Um cientista tranquilo
A sua comunicação «Climate data disagree with climate models», apresentada em Estocolmo, passou em revista, sempre com um sorriso nos lábios, todas as trapalhadas que se ouvem e que se lêem acerca do «global warming». De todas as proveniências.
Fred Singer é um poliglota que entende o português. Recentemente foi contactado por um jornalista de um diário luso dito de referência (no domínio do «global warming» a referência não é boa).
O jornalista, que não respeita o entrevistado, insinuou que Fred Singer estaria a soldo da ExxonMobile. É uma acusação vulgar de gente de espírito mesquinho que desce a este nível. Como têm insuficiência de argumentos entram no campo da difamação.
Fred está reformado e tem uma boa reforma. Não precisa de ser corrompido para manifestar as suas opiniões. Pois até respeita as opiniões dos outros mesmo não estando de acordo com elas.
O entrevistador enviou ao Fred uma cópia do artigo. Talvez convencido que este não era capaz de perceber as insinuações em português de um artigo intitulado «Eles não acreditam que o aquecimento global seja culpa do homem».
Assim mesmo. Já não se trata de ciência. O jornalista escreve como se fosse um membro de uma «seita religiosa» americana que dissesse: ‘quem não acredita naquilo que nós dizemos é céptico’.
O Fred compreendeu a blasfémia e disse-nos: “Deixe lá, ainda há jornalistas piores do que ele…” Acrescentou ainda: “I received one small ($10,000) UNSOLICITED grant from Exxon during our 16 years of operation -- So what?”
De modo a poder manifestar livremente a sua opinião, Fred Singer fundou a Science and Environmental Policy Project (SEPP). É uma “think thank” de temas climáticos e ambientais.
Nos EUA, a sua opinião é ouvida tanto no Senado, como na Câmara dos Representantes. E pelos governos, sejam dos Republicanos sejam dos Democratas. É uma voz respeitada. Menos pelos pigmeus científicos.
Este cientista americano considera que as variações climáticas são um fenómeno natural. O clima está sempre a mudar. O facto de o clima estar a mudar não é em si mesmo uma ameaça. Os seres humanos sempre souberam adaptar-se a estas situações.
Na apresentação da comunicação seguiu o esquema de uma outra entrevista. Afirmou que as observações mostram que o clima aqueceu entre 1900 e 1940 quando a humanidade ainda não utilizava grandes quantidades de energia.
Mas depois arrefeceu entre 1940 e 1975. Seguidamente, voltou a aquecer durante um curto intervalo de tempo de 5 anos. Mas desde 1998, as melhores medidas mostram que o clima voltou a arrefecer.
Relativamente às observações dos termómetros que indicam uma subida contínua Fred chama a atenção para o facto de a maioria deles estar localizada dentro ou próximo das cidades. As cidades expandiram-se e tornaram-se mais quentes. É o efeito das ilhas de calor.
Ele prefere raciocinar de acordo com as observações dos satélites. Segundo Singer, os modelos nunca foram validados pelas observações destes. Não se trata de comparar valores entre si, de termómetros e de satélites.
Os modelos indicam claramente que a temperatura da troposfera devia estar a aumentar significativamente, tanto no Hemisfério Norte como no Sul. Mas não é isso o que as observações dos satélites mostram.
Nos Trópicos, a temperatura média anual da baixa troposfera (até 3000 metros de altitude) é em 2006 praticamente a mesma que era em 1990. Na baixa troposfera do HN e do HS os satélites mostram, desde 1998 até hoje, uma descida de temperaturas (vide Fig. 66 e 67).
O Antárctico está a arrefecer como mostram claramente as observações dos satélites (vide Fig. 70). Os modelos dizem que devia estar a aquecer. Como é que, então, se pode confiar nos resultados dos modelos para daqui a cem anos quando nem sequer acertam em tão poucos anos?
James Hansen é um dos líderes da modelação climática. Há dez anos disse que o efeito de estufa antropogénico estava demonstrado. Actualmente diz que já não se pode afirmar isto com tanta certeza.
Hansen introduziu o conceito de “forçamento radiativo”. Diz agora que o cálculo dos valores dos forçamentos é cada vez mais incerto. Enquanto não houver garantia nestes valores, os resultados dos modelos têm menos significado. James Hansen dixit…
Como físico especialista da circulação atmosférica, Fred salienta que mais importante do que os forçamentos são os feedbacks. Estes resultam da resposta a qualquer desequilíbrio radiativo.
Mas os feedbacks não estão contemplados nos modelos porque são desconhecidos os mecanismos respectivos. Deste modo, está por fazer a investigação da física da atmosfera para se encontrar como se comportam os feedbacks.
Outro campo importante de investigação diz respeito aos aerossóis. Embora tenham uma vida curta no seio da atmosfera, desconhece-se a sua importância relativamente ao dióxido de carbono que tem uma vida mais longa.
Tanto as observações da superfície terrestre como da atmosfera concordam que nos últimos vinte anos o Hemisfério Norte conheceu um aquecimento superior ao Sul. Isto contradiz o facto de que os aerossóis são muito importantes.
Os aerossóis, produzidos pelas actividades industriais do Norte, têm servido de desculpa aos modeladores quando as observações desmentem os modelos. Mas o facto de ser no Norte, em que eles são produzidos, que se detecta maior aquecimento contradiz o efeito de arrefecimento dos aerossóis.
Correcções:- Leitor sempre muito atento caçou 3 gralhas já corrigidas - warmers, Environmental, feedbacks. Nunca são de mais os agradecimentos por esta caça às gralhas.