Análise da Fig. BC3
A análise aprofundada da Fig. BC3 permite compreender a variação climática correspondente. Salienta-se, antes de mais nada, que a curva das temperaturas da Fig. BC3 começa em 1860, isto é, apenas uma década após o fim da Pequena Idade do Gelo.
Será de admirar que depois de a Natureza ter “aberto a porta do frigorífico” em 1850 – metáfora do prof. Jorge Buescu – as temperaturas tenham começado a subir? E que alguns glaciares iniciaram a retracção? E que o nível de alguns oceanos tenha subido?
O contrário é que seria para admirar. Acontecimentos recentes podem ter origem no fim desse período frio. Iniciou-se outra fase dentro de um período interglaciário. Muito do que acontece naturalmente será recuperado quando se iniciar a próxima fase fria.
Como não existe covariação, no mesmo sentido, entre as variáveis temperatura e concentração atmosférica de dióxido de carbono, como se conclui da Fig. BC3, temos de recorrer a outras explicações para compreendermos a evolução climática.
A contra radiação celeste natural é de 324 W/m2 (valor estimado). O forçamento radiativo do CO2 antropogénico é de 1,4 W/m2 (valor estimado, desde o início da era industrial, não observável).
O efeito antropogénico é apenas 0,4 % do natural. A sua influência, na dinâmica do clima, é desprezável. O valor estimado (1,4 W/m2) é inferior ao erro com que se mede a constante solar (1368 W/m2 ± 4 W/m2).
Na Fig. 3 traçaram-se, para o período 1900-1995, as curvas da temperatura média global (Tmg) e da temperatura média acima da latitude 30 ºN. A terceira curva da Fig. 3 é do índice ONA (Oscilação do Atlântico Norte).
Os acontecimentos climáticos actuais têm expressão marcada acima da latitude 30 ºN. As trocas meridionais de energia entre o Pólo Norte e os Trópicos marcaram a evolução das temperaturas. Especialmente acima dos 30 ºN com repercussão na Tmg.
O índice ONA, da Fig. 3, tem correspondência, em terminologia anglo-saxónica, ao NAO (North Atlantic Oscillation), da Fig. BC5.
Pela sua importância, na Fig. BC5, está traçado o NAO para o período 1864-2003 que abarca o da Fig. BC3. Mantiveram-se os símbolos originais da fonte desta figura.
O índice NAO da Fig. BC5 foi determinado pelo NCAR-National Center for Atmosphere Research, organismo oficial dos EUA. Baseia-se em valores do Inverno (Dezembro a Março) que são importantíssimos para a nossa análise.
O cálculo da NAO foi realizado pela diferença das pressões atmosféricas normalizadas ao nível do mar entre Lisboa, Portugal (alta pressão) e Stykkisholmur/Reykjavik, Islândia (baixa pressão).
A anomalia de cada estação meteorológica foi normalizada a partir da divisão do valor da pressão sazonal pela média de longo prazo (1864-1983). A normalização evita a variabilidade anual das observações detectadas a longo prazo.
Os valores positivos (negativos) do NAO indicam oscilações acima (abaixo) da média. Como se sabe, o índice NAO é um proxy da actividade dos anticiclones móveis polares (AMP) de origem boreal.
Como o NAO da Fig. BC5 se relaciona com o Inverno, ele representa a actividade dos AMP no modo rápido que se verificou no período de 1864-2003.
Verificamos um ajustamento entre o NAO (Fig. BC5) e a Tmg (Fig. BC3), com destaque, grosso modo, para os seguintes períodos (os extremos podem apresentar desfasagens de alguns anos):
- 1860-1910, NAO positivo (negativo) em períodos curtos de crescimento (decrescimento) da Tmg;
- 1910-1930, NAO marcadamente positivo e crescimento destacado da Tmg;
- 1930-1960, NAO aproximadamente nulo e Tmg estabilizada (envolvendo o Óptimo Climático Contemporâneo);
- 1960-1970, NAO negativo e descida da temperatura;
- 1970-2003, NAO positivo e crescimento da Tmg.
O shift climático dos anos 1970 foi detectado pelo índice NAO conforme se vê na Fig. BC5 ao mudar a cor azul para a vermelha. Significa que o modo rápido dos AMP se acentuou a partir dos anos 1970.
Acrescente-se que na fase negativa do NAO (diferença fraca das pressões) o Árctico está relativamente menos frio e os AMP são menos potentes, menos frequentes e apresentam trajectórias menos meridionais.
Na fase negativa do NAO o anticiclone dito dos Açores é mais fraco e situa-se, no Inverno, a latitudes mais elevadas. As aglutinações anticiclónicas são menos frequentes e de curta duração. O tempo é mais clemente. A Tmg é mais representativa da realidade climática (os extremos não são pronunciados).
Na fase positiva do NAO o Árctico está mais frio. O anticiclone dito dos Açores é mais forte e situa-se, no Inverno, a latitudes menos elevadas. As aglutinações anticiclónicas são mais frequentes e de longa duração. O tempo é mais violento. A Tmg é menos representativa da realidade climática (os extremos são pronunciados).
Deste modo, a fase positiva do NAO é representativa do modo rápido do Inverno e de um cenário de arrefecimento e não de aquecimento. Isto é, representa o antagonismo do «global warming». Na fase positiva do NAO o Árctico apresenta-se mais frio.
