sexta-feira, abril 30, 2010

Portugal na linha da frente ...??

Por Jorge Pacheco de Oliveira

É frequente ouvirmos o Sr. Primeiro Ministro dizer que Portugal está na linha da frente das energias renováveis, com especial incidência na energia eólica. E se ainda não está, brevemente há-de estar, pois um tão importante desiderato consta do próprio Programa do XVIII Governo, páginas 20 a 22.

Ora, toda a gente sabe que de boas intenções está o Inferno cheio. Sucede que um recente estudo financiado pela União Europeia, o Projecto Wind Barriers, acaba de dar uma notícia verdadeiramente mazinha ao nosso Primeiro Ministro, ao revelar os prazos que são necessários nos diferentes países da UE para ser emitida uma licença de instalação de um parque eólico.

Imagine-se em que posição se encontra Portugal. Exactamente na última ! Arriscando um “Coitado é a tua tia pá!” não é possível evitar dizer : coitado do Sr. Primeiro Ministro. No que respeita à emissão de licenças, a linha da frente é, afinal, a linha de trás.

Mas não surpreende que o licenciamento seja a pedra de toque dos projectos eólicos em Portugal, uma vez que, no nosso país, o licenciamento, se não é o maior, é um dos maiores obstáculos para se fazer seja o que for.

Claro que em Portugal é tudo gente séria e esta situação pode decorrer apenas de uma lamentável distracção das entidades envolvidas, mas nunca é demais recordar que o mais velho “negócio” do mundo consiste em levantar dificuldades para vender facilidades. Homem prevenido...

O relatório completo será publicado no próximo mês de Julho, mas entretanto pode ser lido um breve resumo da má notícia trazida pelo Projecto Wind Barriers no site da Modern Power Systems.

Em todo o caso, aqui fica a transcrição do original, com o elucidativo título:

Portugal bottom of wind consent league

It takes on average 42 months to get a building consent for a wind farm in the EU, with Italy, Belgium and the UK among the quickest countries and Spain and Portugal among the slowest. These findings have been disclosed by the EU-funded project, Wind Barriers, c-oordinated by the European Wind Energy Association (EWEA).

The time needed for onshore wind farm planning applications ranges across the EU from less than 10 months to well over 50. The reasons for this enormous gap vary, but include the high number of authorities to liaise with, and the lack of clear administrative guidelines for developers.

Top of the table is Finland, with just over eight months needed to get permission to build a wind farm, followed by Austria (10 months), Romania (15 months), and Italy (18 months). The country where the patience of a wind developer is most challenged is Portugal, where over 58 months are needed on average to get permits. Also at the bottom of the list are: Spain (57 months), Greece (50 months) and Poland (43 months).

The Wind Barriers project also investigated the number of authorities that need to be contacted in each country in order to obtain permission to build onshore. Denmark has the fewest authorities to contact, just five, whereas Greece has the most authorities to contact, with 41.

But there is not a direct correlation between the length of time it takes to get permission and the number of authorities that need to be contacted. Spain, for example, is one of the countries with the least number authorities that need to be contacted (only nine), but is one of the slowest, taking an average of over 57 months to get permission to build a wind farm.

“If Europe is serious about reaching 20% renewables by 2020 some member states need to streamline their consent procedures for wind farms,” Justin Wilkes, EWEA Policy Director, said. “There are a number of actions all Member States could take: creating a one stop shop approach for contacting the different authorities, writing clear guidelines for developers, and introducing better and streamlined spatial planning procedures. Implementation of the Renewable Energy Directive provides a real opportunity for targeted action in certain EU countries,” he said.

The experience in the offshore sector is, so far, more positive. The average time to get the green light is 18 months, much lower than onshore. “A number of countries with offshore wind farms have developed an efficient decision making process for this sector, thereby reducing the complexity for offshore wind developers,” concluded Wilkes.

Wind Barriers has do far revealed only part of its findings, which will be published in a full report with all data on administrative and grid connection procedures in developing wind farms in July 2010.

quarta-feira, abril 28, 2010

Conferência “climática” na Bolívia

Por Jorge Pacheco de Oliveira

É um dado adquirido, felizmente, que o escândalo do Climategate veio lançar um enorme descrédito sobre as organizações e individualidades que se dedicavam a aterrorizar as populações com o alarmismo climático. Embora essas organizações e individualidades não desistam dos seus propósitos, já pouca gente lhes presta grande atenção.

Foi assim que passou praticamente despercebida a Conferencia Mundial de los Pueblos sobre el Cambio Climático y los Derechos de la Madre Tierra, realizada em Cochabamba, na Bolívia, entre 19 e 22 de Abril de 2010, cujas conclusões finais, sob a designação de Acuerdo de los Pueblos, se podem ler aquí.

Como seria de esperar, acerca do clima e das alterações climáticas foram feitas as afirmações delirantes habituais e, para além das abundantes acusações ao capitalismo, certamente potenciadas por obra e graça do anfitrião da Conferência, ficou lavrado no Acuerdo o importante aviso de que, “ao ritmo actual de sobre-exploração da nossa Mãe Terra, seriam necessários dois planetas em 2030”.

De facto, tendo começado por ameaçar o planeta com catástrofes climáticas para o longínquo ano de 2100, os alarmistas, perante a indiferença das populações, cada vez menos dispostas a financiar-lhes as actividades, não têm outro remédio senão avisar que as alterações climáticas estão a verificar-se a um ritmo cada vez maior e que a data do holocausto está cada vez mais próxima. Claro que, prudentemente, ficam-se por 2030, não vá estarem ainda vivos e em funções para serem confrontados com o malogro dos seus negros presságios.

