segunda-feira, setembro 26, 2005

Um stick de péssima qualidade

Mann et al. corrigiram, finalmente, os seus artigos em Junho de 2004 (no Journal of Geophysical Research), e em Julho de 2004 (na Nature), procurando ter em atenção todas as críticas e acusações de utilização de uma metodologia errada e de publicação de erros de cálculo.

Após descreverem os próprios erros, aqueles autores consideraram, surpreendentemente, que “nenhum dos erros encontrados afecta os resultados publicados anteriormente”! Persistindo nos seus erros, Mann et al. colocaram esta surpreendente dúvida: “Para que serve uma corrigenda se ela não corrige qualquer resultado final?”

McKitrik e McIntyre são categóricos ao dizer: “fizemos os cálculos e podemos afirmar categoricamente que esta [última] afirmação é falsa”. Os Mc afirmaram mesmo que a corrigenda editada por Mann et al. era “uma admissão clara por parte dos autores que a utilização da base de dados e os métodos utilizados eram inadequados”.

Depois de dez meses de protelamentos a revista Nature recusou-se a publicar um novo update/correction de McKitrik e McIntyre enviado para a revista em Novembro de 2003. Aparentemente, o comprimento do artigo foi o motivo invocado para impedir (bonita palavra para substituir a palavra censurar) a sua publicação!

Assim, a curva do ‘hockey stick’ que já conheceu melhores dias pode ser considerada uma peça pertencente à ‘junk science’. No entanto, esta saga também teve, nomeadamente para a opinião pública, a sua utilidade em mais do que um ponto de vista:

-- Representa bem o estado de espírito do IPCC em que o rigor científico e a credibilidade se apresentam muito ténues: esta organização preocupa-se mais na utilização de um aparente raciocínio científico para facilitar a sua própria propaganda.

-- Mostra como qualquer presidente diletante do IPCC pode dizer aos quatro ventos que “a temperatura da superfície terrestre neste século é claramente mais elevada do que em qualquer outro século dos últimos mil anos”! – magister dixit de Robert Watson, em Novembro de 2000, numa Conferência do IPCC realizada em Haia.

-- Salienta como alguns ‘cientistas’ gostam de ganhar notoriedade, mostrando-se originais, para captar a simpatia de certos sponsors de modo a obterem benefícios próprios ou beneficiarem determinados grupos de interesses.

-- Revela o grau com que certas revistas científicas (ou que se consideram como tal) podem seguir a moda de momento e adoptar métodos semelhantes aos seguidos pelos media que seleccionam os parti pris do IPCC.

-- Demonstra como qualquer grupo editorial pode escolher o referee certo para dar parecer sobre a publicação ou não dos artigos propostos e pode fornecer ao mercado da literatura científica qualquer mensagem pseudocientífica, tal como se vende um produto de higiene, e depois pode bloquear qualquer refutação pelos motivos mais fúteis!

Tudo isto representa um descrédito óbvio para a ciência. Todavia, tem de se salientar que se encontram também motivos de louvor: a viva reacção de muitos cientistas responsáveis que demonstraram pela refutação que nem toda a gente está disposta a engolir qualquer coisa sem verificar a fundamentação e os resultados publicados!

sexta-feira, setembro 23, 2005

Vivemos uma época “excepcionalmente” quente?

A época em que vivemos faz parte de uma alternância bem conhecida da série de períodos quentes e frios, embora a tendência geral tenha sido de gradual arrefecimento para os últimos 5000 anos.

Se não tomarmos este facto em consideração, e não formos para além das simples análises das temperaturas máximas esquecendo outras variáveis climáticas como as temperaturas mínimas, somos levados a pensar que o clima de hoje é ‘completamente fora do normal’.

Viajemos até um pouco atrás e abandonemos estas aproximações simplistas que esquecem que nenhuma região evolui isoladamente, sendo todas influenciadas pela circulação geral da atmosfera, tanto no modo lento como no rápido.

Desde que o IPCC nos diz que o período actual é excepcionalmente quente, isto poderia significar (com o risco de afirmar o óbvio) que ele não é frio e, seguramente, que ele não é muito frio.

Bem…em 17 de Janeiro de 2004, o termómetro desceu até – 28 ºC em Montreal e até – 17 ºC em Nova Iorque (um recorde secular). Em Massachusetts uma vaga de frio de 25 a 27 de Janeiro do mesmo ano conduziu ao mínimo de – 40 ºC provocando a morte de 48 pessoas.

Em 23 de Janeiro de 2004, nevou na Turquia e em Istambul a temperatura desceu a – 10 ºC. Na mesma altura, na Roménia, a cidade de Bucareste registou uma temperatura de – 15 ºC e em Atenas, na Grécia, a queda abundante de neve foi acompanhada de um descida dos termómetros até – 8 ºC.

E no Egipto, por essa altura do ano de 2004, verificaram-se sete sucessivas vagas de frio, acompanhadas de chuva, ventos fortes e tempestades de areia. Em 13 de Fevereiro de 2004, uma onda de frio assolou a Grécia com queda de neve e temperaturas abaixo dos zero graus com geadas de longa duração.

Em 4 de Março de 2004, sucedeu a mais forte queda de neve desde há um século na Coreia, onde foram batidos todos os recordes de frio e, ao mesmo tempo, no Bangladesh morreram 100 pessoas devido ao frio repentino.

No Inverno de 2003 apresentaram-se acontecimentos semelhantes: de Janeiro a Março desse ano, o leste dos Estados Unidos da América conheceu um dos mais prolongados Invernos com frio intenso, de tal modo que se registaram recordes de queda de neve com mais de 100 cm em 24 horas.

