sexta-feira, março 06, 2009

Testemunho no Congresso dos EUA

(Actualizado em 7 de Março de 2009)

O Prof. de Física da Universidade de Princeton William Happer foi convidado pelo Senado dos Estados Unidos da América para testemunhar acerca do Global Warming. Ocorreu, muito recentemente, no dia 25 de Fevereiro de 2009.

O Prof. Happer não só historiou a saga do aquecimento global como fez uma análise exaustiva do assunto que tanto preocupa uma parte da humanidade. Criticou severamente os modelos informáticos do clima e os cientistas que não respeitam a Ciência.

Não se esqueceu de Al Gore e da campanha de doutrinação da juventude americana posterior à apresentação do filme «Uma verdade inconveniente». Esta doutrinação nas escolas começa a ter alcance quase universal e, naturalmente, inclui Portugal.

James Earl Hansen foi referido pelo Prof. William Happer pela sua infeliz afirmação, no Congresso, de que os «skeptics are guilty of “high crimes against humanity and nature”», expressão imprópria de um cientista mas própria de um provocador vulgar.

O Prof. Happer apresentou-se como especialista dos processos físicos das radiações infravermelhas e visíveis – que se referem ao processo radiativo do designado efeito de estufa.

De entrada, o Prof. começou por questionar se o aquecimento proporcionado pelo dióxido de carbono é bom ou mau para a humanidade. Afirma desde logo que o aumento da concentração atmosférica de CO2 não é motivo de alarme para a espécie humana.

Não deixou de referir o facto de que o efeito de estufa do planeta é devido fundamentalmente ao vapor de água e às nuvens. Aborda depois a hipótese de o dióxido de carbono adicional poder aumentar a contribuição do vapor de água, o chamado “feedback positivo”.

Destacou, porém, que esta hipótese, contemplada nos modelos informáticos do clima, não está provada e representa apenas uma idealização dos modeladores. No entanto, é este hipotético “feedback positivo” o responsável pelos resultados elevadíssimos das temperaturas previstas até 2100, os quais são obtidos nos exercícios apresentados, nomeadamente, pelo IPCC.

O Prof. Happer afirmou que o clima sempre variou ao longo da história sem que tenha havido interferência do ser humano. Segundo ele, no Período Quente Romano que se verificou entre, aproximadamente, os anos 200 AC e 50 DC, as uvas cresceram na Grã-Bretanha durante um século.

Cerca do ano 1100, os vikings prosperaram com explorações agrícolas na Gronelândia no Período Quente Medieval, que se observou entre, aproximadamente, os anos 800 e 1300 e que se caracterizou por ser mais quente do que o actual.

Acrescentamos que D. Afonso Henriques (*) deu origem ao nascimento de uma nação nesse Período Quente Medieval. Já agora, seria aconselhável um exercício de pesquisa para apurar qual era a situação do Árctico no tempo de D. Afonso Henriques. E a do nível do mar na orla costeira do território que viria a chamar-se Portugal.

William Happer falou nos sacrifícios astecas assentes na crença primitiva de que o ser humano podia controlar o clima. Segundo o professor, por volta de 1500, os cientistas (religiosos) astecas decretaram que o debate estava terminado (curiosamente Al Gore diz o mesmo) e que era essencial 20 mil sacrifícios humanos por ano para manter o Sol em movimento, provocar a chuva e combater as alterações climáticas.

Mais tarde, os vikings tiveram de abandonar a Gronelândia no início da Pequena Idade do Gelo. Os que não quiseram abandonar a ilha vieram a perecer com frio e com falta de alimentos. O frio provoca a escassez de alimentos e o calor promove a abundância de alimentos.

Na sua alegação perante o Congresso, o professor não se esqueceu de falar no tristemente célebre episódio do “hockey stick” que lhe recordou o romance “1984” de Orwell.

Abordou a questão dos glaciares em recuo e em avanço e as manigâncias de Al Gore. No filme coroado com dois Óscares de Hollywood, Gore apresentou o mesmo glaciar em episódios climáticos distintos, um quente (com o glaciar recuado) e outro frio (com o glaciar avançado) como se o recuo tivesse sido devido ao “global warming”. Se fosse honesto, Al Gore deveria ter comparado o mesmo glaciar em situações climáticas similares, ambas frias ou ambas quentes.

O professor de Princeton criticou o sofisma de se considerar o dióxido de carbono como poluente. Salientou que o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera é favorável à agricultura, como mostram os estudos do Dr. Robert Mendelson, da Universidade de Yale.

Não deixou de chamar a atenção para o erro de se falar em consenso científico em torno das posições do IPCC, pois o que é correcto em Ciência são as experiências e as observações. O IPCC despreza as observações e as experimentações porque estas apontam em sentido contrário às suas hipóteses, com origem em modelos informáticos do clima.

Quase a terminar, W. Happer chamou a atenção para o escândalo das revistas com peer-reviewing (revisão pelos pares) que só publicam artigos que defendam a teoria do global warming, ao mesmo tempo que recusam artigos, ainda que bem fundamentados, que critiquem a mesma teoria (ver Climate Audit).

O professor terminou com uma alusão ao problema da energia que merecia uma reflexão séria mas que a confusão do global warming veio prejudicar. A sua frase “We should not confuse these laudable goals with hysterical about carbon footprints” aponta para a idiotice do conceito de “pegada ecológica” (ecological footprint) que faz as delícias dos jornalistas e dos políticos mal informados.

Deste modo, o Prof. William Happer ministrou ao Congresso uma lição de enorme sabedoria que merece ser lida com atenção. O seu depoimento completo encontra-se no post do blogue CO2 Sceptics.

Os leitores conhecem algum convidado do Parlamento português que tenha sido chamado pelos senhores deputados para ir lá explicar-lhes algo diferente da ladaínha do global warming?

Pelo contrário, o Parlamento português encontra-se completamente enfeudado à teoria do global warming, chegando a promover sessões de esclarecimento (?) em que os interventores são todos adeptos da teoria.

Aconteceu, por exemplo, na “2ª Conferência Internacional Sobre Alterações Climáticas e Segurança Energética” realizada em 1 de Julho de 2008 na Sala do Senado e promovida pela “Comissão de Poder Local, Ambiente e Ordenamento do Território”.

O que vão fazer as pessoas a este tipo de sessões? Convencer-se umas às outras daquilo de que já estão convencidas? Há eventos que, na verdade, não passam de rituais.

Mas compreende-se que o Parlamento português, ao contrário do Senado dos Estados Unidos, não esteja interessado em debater com total abertura a teoria do global warming. Em Portugal, os partidos encontram-se de tal forma condicionados pelo politicamente correcto acerca do global warming, que todos eles pensam que pôr em causa os erros e equívocos desta teoria pode fazer perder votos.
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(*) Nascido em Viseu, em 1109, segundo resultado de recentes investigações sobre o período medieval, pelo que este ano se comemoram 900 anos do seu nascimento.