Quem dedicou algumas linhas a esta Conferência foi o articulista Alberto Gonçalves num artigo publicado no Diário de Notícias de 25/04/2010, intitulado “Dos transgénicos aos transgénero”, no qual, com a sua já conhecida e inspirada veia irónica, nos deixa uma apreciação que vale a pena ler. Com a devida vénia ao autor, aqui fica na íntegra o seu artigo:

Há azares assim. Após os e-mails desviados a luminárias do ramo e a revelação de outros pequenos e desagradáveis escândalos, a reputação científica do "aquecimento global" terminou 2009 um bocadinho abalada. Não foi só a Cimeira de Copenhaga, destinada a condenar definitivamente o homem pelas alterações climáticas, que resultou em fracasso e numa pequena vergonha.

Na agenda noticiosa e, sobretudo, na cabeça das pessoas, o assunto perdeu a aura institucional e "incontestável" que o rodeava. Aos poucos, o assunto viu-se removido das conversas que se queriam sérias e, à semelhança da boa teoria conspirativa que no fundo nunca deixou de ser, começou a cair na retórica das "franjas".

Porém, nem o céptico mais empedernido esperava que caísse tanto e tão rapidamente. Ou seja, que caísse na Bolívia, onde por estes dias se realizou a Conferência Mundial dos Povos sobre as Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra.

Se a designação do evento já esclarece muito, esclarece ainda mais saber que a cidade anfitriã do evento, Tiquipaya, recebeu "representantes de comunidades indígenas", "movimentos sociais", "cientistas" e "membros de organizações não-governamentais".

Também se anunciou a presença de climatólogos afamados como o actor Danny Glover e o realizador James Cameron, embora eu não conseguisse confirmá-la. Confirmados estiveram chefes de Estado do calibre do venezuelano Hugo Chávez, do equatoriano Rafael Correa, do nicaraguense Daniel Ortega e do paraguaio Fernando Lugo. Além de Evo Morales, naturalmente.

Logo no discurso inaugural, o presidente boliviano explicou o que se deseja explicado num debate sério sobre o clima: a culpa é do capitalismo e do Ocidente. Depois o sr. Morales desatou a explicar rigorosamente tudo.

Os frangos de aviário são engordados com hormonas femininas e provocam o desenvolvimento prematuro do busto das meninas que os consomem e, nos meninos, a calvície ("Daqui a 50 anos todos os europeus serão calvos.") e a homossexualidade ("Os que comem esses frangos sofrem desvios no seu ser enquanto homens.").

As batatas holandesas (?), grandes e belas, transportam hormonas de peixe (?) na casca. A Coca-Cola, que não podia faltar, possui um produto químico não identificado que afecta a saúde e apenas serve para desentupir canalizações. Os medicamentos ocidentais "curam uma doença e provocam duas". Etc.

Vale lembrar que na Conferência da Mãe Terra passou igualmente o professor doutor de Coimbra (meu Deus!) Boaventura Sousa Santos, o qual aproveitou para garantir que a liderança do sr. Morales fomenta "a coexistência harmoniosa entre as pessoas".

É capaz. Mas eu pagava para saber que porcarias engolem os sujeitos que deram uma cátedra universitária a tal sumidade. Quanto à sumidade, é certamente aficionada de frangos transgénicos. A julgar pela escassez capilar e só pela escassez capilar.

segunda-feira, abril 26, 2010

Sistema Argo

No post anterior, a propósito da temperatura dos oceanos, foi referido o sistema Argo. Pretende-se agora dar alguma informação acerca deste sistema engenhoso que fornece informação valiosa sobre a temperatura da camada superior dos oceanos.

O sistema Argo mede as temperaturas de uma camada dos oceanos com uma espessura de 2000 metros. Na Fig. 200 visualiza-se o funcionamento deste sistema.

É constituído, actualmente, por 3255 sensores que podem flutuar à superfície ou mergulhar até profundidades de até 2000 metros onde são arrastados pelas correntes marítimas. O objectivo principal é o da medição da temperatura e do grau de salinidade.

Os sensores Argo armazenam informação durante os mergulhos e durante as ascensões que realizam à velocidade de 10 cm/s. Demoram cerca de 6 horas na descida e outras 6 horas na subida.

Quando chegam à superfície, onde permanecem entre 6 a 12 horas, os sensores transmitem a informação armazenada. A retransmissão realiza-se com o auxílio de satélites que enviam a informação para os centros de recolha e tratamento de dados.

Os sensores têm dado a indicação de que a temperatura dos oceanos não tem aumentado, ou têm mesmo diminuído ligeiramente, desde 2003. Estes resultados têm surpreendido os investigadores envolvidos neste projecto.

Por exemplo, em 19 de Março de 2008, um comunicado oficial da National Public RadioNPR com o sugestivo título “The Mystery of Global Warming's Missing Heat”, afirma o seguinte:

Some 3,000 scientific robots that are plying the ocean have sent home a puzzling message. These diving instruments suggest that the oceans have not warmed up at all over the past four or five years. That could mean global warming has taken a breather. Or it could mean scientists aren't quite understanding what their robots are telling them.

This is puzzling in part because here on the surface of the Earth, the years since 2003 have been some of the hottest on record. But Josh Willis at NASA's Jet Propulsion Laboratory says the oceans are what really matter when it comes to global warming.

