Caprichos do anticiclone dos Açores
Neste Verão, tem chovido em barda na França, nas ilhas Britânicas, na Bélgica, na Holanda, no Luxemburgo e no oeste da Alemanha. O jornal Le Monde de ontem, dia 25 de Agosto de 2007, resume em título:
«L’été humide s’explique par les caprices de l’anticyclone des Açores»
O Le Monde apoiou-se em informações oficiais do Météo France (o instituto de meteorologia francês) sem capacidade de explicação aos seus leitores. Os caprichos apontados pelo Le Monde são os mesmos que foram criticados na nota A não perder.
Um dos leitores do Le Monde registou o seguinte comentário: “Et comment expliquez-vous les caprices de l’anticyclone des Açores? Peu de progrès depuis Molière.” O Le Monde não respondeu ao leitor.
Desde os tempos das pancadas molièresques (1622-1673) é um modo de dizer. Mas há mais de meio século que os clássicos da meteorologia não conseguem dar respostas lógicas aos acontecimentos do tempo que vai passando.
Mas a explicação é tão simples. Por mais incrível que pareça, no quase-triângulo branco da Fig. 88 a massa de gelo aumentou e a temperatura baixou. O que explica igualmente o recuo do mar gelado que rodeia aquele núcleo polar, iniciado na Primavera. Parece mentira mas é verdade.
O quase-triângulo gerou, neste Verão, discos de ar frio que voaram pela Europa fora (anticiclones). Esse voo provocou retornos de ar quente (depressões). O resto da história é conhecido dos leitores.
Observou-se que o mar gelado derreteu, na Primavera-Verão de 2007, no lado oriental e ocidental do Árctico. Mas não no centro, no prolongamento do Norte da Gronelândia em direcção ao leste da Sibéria. Aí formou-se o quase-triângulo imperturbável.
Uma tal distribuição – quase-triângulo de gelo e ausência de gelo – não pode ser atribuída à contra-radiação antropogénica. As áreas derretidas, além das do Pacífico Norte e do Atlântico Norte, apenas rodeiam o Pólo.
O leste do Árctico, com os Mares da Noruega e de Barents, é um local de chegada do ar quente das depressões europeias (e até de alguma água morna do Atlântico Norte). Quem ainda não ouviu falar nas depressões de Barents?
Aquelas depressões foram orientadas no espaço aerológico do Atlântico pelos anticiclones móveis polares (AMP), que partiram anteriormente da região boreal, com trajectórias escandinavas e atlânticas.
Como todos os fenómenos estão interligados entre si, o padrão da evolução do mar gelado do Árctico foi uma consequência do padrão dos AMP (potência e frequência). O recorde mínimo-minimorum reflecte uma actividade mais intensa.
As cheias na Inglaterra, as chuvadas na França ou no Benelux – e até, recentemente, em Portugal –, assim como os dias quentes (dog days) na Europa Central, na Itália ou na Grécia, foram fenómenos que pertenceram ao mesmo processo dinâmico.
Aglutinações com estabilidades anticiclónicas (aumento das pressões atmosféricas) e depressões ciclónicas (diminuição das pressões atmosféricas) que se desprenderam dos corredores frontais dos AMP foram provocadas pela circulação geral da atmosfera.
«L’été humide s’explique par les caprices de l’anticyclone des Açores»
O Le Monde apoiou-se em informações oficiais do Météo France (o instituto de meteorologia francês) sem capacidade de explicação aos seus leitores. Os caprichos apontados pelo Le Monde são os mesmos que foram criticados na nota A não perder.
Um dos leitores do Le Monde registou o seguinte comentário: “Et comment expliquez-vous les caprices de l’anticyclone des Açores? Peu de progrès depuis Molière.” O Le Monde não respondeu ao leitor.
Desde os tempos das pancadas molièresques (1622-1673) é um modo de dizer. Mas há mais de meio século que os clássicos da meteorologia não conseguem dar respostas lógicas aos acontecimentos do tempo que vai passando.
Mas a explicação é tão simples. Por mais incrível que pareça, no quase-triângulo branco da Fig. 88 a massa de gelo aumentou e a temperatura baixou. O que explica igualmente o recuo do mar gelado que rodeia aquele núcleo polar, iniciado na Primavera. Parece mentira mas é verdade.
O quase-triângulo gerou, neste Verão, discos de ar frio que voaram pela Europa fora (anticiclones). Esse voo provocou retornos de ar quente (depressões). O resto da história é conhecido dos leitores.
Observou-se que o mar gelado derreteu, na Primavera-Verão de 2007, no lado oriental e ocidental do Árctico. Mas não no centro, no prolongamento do Norte da Gronelândia em direcção ao leste da Sibéria. Aí formou-se o quase-triângulo imperturbável.
Uma tal distribuição – quase-triângulo de gelo e ausência de gelo – não pode ser atribuída à contra-radiação antropogénica. As áreas derretidas, além das do Pacífico Norte e do Atlântico Norte, apenas rodeiam o Pólo.
O leste do Árctico, com os Mares da Noruega e de Barents, é um local de chegada do ar quente das depressões europeias (e até de alguma água morna do Atlântico Norte). Quem ainda não ouviu falar nas depressões de Barents?
Aquelas depressões foram orientadas no espaço aerológico do Atlântico pelos anticiclones móveis polares (AMP), que partiram anteriormente da região boreal, com trajectórias escandinavas e atlânticas.
Como todos os fenómenos estão interligados entre si, o padrão da evolução do mar gelado do Árctico foi uma consequência do padrão dos AMP (potência e frequência). O recorde mínimo-minimorum reflecte uma actividade mais intensa.
As cheias na Inglaterra, as chuvadas na França ou no Benelux – e até, recentemente, em Portugal –, assim como os dias quentes (dog days) na Europa Central, na Itália ou na Grécia, foram fenómenos que pertenceram ao mesmo processo dinâmico.
Aglutinações com estabilidades anticiclónicas (aumento das pressões atmosféricas) e depressões ciclónicas (diminuição das pressões atmosféricas) que se desprenderam dos corredores frontais dos AMP foram provocadas pela circulação geral da atmosfera.
<< Home