segunda-feira, julho 31, 2006

Zero graus em Buenos Aires

Eis uma notícia que a opinião pública portuguesa terá dificuldade em tomar conhecimento. Às 8 horas e 25 minutos do dia de hoje, 31 de Julho de 2006, os termómetros do Observatório Central de Buenos Aires registaram a temperatura de zero graus Celsius.

Na Argentina, neste mesmo dia, a temperatura desceu a – 17 ºC em Esquel, na província de Chubut. Caiu neve nos Pampas situados a uma altitude de apenas 300 metros. Buenos Aires está ao nível do mar.

Uma tal situação não se verificava há dezenas e dezenas de anos. Em Corrientes, perto das quedas de Iguaçu – numa zona subtropical –, morreram pessoas impreparadas para resistir ao frio.

O tempo argentino é devido à grande actividade anticiclónica do Antárctico. São os anticiclones móveis polares a nascer com regularidade e em força. Ainda há quem diga que o Antárctico está a aquecer…

Mas a Argentina é um exemplo característico de um país em preparação para resistir ao calor que – segundo o IPCC – se vai verificar daqui a cem anos.

São os conselheiros argentinos “especializados em alterações climáticas” que estão a conduzir o processo… Lá como cá falta de competência há!

Recorde-se que se realizou, há pouco tempo, na Argentina uma das monocórdicas reuniões bi-anuais (das COP – Conference of the Parties) dos países que ratificaram o Protocolo de Quioto.

Nessa altura, no decurso da discussão “consensual”, foi mostrada ao público uma réplica da Arca de Noé. Era só para assustar os argentinos com a subida do nível dos oceanos…

Os media nacionais só gostam de falar do calor. Recentemente, a Califórnia esteve debaixo de brasas. Foi mais uma situação anticiclónica com elevadas pressões atmosféricas. Mas os media portugueses falaram em «global warming». Claro!...

No entanto, alguns jornais americanos referiram-se às altas pressões, embora sem aprofundar o assunto. Pode-se ler, por exemplo, no NC Times essa explicação. A pouco e pouco, a verdade científica vai sendo apreendida.

terça-feira, julho 25, 2006

O pânico climático

O sítio Água em revista fez o favor de publicar o meu artigo O Pânico Climático. Permitiu assim um pequeno rasgo na cortina do silêncio. Quanto maior for o debate mais sério se torna e menos se permitem as manipulações.

O silêncio que os media impõem ao contraditório origina o estabelecimento de enormes confusões. Um artigo é demasiado extenso para ser motivo de um post. Os blogues são mais modestos do que os sites.

Também foi enviado a um leitor do Brasil um texto para responder a um artigo bárbaro publicado na revista Veja. Os dois artigos são semelhantes, embora o da resposta esteja escrito em português do Brasil para leitores daquele país.

Logo que tome conhecimento da edição brasileira, será indicado o link respectivo bem como o do artigo apocalíptico da Veja. A leitura deste serve para se tomar conta do ponto a que os alarmistas e catastrofistas descem para meter medo à opinião pública.

domingo, julho 23, 2006

Nature

João Magueijo queixou-se que a revista Nature tem problemas com a Física Teórica embora seja óptima em Biologia. Mas não é só em Física Teórica que existem problemas com esta revista.

Também em teoria climática a Nature não é mais exemplar. No seu número 412, de 12 de Julho de 2001, a revista britânica lançou um ataque desabrido contra os críticos em matéria de "alterações climáticas".

Comparou-os ao lobby da indústria do tabaco. Segundo o editorial da Nature «o IPCC desenvolve de modo credível um consenso científico e sabe transmiti-lo aos decisores políticos. As críticas não se dirigem ao seu funcionamento mas aos próprios factos».

Poder-se-ia responder que se o IPCC desenvolve um «consenso» é unicamente no seio do seu pequeno círculo. Este tipo de consenso político não tem nada a ver com os «factos» e, menos ainda, com a ciência.

