terça-feira, dezembro 19, 2006

Falha do vento

Há vários dias que o vento amainou em Portugal. A estabilidade anticiclónica devida a mais uma forte aglutinação de anticiclones móveis polares seguiu-se a um período de depressões que atravessaram o País jorrando água a cântaros.

A falta de vento fez parar aerogeradores. Como em Portugal não existem estatísticas convenientes, socorremo-nos das dos nossos vizinhos. A estabilidade anticiclónica estende-se à Península Ibérica e até à Europa ocidental.

O gráfico da produção da Red Eléctrica de España fornece o diagrama de cargas instantâneas das potências total e eólica, em particular. No dia 15 de Dezembro de 2006 pararam 10 mil aerogeradores da rede eléctrica espanhola.

Já no dia 19 de Junho de 2006 acontecera uma situação de estabilidade anticiclónica semelhante. Quando as eólicas param têm de ser substituídas por centrais convencionais que estão normalmente paradas.

As centrais que vão arrancar quando param as eólicas têm custo marginal de produção mais elevado. São termoeléctricas de reserva que queimam combustíveis fósseis.

É uma ironia do destino que sejam o petróleo e o carvão a cobrir as falhas das eólicas. O mais grave desta situação é que as estabilidades anticiclónicas acontecem durante os picos de Verão e de Inverno quando as pontas do diagrama de cargas são maiores (climatização necessária para fazer face ao calor e ao frio).

Com esta descrição não se pretende desconsiderar a produção eólica. Contrariamente ao argumento falacioso da sua importância por causa do clima (este é absolutamente insensível à existência ou não de todas as eólicas do mundo inteiro), as eólicas cumprem uma missão interessante.

A sua importância está na contribuição, ainda que pequena, para diminuir a dependência energética do exterior, nomeadamente dos produtos petrolíferos. Essa importância vai aumentar no mundo pós-pico petrolífero que a Agência Internacional de Energia já admite. O petróleo vai rarear no futuro próximo.

Já em Novembro de 2006 formaram-se, em Portugal, aglutinações de AMP com consequente estabilidade anticiclónica. A contra-radiação terrestre aqueceu, de baixo para cima, o ar (que veio do Pólo Norte). Este ar tem maior condutibilidade térmica devido à maior pressão atmosférica.

O ar anticiclónico não permitiu a entrada de ar fresco do Atlântico. Do mesmo modo, as depressões associadas aos AMP, que romperam aquelas aglutinações, provocaram a chuva que caiu nesse mês (voltaremos mais tarde a esta explicação).

A tranquilidade (para usar uma palavra da moda) anticiclónica é antinómica do «global warming». Refuta a pseudo-teoria do efeito de estufa antropogénico. Se este realmente existisse, a pressão atmosférica baixaria e o vento aumentaria de intensidade!

As autoridades andam entretidas com a “langue de bois” do desenvolvimento sustentável. Caso contrário, no planeamento, o crescimento da produção eólica deveria ser acompanhado da construção da reserva parada para os períodos de estabilidade anticiclónica.

Os períodos de estabilidade anticiclónica vão acentuar-se no futuro. Não foi só no Verão de 2003 que originaram óbitos incorrectamente atribuídos ao efeito de estufa antropogénico.

Quem acusa os gases com efeito de estufa (antropogénicos ou naturais) de terem sido os responsáveis por essas mortes de 2003 não tem consciência do seu afastamento da realidade em que se coloca.

É o caso de membros da Comissão Nacional para as Alterações Climáticas que deviam ter mais cuidado naquilo que afirmam, publicamente, sem prova.

Em períodos de estabilidade anticiclónica o que determina a temperatura é a contra-radiação terrestre. Não é a contra-radiação celeste. Esta até se atenua com o tempo seco!