Nesse mesmo Inverno, o Golfo da Finlândia, entre a Escandinávia e a Rússia, gelou completamente, o que não acontecia desde 1947! Em Janeiro de 2003, vastas áreas da Europa central e oriental sofreram episódios de muito frio, tendo mesmo descido a temperatura até – 45 ºC na Rússia.

Também no Inverno de 2003, na Mongólia, pelo terceiro ano consecutivo, a um Verão seco seguiu-se um Inverno frio (particularmente gelado) com efeitos suficientemente devastadores para obrigar o governo a pedir ajuda internacional!

Ao mesmo tempo, em França, embora sem bater recordes de temperaturas negativas, os contadores bateram recordes de consumo de electricidade dirigido ao aquecimento dos edifícios num período muito duro.

Em Janeiro de 2005, caíram 20 cm de neve na Arábia Saudita, onde não tinha nevado há mais de 50 anos. Formações de gelo apareceram no Mar Adriático coisa que não acontecia desde há meio século. Gelou no Quénia provocando a perda de 75 % da colheita de chá…

Qualquer um pode colher informação, tanto do frio como do calor, na abundante literatura meteorológica disponível (nomeadamente no World Meteorological Organization Bulletin).

É uma tarefa fácil de executar mas que pode ser cumprida de forma desonesta se for feita com fazem os eco-militantes e, vejam lá, tantos (maus) ministros do Ambiente – que se referem apenas ao rigor do calor.

De facto, esta prática é comum aos fãs do global warming que escolhem somente os episódios de calor e escondem os do frio! O que esta breve pesquisa mostra, em conclusão, é que não vivemos num período com um estado do tempo ‘excepcional’ do ponto de vista exclusivo do aquecimento.

A época actual não se apresenta com a imagem que o IPCC gosta de atribuir sem vacilações para os media propagarem a ideologia das alterações climáticas como sinónimo do aquecimento global e do efeito de estufa de origem antropogénica.

sábado, setembro 17, 2005

Problemas levantados pelo “hockey stick”

O grande debate internacional – que em Portugal foi silenciado pela censura climática dos media e não só – sobre a curva designada por “hockey stick” levantou vários problemas, nomeadamente, relativos às estimativas da evolução climática recente.

-- Um primeiro problema envolve a parte final da curva das temperaturas (reconstruídas) do século XX e a pretensa justaposição com a curva das concentrações de CO2 (observadas), no mesmo período e que tem igual aspecto.

Como já foi dito, é abusivo, para não dizer algo mais grave, afirmar a existência de uma relação de causa-efeito já que o significado climático da ‘reconstrução’ das temperaturas não pode ser comparado com o das medições reais das concentrações de dióxido de carbono nas estações meteorológicas (p.e. na base das Lajes).

Ignorar esta realidade revela uma falta de rigor e de preocupação estritamente científica. As duas séries de dados não são necessariamente comparáveis pelo que não podem ser justapostas.

Além disso, pode-se perguntar: - Qual a razão do IPCC publicar no TAR-Third Assessment Report a curva de Mann et al. sabendo que a sua validade não fora claramente comprovada?

-- Outro problema foi colocado por Willie Soon, em 2004, quando perguntou: - Porque razão a curva de Mann et al. subiu tão rapidamente, de artigo para artigo, com o máximo da anomalia final das temperaturas passando de 0,30 ºC, no artigo de 2002, para 0,58 ºC, no de 2003?

Este valor de 0,58 ºC é repetido sistematicamente (arredondado para 0,6 ºC no Programa Nacional para as Alterações Climáticas, pág. 18; e referido com o preciosismo ridículo de 0,6 ± 0,2 ºC no SIAM, pág. 7) como sendo o resultado dos maus princípios praticados pelo homem desde a era industrial.

De facto, durante o debate, Mann et al. corrigiram a curva, não só na parte traçada com valores proxies que escamoteavam o Medieval Warm Period e a Little Ice Age, mas também, surpreendentemente, na parte final da curva, acrescentando 0,28 ºC, não se sabe bem com que fundamento.

Trata-se de um impressionante salto de quase 100 %. Entretanto, em 2003, Fred Singer provou que a mais recente série de temperaturas ‘reconstruídas’ não está de acordo com as séries fornecidas pelas leituras tanto dos satélites como dos balões meteorológicos.

Estas últimas séries indicam somente um ligeiro aquecimento e não sugerem que as recentes décadas tenham sido as mais quentes dos últimos 1000 anos! Só praticando uma fraude como a de Mann et al. se chega à conclusão contrária.

-- Um terceiro problema a ser levantado pela curva do “hockey stick”, foi o de os últimos cem anos parecerem ter sido verdadeiramente ‘excepcionais’ na história do clima da Terra, o que não é verdade!

De acordo com a falsificação de Mann et al., os últimos nove séculos (ou mesmo um período mais longo) parecem ter sido verdadeiramente brandos (Vd. Fig. 27) e, repentinamente, verificou-se uma ‘extraordinária’ e verdadeiramente atónita elevação de temperatura no século XX.

Até parece que vivemos tempos excepcionais do ponto de vista climático, o que não aconteceu nos últimos 1000 ou mesmo 2000 anos! Para muitos climatologistas, isto representa mais do que uma surpreendente revelação.

Eles estão cientes que a época presente faz parte de uma contínua descida das temperaturas, irregular mas contínua, que se tem verificado desde o Óptimo Climático do Holoceno (OCH) que foi o último período interglaciário do Quaternário.