Examinem-se duas das principais afirmações apresentadas como «factos» no último relatório quinquenal do InterGOVERNMENTAL Panel on Climate Change, o Third Assessment Report.

Primeiro «facto» do IPCC: afirma que durante o último milénio o clima foi estável e favorável. A temperatura não mudou mais do que alguns décimos de grau com excepção do aquecimento notável durante o século XX. É a explicação da infelizmente famosa curva do hockey stick.

Esta afirmação é de tal forma central à argumentação do IPCC que é utilizada a cada oportunidade possível. Na Fig. 53 vê-se um importante dirigente do IPCC, Sir John Houghton, numa conferência de imprensa.

Nota-se nas suas costas o diapositivo representando a curva do hockey stick. Confirma-se a importância crucial desta curva na argumentação falaciosa do IPCC. John Houghton é um dos principais ideólogos do IPCC.

Nem mesmo numerosos trabalhos científicos, publicados em revistas do mundo inteiro, com revisores especializados, demoveram os senhores do IPCC. Aqueles estudos provam a existência do período de aquecimento medieval no início do milénio.

A temperatura média dessa época era superior à dos tempos actuais. Não se pode invocar a emissão de gases antropogénicos com efeito de estufa na idade média em que a indústria mais avançada recorria à energia humana ou ao animal doméstico.

Do mesmo modo, inúmeros artigos científicos, publicados igualmente em revistas com revisão antecipada, demonstraram inequivocamente o aparecimento da pequena idade do gelo.

O IPCC preferiu ignorar este conjunto de trabalhos científicos. Foi esse organismo político que ignorou os «factos». Não foram os críticos eufemisticamente designados por cépticos.

No mínimo, para poder continuar a pretender seguir critérios científicos, o IPCC deveria ter reconhecido que a sua curva era discutível. Ou, antes, que se tratava de uma mera hipótese de trabalho.

Mas não, o IPCC apresentou-a como um «facto» tão duro como o aço. E, o que é mais grave, a Nature colaborou com o IPCC ao persistir com esta farsa. A National Academy of Science acaba de dar mais uma estocada nesta fraude científica.

Segundo «facto» do IPCC: diz que a Terra aqueceu 0,6 ºC no decurso do século XX. Metade deste aquecimento (0,3 ºC) teria tido lugar a partir dos finais dos anos 70. As temperaturas registadas pelos satélites e radiossondas não permitem validar esta afirmação.

Estas fontes de informação mostram que o aquecimento real durante os trinta últimos anos do século findo foi inferior a 0,08 ºC e não de 0,3 ºC. Mas que grande diferença. Qual destas medições tem maior precisão? Nem se discute: é a dos satélites!

Estes senhores estrebucham para subestimar os resultados dos satélites. Arranjam explicações que nem lembra ao diabo para corrigi-los e aproximá-los dos elementares termómetros.

Se o IPCC desejasse realmente comportar-se de modo rigorosamente científico, deveria ter admitido pelo menos que a sua afirmação de um aquecimento de 0,6 ºC era baseada num único dos três métodos disponíveis: o dos termómetros terrestres.

Essa escolha é, pelo menos, discutível. Não é um facto que deva ser anunciado sem esquecer de anunciar os outros. Representa uma falta de ética esconder, do grande público e dos decisores, os resultados dos outros métodos.

Em vez de ser intelectualmente honesto, o IPCC pretende que as outras duas fontes de dados (radiómetros dos satélites e radiossondas dos balões) não contam. E nem sequer se preocupa em explicar a razão desse critério de demarcação.

Pode-se adivinhar: os registos de superfície dizem aquilo que os responsáveis do IPCC querem ouvir e os outros dizem o contrário. Portanto, coloca os primeiros à frente dos olhos da opinião pública e esconde os outros.

Fazem como os maus advogados. Mas isso não é admissível em ciência. As provas devem ser todas apresentadas e discutidas. Não se deve enganar com truques deste género.

