Ciência, política e media
Os media, com a conivência activa ou passiva de alguns cientistas, têm contribuído empenhadamente para formar uma opinião pública distorcida que já não sabe distinguir entre o verdadeiro e o falso investigador ou entre a realidade e a ficção científica.
A larga difusão dos documentos do Intergovernmental Panel on Climate Changes – IPCC consegue-se com um eficiente serviço de imprensa que se estende à rede da Internet (http://www.ipcc.ch/).
Os mais divulgados de todos são os «Summaries for Policymakers». Estes resumos para os decisores políticos, que são reproduzidos pelos media como se fossem documentos científicos, são redigidos de forma assaz bem direccionada.
Como os políticos e os media não têm tempo nem paciência para entrar em pormenores, os Summaries divergem, sem escrúpulos dos redactores, de documentos científicos do IPCC. E ninguém se lembra de fazer um estudo comparativo.
É assim que se escrevem preciosidades como esta: «A shift from meat towards plant production for human food purposes, where feasible, could increase energy efficiency and decrease GHG (greenhouse gases) emissions (especially N2O and CH4 from agricultural sector)» – Summary, 2001, pág. 34.
Depois de promover a alimentação vegetariana, o IPCC diz mais: «Changes in the behaviour and lifestyles may result from a number of intertwined processes, such as:
- Scientific, technological, and economic developments;
- Developments in the dominant world views and public discourse (aqui entra a cassete do “desenvolvimento sustentável”!);
- Changes in the relationships among institutions, political alliances, or actor networks:
- Changes in social structures or relationships within firms and households; and
- Changes in psychological motivation (e.g., convenience, social prestige, career, etc.)» - Summary, 2001, pág. 41.
Como se diz popularmente, contado nem se acredita…Até nem falta a sugestão de pactos de regime e de acções psicológicas. Não admira que manuais escolares nacionais contenham já o obscurantismo climático.
Professores do ensino secundário recomendam aos alunos trabalhos para casa sobre o “aquecimento global” e as “alterações climáticas” com base em artigos de jornal! Meu Deus…ao ponto a que isto chegou.
O aparato com que foram anunciados os resultados do projecto SIAM (Scenarios, Impacts and Adaptation Measures, para Portugal) – um dos maiores logros intelectuais da nossa história – seguiu as mesmas directrizes.
Convocam-se os media para sítios oficiais como o Instituto do Ambiente. Despeja-se uma série de calamidades a acontecer em 2100 (nunca dentro de poucos anos, não vá o Diabo tecê-las…) para aparecerem como realidades nos noticiários da TV e da rádio e em letras garrafais dos jornais. Mas em 2100 nenhum de nós estará aqui para verificar…
Qual é o professor do ensino secundário ou o jornalista que está preparado para apreender ou transmitir conhecimentos nesta matéria tão complexa? É assim que se desinforma a opinião pública.
O IPCC apoia-se nos media para garantir a máxima publicidade dos seus relatórios, mesmo antes das conclusões, e das suas conferências. Iludem os jornalistas com competências de que não dispõem (já se chegou a anunciar três mil cientistas).
E estes media, fugindo à sua deontologia profissional, recusam-se a apresentar opiniões que contradigam as do IPCC.
Com a proliferação de reuniões nacionais e internacionais sobre o clima do planeta (que é necessário salvá-lo já…) é difícil abrir um jornal, ouvir uma estação de rádio ou ver um programa de televisão sem se encontrar, ouvir ou ver mais uma catástrofe anunciada.
Apresenta-se o planeta como um corpo doente ao qual resta pouco tempo para o salvar. Dizem que ele é frágil. Quando frágeis são os argumentos do IPCC e de toda a sua propaganda política.
O IPCC tornou-se num mero instrumento pseudo-científico de apoio a determinados grupos profissionais, sociais e políticos (que merecem ser analisados separadamente) com interesses convergentes.
Não raramente, em Portugal, essas notícias são acompanhadas pela presença das mesmas personagens que se anunciam com o epíteto de especialistas de alterações climáticas (é extraordinária a existência de especialistas de uma matéria inexistente!).
Recorda-se que, em Portugal, os climatologistas contam-se pelos dedos das mãos.
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