In fact, 80 percent to 90 percent of global warming involves heating up ocean waters. They hold much more heat than the atmosphere can. So Willis has been studying the ocean with a fleet of robotic instruments called the Argo system. The buoys can dive 3,000 feet down and measure ocean temperature. Since the system was fully deployed in 2003, it has recorded no warming of the global oceans
.

Muitos investigadores, como Josh Willis, afirmam que a temperatura da camada superficial dos oceanos é bastante mais significativa do que a temperatura terrestre ou atmosférica.

De facto, o conteúdo térmico dos oceanos representa quase 90 % do total. Representa cerca de 1000 vezes o da atmosfera. Além disso, a temperatura dos oceanos não está sujeita a correcções, como as medições da temperatura terrestre, devidas às ilhas de calor urbano.

Fig. 200 - Sistema Argo. Fonte: Argo.

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sexta-feira, abril 23, 2010

Trenberth não sabe explicar o que está a acontecer

O Prof. Engº Rogério Maestri, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chamou a atenção do MC para um curioso artigo publicado na revista Science de 16 de Abril de 2010. O autor principal desse artigo é o conhecido cientista Kevin Trenberth.

Trenberth não é um cientista qualquer. Foi o autor do imaginativo esquema do balanço radiativo da Terra. Esquema este que está implícita ou explicitamente considerado nos modelos informáticos do clima que profetizam temperaturas diabólicas para 2100.

Kevin já manifestara incredulidade (confissão feita a Phil Jones apanhada nos e-mails do Climategate) pelo facto de a evolução da temperatura média global não estar a seguir o que os modelos anunciam e o IPCC reproduz sem pestanejar.

Foram pelo menos quinze anos (1979-1994) sem aumento das anomalias daquele índice, o que então pasmou Trenberth. Naquele período, o índice manteve-se estável apesar de a concentração anual do CO2 ter aumentado monotonamente.

Agora, Kevin, vem mostrar incredulidade pelo facto de as temperaturas dos oceanos não obedecerem ao catastrofismo previsto pelos modeladores, à frente dos quais está James Earl Hansen, conhecido pai do hipotético global warming.

Trenberth deu uma conferência de imprensa (muito gosta esta gente de aparecer nos media) a anunciar esta espantosa conclusão que tanto o admirou. Eis o que disse o Prof. Engº Maestri na mensagem enviada ao MC a propósito desta conferência:

Trenberth está muito preocupado pois o projeto ARGO está mostrando que o oceano não está esquentando e ele não sabe para onde está indo a quantidade de calor que os amigos do AGW dizem existir.

É interessante verificar que em vez de confiar nos três mil sensores marinhos ele não sabe para onde a energia está se escondendo. Fantástico, se os dados das observações vão contra a tese, é a observação que está errada!

Este caso pode ser seguido na nota publicada pela UCARUniversity Corporation for Atmsopheric Research. A partir desta nota pode-se ver um curto vídeo da conferência de Kevin Trenberth.

Quando será que estes cientistas se apercebem que a climatologia imaginativa deles não corresponde à realidade? Os modeladores enredaram-se em contradições imaginativas e agora não percebem o que está realmente a acontecer…

quarta-feira, abril 21, 2010

O «aquecimento global» face à vaga de frio (3)

[Tradução da nota de 18 de Janeiro de 2010 publicada por Benoît Rittaud]

(continuação e finalização)

Bom, diremos de novo: a credibilidade de uma teoria científica não se julga desta maneira. Só contam os artigos científicos devidamente publicados nas revistas da especialidade.

Visto que o tempo não é o clima, não devia aparecer em nenhum lado, nessas revistas especializadas, a associação feita entre a canícula de 2003 e o «aquecimento global de origem humana», não é verdade?

E no entanto … não. A «muito séria revista Nature» (segundo a expressão consagrada) publicou, em Dezembro de 2004 um artigo de Peter Stott et al. (*) cuja tradução do título é: “Contribuição humana na vaga de calor de 2003 na Europa”.

Eis alguns fragmentos escolhidos [desse artigo]:

O Verão de 2003 foi provavelmente o mais quente na Europa pelo menos desde o ano 1500 (…). É uma questão mal colocada perguntar se a onda de calor de 2003 foi causada, num sentido determinista simples, por uma modificação das influências externas sobre o clima – por exemplo, o aumento da concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera – porque quase não importa qual acontecimento meteorológico deste tipo poderia ter ocorrido por acidente num clima não alterado. No entanto, é possível estimar quanto as actividades humanas têm aumentado o risco de que uma tal vaga de calor se produzisse.

Utilizando como limite a temperatura média estival que foi ultrapassada em 2003, (…) estimamos muito provável (acima de 90 %) que a influência humana pelo menos duplicou o risco das ondas de calor (…)

Concluímos deste estudo sobre as médias decenais das temperaturas estivais que é muito provável que o forçamento antropogénico é responsável por uma fracção significativa do aquecimento observado no Verão europeu.

É possível que tenhamos subestimado a fracção de risco atribuível [às actividades humanas] a uma onda de calor em 2003…

Eis então uma bela convergência científica entre tempo e clima a propósito da onda de calor de 2003. Contudo, sabe-se lá porquê, é difícil imaginar um artigo na Nature cujo título seria “Contribuição humana para a vaga de frio de 2010 no Hemisfério Norte”.