O IPCC está mais preocupado com a ideologia política do que com a ciência. Neste sentido, é incontestavelmente um grupo InterGOVERNAMENTAL. O consenso que se atinge é antes do mais um consenso político.

Foi alcançado num período em que Al Gore esteve no poder durante oito anos como vice-Presidente dos EUA. Também vários ministros “verdes” pertenceram a governos da Europa ocidental nessa altura.

Em 1948 as teorias do biólogo russo Lysenko sobre a evolução e genética foram oficializadas pelo governo. Quem discordasse delas arriscava a vida. Agora aparece uma nova ideologia disfarçada de ciência.

A propensão do IPCC em seleccionar certos estudos e resultados – escondendo outros – torna-o num grupo de ideólogos e não de cientistas. Infelizmente a Nature deu-lhe cobertura pelo que não se distingue dos propósitos.

Fig. 53 - Sir John Houghton preside a uma conferência do IPCC. Fonte: Fusion.Posted by Picasa

sexta-feira, julho 21, 2006

Consenso sem senso

Historicamente, alguns dos designados consensos científicos deram mau resultado. Não se admitia que eram motivados pela falta de conhecimentos. Existem bastantes exemplos de consensos sobre paradigmas que produziram, inclusive, sacrifícios humanos.

Numa situação de consenso sem sentido forma-se um vazio rapidamente preenchido por interesses e por políticos sem escrúpulos. Há tendência para aceitar como verdade científica o que serve para justificar tomadas de decisão políticas ou outras.

Na actualidade das “alterações climáticas” tenta-se resolver o problema da dependência dos combustíveis fósseis – especialmente dos hidrocarbonetos – com a justificação falaciosa do efeito de estufa antropogénico.

A história mostra que durante os períodos de “ciência normal”, caracterizados pela existência de um paradigma “oficial”, as novas ideias são combatidas por uma maioria indisponível para admitir cortes (ou descontinuidades) no desenvolvimento científico.

Os cortes foram considerados por Thomas S. Kuhn como revoluções científicas. Os novos paradigmas são combatidos até à exaustão pelos senhores do templo e pela corte de recitadores que nem sequer percebe o conteúdo dos trechos antigos.

Na meteorologia-climatologia houve um cientista célebre, Carl-Gustaf Rossby, que dizia que era imprescindível produzir cortes explicativos para se avançar neste domínio tremendamente difícil e complexo. Para ele todas as explicações eram duvidosas.

Rossby (1898-1957), sueco de nascimento e naturalizado americano, fundou o primeiro curso de meteorologia do Massachusets Institute of Technology. Se ele fosse vivo ficaria espantado com o que se passa actualmente.

Existem várias escolas de pensamento meteorológico-climático com conceitos insustentáveis pela observação das imagens dos satélites. Entretanto estabeleceu-se a escola dos modelos climáticos que transpõem aqueles conceitos.

Recorde-se de memória algumas dessas escolas: da meteorologia popular; da estatística; escola mássica; das frentes polares ou norueguesa; escola das perturbações, das massas de ar ou de Rossby.

A crise de conceitos da meteorologia e climatologia vem desde os tempos do desaparecimento de Rossby. Os métodos clássicos de raciocínio pararam no tempo. Não foram capazes de acompanhar a evolução tecnológica da observação.

A teoria dos anticiclones móveis polares veio questionar todos os paradigmas “oficiais”. Quanto tempo ainda restará até que seja universalmente aceite como uma nova explicação de nível superior a qualquer uma das outras, como diria Karl R. Popper?

Ou será que vão aparecer explicações ainda melhores do que esta? As antigas não servem de todo. A não ser para especular com futuros exotéricos.

Copérnico (1473-1543) nasceu numa Polónia austera e conservadora. A sua De Revolutionibus Orbium Coelestium foi publicada quando ele já estava deitado no leito da morte. No prefácio dizia que meditou no seu trabalho durante mais de trinta e seis anos.