A queda mais significativa, que afectou todo o planeta de uma forma mais ou menos extensiva, ocorreu entre 5 mil anos e 4 mil e oitocentos anos antes da data presente.

Esta descida desde o OCH tem-se verificado de uma forma alternada que compreende episódios mais frios e episódios mais quentes. O quinto período de aquecimento desde o OCH corresponde precisamente ao MWP que Mann et al. resolveram fraudulentamente eliminar da história.

quinta-feira, setembro 15, 2005

Deselegância e arrogância do IPCC

A América do Norte também experimentou um período relativamente quente e seco, durante os anos 1300, mas seguidamente passou a frio e húmido. Um exemplo semelhante verificou-se por essa altura na região subsaariana onde choveu abundantemente. Esta situação climática facilitou o desenvolvimento do grande e próspero império saheliano/sudanês de 1200 a 1500.

O declínio do período quente, com a entrada na Little Ice Age, provocou um tempo tempestuoso, com chuvas intensas, nevões e ondas de frio. Também se observou, um extensivo avanço dos glaciares não só alpinos mas de muitas outras regiões do globo.

Embora o frio intenso não tenha dominado continuamente durante toda a Little Ice Age, este período foi provavelmente o mais frio e mais extensivo desde o chamado Young Dryas (há 13 mil anos) com condições climáticas particularmente severas entre 1550 e 1850.

Mais uma vez se salienta que o bom tempo está associado a temperaturas altas e o mau tempo a temperaturas baixas. Só os alarmistas e catastrofistas é que não descortinam esta evidência histórica. Se eles falam em aquecimento global deviam saber que isso até é bom porque torna o estado do tempo mais ameno…

Olhar para a investigação do passado é uma maneira de demonstrar a postura negativa do IPCC, que não vê nada de errado em invalidar estudos de uma forma deselegante, mesmo arrogante, e de se contradizer a si próprio de um relatório (1990) para outro (2001).

Simultaneamente, estes estudos do passado sublinham a natureza não representativa da curva adoptada pelo IPCC que, como Daly sublinhou, em 2001, com o auxílio de 14 exemplos eloquentes retirados de todo o mundo, é uma ‘falsification de l’ historie climatique’.

Mais recentemente, Soon, Baliunas, Idso e Legates (2003, 2004) (Vd. Marcel Leroux, Global Warming - Myth or Reality?, Spinger, 2005, p. 211) analisaram os resultados de mais de 240 estudos realizados durante as últimas quatro décadas.

Estes quatro cientistas concluíram que ‘the 20th century is neither the warmest century, nor the century with the most extreme weather, of the past 1,000 years’. Também afirmaram que ‘clear patterns did emerge showing that regions worldwide experienced the highs of the Medieval Warm Period and lows of the Little Ice Age, and that 20th century temperatures are generally cooler than during the medieval warmth’.

(Manteve-se a língua original por pura fidelidade ao pensamento dos autores.)

MM revela a fraude da MBH98

Em 2003, dois canadianos, Steven McIntyre (matemático) e Ross McKitrick (Prof. de economia ambiental da Universidade de Guelph, Canadá), utilizaram a mesma base de dados de que Michael Mann et al. se serviram para traçar a curva do ‘hockey stick’ (MBH98).

McIntyre e McKitrick, ambos com larga experiência no domínio da estatística, mostraram que ‘the data set of proxies of past climate used in Mann, Bradley, and Hughes (1998) for the estimation of temperatures from 1400 to 1980 contains collations errors, unjustifiable truncation or extrapolation of source data, obsolete data, geographical location errors, incorrect calculation of principal components, and other quality control defects’.

As suas conclusões foram inteiramente categóricas: ‘The major finding is that the values [das temperaturas] in the early 15th century exceed any values in the 20th century. The particular “hochey stick” shape…is primarily an artefact of poor data handling, obsolet data, and incorrect calculation of principal components’. (É importante manter a língua original.)

Foi deste modo, com erros, mutilações e extrapolações da base de dados, com dados obsoletos, erros geográficos de localização, cálculos incorrectos e outros defeitos de controlo de qualidade, que a curva MBH98 enganou muita gente.

Seguindo a hiperligação indicada acima, no nome de Steven McIntyre, é possível acompanhar todo este processo de desmascaramento de uma fraude científica incomum. Esta saga também meteu ao barulho revistas ditas científicas, especialmente a Nature.

A curva MM (Fig. 28), assim conhecida na literatura, repõe os períodos históricos do Medieval Warm Period (na sua parte final) e do Little Ice Age. Não há nada de novo nisto, e assim o estudo de MM não confirma a posição do IPCC e do seu ícone MBH98.

As temperaturas quando corrigidas por McIntyre e McKitrick (na parte superior da Fig. 28) fornecem a prova eloquente de que o corrente período não é certamente o mais quente de entre os últimos milhares de anos.

Cai assim por terra um dos pilares fundamentais da tese do IPCC já que naquele período medieval as temperaturas mais elevadas do que as actuais não podem ser associadas a gases com efeito de estufa de origem antropogénica.

Existem outros estudos que olham ainda mais para trás. Há mesmo tantos estudos que seria exaustivo listá-los aqui. Utilizando análises isotópicas do gelo da Gronelândia confirma-se a existência não somente do LIA mas também do MWP. Estes períodos são também confirmados por um cilindro de gelo do Antárctico.

