Nada do que eles dizem é sério e credível. Claro que há sempre uns ingénuos que engolem as suas profecias, mas o que eles querem é que todos aceitemos o embuste. É este o estilo dos colaboradores do IPCC (Susan, James e outros).

Para uma análise crítica da recente profecia de Susan Solomon et al. é interessante ler o trabalho de Laurence Hecht “El calentamiento global por CO2 es un fraude”. De facto, o estudo psicadélico de Susan baseia-se quase exclusivamente no CO2.

É de registar que, normalmente, os artigos do PNAS (Proceedings of the National Academy of the United States of América) apenas são disponibilizados após o pagamento de uma determinada verba. Pois desta vez, perante o elevadíssimo interesse em conhecer o que vai acontecer no ano 3000, o PNAS oferece o artigo de Susan free of charge.

Aproveite-se pois a oportunidade para ler “Irreversible climate change due to carbon dioxide emissions” sem pagar. Ficará para a história, pois apenas os nossos longínquos vindouros poderão verificar o acerto das profecias dos colaboradores do IPCC.

Com a oferta deste artigo, o PNAS anda a fazer concorrência às revistas Nature e Science na publicação do pior que se pode imaginar em ciência (bad science). Deplorável. Mas afinal o que descobriu a Susan e os seus colegas?

A interessante descoberta foi que “if carbon dioxide continues to build up unchecked in our atmosphere, then the effects of global warming could be irreversible for more than a thousand years. That could mean severe drought in some parts of the world. Researchers conclude things are not hopeless as long as immediate action is taken to cut greenhouse gases.”

Repare-se nos tempos dos verbos “if … continues …”, “… could be …”, “… could mean …”. Claro, todas estas precauções para concluírem que “… things are not hopeless as long as immediate action is taken to cut greenhouse gases.”

Cortem-se pois os gases satânicos antes que seja tarde. Caso contrário, temos de começar a fazer as malas e procurar um outro planeta onde ainda se possa viver. De preferência sem a Susan, o James e os outros.

Mas admitamos que o estudo merecia alguma atenção. Vejamos algumas curiosidades:

(1) Os autores utilizam pressupostos inimagináveis como um valor para a sensibilidade climática que é cerca do décuplo dos considerados noutros estudos menos extravagantes.

(2) Esquecem-se de que o próprio IPCC considera que o acréscimo da temperatura é uma função logarítmica de um quociente entre concentrações de CO2.

(3) Usam os modelos já refutados para a hipotética evolução dos mantos de gelo do Antárctico e da Gronelândia (que estão bem encaixados numa concha geológica). Daí que a subida do nível dos oceanos tenda para limites arrasadores.

(4) No fundo, exercitaram o “pipeline principle” do guru James Hansen (logo citado em primeiro lugar nas referências bibliográficas) segundo o qual mesmo que a emissão de gases satânicos fosse estabilizada, as temperaturas aumentariam sempre devido ao calor já armazenado nos oceanos. Só que a temperatura destes, entretanto estabilizou.