Nota: - Acrescentou-se «... outra fase dentro de ...» no 3º parágrafo.
Será de admirar que depois de a Natureza ter “aberto a porta do frigorífico” em 1850 – metáfora do prof. Jorge Buescu – as temperaturas tenham começado a subir? E que alguns glaciares iniciaram a retracção? E que o nível de alguns oceanos tenha subido?
O contrário é que seria para admirar. Acontecimentos recentes podem ter origem no fim desse período frio. Iniciou-se outra fase dentro de um período interglaciário. Muito do que acontece naturalmente será recuperado quando se iniciar a próxima fase fria.
Como não existe covariação, no mesmo sentido, entre as variáveis temperatura e concentração atmosférica de dióxido de carbono, como se conclui da Fig. BC3, temos de recorrer a outras explicações para compreendermos a evolução climática.
A contra radiação celeste natural é de 324 W/m2 (valor estimado). O forçamento radiativo do CO2 antropogénico é de 1,4 W/m2 (valor estimado, desde o início da era industrial, não observável).
O efeito antropogénico é apenas 0,4 % do natural. A sua influência, na dinâmica do clima, é desprezável. O valor estimado (1,4 W/m2) é inferior ao erro com que se mede a constante solar (1368 W/m2 ± 4 W/m2).
Na Fig. 3 traçaram-se, para o período 1900-1995, as curvas da temperatura média global (Tmg) e da temperatura média acima da latitude 30 ºN. A terceira curva da Fig. 3 é do índice ONA (Oscilação do Atlântico Norte).
Os acontecimentos climáticos actuais têm expressão marcada acima da latitude 30 ºN. As trocas meridionais de energia entre o Pólo Norte e os Trópicos marcaram a evolução das temperaturas. Especialmente acima dos 30 ºN com repercussão na Tmg.
O índice ONA, da Fig. 3, tem correspondência, em terminologia anglo-saxónica, ao NAO (North Atlantic Oscillation), da Fig. BC5.
Pela sua importância, na Fig. BC5, está traçado o NAO para o período 1864-2003 que abarca o da Fig. BC3. Mantiveram-se os símbolos originais da fonte desta figura.
O índice NAO da Fig. BC5 foi determinado pelo NCAR-National Center for Atmosphere Research, organismo oficial dos EUA. Baseia-se em valores do Inverno (Dezembro a Março) que são importantíssimos para a nossa análise.
O cálculo da NAO foi realizado pela diferença das pressões atmosféricas normalizadas ao nível do mar entre Lisboa, Portugal (alta pressão) e Stykkisholmur/Reykjavik, Islândia (baixa pressão).
A anomalia de cada estação meteorológica foi normalizada a partir da divisão do valor da pressão sazonal pela média de longo prazo (1864-1983). A normalização evita a variabilidade anual das observações detectadas a longo prazo.
Os valores positivos (negativos) do NAO indicam oscilações acima (abaixo) da média. Como se sabe, o índice NAO é um proxy da actividade dos anticiclones móveis polares (AMP) de origem boreal.
Como o NAO da Fig. BC5 se relaciona com o Inverno, ele representa a actividade dos AMP no modo rápido que se verificou no período de 1864-2003.
Verificamos um ajustamento entre o NAO (Fig. BC5) e a Tmg (Fig. BC3), com destaque, grosso modo, para os seguintes períodos (os extremos podem apresentar desfasagens de alguns anos):
- 1860-1910, NAO positivo (negativo) em períodos curtos de crescimento (decrescimento) da Tmg;
- 1910-1930, NAO marcadamente positivo e crescimento destacado da Tmg;
- 1930-1960, NAO aproximadamente nulo e Tmg estabilizada (envolvendo o Óptimo Climático Contemporâneo);
- 1960-1970, NAO negativo e descida da temperatura;
- 1970-2003, NAO positivo e crescimento da Tmg.
O shift climático dos anos 1970 foi detectado pelo índice NAO conforme se vê na Fig. BC5 ao mudar a cor azul para a vermelha. Significa que o modo rápido dos AMP se acentuou a partir dos anos 1970.
Acrescente-se que na fase negativa do NAO (diferença fraca das pressões) o Árctico está relativamente menos frio e os AMP são menos potentes, menos frequentes e apresentam trajectórias menos meridionais.
Na fase negativa do NAO o anticiclone dito dos Açores é mais fraco e situa-se, no Inverno, a latitudes mais elevadas. As aglutinações anticiclónicas são menos frequentes e de curta duração. O tempo é mais clemente. A Tmg é mais representativa da realidade climática (os extremos não são pronunciados).
Na fase positiva do NAO o Árctico está mais frio. O anticiclone dito dos Açores é mais forte e situa-se, no Inverno, a latitudes menos elevadas. As aglutinações anticiclónicas são mais frequentes e de longa duração. O tempo é mais violento. A Tmg é menos representativa da realidade climática (os extremos são pronunciados).
Deste modo, a fase positiva do NAO é representativa do modo rápido do Inverno e de um cenário de arrefecimento e não de aquecimento. Isto é, representa o antagonismo do «global warming». Na fase positiva do NAO o Árctico apresenta-se mais frio.
Nota: - Acrescentou-se «... outra fase dentro de ...» no 3º parágrafo.
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