segunda-feira, março 16, 2009

Carta aberta ao Secretário-geral das Nações Unidas

[Actualização da nota (*), em 23 de Março]

Com cópia a todos os chefes de Estado dos países a que pertencem os signatários. (*)

13 de Dezembro de 2007

A Vossa Excelência, Senhor Ban Ki-Moon

Ref: A Conferência das Nações Unidas sobre o Clima está a levar o mundo numa direcção completamente errada.

Não é possível deter as alterações climáticas, um fenómeno natural que tem vindo a afectar a humanidade através dos tempos. Os testemunhos geológicos e arqueológicos, bem como os testemunhos históricos, orais e escritos, revelam bem os desafios dramáticos que as sociedades antigas tiveram de enfrentar perante alterações imprevistas da temperatura, precipitação, vento e outras variáveis climáticas.

Em consequência, devemos preparar as nações para resistir a todos estes fenómenos naturais promovendo o crescimento económico e a criação de riqueza. O Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (IPCC) tem vindo a publicar conclusões cada vez mais alarmistas sobre a influência climática do dióxido de carbono (CO2) de origem antropogénica, não obstante o CO2 ser um gás não poluente, essencial à fotossíntese das plantas.

Embora se possa compreender as razões que levaram a considerar prejudiciais as emissões de CO2, as conclusões do IPCC são absolutamente desajustadas como justificação para a implementação de políticas que vão reduzir significativamente a prosperidade futura. Em especial, não está demonstrado que seja possível modificar significativamente o clima global mediante redução das emissões antropogénicas de gases com efeito de estufa.

Acima de tudo, na medida em que as tentativas de travar as emissões têm como consequência um retardar do desenvolvimento, a abordagem actual da ONU acerca da redução do CO2 é susceptível de agravar o sofrimento humano devido a futuras alterações climáticas, em vez de o reduzir.

Os Sumários do IPCC para Decisores Políticos são os documentos mais amplamente consultados por políticos e por não cientistas, estando na base da maior parte das decisões políticas sobre as alterações climáticas. Contudo, estes sumários são preparados por um núcleo relativamente restrito de redactores e a sua versão final é aprovada, linha a linha, por representantes dos governos.

A grande maioria dos colaboradores e recensores do IPCC e as dezenas de milhares de outros cientistas que estão qualificados para emitir pareceres sobre estas matérias não são tidos nem achados na preparação destes documentos. Os sumários do IPCC não podem, portanto, ser apresentados como um ponto de vista consensual entre os especialistas.

E, contrariamente à ideia divulgada pelos Sumários do IPCC:

• As recentes observações de fenómenos como a retracção dos glaciares, a subida do nível do mar e a migração de espécies sensíveis à temperatura, não constituem prova de uma alteração climática anormal, porque não ficou demonstrado que alguma dessas alterações se encontre para além dos limites da variabilidade natural conhecida.

• O ritmo médio de aquecimento, entre 0,1 ºC e 0,2 ºC por década, registado pelos satélites durante o séc. XX, está dentro dos limites conhecidos das taxas de aquecimento e de arrefecimento observadas nos últimos 10 mil anos.

• Cientistas de primeiro plano, incluindo alguns dos representantes séniores do IPCC, reconhecem que os modelos informáticos actuais não podem prever o clima. Em conformidade, apesar das projecções dos computadores que apontam para um aumento das temperaturas, não se tem observado um saldo global de aquecimento desde 1998.

O actual patamar de temperatura, que sucede a um período de aquecimento no final do séc. XX, enquadra-se no prosseguimento, através dos nossos dias, de um ciclo climático natural, multidecenal ou milenar.

Em total oposição à afirmação, frequentemente repetida, de que a ciência das alterações climáticas está “assente”, um conjunto de novas e significativas investigações, recenseadas pelos pares, tem vindo a lançar cada vez mais dúvidas sobre a hipótese de um aquecimento perigoso de origem antropogénica. Mas como os grupos de trabalho do IPCC foram instruídos no sentido de terem em conta apenas os trabalhos publicados até Maio de 2005, importantes conclusões posteriores não são incluídas nos seus relatórios, ou seja, os relatórios de avaliação do IPCC são baseados em resultados obsoletos.

A conferência das Nações Unidas em Bali, sobre o clima, foi planeada de forma a conduzir o Mundo por um caminho de severas limitações ao CO2, ignorando as lições evidentes dadas pelo malogro do Protocolo de Quioto, pela natureza caótica do mercado europeu de direitos de emissão de CO2 e pela ineficácia de outras dispendiosas iniciativas destinadas a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.

Análises isentas, de custo-benefício, não legitimam a introdução de medidas globais destinadas a limitar e a reduzir o consumo de energia com o intuito de restringir as emissões de CO2. Além disso, é irracional aplicar o “princípio da precaução” porque numerosos cientistas reconhecem que tanto o arrefecimento, como o aquecimento, são hipóteses climáticas realistas num futuro a médio prazo.

O esforço actual da ONU no sentido de “combater as alterações climáticas”, tal como foi apresentado no Relatório sobre o Desenvolvimento Humano, de 27 de Novembro de 2007, de acordo com o Programa de Desenvolvimento da ONU, desvia a atenção dos governos da necessidade de adaptação à ameaça colocada pelas alterações climáticas naturais e inevitáveis, seja qual for a forma que possam vir a assumir.

Perante tais perspectivas, torna-se necessário um planeamento nacional e internacional, que auxilie prioritariamente os cidadãos mais vulneráveis a adaptar-se às condições futuras. As tentativas para evitar a ocorrência de alterações climáticas globais são, em última análise, fúteis e constituem uma trágica má aplicação de recursos, os quais seriam bem melhor utilizados na resolução dos verdadeiros e mais prementes problemas da humanidade.

Signatários (100 assinaturas)
____________

(*) Fonte: A Ficção Científica de Al Gore. Esta carta aberta – que subscrevemos – foi escrita por um grupo de 100 cientistas com currículo internacionalmente reconhecido. Enviaram-na ao Secretário Geral das Nações Unidas por ocasião da Conferência de Bali, em Dezembro de 2007.