Trocas meridionais (4.2)
Marcel Leroux (Estocolmo, 11-12 Set. 2006, trad. Rui G. Moura)
(continuação)
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4.2 – Depressões associadas aos AMP
Os AMP, motores da circulação atmosférica, são também os principais actores do estado do tempo nas latitudes médias e mais elevadas. Enquanto eles mantêm a vantagem da densidade do ar, os AMP varrem à sua volta ou obrigam a passar por cima deles os outros fluxos que aparecem no seu caminho.
Deste modo, é criado um défice da pressão resultante em torno do AMP. Este fica cercado por um corredor de baixas pressões. Dentro do corredor, uma circulação ciclónica desvia o ar quente em direcção ao pólo de origem do AMP.
A circulação ciclónica, retida temporariamente no bordo principal do AMP, pode ultrapassá-lo de forma turbilhonar e desenvolver-se autonomamente. Dirige-se para norte do AMP (no Hemisfério Norte) formando uma depressão fechada (ciclone) que pode, agora, aprofundar-se livremente.
A profundidade desta Depressão depende sobretudo do volume, da velocidade e do conteúdo energético do ar desviado vindo do Sul (HN), na sua maior parte, pela potência do AMP que dirigiu esta circulação para o Pólo Norte. A Fig. ML18 esquematiza estas ligações em diferentes escalas. Assim,
Na escala sinóptica (Fig. ML18a):
- Quando o AMP é fraco, a Depressão é menos cavada e menos distante do seu AMP associado (por exemplo, durante o Verão, num período quente / modo lento de circulação);
- Mas um forte AMP provoca uma intensificação da transferência de ar, o afundamento da Depressão e ao mesmo tempo o afastamento dela em relação ao movimento do AMP (por exemplo, durante o Inverno, num período frio / modo rápido de circulação).
Na escala estatística, que é a dos valores médios usada em climatologia (Fig. ML18b):
- Um valor baixo da pressão média numa AA corresponde a uma depressão superficial média;
- Um valor alto da pressão média, mais extensivo e desviado para Sul, significa que a Depressão média associada é muito cavada e extensiva. Noutras palavras, um designado «Anticiclone dos Açores» forte corresponde a uma «Depressão da Islândia» cavada e expandida.
Na unidade América – Atlântico – Europa Ocidental, as áreas principais de geração de Depressões (chamada de «ciclones noruegueses») são o Mar do Labrador e o sudeste da Gronelândia (Fig. ML19). As Depressões são mais frequentes e mais rápidas durante o Inverno e o Outono.
As relações principais que se estabelecem entre Anticiclones e Depressões, nesta unidade aerológica e nas escalas anuais e sazonais, são:
- A maioria das pressões dos AMP é elevada e a maioria das Depressões é profunda. Como consequência, um AMP forte é rodeado por Depressões profundas e provoca tempo violento;
- Quando os AMP têm trajectórias para Sul e atingem baixas latitudes as Depressões atingem latitudes mais a Norte. O ar quente vem então de latitudes subtropicais, mesmo tropicais, e consequentemente é transferida mais energia do Sul para Norte. No Inverno o potencial precipitável local é mais rico, e nessa altura as transferências de energia do Sul são mais intensas;
- A Aglutinação de Anticiclones dos AMP (como o «Anticiclone dos Açores») tem uma posição mais a Sul no Inverno e é mais expandida, mas é mais posicionada a Norte e relativamente menos expandida no Verão.
(continua)
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NT- Acabámos de conhecer a explicação das chuvadas que se verificaram em Portugal por altura da transição do Outono 2006 – Inverno de 2007. Do mesmo modo, a maior parte dos episódios de cheias, algures, têm a sua explicação no texto 4.2.
(continuação)
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4.2 – Depressões associadas aos AMP
Os AMP, motores da circulação atmosférica, são também os principais actores do estado do tempo nas latitudes médias e mais elevadas. Enquanto eles mantêm a vantagem da densidade do ar, os AMP varrem à sua volta ou obrigam a passar por cima deles os outros fluxos que aparecem no seu caminho.
Deste modo, é criado um défice da pressão resultante em torno do AMP. Este fica cercado por um corredor de baixas pressões. Dentro do corredor, uma circulação ciclónica desvia o ar quente em direcção ao pólo de origem do AMP.
A circulação ciclónica, retida temporariamente no bordo principal do AMP, pode ultrapassá-lo de forma turbilhonar e desenvolver-se autonomamente. Dirige-se para norte do AMP (no Hemisfério Norte) formando uma depressão fechada (ciclone) que pode, agora, aprofundar-se livremente.
A profundidade desta Depressão depende sobretudo do volume, da velocidade e do conteúdo energético do ar desviado vindo do Sul (HN), na sua maior parte, pela potência do AMP que dirigiu esta circulação para o Pólo Norte. A Fig. ML18 esquematiza estas ligações em diferentes escalas. Assim,
Na escala sinóptica (Fig. ML18a):
- Quando o AMP é fraco, a Depressão é menos cavada e menos distante do seu AMP associado (por exemplo, durante o Verão, num período quente / modo lento de circulação);
- Mas um forte AMP provoca uma intensificação da transferência de ar, o afundamento da Depressão e ao mesmo tempo o afastamento dela em relação ao movimento do AMP (por exemplo, durante o Inverno, num período frio / modo rápido de circulação).
Na escala estatística, que é a dos valores médios usada em climatologia (Fig. ML18b):
- Um valor baixo da pressão média numa AA corresponde a uma depressão superficial média;
- Um valor alto da pressão média, mais extensivo e desviado para Sul, significa que a Depressão média associada é muito cavada e extensiva. Noutras palavras, um designado «Anticiclone dos Açores» forte corresponde a uma «Depressão da Islândia» cavada e expandida.
Na unidade América – Atlântico – Europa Ocidental, as áreas principais de geração de Depressões (chamada de «ciclones noruegueses») são o Mar do Labrador e o sudeste da Gronelândia (Fig. ML19). As Depressões são mais frequentes e mais rápidas durante o Inverno e o Outono.
As relações principais que se estabelecem entre Anticiclones e Depressões, nesta unidade aerológica e nas escalas anuais e sazonais, são:
- A maioria das pressões dos AMP é elevada e a maioria das Depressões é profunda. Como consequência, um AMP forte é rodeado por Depressões profundas e provoca tempo violento;
- Quando os AMP têm trajectórias para Sul e atingem baixas latitudes as Depressões atingem latitudes mais a Norte. O ar quente vem então de latitudes subtropicais, mesmo tropicais, e consequentemente é transferida mais energia do Sul para Norte. No Inverno o potencial precipitável local é mais rico, e nessa altura as transferências de energia do Sul são mais intensas;
- A Aglutinação de Anticiclones dos AMP (como o «Anticiclone dos Açores») tem uma posição mais a Sul no Inverno e é mais expandida, mas é mais posicionada a Norte e relativamente menos expandida no Verão.
(continua)
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NT- Acabámos de conhecer a explicação das chuvadas que se verificaram em Portugal por altura da transição do Outono 2006 – Inverno de 2007. Do mesmo modo, a maior parte dos episódios de cheias, algures, têm a sua explicação no texto 4.2.
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