terça-feira, julho 31, 2007

Mais estações meteorológicas

Um outro leitor JHP queixou-se, com razão, de que já chamara a atenção para o blogWatts Up With That?” de Anthony Watts (antigo meteorologista estatal de TV dos EUA).

Afirma que o autor Anthony Watts nos vários posts “How not to measure tempertaure” faz uma descrição detalhada de todas as irregularidades cometidas e dos desvios às normas da NASA.

Isto deu origem à iniciativa representada pelo sítio web surfacestations.org onde voluntários previamente inscritos colocam fotografias das várias estações de medição do registo da NASA.

Os autores propõem-se catalogar fotograficamente todas as 1221 estações da rede USHCN (United States Historical Climatology Network), não querendo apressar conclusões; preferem examinar a totalidade da rede, chamar a atenção para o estado das estações e dar uso à expressão “uma imagem vale mais do que mil palavras”.

JPH considera curiosa a correlação entre aparelhos de ar condicionado e temperaturas dos sítios onde se encontram tais estações meteorológicas. Esse facto resulta, segundo o leitor, independentemente das correcções ao fenómeno das ilhas de calor urbano.

De facto, os exemplos que Anthony recolheu – e não são tão poucos como isso –, apresentam casos ridículos. Servem para lançar mais dúvidas quanto ao valor da curva da temperatura média global apresentada nos relatórios do IPCC.

Gasta-se tanto dinheiro com o «global warming» que não se compreende como ainda não foram substituídas as estações meteorológicas anormais do género das indicadas no sítio web surfacesatations.org.

P.S. Esta nota foi enriquecida com as palavras do próprio leitor JPH.

domingo, julho 29, 2007

Estações meteorológicas

O leitor FVG – a quem se agradece – forneceu o link da página web surfacestations.org que mostra imagens de muitas estações meteorológicas espalhadas, nomeadamente, nos EUA.

Escolheu-se a da Fig. BC4 como exemplo do estado de degradação atingido por algumas delas. Claro que existem outras mais modernas. Mas a da figura, como outras do género, fornece leituras que são consideradas na estimativa da temperatura média global (Tmg).

As leituras destas estações em estado degradado não entram directamente no cálculo da média. Servem de entrada ao algoritmo (sistema de fórmulas matemáticas) que corrige os valores lidos.

Por esse motivo se diz que a Tmg representa um valor corrigido, construído ou reconstruído. Pena é que não seja público nem a base de dados nem o algoritmo para se poderem reproduzir os valores anunciados pelo IPCC.

Os leitores podem explorar o sítio web e verificar noutras estações meteorológicas como evoluiram as respectivas temperaturas, normalmente a subir. As correcções acima referidas têm em consideração o fenómeno designado por "ilhas de calor urbano".

Fig. BC4 - Mau exemplo. Fonte: surface.org

Posted by Picasa

AA no Cabo Finisterra

Hoje, dia 29 de Julho de 2007, estabeleceu-se um núcleo de uma aglutinação anticiclónica junto ao Cabo Finisterra, na Corunha. Como a componente horizontal do vento (advecção) não é muito elevada, Portugal vai sofrer uma vaga de calor.

Prevê-se que a AA suba em direcção ao Golfo da Biscaia mas que se mantenha nas proximidades até 3ª feira, dia 31 de Julho de 2007. As temperaturas às 12 horas UTC (tempo universal coordenado) podem atingir 35 ºC a 40 ºC em Portugal continental.

quarta-feira, julho 25, 2007

Qual temperatura?

O Prof. Bob Carter questiona: - Tem significado a temperatura média global (Tmg) da superfície terrestre? Desenvolve um subcapítulo em que duvida do significado físico das médias estatísticas das temperaturas apresentadas pelo IPCC.

Três autores, Essex, McKritick e Andersen dizem sarcasticamente que a Tmg terá o mesmo significado, para o sistema climático, que terá a média dos números de telefone, para o sistema telefónico. Não explicam nada quanto aos respectivos sistemas.

A temperatura tem significado físico num sistema homogéneo. O sistema climático está longe de ser homogéneo. A Tmg não explica qual é o clima, por exemplo, de Portugal, da Finlândia ou da China.

Os fenómenos que controlam o clima, como as circulações gerais da atmosfera e dos oceanos, determinam climas locais e regionais. No entanto, ignoremos estes argumentos e sigamos o raciocínio do IPCC.

O IPCC promulgou extensivamente a noção de Tmg através de uma curva (Fig. BC3). Os valores desta curva são baseados num algoritmo que estima o valor dito médio de observações obtidas com termómetros, desde 1850.

Admitamos que o conceito de Tmg é significativo. Mas coloquemos a questão de saber se é possível estabelecer uma estimativa precisa do seu valor. Os racionalistas, como o dr. Vicent Gray, dizem que a curva só é aceitável como ponto de partida para reflexão.

Segundo o Prof. Bob Carter, a utilização desta curva para explicar as variações eternas do clima enfrenta, pelo menos, cinco dificuldades insuperáveis.

Em primeiro lugar, os locais de medição não têm uma distribuição uniforme. Mais de 90 % estão localizados no solo dos continentes. Ora, este representa apenas 30 % da superfície terrestre. Os outros 70 % são relativos aos oceanos com 10 % de observações.

Em segundo lugar, esses locais sofreram modificações que afectaram as temperaturas (urbanizações, arborizações retiradas ou implantadas, etc.). A comparação das medições de um mesmo local é prejudicada pela evolução da envolvente.

Estudos de alguns autores sugerem que, por exemplo, na Europa, a taxa de variação das temperaturas médias por cem anos foi de 0,67 ºC em estações meteorológicas urbanas e de 0,37 ºC em rurais, para valores do período 1881-2004.

Em terceiro lugar, o número de estações meteorológicas consideradas tem variado drasticamente. Em 1850 começou com 200 locais. Saltou para 14 mil em 1965. Baixou para 5 mil no ano 2000. A redução teve a ver com o grau de confiança das observações.

