Probabilidades à la carte
A versão oficial em língua inglesa do Summary for Policymakers, do Grupo de Trabalho I, relativo ao Fourth Assessment Report do IPCC, de 5 de Fevereiro de 2007, publicitada nesse mês, em Paris, afirma:
«The understanding of antropogenic warming and cooling influences on climate has improved since the Third Assessment Report (TAR), leading to very high confidence that the globally average net effect of human activities since 1750 has been one of warming, with a radiative forcing of + 1,6 [+0,6 to 2,4] Wm-2.» - pág.5.
Não se traduz para não haver acusação de desvirtuamento do original. Por exemplo, a versão francesa mantém a designação inglesa dos termos aparentemente probabilísticos.
Termos como very high confidence (o destaque é do próprio IPCC) grassam por todo o Sumário. Foram rapidamente captados pelos media e lançados à opinião pública como se fossem cálculos probabilísticos sobre a influência do Homem.
Observemos como surgem estas conclusões. O IPCC começa por definir os seguintes intervalos de probabilidades com os respectivos nomes:
Virtually certain > 99 % de probabilidade de ocorrência, Extremely likely > 95 %, Very likely > 90 %, Likely > 66 %, More likely than not > 50 %, Unlekely menos de 33 %, Very unlekely menos de 10 %, Extremely unlekely menos de 5 %.
Nas célebres reuniões de «milhares de cientistas», recorrendo ao "expert judgement" (palpite dos especialistas e representantes políticos dos governos), vota-se qual é, no entender de cada um, a probabilidade a atribuir aos acontecimentos imaginados por esta elite mundial.
Em relação ao confidence, admitem-se palpites entre duas designações: Very high confidence de pelo menos 9 em 10 chances de ser correcto e High confidence de cerca de 8 em 10 chances de ser correcto.
Esta metodologia é pouco consistente num tema de transcendente importância para os decisores políticos. Ora observemos um exemplo interessantíssimo sobre os palpites dos apreciados especialistas e políticos governamentais.
Para o fenómeno definido como “Increased incidence of extreme high sea level (excludes tsunamis) ” os palpites tiveram maioritariamente as seguintes votações:
- Probabilidade da ocorrência no século XX (tipicamente depois de 1960): Likely,
- Probabilidade da contribuição humana para a tendência observada: More likely than not,
- Probabilidade da tendência futura baseada nas projecções para o século XXI com os cenários utilizados: Likely.
Mas estes palpites fazem algum sentido? Qual seria a votação se estivesse presente um dos maiores especialistas na matéria como é Nils-Axel Mörner? Ou outros do mesmo nível de conhecimentos em vez dos que lá estiveram?
Falta acrescentar que agora estes palpites, feitos durante a aprovação dos Sumários, vão ser inscritos nos Relatórios propriamente ditos! Primeiro vota-se politicamente os Sumários, depois os cientistas sujeitam-se a incluir os palpites nos seus Relatórios de índole científica! Amazing…
Um desenrolar deste tipo de reuniões deprimentes – para a ciência, em geral, e para a climatologia, em particular – pode-se ler no sítio da web Earth Negotiation Bulletin, de indiscutível credibilidade. É uma reunião do Grupo de Trabalho II, realizada entre 2-6 de Abril de 2007.
Na preparação desta nota, consultámos ex-colaboradores do IPCC para nos certificarmos desta metodologia e a resposta que obtivemos de Richard S. Courtney foi bem curiosa: "Não existe nenhum critério sério. É tudo propaganda."
«The understanding of antropogenic warming and cooling influences on climate has improved since the Third Assessment Report (TAR), leading to very high confidence that the globally average net effect of human activities since 1750 has been one of warming, with a radiative forcing of + 1,6 [+0,6 to 2,4] Wm-2.» - pág.5.
Não se traduz para não haver acusação de desvirtuamento do original. Por exemplo, a versão francesa mantém a designação inglesa dos termos aparentemente probabilísticos.
Termos como very high confidence (o destaque é do próprio IPCC) grassam por todo o Sumário. Foram rapidamente captados pelos media e lançados à opinião pública como se fossem cálculos probabilísticos sobre a influência do Homem.
Observemos como surgem estas conclusões. O IPCC começa por definir os seguintes intervalos de probabilidades com os respectivos nomes:
Virtually certain > 99 % de probabilidade de ocorrência, Extremely likely > 95 %, Very likely > 90 %, Likely > 66 %, More likely than not > 50 %, Unlekely menos de 33 %, Very unlekely menos de 10 %, Extremely unlekely menos de 5 %.
Nas célebres reuniões de «milhares de cientistas», recorrendo ao "expert judgement" (palpite dos especialistas e representantes políticos dos governos), vota-se qual é, no entender de cada um, a probabilidade a atribuir aos acontecimentos imaginados por esta elite mundial.
Em relação ao confidence, admitem-se palpites entre duas designações: Very high confidence de pelo menos 9 em 10 chances de ser correcto e High confidence de cerca de 8 em 10 chances de ser correcto.
Esta metodologia é pouco consistente num tema de transcendente importância para os decisores políticos. Ora observemos um exemplo interessantíssimo sobre os palpites dos apreciados especialistas e políticos governamentais.
Para o fenómeno definido como “Increased incidence of extreme high sea level (excludes tsunamis) ” os palpites tiveram maioritariamente as seguintes votações:
- Probabilidade da ocorrência no século XX (tipicamente depois de 1960): Likely,
- Probabilidade da contribuição humana para a tendência observada: More likely than not,
- Probabilidade da tendência futura baseada nas projecções para o século XXI com os cenários utilizados: Likely.
Mas estes palpites fazem algum sentido? Qual seria a votação se estivesse presente um dos maiores especialistas na matéria como é Nils-Axel Mörner? Ou outros do mesmo nível de conhecimentos em vez dos que lá estiveram?
Falta acrescentar que agora estes palpites, feitos durante a aprovação dos Sumários, vão ser inscritos nos Relatórios propriamente ditos! Primeiro vota-se politicamente os Sumários, depois os cientistas sujeitam-se a incluir os palpites nos seus Relatórios de índole científica! Amazing…
Um desenrolar deste tipo de reuniões deprimentes – para a ciência, em geral, e para a climatologia, em particular – pode-se ler no sítio da web Earth Negotiation Bulletin, de indiscutível credibilidade. É uma reunião do Grupo de Trabalho II, realizada entre 2-6 de Abril de 2007.
Na preparação desta nota, consultámos ex-colaboradores do IPCC para nos certificarmos desta metodologia e a resposta que obtivemos de Richard S. Courtney foi bem curiosa: "Não existe nenhum critério sério. É tudo propaganda."
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