Moralidade:

- Nos dias em que faz frio, culpai o tempo;

- Nos dias em que faz calor, tenham medo do clima.
____________

Obs.: Para apreender os mecanismos de formação, de manutenção e de extinção de uma onda de calor consultar as notas publicadas em Julho de 2008 que foram dedicadas à onda de calor de 2003.

segunda-feira, abril 19, 2010

O «aquecimento global» face à vaga de frio (2)

[Tradução da nota de 18 de Janeiro de 2010 publicada por Benoît Rittaud]

(continuação)

Bem, digamos: tudo isso é, na pior das hipóteses, imperícia jornalística. Sem dúvida, os propósitos oficiais dos especialistas têm sido, como deve ser, bastante mais cautelosos. Alguns têm sido, de facto. Mas não todos, longe disso. Pequeno florilégio:

Os impactos das alterações climáticas são geralmente observadas à escala regional ou local e são sobretudo o resultado de fenómenos meteorológicos e climáticos extremos. É o caso da seca na China em 2006, a pior de há 50 anos, que afectou dezenas de milhões de pessoas. A Europa foi atingida em 2003 por uma vaga de calor que provocou inúmeras mortes (sic) devidas ao calor e à poluição do ar, incluindo 14 800 vítimas só em França.Nécéssité de s’adapter: la science du climat est-elle prête?, Xuebin Zhang et al., Bulletin de l’Organization Météorologique Mondial 57 (2), avril 2008.

Tempestades, canículas, inundações, a França não está liberta do aquecimento globalMission interministérielle de lEffet de serre, 2007. [o link deixou de funcionar]

O IPCC já alertou no seu relatório de 2001 que “Os maiores aumentos de stress térmico são esperados no meio urbano nas latitudes medias e altas (temperadas), particularmente nas populações cujas casas não estão adaptadas com eficiente acesso à climatização.” A onda de calor de 2003 foi responsável por cerca de 15 mil mortes em França e foi indicado recentemente que o número de mortes acima do normal em toda a Europa foi de 70 mil no decurso do mesmo Verão.Questions de santé publique n°1, mai 2008, Institut de Recherche en Santé Publique.

O aquecimento global já começou a causar perturbações em todo o Mundo, incluindo a França (ondas de calor, inundações, tempestades, etc.)Plaquette de présentation de l’Institut de Modélisation et d’Analyse des Géo Environnements et de Santé, Université de Perpignan, 2007.

Estamos a alterar profundamente o clima do nosso planeta e não sabemos onde vamos parar. Devemos tomar consciência de que existem fenómenos meteorológicos, fenómenos climáticos e que as crises ocorrem regularmente. A canícula de 2003 ultrapassou os limites habituais. Isto vai repetir-se (…) – Table ronde « Canicule, cyclone, inondation… », Journée du Développement Durable, 2004. [o link deixou de funcionar]

A França inteira foi atingida pela onda de calor de 2003, que é um sinal tangível do aquecimento globalFiche de presse de l’INRA, 1er février 2004.

A desestabilização está em marcha, não há dúvida, estamos no início do processo – Hervé Le Treut, Laboratoire de météorologie dynamique du CNRS (cité par le Nouvel Observateur), à la fin de la canicule de juillet 2006.

(continua)

sexta-feira, abril 16, 2010

O «aquecimento global» face à vaga de frio (1)

[Tradução da nota de 18 de Janeiro de 2010 publicada por Benoît Rittaud]

Comecemos com uma informação jornalística:

O veredicto pode ser dado mesmo antes do fim do mês: Depois de uns bons dias de frio, o início do Inverno de 2010 foi, no Hemisfério Norte, um dos mais glaciais desde há longa data. É oportuno fazer o ponto da situação sobre as causas e sobre os efeitos de um episódio doloroso que se inscreve no contexto geral de um arrefecimento climático de consequências múltiplas. E que promete repetir-se cada vez mais frequentemente.

Os leitores podem pensar sem dúvida que o autor destas linhas é um céptico climático que coloca os seus desejos à frente da realidade. Mesmo que, para agradar, assumíssemos que os fenómenos solares e oceânicos vão arrefecer a Terra à escala dos próximos dez ou vinte anos, a resposta ressoaria como um chicote: o tempo não é o clima. Um Inverno mais rigoroso aqui ou ali não tem nada a ver com uma tendência climática, mas somente com a variabilidade natural.

O clima deve ser estudado para períodos mais longos, eis porque … mas de facto, onde tinha eu a cabeça: não dei a referência da passagem acima. Devo dizer que a deformei um pouco. A citação exacta é na realidade a seguinte:

O veredicto pode ser dado mesmo antes do fim do mês: pela sua temperatura média recorde e após uma boa vintena de dias de canícula, o mês de Julho de 2006 foi, pelo menos em França, o mais quente de todos os meses de Julho desde a invenção do termómetro. É a ocasião de fazer o ponto da situação sobre as causas e sobre os efeitos de um episódio doloroso que se inscreve no contexto geral do aquecimento climático de consequências múltiplas. E que promete repetir-se cada vez mais frequentemente.

Estas palavras foram tiradas de um artigo do Nouvelle Observateur, publicado no dia 3 de Agosto de 2006, no contexto da canícula de 2006. Ora bem…

Os media não cessam de nos recordar que a vaga de frio das últimas semanas “não põe em causa o aquecimento global” e, menos ainda, a sua “origem humana”, precisamente, em virtude deste argumento absolutamente exacto: o tempo não é o clima. Uma tal unanimidade a favor da distinção entre tempo e clima poderá sugerir que, pondo de lado o caso Nouvelle Observateur, os meios de comunicação social tiveram o mesmo cuidado perante as canículas de 2003 e 2006?