Em quarto lugar, a temperatura de cada lugar foi determinada pela média dos valores máximos e mínimos diários. As séries históricas obtidas com esta metodologia obsoleta afastam-se do rigor da tecnologia actual de registos contínuos com médias integrais.

E, finalmente, em quinto lugar, o que é o mais grave de tudo, a reconstrução da Tmg da superfície do planeta anunciada pelo IPCC não pode ser reproduzida por qualquer pacífico cidadão. É tudo muito secreto, como é norma no IPCC.

Não é possível verificar a veracidade dos valores anunciados pelo IPCC. É fora do normal em ciência. Ver-se-á, no final do artigo, na Adenda, que McIntyre (o co-autor que detectou a fraude do «hockey stick») tem mais um problema bicudo para resolver.

Cada um de nós pode ser forçado a concluir que, apesar de tanto alarido, do esforço na compilação, no tratamento dos dados e nos valores anunciados, a Tmg obtida com termómetros tem um valor bastante reduzido.

Variações de menos de 1 ºC durante um século como as indicadas na curva da Fig. BC3 podem nem sequer exceder as barras de erros das Tmg estimadas! Como tal, têm maior valor as estimativas da evolução no sec. XX obtidas com proxies de alta qualidade.

Os proxies podem ser de sedimentos marinhos, de cilindros de gelo ou de anéis das árvores. A maioria mostra que não se detecta uma variação climática local ou regional que justifique a variação global anunciada pelo IPCC, no final do século passado.

A Fig. BC3 merece mais algumas palavras. Estão representadas duas curvas. A curva vermelha é a das anomalias da Tmg (ºC) entre 1861-2001, relativamente à média de 1961-1990, com barras de erros. A fonte foi o relatório do IPCC de 2001.

A segunda curva, a preto, representa a concentração atmosférica de dióxido de carbono (ppm – partes por milhão em volume). Foi estimada com as emissões da queima de combustíveis fósseis no mesmo período. Traçou-se sem barras de erros.

Ressalta de imediato que existe falta de correspondência entre as duas curvas. A covariação, no mesmo sentido, até à década de 1970 aparece apenas em curtos períodos. Enquanto a concentração é monotonamente crescente, as anomalias crescem e decrescem até então.

Salienta-se o período de 1950 a 1970 com estabilização e até descidas das temperaturas (englobando o Óptimo Climático Contemporâneo) sem que a concentração de dióxido de carbono tenha deixado de subir.

Só a partir desta década de 1970 é que se acentuou a covariação, no mesmo sentido, entre estas duas variáveis. Como esta não explica as variações climáticas é necessário procurar outra causa para se entender os fenómenos registados. Fica para novo post.

Por agora destaca-se apenas o período entre 1910 e 1935 de subida das temperaturas com secas prolongadas. Abarca o drama histórico registado por John Steinbeck no seu livro «As Vinhas da Ira». O SORUMBÁTICO acaba de publicar uma anedota que caracteriza esse período.

P.S. Acrescentrou-se, entre virgulas, "no mesmo sentido", após a duas citações da palavra "covariação".

Fig. BC3 - Tmg e CO2. 1860-2000. Fonte: Bob Carter.

Posted by Picasa

terça-feira, julho 24, 2007

Consenso à pressão

Há quem fique extasiado com a capacidade do IPCC para obter consensos entre centenas (ou milhares?) de cientistas sobre o clima da Terra. No entanto, certos testemunhos interiores revelam como é realizada essa habilidade.

Testemunhos de participantes dos conciliábulos do IPCC mostram práticas duvidosas para alcançar um pretenso consenso científico. Relatos das reuniões são reveladores de como se alcançam esses consensos até com cientistas exaustos.

John Zillman é o representante principal da Austrália no IPCC. É um entusiasta do «global warming». O testemunho é importante pois Zillman está muito longe de ser um céptico que recusa a repetição cega da cartilha do IPCC.

Descreve o ambiente das discussões dos relatórios em «O IPCC visto por dentro» - merecedor de leitura por outros motivos -, no capítulo designado “The Pressure for Consensus”:

«While one of the great achievements of the IPCC process has been its contribution to consensus in both the national and international scientific communities as to what can reasonably be said on the current state of climate change science, there has also been a down side.

Those who have been heavily involved in the IPCC and have developed a sense of ownership and pride in what has been achieved have, during the sessions, felt a strong need to avoid a situation in which the IPCC was seen to “fail”.

As a result, there has been unusually intense pressure for consensus to be achieved even when many individual participants clearly felt extremely uncomfortable with signing on to the “consensus” language.

These pressures became extreme in some of the late night meetings when the time for achievement of consensus was running out, delegations were exhausted and dissenting individuals were subject to considerable peer pressure to agree in order to avoid the stigma of being seen to have prevented the IPCC from achieving a consensus report.

These pressures have led to increasing questioning of the appropriateness of the concept of “science by consensus
».

Como se verifica, há uma pressão anormalmente elevada para se chegar ao que alguns chamam consenso. Apesar de tudo, numerosos participantes sentem-se incomodados para assinar esta farsa do consenso.

Esta descrição devia deixar qualquer um pensativo com a falta de objectividade dos trabalhos do IPCC. Um grupo que exerce fortes pressões sobre os seus membros para obrigar a aceitar os textos confirma-se com tendo um elevado défice de ética científica.

sexta-feira, julho 20, 2007

Ciência sem consciência

Retornemos ao Prof. Bob Carter. No “The Myth of Dangerous Human-Caused climate change”, o capítulo “IS THERE A CONSENSUS?” contém um prólogo de Michael Crichton.

«Sejamos claros: o desenvolvimento da ciência não tem nada a ver com consensos. O consenso é um assunto dos políticos. A ciência, pelo contrário, requer somente um investigador que, para estar seguro, precisa de possuir resultados verificáveis no mundo real. Em ciência o consenso é irrelevante. O que é relevante é a reprodução dos resultados. Os maiores cientistas da história da ciência foram notáveis precisamente porque romperam o consenso…» – escreveu Michael Crichton.