No mesmo ano de 2003, dois americanos, a geofísica Sallie Baliunas e o físico solar Willie Soon (o motor de busca Sapo, na secção internacional, encontra os trabalhos destes cientistas explicitando-os como estão escritos, assim como os dos canadianos Steven McIntyre e Ross McKitrick) reproduziram igualmente a curva MM com a mesma base de dados de Michael Mann et al.

Como Sallie, Willie e Michael são norte-americanos – o que não acontecia com Steven e Ross –, foram convidados a explicarem-se no Congresso. Num frente-a-frente, Mann ficou furioso por ter sido considerado um falsário da ciência.

Também na universidade onde dá aulas Mann andou de monco caído com a publicidade da sua fraude. Mas, antes deste episódio de desmascaramento, Michael Mann fora nomeado responsável pelo TAR – Third Assessment Report do IPCC. Que melhor “cientista” poderia ter sido escolhido pelo IPCC para tomar esta alta responsabilidade?

Actualmente, o assunto mantém-se no Congresso dos EUA que exigiu – são os contribuintes americanos que pagam todo este folclore – a Michael Mann o fornecimento da base de dados e dos modelos matemáticos que usou. Isto porque ele se recusou a fazê-lo a outros cientistas depois de ter sido apanhado na ratoeira por MM.

Bastava esta posição de intransigência que impossibilita a reprodução fiel dos resultados de uma investigação para retirar qualquer significado científico à curva MBH98. Curiosamente a revista Science estranha esta exigência do Congresso…mas não estranha a recusa de Mann.

Fig. 28 - Anomalias das temperaturas no hemisfério Norte (1400-1980). A curva superior de MM corrige a inferior de MBH98. Fonte: McIntyre et McKitrick, 2003. Posted by Picasa

segunda-feira, setembro 12, 2005

Katrina. Interregno

Enquanto não fica pronto o post sobre a descoberta da fraude do “hockey stick” – o rigor é diferente do simplismo;
Enquanto os Mitos Climáticos não tratam com profundidade o tema dos ciclones tropicais;
Enquanto o furacão Katrina dá azo a uma vergonhosa manipulação;
Chama-se a atenção dos leitores para a carta de resignação de Chris Landsea, especialista em ciclones tropicais;
Esta resignação da colaboração deste cientista com o IPCC é mais um triste exemplo do comportamento do punhado de pseudo-cientistas desta organização da ONU que é mais política do que científica;
Os fundamentalistas religiosos dizem que o Katrina foi devido à mão de Deus;
Os fundamentalistas climáticos dizem que o Katrina foi devido à mão do Homem;
Os dois fundamentalismos convergem no obscurantismo;
O jornalista Ricardo Garcia do PÚBLICO, lídimo representante dos media acerca das confusões climáticas, escreveu mais um lamentável artigo naquele diário de domingo 11 de Setembro (triste data esta!), de 2005, pág. 26 e 27;
Os fundamentalistas, religiosos e climáticos, não respeitam os mortos, os desalojados e, até, os vivos, assim como não respeitam a verdade.

sábado, setembro 10, 2005

Estudos desmentem IPCC

A controvérsia gerada pelo aparecimento do ‘hockey stick’ está ainda muito presente. Sem razão, o IPCC rejeita a existência de uma montagem mesmo perante as conclusões de muitas investigações sérias baseadas em registos históricos, arqueológicos e botânicos, e trabalhos de glaciologia de diferentes partes do mundo.

Estes estudos são o fruto de longos anos de investigação por parte de cientistas experientes. Basta citar algumas das melhores contribuições: Lamb (1965, 1977, 1984), Mayr (1964), Le Roy Ladurie (1967), Alexandre (1987), Grove (1988) … a lista é muito longa com mais de duas centenas de títulos (Vd. Marcel Leroux, Global Warming - Myth or Reality?, Springer, 2005, p. 210)

O IPCC tinha obrigação de não ignorar qualquer um destes estudos que fazem parte do espólio científico mundial da matéria em causa. Ao não citá-los o IPCC demonstra os limites da sua cultura climatológica ou, o que ainda é mais grave, a discriminação entre os estudos que lhes convém e aqueles que contrariam as suas teses.

John L. Daly, falecido em 2004, descreveu com vivacidade na sua website o desenrolar de toda a saga do ‘hockey stick’. Daly publicou, em 2001, o interessantíssimo artigo «Falsification de l’histoire climatique pour ‘prouver’ le rechauffement global» na revista francesa Fusion, nº 87, pp.32-46.

Conhece-se que o manto de gelo do Árctico recuou consideravelmente durante o Medieval Warming Period, entre 1000 e 1300. Isso aconteceu por forma tal que deixou de se estender às vizinhanças quer da Islândia quer da Gronelândia entre 1020 e 1200.

No sul da Gronelândia a temperatura média anual situava-se entre 2º C e 4 ºC acima dos valores actuais. Só depois de 1250 é que se verificou um período tormentoso de tal modo que as viagens de barco tornaram-se mais difíceis.

À volta de 1340 as viagens marítimas dos Vikings encaminharam-se mais para o Sul e, depois de 1410, terminaram as comunicações pelo mar. Na Europa central e ocidental, o óptimo climático ocorreu entre 1150 e 1300, e os limites das sementeiras e das vinhas subiram 4 º a 5º, de latitude, em direcção ao Norte.

O ‘gentle twelfth century’, com os Invernos suaves e os Verões secos, deram origem à chamada ‘golden age’ (de acordo com a história da Escócia) do século 13, como o mais benéfico de todos os períodos em termos de tempo, de colheitas e de comércio externo.

quinta-feira, setembro 08, 2005

O IPCC muda facilmente de casaca

Fica-se estupefacto perante a velocidade com que o IPCC ‘mudou de casaca’ entre 1990 (Fig. 26) e 2001 (Fig. 27) quando é habitual e justificável a relutância da comunidade científica em aceitar com facilidade novas descobertas sem reproduzir os resultados até à exaustão para confirmar, reconfirmar e voltar a confirmar.