Em vida, e mesmo mais de meio século após a morte, a sua ideia foi considerada um absurdo. Era lá possível a Terra rodar à volta do Sol! Alguns astrónomos notáveis, como Kepler e Galileu, colocaram-se ao lado de Copérnico. Por isso sofreram dissabores.

Neste processo de avanço e travagem dos conhecimentos científicos, as revistas têm um papel importante. A divulgação dos novos conhecimentos científicos faz-se com recurso à publicação dos trabalhos realizados.

Aqui aparece o primeiro obstáculo à publicação dos artigos que apresentam novos pensamentos. As revistas procuram defender o seu prestígio através dos peer-riewers (revisores dos artigos propostos para publicação).

Muitas queixas se conhecem acerca deste processo. Sobre o papel negativo dos peer-reviewers de todos os ramos da ciência, é interessante ler um artigo de Donald Gillies (University College London).

Deveras interessante é o caso do jovem físico português João Magueijo. No seu livro «Mais Rápido Que a Luz» (de leitura aconselhável) conta as peripécias por que passou para publicar os seus estudos.

Na comunidade da medicina questiona-se actualmente a vantagem e a desvantagem dos peer-reviewers. O conservadorismo científico dos revisores tem travado o progresso da medicina. Foram condenados pela censura muitos artigos com novidades científicas. Este acto censório ceifou mesmo várias vidas humanas.

quarta-feira, julho 19, 2006

Relatório Wegman

A partir das conclusões do relatório da National Academy of Sciences (NAS) sobre o “hockey stick” abriu-se uma crise. Agora as autoridades dos EUA pretendem determinar as consequências políticas, económicas e sociais desta fraude científica.

Como foi possível tomarem-se medidas económicas baseadas numa falácia existente em relatórios do IPCC (*)? Salienta-se que o PNAC (*) e o SIAM (*), como não podia deixar de ser, reproduzem os erros do IPCC. Mas em Portugal tudo é possível…sem preocupação das autoridades.

O Comité de Energia dos EUA encomendou a três Prof. universitários de estatística um estudo para esclarecer dúvidas levantadas por alguns decisores. Estes preocuparam-se por terem tomado medidas económicas baseadas no estudo falacioso do “hockey stick”.

O Relatório da Comissão ad hoc de três investigadores – Edward J. Wegman, da Universidade George Mason, David W. Scott, da Universidade Rice, e Yasmin H. Said, da Universidade Johns Hopkins –, reforça as conclusões da NAS.

Além de desmascarar o “hockey stick”, a Comissão Wegman foi mais longe no seu propósito. Procurou saber por que razão os erros de Michael Mann não foram detectados pelos «peer-reviewers» (revisores de revistas científicas – “Nature”, em primeiro lugar).

Os “milhares” de cientistas invocados pelo IPCC (incluindo o português) não se preocuparam em cruzar informação antes de aprovar por unanimidade a inclusão do “hockey stick” no seu relatório quinquenal?

Concluiu-se que afinal os “milhares” reduzem-se a uns quantos que se apropriaram das tarefas de revisão. Não permitem a publicação de artigos que ponham em causa a angariação de fundos de investigação climática (mais de 5 mil milhões de dólares anuais no mundo inteiro, dos quais 2 nos EUA).

A Comissão Wegman realizou uma «social network analysis» acerca da cruzada do «global warming» e do «climate change». É apenas uma rede social de um relativamente pequeno “cluster”. Apresenta-se como um grupo fechado.

Os cientistas deste “grupinho” citam-se uns aos outros. Aprovam entre si os artigos do pequeno clube. Reprovam os dos que não fazem parte do grupo. Estabelecem, facilmente, aquilo a que depois designam um “consenso” científico.

E assim, tudo está dependente das ideias e afirmações deste “small cluster”. Em Portugal, seria interessante nomear uma Comissão do tipo Wegman para analisar o que se está a passar internamente no domínio das “alterações climáticas”.