Como diz o Prof. Carter, seria difícil descrever uma ideia mais exacta acerca do modo como funciona a ciência do que esta sucinta de Michael Crinchton (médico, escritor, com opinião ouvida pelo Congresso dos EUA).

Ninguém diz que existe consenso quando se afirma “o Sol nascerá amanhã”. Pelo contrário, continua Carter, quem diz “o Sol nascerá amanhã” baseia-se num resultado empírico. É um fenómeno previsto pelas teorias de Copérnico e de Newton.

Assim, a afirmação “há um consenso de que ocorrerá o perigo do aquecimento global” transmite uma ideia sociológica sem significado científico. As pessoas, as organizações e os governos que propagam esta ideia perfilham uma agenda política.

Carter realça que o proclamado ‘consenso’ transmitido aos decisores políticos pelo IPCC corresponde à faceta política desta organização. É uma afirmação sem sentido que o IPCC transmite igualmente aos media para estes passarem para a opinião pública.

Segundo ele, as críticas dos racionalistas centram-se na manipulação do IPCC sobre o perigo do aquecimento global causado pelo Homem. Este argumento falacioso sobressai nos Relatórios de Avaliação, quinquenais, desde o Primeiro ao Quarto.

Significativamente, o mais recente – Fourth Assessment Report (4AR), de 2007 – foi fortemente criticado mesmo pelos apoiantes do aquecimento global. Até, publicamente, alguns revisores que trabalharam para o IPCC denunciaram as distorções do 4AR.

David Wasdell no artigo “Political Corruption of the IPCC Report?” denuncia os burocratas do IPCC que, durante a redacção final do 4AR, removeram indicações que maximizavam os riscos. Foram substituídas por outras que os minimizavam.

Nesse artigo, David Wasdell, um revisor oficial do IPCC, escreve que, na versão publicada, foram feitas “alterações espantosas (relativamente ao draft final do Relatório completo) impostas pelos representantes governamentais durante a fase da redacção final”.

Foram estes burocratas (que dizem, sem vacilar, fazer parte de milhares de cientistas que colaboram com o IPCC) que votaram o relatório onde se afirma – sem a mínima probidade intelectual – que “é de 90 % a probabilidade de o homem ser o culpado”.

Já se viu como se realizam as votações que fazem parte desta metodologia pouco digna (para a Ciência) das Probabilidades à la Carte.

Como muito bem diz o Prof. Bob Carter, não interessa considerar se a interferência dos burocratas resultou no exagero ou não dos riscos; o que se deve salientar é que o dito “consenso” é político e não científico.

É ciência sem consciência, como diria Edgar Morin.

P.S. Foi corrigida a redacção do parágrafo "David Wasdell ... minimizavam os riscos. Foram substituídas pelo catastrofismo do aquecimento global". Ficou "David Wasdell ... maximizavam os riscos. Foram substituídas por outras que os minimizam". Na redacção anterior constava uma ideia contrária a esta. Um leitor, a quem se agradece, chamou a atenção para o erro.

terça-feira, julho 17, 2007

A não perder

A propósito da actual situação meteorológica e das análises absurdas do Météo-France, à semelhança das do MetOffice e de muitos outros serviços oficiais de meteorologia (NOAA), o Prof. Marcel Leroux escreveu um artigo publicado na revista francesa Agriculture et Environment, de ontem, dia 16 de Julho de 2007.

Pela sua importância, o MC tem o prazer de o publicar na íntegra, salientando que GIEC é o acrónimo, em francês, do conhecido acrónimo, em inglês, IPCC.

"lundi 16 juillet 2007.

C’est encore la faute du fameux «anticyclone des Açores» !

Par Marcel Leroux, Professeur Emérite de Climatologie

Il fait mauvais, et particulièrement froid pour un mois de juillet. Le 10, dans Libération, Météo-France laisse entendre que «Le soleil, ce n’est pas pour demain». Mais le 13, dans le Figaro, on prévoit que «la seconde quinzaine de juillet devrait voir le retour des normales saisonnières»...

En réalité Météo-France ignore «ce qui va se passer», comme le précisent ses prévisions saisonnières : «En France métropolitaine, aucun scénario n’est privilégié pour les températures, ni pour les précipitations» (site Météo-France). En dépit des «énormes» et très coûteux supercalculateurs (dont le dernier a été inauguré le 31 mai 2007), les supputations sur le temps relèvent encore des incantations magiques, ou des «prédictions» de Mme Soleil. Pour quelle raison ?

La raison la plus évidente est «officiellement» proclamée partout dans les médias : «c’est la faute de l’anticyclone des Açores» ! Ce fantasque individu «n’occupe pas sa position normale» ! Jean-Marie Carrière, ingénieur à Météo-France, ajoute même : «en se gonflant de chaleur, cet anticyclone se charge en pression et repousse normalement les dépressions humides...» (Reuters, 9 juillet). Phrase d’anthologie ! Inutile de préciser, bien sûr, que de l’air qui se réchauffe, voit plutôt sa pression diminuer (et non augmenter !), et que de l’air chaud est physiquement incapable de «repousser» quoi que ce soit ! Comme si ce n’était pas suffisant, Jean-Marie Carrière ajoute encore : «rien ne permet de prédire scientifiquement, d’ici huit à dix jours, le déplacement normal de cet anticyclone» ! Le mystère s’épaissit !