Tal pressa é mesmo muito suspeita. Estamos certamente muito longe de nos movimentarmos dentro da esfera de acção da ciência para nos encontrarmos no domínio dos fenómenos paradoxais ou mesmo paranormais…

O estranho ‘aquecimento’ da última década do último milénio, se foi sem precedentes, devia merecer muita cautela nas afirmações de repercussão internacional. No entanto, esta preocupação de rigor não é considerada importante para o IPCC ‘mudar de casaca’ tão rapidamente!

Os artigos de Michael Mann, acompanhado de Bradley e de Hughs, em 1998 (Global-scale temperature patterns and climate forcing over the past six centuries. Nature, nº 392, p.779-787») e 1999 (Nothern Hemisphere temperatures in the past Millenium: inferences, uncertainties and limitations. Geoph. Res. Letters, nº 30, p. 759-762) passaram de um período de 600 anos para 1000 anos.

Mas Mann, não satisfeito, agora juntamente com Jones, em 2004, foi mais atrás e estendeu o período para 1800 anos (Climate over past millenia. Geoph. Res. Letters, nº 42, p. 2-42). Obviamente, as conclusões teriam de ser sempre as mesmas com as temperaturas da década de 90 do século XX sempre a subir.

E as conclusões seriam sempre as mesmas, tão longinquamente fossem traçadas as curvas térmicas nesta fraude grosseira de misturar dados incompatíveis: qualquer um pode alegremente andar para trás tão longe quanto queira, sabendo que a curva termina sempre com as temperaturas ‘reconstituídas’ da década de 90 (Fig. 27)!

E, claro, o culpado será sempre identificado, de acordo com o dogma do IPCC, em palavras tais como: ‘modeling and statistical studies indicate that such anomalous warmth cannot be fully explained by natural factors, but instead, require a significant anthropogenic forcing of climate’ (Mann et al., 1998 e 1999).

Ou ainda, com grande ênfase: ‘only anthropogenic forcing of climate, however, can explain the recent anomalous warming in the late 20th century’ (Jones et Mann, 2004). Sempre com a mãozinha de Mann que, com isto, passou de um cientista desconhecido e sem currículo para o topo da carreira do IPCC.

Portanto, isto é ir para além da simples investigação da evolução das temperaturas e entrar dentro da esfera da propaganda. Ou como McKitrick – veremos, proximamente, como esta personagem entra na história – chamou de ‘nescience’: questionando, justificadamente, ‘whether statistical methods can detect a human influence on climate’.

De facto, não se deve esquecer que estamos perante métodos estatísticos a partir de uma base de dados de temperaturas estimadas a partir de proxies (características de anéis de árvores, de corais, de cilindros de gelo) que não podem detectar a influência do ser humano na evolução do clima.

Em nenhum caso os climas do passado mostram uma ligação entre os gases com efeito de estufa e a temperatura; a montagem do ‘hockey stick’ serviu para fornecer ao IPCC a sua arma final (‘ultimate weapon’) para pressionar os decisores políticos que ingenuamente engoliram esta história.

Tudo isto para esconder uma realidade inexplicável à luz das teses do IPCC: entre os anos 1000 e 1300, sem emissões de gases com efeito de estufa de origem antropogénica, as temperaturas situaram-se acima dos valores verificados na década de 90 do século XX (Fig. 26)!

terça-feira, setembro 06, 2005

Eis o ‘hockey stick’

Já não bastavam as trocas e baldrocas das secas e das cheias, dos insectos e dos roedores, dos ‘se’ e ‘se’, eis que o IPCC tirou mais um coelho da cartola com a (mal) famosa curva do ‘hochey stick’.

De uma penada, no Third Assessment Report (TAR), de 2001, o IPCC reescreveu a paleoclimatologia, eclipsando o MWP e a LIA como aconteceu na história universal com as fotografias em que desapareceram determinadas figuras políticas.

O IPCC substituiu estes acontecimentos climáticos, reconhecidamente estudados em profundidade pelos paleoclimatologistas, por uma curva mais linear (Fig. 27), muito falha de contrastes, até quase ao início do século XX, com semelhanças em relação à curva das concentrações de dióxido de carbono a partir de então.

Para datas anteriores a 1900, a maior parte das temperaturas são estimadas através do estudo de anéis de árvores (as árvores em questão estão localizadas na região do oeste da América do Norte), de corais, de cilindros de gelo e registos históricos.

A partir de 1900 a curva ‘oficial’ do IPCC é subitamente crescente. Até parece que este traçado foi feito por encomenda para que a curva das temperaturas se justapusesse à das concentrações de CO2 seguindo formas semelhantes.

Mas mesmo assim, deve-se colocar a questão: ‘são as duas séries de dados, representando concentrações de CO2 e temperaturas, verdadeiramente comparáveis, e podem elas ser encaixadas por justaposição?’

Este procedimento de misturar ‘alhos com bugalhos’ recorda muito de perto o episódio de James Hansen, em 1988, quando no Congresso dos EUA desencadeou o ‘pânico do efeito de estufa’: apresentou uma curva com um final de valores mensais (cinco meses) misturados com valores médios anuais (cem anos), procedimento esse desprovido de qualquer rigor científico!

