Conferência “climática” na Bolívia
Por Jorge Pacheco de Oliveira
É um dado adquirido, felizmente, que o escândalo do Climategate veio lançar um enorme descrédito sobre as organizações e individualidades que se dedicavam a aterrorizar as populações com o alarmismo climático. Embora essas organizações e individualidades não desistam dos seus propósitos, já pouca gente lhes presta grande atenção.
Foi assim que passou praticamente despercebida a Conferencia Mundial de los Pueblos sobre el Cambio Climático y los Derechos de la Madre Tierra, realizada em Cochabamba, na Bolívia, entre 19 e 22 de Abril de 2010, cujas conclusões finais, sob a designação de Acuerdo de los Pueblos, se podem ler aquí.
Como seria de esperar, acerca do clima e das alterações climáticas foram feitas as afirmações delirantes habituais e, para além das abundantes acusações ao capitalismo, certamente potenciadas por obra e graça do anfitrião da Conferência, ficou lavrado no Acuerdo o importante aviso de que, “ao ritmo actual de sobre-exploração da nossa Mãe Terra, seriam necessários dois planetas em 2030”.
De facto, tendo começado por ameaçar o planeta com catástrofes climáticas para o longínquo ano de 2100, os alarmistas, perante a indiferença das populações, cada vez menos dispostas a financiar-lhes as actividades, não têm outro remédio senão avisar que as alterações climáticas estão a verificar-se a um ritmo cada vez maior e que a data do holocausto está cada vez mais próxima. Claro que, prudentemente, ficam-se por 2030, não vá estarem ainda vivos e em funções para serem confrontados com o malogro dos seus negros presságios.
Quem dedicou algumas linhas a esta Conferência foi o articulista Alberto Gonçalves num artigo publicado no Diário de Notícias de 25/04/2010, intitulado “Dos transgénicos aos transgénero”, no qual, com a sua já conhecida e inspirada veia irónica, nos deixa uma apreciação que vale a pena ler. Com a devida vénia ao autor, aqui fica na íntegra o seu artigo:
Há azares assim. Após os e-mails desviados a luminárias do ramo e a revelação de outros pequenos e desagradáveis escândalos, a reputação científica do "aquecimento global" terminou 2009 um bocadinho abalada. Não foi só a Cimeira de Copenhaga, destinada a condenar definitivamente o homem pelas alterações climáticas, que resultou em fracasso e numa pequena vergonha.
Na agenda noticiosa e, sobretudo, na cabeça das pessoas, o assunto perdeu a aura institucional e "incontestável" que o rodeava. Aos poucos, o assunto viu-se removido das conversas que se queriam sérias e, à semelhança da boa teoria conspirativa que no fundo nunca deixou de ser, começou a cair na retórica das "franjas".
Porém, nem o céptico mais empedernido esperava que caísse tanto e tão rapidamente. Ou seja, que caísse na Bolívia, onde por estes dias se realizou a Conferência Mundial dos Povos sobre as Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra.
Se a designação do evento já esclarece muito, esclarece ainda mais saber que a cidade anfitriã do evento, Tiquipaya, recebeu "representantes de comunidades indígenas", "movimentos sociais", "cientistas" e "membros de organizações não-governamentais".
Também se anunciou a presença de climatólogos afamados como o actor Danny Glover e o realizador James Cameron, embora eu não conseguisse confirmá-la. Confirmados estiveram chefes de Estado do calibre do venezuelano Hugo Chávez, do equatoriano Rafael Correa, do nicaraguense Daniel Ortega e do paraguaio Fernando Lugo. Além de Evo Morales, naturalmente.
Logo no discurso inaugural, o presidente boliviano explicou o que se deseja explicado num debate sério sobre o clima: a culpa é do capitalismo e do Ocidente. Depois o sr. Morales desatou a explicar rigorosamente tudo.
Os frangos de aviário são engordados com hormonas femininas e provocam o desenvolvimento prematuro do busto das meninas que os consomem e, nos meninos, a calvície ("Daqui a 50 anos todos os europeus serão calvos.") e a homossexualidade ("Os que comem esses frangos sofrem desvios no seu ser enquanto homens.").
As batatas holandesas (?), grandes e belas, transportam hormonas de peixe (?) na casca. A Coca-Cola, que não podia faltar, possui um produto químico não identificado que afecta a saúde e apenas serve para desentupir canalizações. Os medicamentos ocidentais "curam uma doença e provocam duas". Etc.
Vale lembrar que na Conferência da Mãe Terra passou igualmente o professor doutor de Coimbra (meu Deus!) Boaventura Sousa Santos, o qual aproveitou para garantir que a liderança do sr. Morales fomenta "a coexistência harmoniosa entre as pessoas".
É capaz. Mas eu pagava para saber que porcarias engolem os sujeitos que deram uma cátedra universitária a tal sumidade. Quanto à sumidade, é certamente aficionada de frangos transgénicos. A julgar pela escassez capilar e só pela escassez capilar.