Peu importe d’ailleurs, puisque cet anticyclone n’existe pas ! Cela fait longtemps que je dénonce cette confusion entre les échelles de temps et de phénomènes, héritage de l’école «climatologique » de la fin du 19ème siècle. Des moyennes de pression établies sur 30 ans, ont remarqué que la pression moyenne est généralement plus élevée sur la partie orientale de l’Atlantique Nord, bien au sud de l’archipel des Açores. Mais il s’agit d’une situation moyenne, c’est-à-dire virtuelle, qui n’existe pas à l’échelle synoptique, c’est-à-dire celle du temps réel, au jour le jour. Faire référence à l’ «anticyclone des Açores» et à sa complice en pression moyenne la «dépression d’Islande», ou «dépression atlantique», qui «ne rencontrant pas de barrière anticyclonique circule sans entrave» (P. Gallois, Météo-France, Le Figaro, 13 juillet), c’est encore pratiquer l’ «animisme météorologique» ! On déplore «le départ de l’anticyclone, retiré sur ses Açores natales», on annonce «le retour de l’anticyclone», mais personne, ni prévisionniste, ni présentateur, ne peut le montrer sur une carte de pression synoptique ou sur une image de satellite. Simplement, parce qu’à l’échelle du temps présent (le temps qu’il fait), ce fameux anticyclone n’existe pas. Si par chance on peut désigner «un» anticyclone, il ne faut pas oublier de préciser qu’il ne s’agit que d’un arrêt sur image, et que quelques heures, avant et plus tard, cet anticyclone n’occupait pas et n’occupera pas la même position. Car, à l’échelle du temps, tout est mobile, anticyclones comme dépressions.

Le temps est en effet animé, comme le montrent clairement les clichés de satellite, par des anticyclones mobiles d’origine polaire, parvenant de l’Arctique sur l’Europe occidentale, soit par le Canada et les Etats-Unis puis l’Atlantique, soit plus directement à l’est du Groenland par la Mer de Norvège. Ce sont les AMP, ou Anticyclones Mobiles Polaires qui véhiculent de l’air froid en direction des Tropiques. Les premiers ont une fréquence moyenne de départ de 1 AMP toutes les 56 heures (2 jours et 5 heures), les seconds de 1 AMP toutes les 140 heures (soit presque 6 jours). Ces fréquences moyennes, par conséquent très variables, ont été établies sur la période 1950-2000 par A. Pommier (2005). Chaque AMP, froid et dense, soulève devant lui l’air plus chaud (plus léger), et il est donc entouré de dépressions, dans lesquelles se situent les fronts, les nuages et le «mauvais temps». Les anticyclones mobiles, de vaste dimension (plus de 2000 km en moyenne), mais de faible épaisseur (1500 mètres), perdent de leur vitesse en cours de déplacement. Ils finissent donc par s’emboîter les uns dans les autres aux limites de la zone tempérée (plus au sud en hiver, mais plus au nord en été, dans l’hémisphère nord). Ils forment alors une Agglutination Anticyclonique (AA), au fur et à mesure que les couloirs dépressionnaires intermédiaires se rétrécissent jusqu’à disparaître, tandis que la pression s’élève. La fusion des anticyclones est favorisée par la présence de hauts reliefs qui canalisent, freinent ou bloquent leur translation. Tel est le cas de l’alignement Cantabriques-Pyrénées et des Alpes, qui compriment les AMP et élèvent la pression sur le Sud de la France, l’ensellement Languedoc/vallée du Rhône laissant toutefois s’écouler l’air froid vers le sud (tramontane et mistral). Dans le même temps, les perturbations défilent sur la partie septentrionale de la France, sous l’influence de ces mêmes anticyclones qui ne sont pas encore ralentis. Tel est aussi le cas sur l’ensemble de l’Europe du Nord au temps maussade et pluvieux, tandis que le bassin méditerranéen, anticyclonique, stable, est ensoleillé, chaud et non pluvieux. On se souvient des inondations en Grande-Bretagne, alors que dans le même temps sévissaient la canicule et la sécheresse en Italie et en Grèce. Car, on l’oublie trop souvent, la hausse de pression et la stabilité de l’air dans l’AA favorisent la rapide élévation diurne de la température (et non l’inverse), et ainsi il est normal que sous l’action des mêmes acteurs (les AMP), il fasse mauvais dans le Nord, puis beau dans le Sud. Rien de mystérieux ici ! A condition toutefois d’observer la réalité, notamment révélée par le satellite, sans vouloir lui faire dire autre chose que ce qu’il montre, pour «coller» artificiellement à des concepts anciens, dépassés, et scientifiquement infondés.

Ces contrastes ne sont pas «des caprices du climat» (Le Figaro, 13 juillet), mais sont au contraire logiques, car la machine climatique est parfaitement organisée. A force d’épiloguer sur un hypothétique «changement climatique», on oublie d’observer l’évolution réelle des paramètres climatiques. Parmi eux, la pression atmosphérique de surface est un paramètre particulièrement révélateur de la dynamique du temps. Or, depuis les années 1970, la pression atmosphérique augmente régulièrement et fortement sur la plus grande partie de l’Europe (à l’exception de sa partie nord) et sur le bassin méditerranéen et au-delà (comme sur bien d’autres régions du monde qui offrent les mêmes conditions dynamiques : cf. M. Leroux, 2005). Une telle hausse (de plusieurs hPa à l’échelle des moyennes annuelles, ce qui est considérable) n’a évidemment rien à voir avec le prétendu «réchauffement climatique» (et en est même antinomique puisqu’une hausse de température fait baisser la pression). Elle résulte, sur la trajectoire des AMP et dans les AA, d’une intensification des échanges méridiens d’air et d’énergie et notamment d’une fréquence accrue des AMP. Cette intensification ne peut résulter que d’un refroidissement des régions sources des AMP, en Arctique et Antarctique. Contrairement aux affabulations du GIEC, les régions polaires, comme l’attestent les données d’observation, connaissent en effet à la fois des régions de réchauffement et des régions de refroidissement. Dans l’Arctique, au nord du Canada jusqu’au Groenland d’où partent les AMP, la température baisse (cf. ACIA, 2004), tandis qu’elle s’élève dans la Mer de Norvège où parviennent les dépressions et l’air cyclonique chaud venu du sud. Les AMP, plus froids et plus nombreux, provoquent ainsi des perturbations plus violentes, mais aussi des agglutinations anticycloniques plus fréquentes et de plus longue durée, en hiver comme en été. Les périodes de canicule sont toujours associées à une forte hausse de la pression, dont on ne parle pas alors que c’est le facteur essentiel de la chaleur et de la sécheresse. Ainsi, la canicule grecque récente, comme la canicule d’août 2003, obéissent au même facteur : l’agglutination d’AMP de forte puissance, se produisant à des latitudes variables, et en toutes saisons. Mais aucun «centre d’action» (anticyclone ou dépression) n’est «installé» à demeure, plus ou moins proche de sa position dite normale, car tout est mobile, et tout est constamment remis en question en fonction de la densité de l’air en mouvement. Ainsi, la Roumanie a d’abord connu la canicule en même temps que la Grèce (sous la même AA), puis un AMP plus puissant a bouleversé le champ de pression et provoqué à l’inverse des inondations. Il n’y a pas non plus lieu de s’étonner que l’hémisphère sud, actuellement en hiver, connaisse d’intenses vagues de froid, notamment en Amérique du Sud et en Afrique du Sud, sachant que la même évolution affecte l’ensemble de la planète. La circulation générale est en effet entrée dans un mode rapide depuis les années 1970 (M. Leroux, 2005), mode de circulation qui est exactement l’inverse de l’évolution dite «de l’effet de serre» prédite par le GIEC.