Esta construção da curva do ‘hochey stick’ mostra (espectacularmente!) que ‘the rapidity and duration of warming during the 20th century were much greater than in any of nine preceding centuries’, dito, como é evidente, pelo IPCC.

Isto é uma fraude grosseira que originou uma mania que funcionou até aos dias de hoje! Os grandes responsáveis desta trapaça foram 3 autores: Mann, Bradley e Hughs, em 1998; na literatura norte-americana, onde se deu o debate acérrimo, a curva era citada como MBH98.

Imediatamente, a curva MBH98 foi adoptada pelo IPCC, que rapidamente se esqueceu dos seus relatórios anteriores, e publicou a malfadada curva no Third Assessment Report, em 2001, como uma prova ‘adicional’ da natureza excepcional da evolução climática recente, segundo a sua visão distorcida da realidade.

O ‘hockey stick’ made in IPCC tornou-se em ‘one of great propaganda icons of the United Nations climate change machine’ (Concoran, Financial Post, 13 July 2004). Deste modo, para o IPCC o MWP tornou-se ipso facto menos quente (‘…appears to have been less distinct, more moderate in amplitude’), e, semelhantemente, o LIA menos frio ‘can only be considered as a modest cooling of the northern hemisphere’ (IPCC, 2001).

Veremos, a seguir, como no debate, que chegou a fazer faísca, se deslindou toda esta montagem sem precedentes na história da paleoclimatologia, e se procedeu à rectificação da curva até reaparecerem com clareza o MWP e a LIA.

Fig. 27 - "Hockey stick". Fonte: IPCC, TAR, 2001. Posted by Picasa

Evolução da temperatura no último milénio

No seu First Assessment Report (FAR, 1990), o IPCC publicou uma curva com índices de temperaturas (Fig.26), para o período iniciado há 900 anos dC até ao ano 2000 dC, tomando como referência a temperatura do início do século XX.

Esta curva destaca perfeitamente a existência de dois períodos contrastados e igualmente importantes, o ‘Medieval Warm Period’ (MWP) e o ‘Little Ice Age’ (LIA), já referidos anteriormente no blogue.

O que esta curva prova é muito claro: o MWP durou aproximadamente entre os anos 1000 e 1300 e foi ‘excepcionalmente quente’, muito especialmente na parte ocidental da Europa, na Islândia e na Gronelândia (*).

De acordo com o próprio IPCC (The IPCC Scientific Assessment, 1990, Chap. 7, p. 201-238), (**) ‘este período de calor, disperso por muitas regiões do globo, foi notável porque não foi acompanhado de qualquer aumento de GEE’ (na altura a indústria mais avançada era a da olaria com utilização da energia muscular do Homem).

Olhando para a curva, verifica-se imediatamente que as temperaturas do século XX foram largamente ultrapassadas pelas temperaturas observadas entre 1050-1300. Será que os autores do Programa Nacional para as Alterações Climáticas não sabiam isto e que, agora que ficaram a saber, vão corrigir a informação errada que transmitiram aos portugueses, especialmente aos decisores políticos?

Deste modo, a actualidade, desde o início do século XX aos nossos dias, foi de facto precedida por um período longo de temperaturas superiores que não teve nada a ver com presumíveis gases com efeito de estufa (GEE) de génese antropogénica.

Este facto real é bastante inconveniente para os alarmistas que afirmam a qualquer preço que os GEE, tanto os naturais como os antropogénicos, são os culpados do presumível aquecimento global e que colocam o género humano no banco dos réus.

Outra conclusão interessante que se pode tirar da Fig. 26 é que o fim do período rigoroso da LIA ainda está bem fresco (aí sim, verificaram-se estados do tempo violentíssimos como é normal nos períodos frios e não nos períodos quentes em que o tempo é mais ameno).

Quando é que os alarmistas aprendem que o tempo rigoroso e tempestuoso é contrário a um cenário de aquecimento global? É no Inverno ou no Verão que o estado do tempo é mais irregular, violento e tempestuoso?

Notas:
(*) Recentemente, uns tantos ministros do Ambiente reuniram-se na Gronelândia manifestando a completa ignorância tradicional sobre climatologia. O objectivo era o de manipular a opinião pública internacional sobre o "frágil" estado daquela região devido ao aquecimento global. Mas a Gronelândia continua de excelente saúde climática como já foi referido no blogue. Se não acreditam esperem pela próxima geração de anticiclones móveis polares a nascer lá com a potência e violência invernais como aconteceu em Fevereiro passado.
(**) As referências bibliográficas são originárias de Marcel Leroux que no seu livro recente faz nada mais, nada menos do que cerca de 750!

Fig. 26 - Diagrama esquemático das temperaturas dos últimos 1000 anos. Fonte: IPCC, First Assessment Report, 1990. Posted by Picasa

segunda-feira, setembro 05, 2005

Once upon a time

O cenário do “global warming” é baseado no postulado de que os gases com efeito de estufa provocam aumentos de temperatura, dito assim mesmo com a falta de rigor tradicional. Estes aumentos de temperatura são exageradamente destacados como um trunfo para defesa da sua tese pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC).

O IPCC utiliza a curva (‘reconstituída’) das anomalias da designada temperatura média global para o período 1860-2000 que é publicada todos os anos pela Organização Mundial de Meteorologia ou World Meteorological Organization (WMO) no seu WMO Statement on the Status of the Global Climate (www.wmo.ch).

O IPCC apresenta, igualmente, desde o aparecimento do seu Third Assessment Report (TAR) a curva das temperaturas (estimadas) para o último milénio para reforçar o suporte do seu postulado básico.

