A verdade inconveniente da Gronelândia
Em 6 de Junho de 2006, o Journal of Geophysical Research publicou o artigo “Extending Greenland temperature records into the late eighteenth century” em que são analisadas as temperaturas contemporâneas da Gronelândia.
Os cinco autores do artigo foram saudados pela comunidade científica pela seriedade do estudo. Dois deles pertencem à University of Copenhagen, Dinamarca, dois à University of East Anglia, Reino Unido e um ao Danish Meteorological Institute, Dinamarca.
A demonstração dos resultados deste estudo veio avalisar estudos anteriores. O artigo do Journal of Geophysical Research afirma, resumidamente, o seguinte:
- Os dois últimos decénios do séc. XX foram os mais frios (e não os mais quentes) desde 1921;
- As médias das temperaturas de 1891-1900 e de 1991-2000 apresentaram uma diferença de 0,8 ºC, isto é, um valor comparável ao indicado pelo IPCC para a temperatura média global;
- A Gronelândia comportou-se como uma das zonas do Hemisfério Norte que tiveram menor crescimento de temperaturas no final do séc. XX.
Estas conclusões estão em total desacordo com o que os media referem acerca da amplificação polar [1] e do seu efeito catastrófico sobre o Hemisfério Norte. E também se afastam dos delírios de Al Gore e da sua legião de admiradores.
O climatologista Patrick Michael sublinhou estas conclusões do estudo dos cinco cientistas sobre a Gronelândia numa nota do seu blogue World Climate Report. Por sua vez, Gavin Schmidt e Michael Mann replicaram com uma nota no blogue Real Climate.
A resposta destes últimos é muito interessante. Dizem que os modelos (Gavin e Michael apenas sabem raciocinar à base de modelos e não da realidade) prevêem aquecimento baixo no Atlântico Norte, em geral, e na costa sul da Gronelândia, em particular.
Numa passagem do post, Schmidt e Mann perguntam:
“But if the models don't show much change over the last 100 years, surely the predictions for the future indicate that this area will be hit hard?”
E prosseguem:
“Again, no. Southern Greenland turns out to have one of the slowest rates of warming of any land area in any of the scenarios (the figure is the mean over all models for the SRES A1B scenario [2]). To some extent, this is again due to the factors mentioned above, but additionally, the models predict that the North Atlantic as a whole will not warm as fast as the rest of globe.”
Isto é revelador: a Gronelândia seria a região do Hemisfério Norte que observaria menor aumento de temperatura em 2100, com valores dependentes do modelo informático do clima utilizado nos estudos do tipo astrológico ou de cartomância.
Mas não é isto o que outros alarmistas dizem nas suas prédicas. Por exemplo, o estudo Arctic Climate Impact Assessment (ACIA-2004) refere que “Climate models indicate that the local warming over Greenland is likely to be one to three times the global average.”
O estudo ACIA-2004 foi apresentado na Conference of the Parties do IPCC realizada em 2004, em Buenos Aires. Aparentemente, era moda na época prever o pior dos piores cenários alargando a amplificação polar [1] na Groenlândia.
Pena que o artigo dos cinco cientistas não tenha sido citado pelos media. Estes preferem continuar na senda das reportagens catastrofistas (vide, actualmente, a RTP2) sobre o espectro do derretimento dos mantos de gelo da Gronelândia e a simultânea subida de seis metros no nível dos oceanos.
Que pena que os líderes do Real Climate tenham avalizado o documentário de Al Gore mostrando o virtual desaparecimento da Gronelândia e a tal subida do nível do mar até meia dúzia de metros.
Quando se trata de vender propaganda, nada como uma mentira por omissão como no caso dos autores do Real Climate. Uma verdade inconveniente, sem dúvida…
___________
[1] Amplificação polar (polar amplification) é definida na pág. 23 da Arctic Climate Impact Assessment como a diferença, que se esperaria positiva, entre os acréscimos da temperatura no Árctico e da temperatura média global num mesmo intervalo de tempo.
Esta definição não se aplica ao Antárctico porque para este continente se reconhece a priori que não se descortina amplificação polar tal como é definida para o Árctico.
Mas no Árctico também não existe amplificação polar apesar de ser comum verificar que a generalidade dos modelos informáticos do clima preveja amplificações polares do Árctico até 2100.
Daí que certos autores andem sempre em cima do Árctico à procura de mosquitos na outra banda: lá está a tal amplificação polar prevista pelos modelos – dizem os mais alarmistas. Mas modelos são modelos, a realidade é a realidade.
