Shift climático de 1975-76
(Actualizado às 19 horas, com a Fonte)
O desvio (shift) climático que se observou em 1975-76, que consistiu numa subida brusca das temperaturas nalgumas regiões do planeta, embora de amplitude não alarmante (da ordem de décimos de ºC) representou um fenómeno cuja origem nunca foi claramente identificada e que continua a intrigar os cientistas.
Este desvio não tem nada a ver com a teoria do aquecimento global e os próprios alarmistas, como é óbvio, nunca se lhe referem, na medida em que teriam de aceitar uma justificação diferente e, sobretudo, natural para o aquecimento verificado nalgumas regiões do planeta nas últimas décadas do século XX. Os alarmistas preferem culpar a humanidade, melhor dizendo, a civilização ocidental.
Os oceanógrafos tentam encontrar explicação para o shift climático de 1975-76. Consideram que os oceanos exercem uma acção importante na evolução do clima. Eles estudam normalmente índices com periodicidade decenal.
Para aferir a variação brusca do clima em 1976, um grupo de investigadores liderado pelo oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer, da Evans-Hamilton, Inc., Seattle, construiu um índice composto a partir de 40 variáveis ambientais.
Estas variáveis procuram reflectir as condições existentes em redor da região do Pacífico, em geral, e da área do Puget Sound, em particular, durante o período 1968-1984. Entre essas 40 variáveis encontra-se:
- O número de ninhos de gansos do Canadá nas margens do Rio Columbia;
- A salinidade existente no Puget Sound;
- O vento nas latitudes subtropicais do Pacífico Norte;
- A quantidade de clorofila encontrada na zona central do Pacífico Norte;
- A captura do salmão no Alasca;
- A temperatura da superfície do mar no nordeste do Pacífico.
Após condensarem os valores estatísticos das 40 variáveis, ano a ano, num único índice relativo às zonas referidas, durante os 16 anos do estudo, o grupo traçou a curva da Fig. 158. É notável o desvio brusco verificado em 1976 para este índice composto.
O salto descontínuo, do tipo função escalão, contrasta com a regularidade do índice nos anos anteriores e posteriores a 1976. Kevin E. Trenberth, do National Center for Atmospheric Research, de Boulder, procurou correlacionar o índice composto com variáveis meteorológicas.
Aproveita-se, a propósito, para indicar que Kevin Trenberth, juntamente com Jeffrey T. Kiehl, publicou em 1997 o histórico gráfico do balanço radiativo no Bulletin of the American Meteorological Society.
A análise de Trenberth, no seguimento do estudo de Curtis Ebbesmeyer et al., mostrou que existia uma relação estreita entre o índice composto e a circulação geral da atmosfera sobre o Pacífico Norte. Essa relação ressalta, nomeadamente, no shift climático de 1976. Faltou verificar que, nessa altura, o Árctico, tal como o Antárctico, arrefeceu bruscamente.
Kevin reparou que o sistema de baixas pressões situado nas Aleutas, a sudoeste do Alasca (tal como o sistema de baixas pressões situado na Islândia), se intensificou bruscamente (devido a uma maior e mais robusta gestação de anticiclones móveis polares de origem boreal).
K. Trenberth verificou que a intensificação das baixas pressões sucedeu especialmente nos Invernos. Foi pois um shift climático no sentido da acentuação das trocas meridionais de energia entre Pólos e Trópicos. Cenário este que se manteve até aos nossos dias.
O planeta não aqueceu. O que cresceu foram os valores estatísticos da temperatura média global. Umas regiões aqueceram (aumentaram as transferências meridionais de energia, as aglutinações anticiclónicas, as estabilidades anticiclónicas – em extensão e no tempo –, as ondas de calor), outras arrefeceram (Pólos, por exemplo, que ejectaram mais potentes anticiclones móveis polares) ou não aqueceram nem arrefeceram (não viram alteradas as trocas de energia). A questão que se coloca é por que razão se deve salientar o valor estatístico das regiões onde cresceram os valores estatísticos e não as donde decresceram ou se mantiveram estáveis.
A correlação encontrada constitui uma pista, possivelmente uma boa pista, mas não uma explicação científica para o desvio climático de 1975-76. Encontrar correlações é uma parte importante da investigação científica, mas uma correlação não é exactamente a prova de uma relação causa-efeito no sentido científico do termo.