É esta a curva do ‘hockey stick’, assim chamada por causa do seu formato que se assemelha a um stick de hóquei sobre o gelo deitado com a pá, que bate na bola, virada para cima.

De acordo com o seu formato, é afirmado que ‘the late 20th-century warmth was unprecedented over at least the past Millenium’ (IPCC, Report of Working Group I, Climate Change, 2001).

A primeira destas curvas, já referida anteriormente no blogue (Fig. 3), é apresentada como ‘prova positiva’ do aquecimento global, mas não tem um significado climático importante como então se destacou.

A segunda curva, que é ainda menos convincente, levantou um debate internacional considerável, de tal modo que a sua apresentação coloca mesmo a dúvida sobre a integridade científica dos seus autores e do IPCC que a adoptou sem se preocupar com a validação da sua autenticidade.

Claro que em Portugal, onde o silêncio imposto aos opositores do discurso oficial do climate change e a confiscação do debate público é manifesto, este debate internacional aceso não teve qualquer repercussão nos media com vantagem para os alarmistas de todos os quadrantes que sentem as costas quentes.

Todos eles continuaram a repetir que ‘o aquecimento no século XX foi o mais elevado que se verificou em todo o último milénio’, e, acrescentando, ‘a década de 90 foi a mais quente do milénio’ (Vd., Programa Nacional para as Alterações Climáticas, p. 18).

É esta a tradução para português ler, como se pode encontrar em documentos oficiais (PNAC), e ouvir na rádio e na televisão debitada por responsáveis da administração pública e do governo da área do ambiente, incluindo ministros e secretários de Estado.

Será pois útil examinar estas curvas, e perguntarmo-nos acerca do significado climático real. No interesse da continuação desta história, para deslindar uma verdadeira falta de espírito científico, é importante dar, primeiramente, uma vista de olhos sobre a evolução do clima nos últimos mil anos.

domingo, setembro 04, 2005

Um livro sublime

Bem se pode dizer que a Climatologia se divide em antes de Marcel Leroux e depois de Marcel Leroux. Ou seja, antes e depois do aparecimento dos satélites meteorológicos e das interpretações feitas por Marcel Leroux (e pela sua equipa, justiça seja feita) sobre os fenómenos observados.

Este criador da Climatologia moderna tem publicada uma vastíssima obra que já foi referida nos Mitos Climáticos que tanto se inspira nela. Acaba de sair mais um livro notável:

Global Warming – Myth or Reality? The Erring Ways of Climatology.

O livro, com 536 páginas, tem o seguinte conteúdo:

Table of Contents
Preface
List of figures
Abbreviations

1. Introduction

Part One: The subject, the players, and the principle basis

2. History of the notion of global warming
3. Conclusions of the IPCC (Working Group I)
4. Science, media, politics ....
5. Greenhouse effect -- water effect
6. Causes of climate change
7. Models and climate
8. The general circulation of the atmosphere

Part Two: The lessons of the observation of real facts

9. The observational facts: Past climates
10. The observational facts: Present temperatures
11. The observational facts: Weather, rainfall, and drought

The observational facts: Climate and aerological units

12. The North Atlantic aerological unit
13. The North Pacific aerological unit

The lessons of the observation of real facts in the aerological units: Conclusion

14. The observational facts: Sea level and circulation
15. General conclusion

Bibliography and references
Index

O livro pode ser encomendado à editora alemã Springer.

Marcel Leroux faz uma crítica assaz demolidora dos documentos do IPCC reduzindo esta organização internacional a um punhado de falsos cientistas (a mais branda das designações que se pode dizer publicamente) e os seus trabalhos a um conjunto de junk science.

A leitura deste livro permite concluir que os Mitos Climáticos se sentem orgulhosos (mas não vaidosos) por estarem em fase com a modernidade da Climatologia, o que não é de espantar visto que o seu autor se considera um modestíssimo discípulo de Marcel Leroux.

Claro que o elevado nível do livro não tem comparação possível com o precário valor do blogue. Por isso, aconselhamos vivamente a sua leitura a quem deseja estar bem informado sobre a enorme manipulação do dogma oficial do climate change.

Os Mitos vão aproveitar tão apetitoso alimento para a mente e já de seguida será desmantelada a curva do «hockey stick» com a preciosa ajuda de Marcel Leroux. Esta tarefa não é muito difícil porque o stick é de muito má qualidade. O material está a ser preparado para publicação em posts que traduzam o mestre.

sexta-feira, setembro 02, 2005

PNAC contra a racionalidade económica

Já se sabe que o Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC) não contribui para a resolução de qualquer problema climático, pois o programa quanto a alterações climáticas só tem o nome.

Tem apenas virtudes na aplicação de medidas de diminuição da poluição atmosférica (fora o dióxido de carbono que não pode ser considerado um poluente). A que custo isso será feito é outra história. É nesta perspectiva que se avançam algumas críticas e sugestões.

Fica-se admirado, no sector da oferta de energia, com a falta de destaque no PNAC do nosso potencial hidroeléctrico que está aproveitado apenas em cerca de metade, pelo menos quanto à potência a instalar.

Em dez anos (2002-2012) poder-se-ia reanimar o investimento em aproveitamentos hidroeléctricos. Com a vantagem de uma elevada participação nacional em todas as fases, desde a concepção até à execução.

O PNAC privilegia a energia eólica em detrimento da hídrica e foi confirmado publicamente na sessão da Torre do Tombo pelo Exmo. Presidente do Instituto do Ambiente que a adjudicação da elaboração do programa (PNAC) foi atribuída, sem consulta ao mercado das empresas de consultoria, a um centro de estudos com preconceitos no domínio da energia.