Está longe de ser esse o caso embora, para ser honesto, diga que foram bastantes os jornalistas que tiveram o cuidado de especificar a ausência do nexo de causalidade. Uma maneira corrente de apresentar as coisas foi qualquer coisa como: A canícula de 2003 não pode ser directamente ligada ao aquecimento global, mas este tipo de acontecimento revela-nos o que vai acontecer cada vez com maior frequência no futuro.

Tecnicamente perfeito, um tal enunciado produz uma forte associação de ideias. Pode-se perguntar sobre o modo como este enunciado foi assimilado, sobretudo quando, caso frequente, a ausência de ligação causal não é claramente indicada.

(continua)

quarta-feira, abril 14, 2010

Institute Of Physic

Em Fevereiro de 2010, a propósito do Climategate, o prestigiado Institute Of Physic (IOP), enviou um memorando ao Comité de Ciência e Tecnologia do Parlamento Britânico. Trata-se de uma opinião valiosa sobre o procedimento de certos cientistas.

Recomenda-se uma leitura atenta deste documento que em 13 pontos critica a ética dos cientistas apanhados na malha dos e-mails denunciados no escândalo do Climategate. A tradução dos 5 primeiros pontos dá uma ideia da crítica feita pelo IOP.

1. A menos que se prove que os e-mails são falsos ou adaptações, o Instituto está preocupado com as implicações que possam afectar a integridade da investigação científica neste domínio da investigação assim como da credibilidade do método científico tal como é praticado neste contexto.

2. Os e-mails do CRU [Climatic Research Unit (UEA - Universidade de East Anglia)], conforme foram publicados na internet, fornecem, em primeiro lugar, a prova da recusa concertada e determinada em dar cumprimento às honrosas tradições científicas e à lei da liberdade de informação [FOI - Freedom of information].

É vital o princípio segundo o qual os cientistas devem aceitar a exposição das suas ideias e dos seus resultados para uma análise e para uma réplica independentes, o que exige a transparência dos dados, dos procedimentos e dos materiais utilizados.

A não conformidade [com estes princípios] foi confirmada pelos resultados dos inquéritos do Comissário de Informação. Isso estende-se para além do próprio CRU – a maior parte dos e-mails foram trocados com investigadores pertencentes a um grande número de outras instituições internacionais que também estão envolvidas na formulação das conclusões do IPCC sobre as alterações climáticas.

3. É importante registar que existem duas categorias diferentes de bases de dados implicados nas trocas dos e-mails do CRU: as que resultam da compilação de medidas instrumentais directas das temperaturas terrestres e oceânicas, tais como as bases de dados do CRU, do GISS [Goddard Institute for Space Studies] e da NOAA [National Oceanic and Atmospheric Administration], e aquelas que se referem às reconstruções das temperaturas históricas a partir de medidas procedentes de indicadores [proxies] tais como por exemplo os anéis de crescimento das árvores.

4. A segunda categoria, relativa às reconstruções a partir de proxies, serviu de base à conclusão de que o aquecimento do século XX foi sem precedente. É possível que as reconstruções que foram publicadas representem apenas uma parte dos dados brutos disponíveis e possam ser sensíveis à escolha que foi efectuada e às técnicas estatísticas utilizadas.

Escolhas, omissões ou análises estatísticas diferentes poderiam conduzir a conclusões diferentes. Esta possibilidade foi, evidentemente, a razão pela qual alguns pedidos [feitos por cientistas independentes] de informação complementar foram rejeitados.

5. Os e-mails apresentam dúvidas quanto à fiabilidade de um certo número de reconstruções e levantam questões quanto à maneira como elas são representadas, tais como, por exemplo, a supressão aparente nos gráficos utilizados pelo IPCC dos resultados dos proxies para os últimos decénios que não estão de acordo com os valores instrumentais das temperaturas contemporâneas
.

O que mais surpreende no texto do IOP é a sua redacção nada doce e inteiramente destrutiva para o CRU e a UEA. É tanto mais surpreendente quanto os (cientistas) ingleses são pouco dados a redacções deste teor.

De um modo mais geral, o texto do IOP é também destrutivo para todos aqueles que estão implicados, de uma maneira ou doutra, na formulação das conclusões do IPCC acerca do aquecimento global e das alterações climáticas.

Repete-se a recomendação inicial de uma leitura atenta de todo este documento memorável.

segunda-feira, abril 12, 2010

Lindzen, o Árctico e o CO2

Richard Lindzen, no dia 10 de Fevereiro de 2010, deu durante cerca de uma hora e meia uma conferência no FermiLab, intitulada The Peculiar Issue of Global Warming. Sugere-se o visionamento da conferência através deste link.

A conferência foi dedicada especialmente à evolução do Árctico. Lindzen demonstrou que a dinâmica do Árctico não tem nada a ver com o efeito de estufa (antropogénico ou natural). Isto é o CO2 não tem influência na evolução do mar gelado do Árctico.

É conhecido que o Árctico é o canário na mina. Ou seja, a sua evolução negativa seria o primeiro indicador do aquecimento global de origem antropogénica. Deste modo, os media e os políticos andam sempre a apontar os holofotes para o Árctico.

Não se deve esquecer o falso problema dos ursos brancos (uma das fantasias predilectas de Al Gore) que, contrariamente ao alarmismo oficial, tem uma população em crescimento em vez do inverso.

Desde que se demitiu de colaborador principal do IPCC – acusando esta organização de ser política em vez de científica –, Richard Lindzen esforça-se por introduzir racionalidade no debate deste tema.