O clube nacional é grande ou é pequeno? Quantos são? Donde vêm? Falam em nome de quem? Decidem as políticas nacionais com que competência? Têm mesmo alguma competência no domínio climatológico? E no da energia? E no da indústria? E na economia? Existe algum conflito de interesses? E etc.

Quem sabe responder: - Quais são as alterações climáticas (qualitativa e quantitativamente) que vão ser resolvidas por Portugal, em conjunto com os países que ratificaram o Protocolo de Quioto? E qual é o esforço exigido às populações desses países (para não se resolver absolutamente nada quanto ao clima)?

O PNAC começa por assustar os decisores com as mentiras do costume. Mas depois, nunca mais se fala em alterações climáticas. Só em reduções de emissões, fundamentalmente, de dióxido de carbono. Qualquer programa tem metas. Este não tem metas para as “alterações climáticas”.

(*) Obs.: IPCC – InterGOVERNMENTAL Panel on Climate Change; PNAC – Programa Nacional para as Alterações Climáticas; SIAM – Climate Change in Portugal.

domingo, julho 16, 2006

Associação Portuguesa de Energia

No dia 21 de Março de 2006 realizou-se uma Assembleia Geral ordinária da APE. Na Acta da reunião ficou registada a seguinte intervenção:

«Entrando no ponto três da Ordem de Trabalhos – Outros Assuntos – interveio o Eng. Rui Moura, fazendo as considerações que se citam:

No dia 29 de Janeiro de 2006 nevou em grande parte de Portugal. Foi uma prova visível da refutação da pseudo - teoria do efeito de estufa antropogénico. Provas não visíveis sucedem todos os dias, todas as horas, todos os minutos e todos os segundos.

A refutação científica é fácil: de acordo com aquela pseudo - teoria o ar aquecido devia subir e provocar uma baixa da pressão; mas a pressão atmosférica tem estado a aumentar, nomeadamente em Portugal, desde a década de 70 do século passado.

A explicação deste aumento de pressão é muito demorada. Mas, rapidamente, ele provoca um aumento da condutibilidade térmica do ar. Para a mesma recepção da radiação solar natural o ar - com maior condutibilidade térmica - aquece mais.

Esse aquecimento é gradativo até uma determinada altitude. Este ar quente não sobe devido à subsidência provocada pela elevada pressão atmosférica. O diagnóstico feito através da pseudo - teoria do efeito de estufa antropogénico está errado e consequentemente as medidas preconizadas para combater uma climopatia inexistente são igualmente erradas.

Uma previsão para os anos imediatos, a manter-se a dinâmica da circulação geral nas áreas polares, especialmente na boreal, aponta para Invernos frios (com tempestades de neve como o de 2006) e Verões quentes.

Um traço comum aos Invernos e aos Verões será o de se apresentar uma atmosfera seca pelo efeito descrito atrás do aquecimento gradativo do ar. Daí que seja necessário aprovisionar energia, para aquecimento no Inverno e arrefecimento no Verão, e água para o ano inteiro, para a alimentação humana, directa ou indirecta na agricultura.

Tive a honra de discutir esta situação num Seminário – designado “Neve em Évora, análise sinóptica” – realizado no Centro de Geofísica de Évora, da Universidade de Évora, com o Prof. João Corte Real, climatologista decano, no dia 24 de Fevereiro p.p.
»

Estavam presentes, na AG, o sr. Director-Geral de Geologia e Energia, na qualidade de presidente da Mesa da AG, e o sr. Presidente da Rede Eléctrica Nacional, na qualidade de Presidente da Direcção e em representação da EDP- Energias de Portugal, SA.