Faut-il préciser que Météo-France, en sus de l’héritage de l’école climatologique de la fin du 19ème, est aussi héritière de l’école «norvégienne» (1922) toujours appliquée dans le tracé des cartes de surface, école qui ne considère que les dépressions (en ignorant les anticyclones mobiles), et de l’école «cinématique» (1939) qui accorde la préférence aux phénomènes d’altitude. On comprend alors que les AMP, anticyclones se déplaçant dans les basses couches, soient délibérément ignorés, alors qu’ils représentent le moteur du temps et de la circulation générale. En fait de circulation précisément, la référence (comme le réaffirme H. Le Treut en 2007) est encore le schéma tri-cellulaire (dit de Ferrel) qui date de 1856, et qui en dépit de plusieurs amendements ne reflète toujours pas les mécanismes réels de la circulation. En outre les principes sur lesquels ont été élaborés les modèles numériques ont été énoncés par V. Bjerknes en 1904, et les insuffisances de ces principes ne pourront jamais être compensés par la débauche de mathématiques et de technologie, sachant que les modèles ne sont pas bâtis sur un schéma réaliste de la circulation générale. Rappelons encore que le grand sujet du moment, l’effet de serre dit anthropique, proposé par Arrhenius, remonte quant à lui à 1896. La météorologie est ainsi dans une profonde impasse conceptuelle, qui (comme le souligne C. Allègre, 2007) préfère «le mythe de l’informatique toute-puissante» et la théorie, à l’observation directe des phénomènes. Même l’évolution de la pression de surface, paramètre pourtant hautement significatif de l’évolution climatique, est délibérément ignorée, parce que la hausse de pression est antinomique des scénarios du GIEC ! On comprend ainsi aisément pourquoi les faits d’observation, notamment révélés par le satellite depuis les années 1960, comme les AMP, sont passés «inaperçus», et ne sont toujours pas intégrés dans les concepts et dans les interprétations. Il n’y a donc pas lieu de s’étonner que les prévisions qui ignorent les vrais facteurs du temps relèvent encore des «prognostications magiques». C’est bien connu... c’est encore la faute à «l’anticyclone des Açores» !

---Référence :
- ACIA (2004). Arctic Climate Impact Assessment (amap.no/acia/index.html).
- C. Allègre (2007). Ma vérité sur la planète. Plon-Fayard, 239 p.
- M. Leroux (2005). Global warming : myth or reality ? The erring ways of climatology. Praxis-Springer, 509 p.
- Le Treut H. (2007). Certitudes et incertitudes des modèles. Le Bilan Climatique, Pour la Science, dossier n° 54, janv-mars 2007, 10-15.
- A. Pommier (2005). Analyse objective de la dynamique aérologique de basses couches dans l’espace Atlantique Nord : mécanismes et évolution de 1950 à 2000. Thèse, Univ., LCRE, Lyon. cf. www.lcre.univ-lyon3.fr/climato/ [website em revisão]."

sábado, julho 14, 2007

Frio e calor

Continua a situação dramática na América do Sul. É possível pesquisar notícias nos jornais La Nacion, Clarin e El Mercúrio, conforme indicação prestada por um leitor.

Também a página da MetSul, de 13-07-2007, traz uma notícia sobre a situação na América do Sul. Mas o frio estende-se já ao sul do Brasil.

O Brasil tem ajudado a vizinha Argentina com fornecimentos de energia eléctrica para além dos previstos. Para tal, arrancou com centrais termoeléctricas a gás e a carvão para fornecer cerca de 1000 MW (megawatt).

Por outro lado, em grande parte dos Estados Unidos da América o calor aperta. Uma estabilidade anticiclónica de vasta extensão espacial fez aumentar as temperaturas.

Será curioso comparar as duas situações, a da América do Sul (AS) e a da América do Norte (AN). Por facilidade, embora nem todos os territórios destes sub-continentes estejam abrangidos, considera-se a AS e a AN nesta comparação.

Tanto na AS como na AN formou-se um extenso campo de altas pressões. Estas foram formadas por anticiclones móveis polares (AMP) em modos diferentes. Na AS os AMP circulam em modo rápido (de Inverno) e na AN em modo lento (de Verão).

Ao nível do solo, em ambos os casos existem altas pressões que elevam a condutibilidade térmica do ar. A diferença reside na situação dos solos, um com neve e frio (AS) e o outro sem neve e quente (AN).

Do mesmo modo, a temperatura do ar que chega aos solos, vindo do Árctico e do Antárctico é substancialmente diferente. Mais frio no Sul do que no Norte.

A contra-radição terrestre varia com a quarta potência da temperatura do solo. Assim, a contra-radiação terrestre da AN é muitíssimo superior à da AS. Daí aquecer o ar rente ao solo em camadas sucessivas até uma altura da ordem de grandeza da espessura dos AMP (cerca de 2 a 3 quilómetros).