É importante ler os diapositivos que suportaram a conferência do Prof. Richard Lindzen. Num dos primeiros lê-se:

The focus on CO2 driven warming has undoubtedly inhibited progress on understanding climate. The following slides show how this occurs. They show daily arctic temperatures for each day available from reanalyses since 1958. They also show the average temperatures for each day.

If one focuses on variations in annually averaged temperatures, one misses some crucial information, and that information tells us quite a lot.

Lindzen apresenta variações das temperaturas do Árctico dia-a-dia de um ano inteiro. Para diferentes anos. Foram publicadas pelo “Center for Ocean and Ice” do Instituto de Meteorologia da Dinamarca (DMI).

Apresenta-se na Fig. 199 um gráfico DMI a título de exemplo. Note-se que o eixo vertical está graduado em kelvin que é a unidade de temperatura termodinâmica. O kelvin (símbolo K) – não se diz “graus Kelvin”. (*)

Lindzen salienta que as temperaturas de Verão não variam muito de um ano para outro. No entanto, no Inverno observam-se enormes variações que podem atingir 20 ºC! Mas, diz Lindzen, algumas vezes estas variações são grandes e outras são pequenas. O comportamento não é repetitivo.

No sitio web DMI (COI) é possível confirmar as afirmações de Richard Lindzen acedendo a todas as curvas da temperatura desde 1958. Existe uma tabela que facilita este acesso. Deve-se clicar em cada ano 1958 … 2010.

Lindzen mostrou detalhadamente os gráficos de 1960, 1970, 1980 e 1990. Observou que o comportamento é semelhante ao descrito nos diapositivos anteriores. O Prof. nota mesmo que: Focusing on the small residues of these large changes misses some crucial aspects of the physics. Lindzen acrescenta:

What the previous slides illustrate is that during summers, when there is sunlight, temperatures are largely determined by local radiative balance. However, during the winter night, temperatures would be even colder than they are but for the transport of heat from low latitudes. This transport is by the turbulent eddies or storms. Understanding arctic temperatures must involve understanding why these storms erratically penetrate to the arctic. Judging from the behaviour of summer temperatures, CO2 is not obviously a major player.

Eis a explicação de Richard Lindzen que corresponde ao retorno do ar quente/menos frio que é forçado pelos anticiclones móveis polares. O ar vai ter com o mar gelado nos contornos exteriores do Árctico. O CO2 é um actor desprezável nesta evolução.

Lindzen referiu-se, com humor, ao alarme da opinião pública americana, lançado em 1922. Foi quando o US Weather Bureau anotou uma situação do Árctico como perigosa, com gelo cada vez mais raro e com focas a nadar em águas quentes…

Afirmou que o Árctico é manifestamente variável. E, reafirmou que o factor principal que determina a evolução da extensão do mar gelado é o vento (ar de retorno) que, vindo do Sul, é canalizado para os contornos do mar árctico.

Um pouco mais à frente, no decorrer desta conferência, Lindzen apresentou os seus cálculos quanto às diferenças entre os fluxos de ondas curtas que saem pelo topo da atmosfera indicados pelos modelos e medidos por diferentes sistemas (ERBE, CERES).

Na sua análise, Lindzen teve em consideração um artigo de Trenberth (autor principal do esquema idealizado para o balanço radiativo). Porém, esse artigo em nada alterou as conclusões da sua conferência: os modelos e a realidade (observações) divergem…
____________

(*) Unidade de temperatura termodinâmica. O kelvin (símbolo K) – não se diz graus Kelvin – é a fracção 1/273,16 da temperatura termodinâmica do ponto triplo da água.

Designa-se por “ponto triplo” de uma substância a situação de equilíbrio termodinâmico em que se observa a coexistência das três fases (sólido, líquido e gás) dessa substância.

O ponto triplo da água é usado para definir o kelvin (símbolo K), a unidade de temperatura do Sistema Internacional de Unidades (SI).

Na escala Kelvin o ponto triplo da água corresponde a 273,16 K e na escala Celsius a 0,01 ºC, valores precisos, que não resultam de medições, mas sim de uma convenção.

O ponto de fusão do gelo, que já resulta de uma medição, tem o valor aproximado de 273,15 K na escala Kelvin e de 0 ºC na escala Celsius.

Fig. 199 - Temperaturas do Árctico. Fonte: DMI.

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sexta-feira, abril 09, 2010

Há 24 anos que Março não foi tão frio

Posted by Picasa Quem o diz é o Instituto de Meteorologia (IM) numa nota recentemente divulgada (2020-04-07), relativamente ao Continente:

O mês de Março, em Portugal Continental, foi o mais frio dos últimos 24 anos, com valores médios da temperatura máxima, mínima e média do ar inferiores aos respectivos valores médios de 1971-2000, com anomalias de -1.5 ºC, -0.2 ºC e -0.8 ºC, respectivamente.

Quanto aos Açores, a informação do IM é mais comedida:

No Arquipélago dos Açores, Março caracterizou-se por valores da temperatura do ar inferiores ao valor normal.

Já os madeirenses não sofreram tanto frio, segundo o IM:

No Arquipélago da Madeira o mês de Março de 2010 foi caracterizado por temperaturas do ar superiores aos valores normais (1971-2000), que variaram, na Região, entre +0,2 ºC e +1,6 ºC.

O que vale é que a Fundação Gulbenkian (FG) convidou o exótico e patético chairman do IPCC, Rajendra Pachauri, para mais uma arenga no próximo dia 27 de Abril.