É um dado adquirido, felizmente, que o escândalo do Climategate veio lançar um enorme descrédito sobre as organizações e individualidades que se dedicavam a aterrorizar as populações com o alarmismo climático. Embora essas organizações e individualidades não desistam dos seus propósitos, já pouca gente lhes presta grande atenção.
Foi assim que passou praticamente despercebida a Conferencia Mundial de los Pueblos sobre el Cambio Climático y los Derechos de la Madre Tierra, realizada em Cochabamba, na Bolívia, entre 19 e 22 de Abril de 2010, cujas conclusões finais, sob a designação de Acuerdo de los Pueblos, se podem ler aquí.
Como seria de esperar, acerca do clima e das alterações climáticas foram feitas as afirmações delirantes habituais e, para além das abundantes acusações ao capitalismo, certamente potenciadas por obra e graça do anfitrião da Conferência, ficou lavrado no Acuerdo o importante aviso de que, “ao ritmo actual de sobre-exploração da nossa Mãe Terra, seriam necessários dois planetas em 2030”.
De facto, tendo começado por ameaçar o planeta com catástrofes climáticas para o longínquo ano de 2100, os alarmistas, perante a indiferença das populações, cada vez menos dispostas a financiar-lhes as actividades, não têm outro remédio senão avisar que as alterações climáticas estão a verificar-se a um ritmo cada vez maior e que a data do holocausto está cada vez mais próxima. Claro que, prudentemente, ficam-se por 2030, não vá estarem ainda vivos e em funções para serem confrontados com o malogro dos seus negros presságios.
Quem dedicou algumas linhas a esta Conferência foi o articulista Alberto Gonçalves num artigo publicado no Diário de Notícias de 25/04/2010, intitulado “Dos transgénicos aos transgénero”, no qual, com a sua já conhecida e inspirada veia irónica, nos deixa uma apreciação que vale a pena ler. Com a devida vénia ao autor, aqui fica na íntegra o seu artigo:
Há azares assim. Após os e-mails desviados a luminárias do ramo e a revelação de outros pequenos e desagradáveis escândalos, a reputação científica do "aquecimento global" terminou 2009 um bocadinho abalada. Não foi só a Cimeira de Copenhaga, destinada a condenar definitivamente o homem pelas alterações climáticas, que resultou em fracasso e numa pequena vergonha.
Na agenda noticiosa e, sobretudo, na cabeça das pessoas, o assunto perdeu a aura institucional e "incontestável" que o rodeava. Aos poucos, o assunto viu-se removido das conversas que se queriam sérias e, à semelhança da boa teoria conspirativa que no fundo nunca deixou de ser, começou a cair na retórica das "franjas".
Porém, nem o céptico mais empedernido esperava que caísse tanto e tão rapidamente. Ou seja, que caísse na Bolívia, onde por estes dias se realizou a Conferência Mundial dos Povos sobre as Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra.
Se a designação do evento já esclarece muito, esclarece ainda mais saber que a cidade anfitriã do evento, Tiquipaya, recebeu "representantes de comunidades indígenas", "movimentos sociais", "cientistas" e "membros de organizações não-governamentais".
Também se anunciou a presença de climatólogos afamados como o actor Danny Glover e o realizador James Cameron, embora eu não conseguisse confirmá-la. Confirmados estiveram chefes de Estado do calibre do venezuelano Hugo Chávez, do equatoriano Rafael Correa, do nicaraguense Daniel Ortega e do paraguaio Fernando Lugo. Além de Evo Morales, naturalmente.
Logo no discurso inaugural, o presidente boliviano explicou o que se deseja explicado num debate sério sobre o clima: a culpa é do capitalismo e do Ocidente. Depois o sr. Morales desatou a explicar rigorosamente tudo.
Os frangos de aviário são engordados com hormonas femininas e provocam o desenvolvimento prematuro do busto das meninas que os consomem e, nos meninos, a calvície ("Daqui a 50 anos todos os europeus serão calvos.") e a homossexualidade ("Os que comem esses frangos sofrem desvios no seu ser enquanto homens.").
As batatas holandesas (?), grandes e belas, transportam hormonas de peixe (?) na casca. A Coca-Cola, que não podia faltar, possui um produto químico não identificado que afecta a saúde e apenas serve para desentupir canalizações. Os medicamentos ocidentais "curam uma doença e provocam duas". Etc.
Vale lembrar que na Conferência da Mãe Terra passou igualmente o professor doutor de Coimbra (meu Deus!) Boaventura Sousa Santos, o qual aproveitou para garantir que a liderança do sr. Morales fomenta "a coexistência harmoniosa entre as pessoas".
É capaz. Mas eu pagava para saber que porcarias engolem os sujeitos que deram uma cátedra universitária a tal sumidade. Quanto à sumidade, é certamente aficionada de frangos transgénicos. A julgar pela escassez capilar e só pela escassez capilar.
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