No sector dos transportes o PNAC deveria dar ênfase à conversão das frotas urbanas e suburbanas para o gás natural (autocarros, táxis, camiões de recolha de lixo, etc.). Eis uma medida de fácil aplicação e de grande alcance, inclusive para a saúde pública, pela diminuição de emissões de partículas.

Os dados disponíveis no PNAC não permitem concluir taxativamente se os resultados apresentados pela aplicação da maior parte das políticas e medidas nacionais são seguros. Nalguns casos, aparentemente, parece que não.

É o caso da redução das perdas de transporte e de distribuição de energia eléctrica. Vão ser duplicadas as redes para diminuir o efeito de Joule? Quanto custa isso? E o que dizer do optimismo acerca do milhão de metros quadrados de painéis solares até 2010 no sector doméstico e serviços? Metas menos ambiciosas são mais exequíveis. Tudo isto é muito vago.

Quanto aos aumentos de taxas e impostos que o PNAC propõe para a formação de um fundo, não se deve esquecer que o País está cheio de subsídios mal aplicados que saem do bolso dos contribuintes. Mas também está cheio de bens luxuosos adquiridos com esses subsídios, directa ou indirectamente.

Mais impostos sobre a energia aceitam-se apenas no caso de se reduzirem simultaneamente o IRS e o IRC como compensações e prémios pelo cumprimento das medidas necessárias à redução de gases poluentes. Procure-se premiar e não só castigar. Mantenha-se o valor global dos impostos cobrados aos portugueses que já não são poucos.

Premeie-se com a redução do IRS (p.e. com deduções à colecta por despesas de transportes colectivos com passes sociais) e do IRC os bem comportados e não se castigue só com impostos toda a sociedade portuguesa.

As hipóteses de base do PNAC, para o período que decorre entre 1990 e 2008-2012 (p.e., os crescimentos anuais do PIB, do Consumo Final de Energia, da Elasticidade do Consumo de Energia Eléctrica) que tiveram em conta algumas previsões feitas em 1999, são exageradas.

Por exemplo, considerar uma taxa de crescimento médio do PIB da ordem dos 4 % entre 2000-2005 é demasiadamente optimista, tendo em consideração não só o que se passou em 2001 como também as previsões de organismos internacionais conhecidas para os tempos mais próximos.

Infelizmente, o PNAC não está suficientemente aberto de modo a alguém do público poder tentar reproduzir os resultados apresentados. Só assim se credibilizaria um trabalho desta natureza. E não se deve esquecer que são os contribuintes que pagam estes estudos.

A maior parte das chamadas Políticas e Medidas do PNAC - 2001 não apresenta uma grande novidade. Já o PEN - 1992 (nove anos antes!) apontava quase todas elas. Isso só prova que o PNAC não é um programa para as alterações climáticas mas sim para a redução de emissões poluentes que não têm nada a ver com o clima.

quinta-feira, setembro 01, 2005

PNAC contra a cidadania nacional

Um exercício de determinação das emissões de gases efluentes, depois de obtidos os resultados da oferta de energia decomposta nos seus vários produtos, tem de ser acompanhado do uso de factores de emissão [expressos, p.e., em t(CO2) / tep] tão perto quanto possível da realidade do sistema em análise.

Foi o que foi considerado no exercício do Plano Energético Nacional (PEN) - 1992 com a colaboração de técnicos da Direcção-Geral de Energia, da Direcção-Geral da Qualidade do Ambiente (DGQA), da Electricidade de Portugal (EDP), da Petrogal e, ainda, a nível das instâncias comunitárias, com a consulta à Direcção-Geral XVII da Comissão das Comunidades Europeias.

Estes factores de emissão dão a quantidade (em unidades de massa) de gás emitido por unidade de energia consumida e dependem das características dos combustíveis e do tipo de sistema de combustão. Os factores de emissão podem variar ao longo do tempo de acordo com a evolução das especificações da qualidade dos combustíveis e da melhoria dos equipamentos de utilização.

O Eng.º João Gonçalves, actual presidente do Instituto do Ambiente (que é o sucessor da DGQA), participou activamente naquele exercício, enquanto representante da EDP, prestando uma colaboração importante para se chegar a um consenso entre as partes, o que nem sempre foi fácil de se atingir.

Estranha-se pois que o Instituto do Ambiente tenha importado factores de emissão do estrangeiro – como se diz na documentação do Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC) – que não correspondem aos combustíveis do mercado nem ao sistema produtivo e de transformação nacional quando o PEN estudou exaustivamente a questão em 1992.

Trata-se de uma imposição do Protocolo de Quioto, disseram da mesa – coordenada pelo presidente do IA – na sessão da Torre do Tombo, do dia 2 de Fevereiro de 2002. Os factores utilizados no PNAC são os indicados pelo IPCC. Mais tarde serão estudados factores de emissão aplicáveis a Portugal que terão de ser aceites e controlados pelo IPCC… que vai fazer a gestão do planeta.

O IPCC obriga a uma incorrecção no cálculo das emissões de Portugal. Na realidade, os resultados do PNAC são os das emissões de um país parecido com o nosso, mas não o nosso.

Este pequeno exemplo serve apenas para confirmar o exercício da reprodução da litania do IPCC pelos actores do processo que mais não são do que relés e mensageiros da ideologia do «climate change».

Obs.: t(CO2) / tep = toneladas de dióxido de carbono por tonelada equivalente de petróleo