Na AN o ar quente não sobe mais devido à subsidência existente (pressão atmosférica de cima para baixo).

Na AS o ar rente ao solo não chega a aquecer. Caso contrário derretia o gelo. É o que acontecerá quando o ar vindo do Antárctico não for tão frio.

Em conclusão, as ondas de frio e de calor são provocadas pela Natureza através da circulação geral da atmosfera. Esta é realizada através dos AMP.

Tanto o Árctico como o Antárctico estão bastante frios para gerarem AMP suficientemente potentes como os que estão a chegar à AN (modo lento) e à AS (modo rápido).

No caso da AS e do Antárctico, a chegada dos AMP ao Trópico de Capricórnio refuta a hipótese da existência da célula polar e da célula de Ferrel concebidas no esquema tri-celular. A única com significado físico é a célula de Hadley.

O esquema tri-celular, que não tem existência real, está incorporado nos modelos designados de circulação geral (GCM em terminologia anglo-saxónica). Daí o flop das suas previsões ou projecções.

Convida-se a recapitular as noções de modo rápido, modo lento, contra-radiação terrestre e, já agora, contra-radiação celeste.

E em Portugal? Neste momento existe uma estabilidade anticiclónica complexa. A escala sinóptica da Universidade de Colónia (dia 13.07.2007) mostra um núcleo H (alta pressão) próximo da Sicília e dois L (baixa pressão) mais a norte.

Esta Universidade prevê que a situação se vai prolongar pelos menos até ao dia 15.07.2007. Por sua vez, o vento em Portugal, tem uma componente horizontal muito reduzida. Pode-se ver na página da REN (dia 13-07-2007).

A conjugação destas duas situações (H próximo de Portugal e velocidade do vento baixa) provoca calor. Ainda não é uma onda de calor porque há algum ventinho durante a noite – e até durante parte do dia – que vai refrescando o País.

Finalmente, nesta curta análise, é importante notar que todas estas explicações são possíveis sem falar em gases com efeito de estufa. Nem naturais, nem antropogénicos.

Destaca-se ainda que se torna estranho não ver nos noticiários nacionais o relato das situações criadas pelo frio de rachar na América do Sul. Será porque os meios de comunicação social estão já tão comprometidos com a falaciosa hipótese do aquecimento global que se sentem inibidos de noticiar os casos verídicos de claro arrefecimento?

O locutor de um canal de TV de Buenos Aires, ontem, dia 13 de Julho de 2007, despediu-se: “Boa noite a todos. Mantenham-se ligados para ver o show Live Earth, de protesto contra o aquecimento global e as alterações climáticas. Mas primeiro vejam estas imagens do Lago Jacobacci, na Patagónia, completamente gelado. Vinte e dois graus Celsius abaixo de zero!”

E então, telespectadores argentinos puderam ver um Toyota 4x4 atravessar o lago pela primeira vez completamente gelado desde que foi descoberto nos anos 1800 pelo explorador Perito Moreno (que deu o nome a um conhecido glaciar argentino).

É irónico, não é? A ligação que se faz entre a propaganda ideológica do falacioso aquecimento global e o mundo real. Uma mentira repetida tantas vezes torna-se numa verdade aceite por todos. Ou, água mole em pedra dura tanto dá até que fura.

quarta-feira, julho 11, 2007

Estado de emergência

Um leitor enviou-nos uma notícia da BBC News de 7 de Junho de 2007. Já então se descrevia a situação dramática vivida no Peru. De tal modo que o governo peruano já tinha declarado o estado de emergência.

Começa a notícia por referir temperaturas negativas (sub-zero) que originaram o estado de emergência. Termina com a frase «Scientists say the unseasonable droughts, heavy rains and frosts are due to climate change

Por aqui se vê o nível de intoxicação dos media. Para eles “climate change” é sinónimo de “global warming”. Misturam-se cheias (que podem suceder após o degelo) e chuvadas com a queda de neve e fornece-se uma “prova” do "aquecimento global" fabricada por “cientistas” (quais?).

Mas, Eureka!, a BBC News de 10 de Julho de 2007 já não consegue esconder (o que é feito dos media portugueses?) a situação actual na Argentina, na Bolívia e no Chile.

Racionamento de energia – como diz a notícia – num País que também vai a caminho do desenvolvimento sustentável é difícil de imaginar. Desta vez, a BBC News já não fala nas “alterações climáticas”. Vá lá, vá lá.

Salienta-se o facto de o último nevão, em Buenos Aires, ter sido em 1928. Anteriormente, também nevou no dia 22 de Junho de 1918, durante a fase fria dos anos 20. Esta queda de neve inspirou o tango escrito por J. Bardi que o baptizou de "Que noite!".

Alguns telhados argentinos desabaram com o peso da neve. Não foram construídos para resistir à queda e acumulação de neve. No dia da Indepedência da Argentina, 9 de Julho de 2007, o Presidente, em Tucumán, discursou com a neve a cair intensamente.

A parada militar realizou-se debaixo de um forte nevão. Os saxofones da banda militar ficaram entupidos com a entrada da neve nos instrumentos. Os tambores deixaram de se fazer ouvir quando a neve cobriu as tampas de percussão.

P.S. O texto foi acrescentado a partir do parágrafo «Salienta-se o facto...»

segunda-feira, julho 09, 2007

SOS Terra

Mensagem enviada hoje, dia 9 de Julho de 2007, ao sr. Provedor do telespectador da Rádio Televisão Portuguesa:

«Exmo. Sr. Provedor

Venho referir-me ao programa da sra. Maria Elisa “SOS Terra” que passou esta madrugada, com início próximo da meia-noite. Mais uma vez, a RTP, como órgão de comunicação social pago pelo público através dos seus impostos, falhou na sua missão de informar.

Não sendo um especialista de media, tenho a noção que o objectivo do jornalismo é o de servir a verdade. Esta alcança-se, nomeadamente, por meio do contraditório. A utilidade pública deve servir a verdade.