Pode ser que ele venha anunciar que o aquecimento global segue dentro de momentos. Do seu curriculum consta o facto de ser autor do romance erótico Return to Almora. O que torna as coisas realmente quentes.

Obs.: A fotografia mostra Rajendra Pachauri a discursar na ONU.

quinta-feira, abril 08, 2010

Lançamento do Cryosat-2

Leitor crítico do Mitos Climáticos, o autor do blogue Falar Do Tempo, gostaria que se anunciasse o lançamento de hoje do satélite Cryosat-2, da ESA-European Space Agency.

O sítio web da ESA noticia o acontecimento do dia. A notícia ESA é um pouco enviesada no sentido de preconceber que o satélite vai medir a erosão dos gelos polares:

For some years now, satellites such as ESA’s Envisat have been mapping the extent of ice cover. As stated in the Climate Change 2007 Synthesis Report by the Intergovernmental Panel on Climate Change, “Satellite data since 1978 show that annual average Arctic sea-ice extent has shrunk by 2.7% per decade.” However, this is only part of the picture.

Porém, pode acontecer que venha a medir o contrário. Mas todos os avanços tecnológicos são bem-vindos.

Árctico surpreendente

[Actualizado às 19 h 45 m]

Todas as fontes de informação relativas à evolução da área de mar gelado do Árctico, no ano de 2010, indicam uma situação não expectável. Nesta época do ano a extensão do mar gelado já deveria ter passado há muito pelo máximo anual e iniciado a sua fase de decrescimento.

Porém, a partir do dia 16 de Março, data normalmente coincidente com a extensão máxima anual, a área de mar gelado não iniciou o decrescimento normal tendo, pelo contrário, continuado a aumentar nas semanas seguintes. Este aumento foi de tal modo que a extensão de gelo ultrapassou a dos anos mais recentes (i.e. a partir de 2004, inclusive).

Na Fig. 197 encontram-se as evoluções de 2006-2007 e de 2009-2010. A National Snow and Ice Data Center (que tem o apoio da NASA e da NOAA) traçou também a evolução média de 1979-2000 bem como a faixa de dois desvios padrão.

A curva do ano de 2006-2007 deve ter sido escolhida por representar um ano com evolução negativa. No início de Dezembro de 2009 a extensão de gelo do Árctico situava-se acima do correspondente mês de 2006.

Em Fevereiro de 2010 a área de gelo divergiu, em relação a 2007, em sentido ainda mais positivo. Em Março de 2010 entrou mesmo na faixa de desvio padrão aproximando-se do valor médio de 1979-2000.

A Fig. 198, igualmente do National Snow and Ice Data Center, mostra os sítios onde o gelo ultrapassou os limites da média 1979-2000 assinalados a traço vermelho. Também mostra as faltas de gelo necessárias para se ultrapassar a média.

A Natureza parece assim querer desmentir os catastrofistas como os referidos pelo Expresso que ainda há 4 meses anunciava um “desastre ecológico no Árctico já nos próximos dez anos”, apoiado num estudo de 300 “cientistas”.

PS 1: As focas e os ursos polares estavam preocupados com a situação e preparavam-se para apresentar uma petição aos ministros das Alterações Climáticas para aumentarem os orçamentos para quebra-gelos, de forma a permitir o acesso fácil aos seus peixes favoritos. O Inverno durava há demasiado tempo, havia demasiado gelo e as suas reservas de gordura eram das mais baixas de sempre.

PS 2: Esta situação positiva do Árctico ficou envolvida em estranhos «ajustamentos» por parte dos técnicos preconceituosos do NSIDC que, entretanto, corrigiram para baixo a curva de 2010. Para acompanhar esta controvérsia pode-se consultar o PrisonPlanet.

O NSDIC publicou o relatório, sobre a evolução do mês Março, no dia 6 de Abril com o título Cold snap causes late-season growth spurt. Consultar igualmente: WUWT1 e WUWT2.

Não se pode deixar de ler a nota WUWT3 que foi publicada depois deste post do MC. Quaisquer que sejam os critérios usados pelos preconceituosos do NSIDC, não se compreende como é que antes publicaram a curva a tocar a média para depois ajustarem. Este facto desacredita a informação.

Fig. 198 - Extensão do mar gelado do Árctico. 4 de Abril de 2010. Fonte: NSIDC.

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Fig. 197 - Evolução do mar gelado do Árctico. 2009-2010. Fonte: NSIDC [referência de 4 de Abril de 2010].

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quarta-feira, abril 07, 2010

Ondas de calor e aglutinações anticiclónicas

As aglutinações anticiclónicas (AA) podem-se formar em qualquer lugar, sobre os oceanos ou sobre os continentes. A formação das AA deve-se à coalescência de vários anticiclones móveis polares e têm permanências variáveis, tanto no Inverno como no Verão.

O estado do tempo associado às AA é controlado pela elevação das pressões atmosféricas junto ao solo e pela estabilidade anticiclónica. Nos continentes podem conduzir a ondas de calor, a secas meteorológicas e à poluição.

Não é seguramente a poluição que conduz às ondas de calor. É o inverso. Quanto mais elevada é a pressão atmosférica junto ao solo maior é a condução molecular e a absorção do infravermelho emanado do solo.

O ar quente junto ao solo não se pode elevar, apesar de ser leve, visto que a subsidência anticiclónica que está por cima dele não o permite. O ar rasante torna-se cada vez mais quente (para a mesma quantidade de energia solar recebida) em dias solarengos, sem nuvens e sem vento como são os da AA alongadas no espaço e no tempo.