Fonte: Unmasking a Shifty Climate System, Science, Vol. 255
O desvio (shift) climático que se observou em 1975-76, que consistiu numa subida brusca das temperaturas nalgumas regiões do planeta, embora de amplitude não alarmante (da ordem de décimos de ºC) representou um fenómeno cuja origem nunca foi claramente identificada e que continua a intrigar os cientistas.
Este desvio não tem nada a ver com a teoria do aquecimento global e os próprios alarmistas, como é óbvio, nunca se lhe referem, na medida em que teriam de aceitar uma justificação diferente e, sobretudo, natural para o aquecimento verificado nalgumas regiões do planeta nas últimas décadas do século XX. Os alarmistas preferem culpar a humanidade, melhor dizendo, a civilização ocidental.
Os oceanógrafos tentam encontrar explicação para o shift climático de 1975-76. Consideram que os oceanos exercem uma acção importante na evolução do clima. Eles estudam normalmente índices com periodicidade decenal.
Para aferir a variação brusca do clima em 1976, um grupo de investigadores liderado pelo oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer, da Evans-Hamilton, Inc., Seattle, construiu um índice composto a partir de 40 variáveis ambientais.
Estas variáveis procuram reflectir as condições existentes em redor da região do Pacífico, em geral, e da área do Puget Sound, em particular, durante o período 1968-1984. Entre essas 40 variáveis encontra-se:
- O número de ninhos de gansos do Canadá nas margens do Rio Columbia;
- A salinidade existente no Puget Sound;
- O vento nas latitudes subtropicais do Pacífico Norte;
- A quantidade de clorofila encontrada na zona central do Pacífico Norte;
- A captura do salmão no Alasca;
- A temperatura da superfície do mar no nordeste do Pacífico.
Após condensarem os valores estatísticos das 40 variáveis, ano a ano, num único índice relativo às zonas referidas, durante os 16 anos do estudo, o grupo traçou a curva da Fig. 158. É notável o desvio brusco verificado em 1976 para este índice composto.
O salto descontínuo, do tipo função escalão, contrasta com a regularidade do índice nos anos anteriores e posteriores a 1976. Kevin E. Trenberth, do National Center for Atmospheric Research, de Boulder, procurou correlacionar o índice composto com variáveis meteorológicas.
Aproveita-se, a propósito, para indicar que Kevin Trenberth, juntamente com Jeffrey T. Kiehl, publicou em 1997 o histórico gráfico do balanço radiativo no Bulletin of the American Meteorological Society.
A análise de Trenberth, no seguimento do estudo de Curtis Ebbesmeyer et al., mostrou que existia uma relação estreita entre o índice composto e a circulação geral da atmosfera sobre o Pacífico Norte. Essa relação ressalta, nomeadamente, no shift climático de 1976. Faltou verificar que, nessa altura, o Árctico, tal como o Antárctico, arrefeceu bruscamente.
Kevin reparou que o sistema de baixas pressões situado nas Aleutas, a sudoeste do Alasca (tal como o sistema de baixas pressões situado na Islândia), se intensificou bruscamente (devido a uma maior e mais robusta gestação de anticiclones móveis polares de origem boreal).
K. Trenberth verificou que a intensificação das baixas pressões sucedeu especialmente nos Invernos. Foi pois um shift climático no sentido da acentuação das trocas meridionais de energia entre Pólos e Trópicos. Cenário este que se manteve até aos nossos dias.
O planeta não aqueceu. O que cresceu foram os valores estatísticos da temperatura média global. Umas regiões aqueceram (aumentaram as transferências meridionais de energia, as aglutinações anticiclónicas, as estabilidades anticiclónicas – em extensão e no tempo –, as ondas de calor), outras arrefeceram (Pólos, por exemplo, que ejectaram mais potentes anticiclones móveis polares) ou não aqueceram nem arrefeceram (não viram alteradas as trocas de energia). A questão que se coloca é por que razão se deve salientar o valor estatístico das regiões onde cresceram os valores estatísticos e não as donde decresceram ou se mantiveram estáveis.
A correlação encontrada constitui uma pista, possivelmente uma boa pista, mas não uma explicação científica para o desvio climático de 1975-76. Encontrar correlações é uma parte importante da investigação científica, mas uma correlação não é exactamente a prova de uma relação causa-efeito no sentido científico do termo.
Fonte: Unmasking a Shifty Climate System, Science, Vol. 255
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