O jornalismo deve ser fiel da verdade e para a alcançar deve ter consciência de que podem existir várias versões sobre um mesmo assunto. Por isso, deve ouvi-las para informar e não cingir-se a apenas uma versão com a possibilidade de desinformar.

Neste caso concreto, a sra. Maria Elisa ainda falou na existência de um documentário que rebate a tosca pantomina do Al Gore. Talvez se referisse ao «The great global warming swindle».

Enquanto este é apresentado por cientistas, a inverdade conveniente de Al Gore é apresentado por um político oportunista e ignorante quanto à ciência, em geral, e à climatologia, em particular.

O documentário oposto à pantomina de Al Gore passou em estações de televisão do Reino Unido, donde é oriundo, da Suécia, da Dinamarca, da Finlândia, da Austrália, da Nova Zelândia, etc. Não passou, ainda, nos Estados Unidos da América, país do autor da pantomina que é rebatida neste documentário.

Pergunto: - por que razão não passou na RTP? Já não faço a mesma pergunta relativamente à SIC e à TVI porque estas têm missões diferentes da RTP. [É lamentável que estas estações – aparentemente, de utilidade pública – não divulguem também o “swindle” , a revelar que nesta matéria se estão a cimentar posições de puro receio em afrontar o “politicamente correcto”.]

Agora, voltando ao programa da sra. Maria Elisa. Pelos vistos, ela tem a noção de que existe uma versão diferente da que foi, mais uma vez, apresentada na RTP. Então, por que razão não convidou alguém com a noção de que a RTP continua a desinformar a opinião pública portuguesa em matéria de “alterações climáticas” e “aquecimento global”?

Lá esteve mais uma vez o sr. Filipe Duarte Santos que em matéria de Ciência representa, em Portugal, o mesmo papel que Lissenko representou na ex-URSS. Ou, em Portugal, representa em Ciência o mesmo papel que Alves dos Reis representou em Finanças.

Aguardando que a RTP passe, nesta matéria, a informar correctamente, com os meus devidos respeitos, sou»

O programa “SOS Terra” veio no rescaldo da grande orquestração do “Live Earth” regida pelo maestro Al Gore. A RTP também gastou tempo e dinheiro dos contribuintes no apoio desta campanha de doutrinação.

Recordes argentinos

O frio na Argentina veio para ficar. Já se bateram recordes: -18 ºC em Chapleco e -17 ºC em Bariloche. Os Pampas, no centro do País, estão totalmente brancos. Em certos locais da Argentina já não nevava desde 1960.

O Servicio Meteorológico Nacional, da Argentina, prevê que as temperaturas continuem a baixar durante os próximos dias, até Sábado, dia 14 de Julho de 2007.

Esta situação meteorológica arrastou a Argentina para uma enorme crise energética, com as redes de energia incapazes de acudir às necessidades de aquecimento dos argentinos.

sexta-feira, julho 06, 2007

Fig. BC2 - Argentina gelada. Fonte: Servicio Meteorológico Nacional, Argentina.

Posted by Picasa

Frio de rachar

Um exemplo flagrante do falhanço dos modelos matemáticos e deterministas do clima é o da situação actual na Argentina. O Servicio Meteorológico Nacional (SMN), da Argentina, também se apoia em previsões de modelos MetOffice.

O MetOffice, do Reino Unido, corresponde ao nosso Instituto Nacional de Meteorologia. Está ligado ao Hadley Center na venda de modelos e estudos e é uma das fontes principais do IPCC, nomeadamente, dos relatórios quinquenais de avaliação.

Historicamente, o MetOffice e o Hadley Center ficam ligados à má ciência do projecto SIAM, em Portugal, que engana a opinião pública portuguesa, sem quaisquer escrúpulos, vendendo gato por lebre.

Pois os modelos MetOffice não “disseram” que estava para acontecer a vaga de frio que aflige a Argentina e vizinhos. Ontem, dia 5 de Julho de 2007, o SMN emitiu um curioso comunicado que dizia o seguinte:

«Uma massa de ar polar [lá estão os anticiclones móveis polares (AMP) – NT] penetrou no país através da Patagónia. Estima-se que o ar frio avance em direcção ao centro do País, na 6ª feira, e que continue em direcção ao Norte, durante o Sábado, o Domingo e a 2ª feira. No Domingo e na 2ª feira, o País estará inteiramente coberto por esta massa de ar.» Eis a Argentina toda coberta de branco.

Continua o comunicado: «Estima-se que durante a 6ª feira as temperaturas continuem a descer até – 10 ºC a este e a sul de Santa Cruz, onde as máximas não devem ultrapassar os 0 ºC. Na parte restante de Santa Cruz, em Chubut, Neuguén e Rio Negro esperam-se temperaturas mínimas situadas entre 0 ºC e – 5 ºC, ou mesmo inferiores. Na 6ª feira, a massa de ar polar penetrará no centro do País onde haverá um pronunciado abaixamento das temperaturas.»

E o comunicado vai por aí fora anunciando temperaturas negativas em toda a Argentina. Mas não foi só agora que falharam as previsões dos modelos MetOffice consideradas pelo SMN da Argentina.

Desde Março que tem feito um frio de rachar na Argentina. A Fig. BC2 mostra as anomalias das temperaturas no mês de Maio de 2007 e no trimestre de Março-Abril-Maio de 2007.

Os desvios foram calculados em relação à média do período de 1961-1990. A informação completa encontra-se em “Año 2007, Tendencias Climáticas, Junio” (clicar em Junio para carregar um ficheiro tipo WinRAR).

Na figura existem as réguas verticais com cores que permitem verificar que os AMP se têm dirigido para o centro da Argentina. Os países vizinhos também sofrem o mesmo frio de rachar, mas o SMN não entrou por terrenos alheios.

O Chile, o Uruguai, o Paraguai e o Peru tropical também sofrem a extensa vaga de frio. Em termos gerais, a temperatura desvia-se cerca de -2,5 ºC em relação às médias. É mais uma amostra da fase de arrefecimento do Hemisfério Sul.