Na realidade, é a contra-radiação terrestre que provoca as ondas de calor. Não é seguramente a contra-radiação celeste de gases com efeito de estufa (nem sequer os naturais) que aquece o ar junto ao solo.

De facto, numa AA o ar quente fica cada vez com menor humidade relativa. Isto é, o ar torna-se seco. Tanto mais, quanto o vapor de água exterior não consegue penetrar na AA.

A onda de calor é pois um fenómeno meteorológico que refuta a tese do efeito de estufa antropogénico. Se a causa do aquecimento do ar junto ao solo fosse a contra-radiação celeste, o ar quente, sem subsidência, subia e a pressão atmosférica baixava (e o ar arrefecia).

Existe uma camada de inversão de ar numa onda de calor. O ar quente limita-se a cerca de um quilómetro acima do nível do solo. Acima desta altitude o ar não chega a aquecer o suficiente para fomentar uma situação de onda de calor.

Em suma, as ondas de calor são originadas pelas elevadas pressões atmosféricas. Como sempre, a variável explicativa do actual cenário da dinâmica do tempo é a pressão atmosférica. Não é a temperatura.

Mas as AA não são apenas responsáveis exclusivas das ondas de calor. São também elas que consentem a retracção de alguns glaciares: nos Andes, nos Alpes, nos Himalaias, etc. E são igualmente responsáveis pelo atraso de algumas quedas de neve.

segunda-feira, abril 05, 2010

Algumas conclusões sobre aglutinações anticiclónicas

Transparece claramente dos exemplos acabados de analisar das nove fotos de satélites – Fotos 9 (A)11 (C) – que os anticiclones móveis polares (AMP), constituídos por massas de ar frio e densas não conseguem ultrapassar certos obstáculos orográficos.

No seu deslocamento os AMP procuram conservar a massa crítica que permitiu a ejecção pela superfície gélida dos Pólos. Mas o substrato que encontram pelo caminho obriga-os a divergir (a distender-se) e a travar o avanço pelo atrito.

Estes obstáculos levam os AMP a perder a coerência com que saíram da superfície polar e foram formando o corredor periférico e a depressão fechada. Esta depressão ciclónica pode mesmo destacar-se e adquirir autonomia em relação ao discóide anticiclónico.

Ao não conseguirem elevar-se – mas com a obrigação de se dirigirem à zona intertropical – os AMP são canalizados pelo relevo orográfico que não ultrapasse a sua espessura da ordem de um a dois quilómetros.

A orientação e a dimensão dos edifícios geográficos podem influenciar as trajectórias dos AMP. Há relevos intransponíveis como é o caso das Montanhas Rochosas, nos EUA.

Já os Apalaches, também nos EUA, devido à menor altura e à orientação favorável em relação à trajectória natural dos AMP, não exercem uma tão forte influência no deslocamento dos AMP.

A Cordilheira dos Andes na latitude 55 ºS tem a particularidade de cindir os AMP austrais em dois outros AMP. Um deles segue para o Pacífico e o outro para o Atlântico. A Cordilheira dos Andes torna-se intransponível a partir da latitude 40 ºS.

Porém, a totalidade de um AMP pode ser conduzido pela Cordilheira para os Pampas argentinos, no nordeste. Também pode ser conduzido para o norte do Chile, no noroeste. Tudo depende da trajectória do AMP quando se aproxima dos Andes.

As aglutinações anticiclónicas (AA) subtropicais, sobre os oceanos, foram detectadas pelos navegadores, nomeadamente pelos portugueses. Eles reconheceram a transição do estado do tempo agreste para a acalmia quando se aproximavam do Equador.

Havia a noção de que as AA tinham um carácter ‘permanente’. Isso significaria que elas estariam em constante estado de formação devido à dinâmica dos AMP e às particularidades do relevo geográfico.

sexta-feira, abril 02, 2010

Aglutinação anticiclónica do espaço aerológico do Pacífico sudeste (C)

Nesta análise consideram-se os seguintes elementos de diagnóstico:

- Foto 11 (C) do satélite GOES 10, est, modo vis, do dia 29-11-1999, às 18 h 00 m, UTC;

- Fig. 12 (C) da carta de superfície relativa àquela foto com elementos das pressões atmosféricas da NOAA.

Do lado do Pacífico, o anticiclone móvel polar AMP1+2, uma aglutinação dos AMP1 e AMP2 – ver Foto 11 (B) e Fig. 12 (B) – fundiu-se com o AMP3 para dar lugar a um único AMP1+2+3 que continua a dirigir-se para a aglutinação anticiclónica AA.

A AA da ilha da Páscoa aumentou ligeiramente a pressão atmosférica, passando de 1025 hPa – Fig. 12 (B) – para 1028 hPa (hectopascal) – Fig. 12 (C).

Do lado do Atlântico, os dois núcleos anticiclónicos AMP1’ e AMP3’ – ver Fig. 12 (B) – fundiram-se para formar o AMP1’+3’ (1025 hPa) que sobe ao longo da cordilheira dos Andes em direcção aos Pampas argentinos.

Um outro AMP (1018 hPa), que segue à frente daquele AMP1’+3’, dirige-se para o sul do oceano Atlântico. Mais à frente deste ainda, um outro AMP (1020 hPa) posicionou-se próximo do Brasil.

Fonte: Emmanuel Barbier.

Foto 11 (C) e Fig. 12 (C). Fonte: E. Barbier.

 
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