[2] A1B é um dos múltiplos cenários considerados nas projecções do IPCC até 2100.
Os cinco autores do artigo foram saudados pela comunidade científica pela seriedade do estudo. Dois deles pertencem à University of Copenhagen, Dinamarca, dois à University of East Anglia, Reino Unido e um ao Danish Meteorological Institute, Dinamarca.
A demonstração dos resultados deste estudo veio avalisar estudos anteriores. O artigo do Journal of Geophysical Research afirma, resumidamente, o seguinte:
- Os dois últimos decénios do séc. XX foram os mais frios (e não os mais quentes) desde 1921;
- As médias das temperaturas de 1891-1900 e de 1991-2000 apresentaram uma diferença de 0,8 ºC, isto é, um valor comparável ao indicado pelo IPCC para a temperatura média global;
- A Gronelândia comportou-se como uma das zonas do Hemisfério Norte que tiveram menor crescimento de temperaturas no final do séc. XX.
Estas conclusões estão em total desacordo com o que os media referem acerca da amplificação polar [1] e do seu efeito catastrófico sobre o Hemisfério Norte. E também se afastam dos delírios de Al Gore e da sua legião de admiradores.
O climatologista Patrick Michael sublinhou estas conclusões do estudo dos cinco cientistas sobre a Gronelândia numa nota do seu blogue World Climate Report. Por sua vez, Gavin Schmidt e Michael Mann replicaram com uma nota no blogue Real Climate.
A resposta destes últimos é muito interessante. Dizem que os modelos (Gavin e Michael apenas sabem raciocinar à base de modelos e não da realidade) prevêem aquecimento baixo no Atlântico Norte, em geral, e na costa sul da Gronelândia, em particular.
Numa passagem do post, Schmidt e Mann perguntam:
“But if the models don't show much change over the last 100 years, surely the predictions for the future indicate that this area will be hit hard?”
E prosseguem:
“Again, no. Southern Greenland turns out to have one of the slowest rates of warming of any land area in any of the scenarios (the figure is the mean over all models for the SRES A1B scenario [2]). To some extent, this is again due to the factors mentioned above, but additionally, the models predict that the North Atlantic as a whole will not warm as fast as the rest of globe.”
Isto é revelador: a Gronelândia seria a região do Hemisfério Norte que observaria menor aumento de temperatura em 2100, com valores dependentes do modelo informático do clima utilizado nos estudos do tipo astrológico ou de cartomância.
Mas não é isto o que outros alarmistas dizem nas suas prédicas. Por exemplo, o estudo Arctic Climate Impact Assessment (ACIA-2004) refere que “Climate models indicate that the local warming over Greenland is likely to be one to three times the global average.”
O estudo ACIA-2004 foi apresentado na Conference of the Parties do IPCC realizada em 2004, em Buenos Aires. Aparentemente, era moda na época prever o pior dos piores cenários alargando a amplificação polar [1] na Groenlândia.
Pena que o artigo dos cinco cientistas não tenha sido citado pelos media. Estes preferem continuar na senda das reportagens catastrofistas (vide, actualmente, a RTP2) sobre o espectro do derretimento dos mantos de gelo da Gronelândia e a simultânea subida de seis metros no nível dos oceanos.
Que pena que os líderes do Real Climate tenham avalizado o documentário de Al Gore mostrando o virtual desaparecimento da Gronelândia e a tal subida do nível do mar até meia dúzia de metros.
Quando se trata de vender propaganda, nada como uma mentira por omissão como no caso dos autores do Real Climate. Uma verdade inconveniente, sem dúvida…
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[1] Amplificação polar (polar amplification) é definida na pág. 23 da Arctic Climate Impact Assessment como a diferença, que se esperaria positiva, entre os acréscimos da temperatura no Árctico e da temperatura média global num mesmo intervalo de tempo.
Esta definição não se aplica ao Antárctico porque para este continente se reconhece a priori que não se descortina amplificação polar tal como é definida para o Árctico.
Mas no Árctico também não existe amplificação polar apesar de ser comum verificar que a generalidade dos modelos informáticos do clima preveja amplificações polares do Árctico até 2100.
Daí que certos autores andem sempre em cima do Árctico à procura de mosquitos na outra banda: lá está a tal amplificação polar prevista pelos modelos – dizem os mais alarmistas. Mas modelos são modelos, a realidade é a realidade.
[2] A1B é um dos múltiplos cenários considerados nas projecções do IPCC até 2100.
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