A actividade destes AMP, com consequências na Argentina e nos países vizinhos, prova que o Antárctico está mais frio e com mais gelo. A NASA pretende apoiar o boss James Hansen, com press releases desatinadas, mas a Natureza coloca os factos no devido lugar.

quarta-feira, julho 04, 2007

Modelos do Apocalipse

Falar a um decisor político ou a um jornalista na palavra modelo e nos resultados dos modelos é o deslumbramento máximo. Desconfiar dos resultados é uma ofensa ao reino dos modelos. Os maldizentes cometem uma profanação.

Os modelos habitam numa espécie de templo divino. Revestidos do profundo mistério da matemática e da física, associados ao encantamento dos computadores, desafiam a imaginação de qualquer um com o seu poder olímpico.

Parecem realizar o velho sonho de domínio da máquina do tempo. O próprio nome “modelo” sugere a beleza, o sonho, o exemplo irrefutável. Não podem restar dúvidas quanto aos seus milagres de tal modo é axiomático que nunca se enganam.

Os alarmistas apresentam os modelos matemáticos como uma referência absoluta: declaram, predizem, confirmam ou infirmam. Há quem acredite mais nos modelos do que na própria realidade.

Os modelos dizem que “vai chover a cântaros”. Os modelos dizem que “vão surgir ondas de calor”. Mas nunca dizem que “vão surgir ondas de frio”. Mas estas acontecem. Eles até decidem por nós todos! Podem os modelos anunciar o Apocalipse do IPCC?

Bob Carter lança mais uma questão: “Can computer models predict future climate?A partir daqui, analisa a estrutura dos modelos matemáticos do clima, de base determinística, para acabar por responder negativamente a esta questão.

Carter salienta que o designado modelo de circulação geral – sigla inglesa GMC – é uma ferramenta determinística. O determinismo aplica-se na ciência experimental. Os resultados são condicionados pelas hipóteses e relações preestabelecidas.

Deste modo, o uso de modelos determinísticos não passa de um exercício de heurística executado em laboratório de investigação. A liberdade dos investigadores imaginarem toda e qualquer hipótese é fundamental para se alcançarem resultados inesperados.

No entanto, quando se anuncia publicamente resultados – que são apenas hipóteses de trabalho laboratorial – como se fossem verdades absolutas produz-se má ciência. Os receptores não estão, normalmente, preparados para compreender que se apregoam apenas hipóteses.

Uma fraude de investigadores americanos foi o anúncio da descoberta da fusão nuclear a frio que nunca se replicou. Do mesmo modo o médico coreano Hwang Woo Suck foi acusado de uma fraude científica com o anúncio da investigação de células estaminais.

O “hockey stick” de Michael Mann é mais um exemplo de uma fraude científica. O processo SIAM, que anunciou à opinião pública portuguesa resultados inconsistentes como se fossem verdades absolutas, insere-se num exercício de má ciência.

O mais curioso é que os modeladores depois de se aperceberem que estavam a cometer uma falsificação científica ao anunciar previsões sem consistência passaram a dizer que se tratava de projecções. Tentaram justificar-se sem resolver a questão.

De facto, os incautos conseguem distinguir uma projecção de uma previsão? Ora, o reconhecimento de que são projecções inibe o uso de modelos para fornecer valores minimamente válidos em futuros tão longínquos quanto 2050 ou 2100.

Mas esconde-se que os modelos determinísticos não foram capazes de prever uma evolução estatística das temperaturas como a que aconteceu realmente entre 1990-2006, conforme se verá mais adiante.

Além disso, este tipo de modelos indica que a evolução do aquecimento deveria aumentar com a altitude. Especialmente nos Trópicos, com o máximo a 10 quilómetros acima do solo. Mas as observações desmentem esta previsão (ou projecção?).

As determinações dos satélites mostram o contrário com evoluções inferiores às do solo. E até sem qualquer tendência quer de aumento quer de descida das temperaturas.

Uma outra pretensão do uso dos modelos por parte do IPCC foi a de estudar o passado para “provar” que só a acção humana justificava os resultados de tais exercícios académicos.

De facto, foram exercícios realizados dentro da ilusão de que os modelos determinísticos representam a realidade. Não salientaram que estes modelos dependem de um grande número de graus de liberdade associados a parâmetros exógenos.

A colecção de parâmetros a introduzir nos modelos pelos próprios modeladores são fonte de incertezas elevadas. Cada um tem a sua escolha que pode não coincidir com a do colega ao lado. Gastam-se fortunas em reuniões internacionais (em Paris, p.e.) para atribuição de um ou outro valor exógeno (c’est un drôle d’oiseau!).

Considerar os modelos matemáticos do clima como aptos para se tomarem decisões políticas de ordem económica é um abuso que não prestigia a ciência. Antes pelo contrário cava ainda mais a crise da ciência já atingida por todo este processo.

Bob Carter afirma que existe outro tipo de modelos mas de base empírica. Segundo ele, esses modelos têm sido consistentes com previsões como as do El Niño de 1998 e da descida ligeira das temperaturas desde então.

Afirma igualmente que vários artigos publicados recentemente, com base empírica, são unânimes ao prever uma era de arrefecimento em vez de aquecimento para o séc. XXI. Bob Carter indica quatro estudos que apontam neste sentido.

A Fig. BC1 apresenta anomalias das temperaturas médias globais observadas de 1861-2003 e projectadas de 2003-2030, relativas a um desses estudos. Salienta-se que, estas últimas, também são apenas projecções. Embora de período muito mais curto.

E se o planeta seguisse mesmo a curva traçada na Fig. BC1? Muitas cambalhotas dariam os (auto e mediaticamente designados) “especialistas de alterações climáticas”. O que será um “especialista de alterações climáticas”?

P.S. No parágrafo iniciado por "O mais curioso..." foi corrigido o erro de português "tratavam" por "tratava" detectado por um leitor atento. Agradecemos.

Fig. BC1 - Anomalias temp. méd. globais. 1861-2030. Fonte: Bob Carter.

Posted by Picasa