Encontravam-se representantes de alguns associados colectivos (de organismos oficiais ou de empresas privadas):

- Instituto Tecnológico do Gás,
- Instituto do Ambiente,
- ERSE - Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos,
- CEPSA Portuguesa de Petróleos, SA,
- APREN - Associação Portuguesa de Produtores Independentes de Energia Eléctrica de Fontes Renováveis,
- Galp Energia, SPGS, SA,
- Deloitte & Touche Quality Firm, SA,
- Alstom Portugal, SA,
- CME – Construção e Manutenção Electromecânica, SA,
- EFACEC Capital, SPGS, SA,
- INETI – Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação,
- Portucel – Empresa Produtora de Pasta e Papel, SA,
- REN – Rede Eléctrica Nacional, SA,
- SIEMENS, SA,
- Valorsul, SA.

Do mesmo modo, compareceram a esta AG quatro sócios individuais.

Poucas pessoas são capazes de expressar, com serenidade, opiniões que diferem dos preconceitos do seu ambiente social. A maior parte é mesmo incapaz de formar tais opiniões. Albert Einstein.

Toda a nossa ciência, quando comparada com a realidade, é primitiva e infantil, e no entanto é a coisa mais preciosa que temos. Idem.

segunda-feira, julho 03, 2006

National Academy of Sciences

O relatório, datado de 22 de Junho de 2006, da Academia Nacional das Ciências (NAS) dos Estados Unidos da América (EUA) intitulado «Surface Temperature Reconstructions for the Last 2000 Years» retoma o polémico debate sobre o «hockey stick». [Recordar (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8)].

Tecnicamente, o relatório é um documento muito bem elaborado. Não é um estudo inovador. É uma compilação de estudos conhecidos sobre a matéria para dar resposta a uma solicitação do Congresso dos EUA.

O Sumário é algo inconsistente com o relatório, de 156 páginas. Exibe mesmo alguns desvios. São estes os que aparecem nos media. O painel responsável pela elaboração do relatório é predominantemente representativo da escola dos modelos climáticos.

Já o Prefácio é uma condenação dos objectivos pretendidos pelos autores do «hokey stick» e pelo Intergovernmental Panel on Climate Change-IPCC quando afirma (mantém-se a redacção original para evitar os inconvenientes possíveis de uma tradução):

«The reconstruction produced by Dr. Mann and his colleagues was just one step in a longuer process of researche, and it is not (as sometimes presented) a clinching argument for anthtropogenic global warming, but rather one of many independent lines of research on global climate change

A NAS nomeou um ou outro não seguidor daquela escola dominante. Foi o caso de John R. Christy, da Universidade de Alabama, Huntsville. Deste modo, evitou um veredicto totalmente favorável aos autores do «hockey stick».

A Figura S-1, logo na página 2, representa 7 curvas de outros tantos estudos, incluindo a de Mann et Jones, de 2003, ou seja, o célebre «hockey stick» na versão final. As provas analisadas, incluindo aquela figura, permitiram tirar as seguintes conclusões:

1ª) The instrumentally measured warming of about 0.6 ºC during the 20th century is also reflected in borehole temperature measurements, the retreat of glaciers, and other observational evidence, and can be simulated with climate models.

2ª) Large-scale surface temperature reconstructions yield a generally consistent picture of temperature trends during the preceding millennium, including relatively warm conditions centered around A.D. 1000 (identified by some as the “Medieval Warm Period”) and a relatively cold period (or “Little Ice Age) centered around 1700. The existence and extent of a Little Ice Age from roughly 1500 to 1850 is supported by a wide variety of evidence including ice cores, tree rings, borehole temperatures, glacier length records, and historical documents. Evidence for regional warmth during medieval times can be found in a diverse but more limited set of records including ice cores tree rings, marine sediments, and historical sources from Europe and Asia, but the exact timing and duration of warm periods may have varied from region to region, and the magnitude and geographic extent of warmth are uncertain.

3ª) It can be said with a high level of confidence that global mean surface temperature was higher during the last few decades of the 20th century than during any comparable period during the preceding four centuries. This statement is justified by the consistency of the evidence from a wide variety of geographically diverse proxies.

4ª) Less confidence can be placed in large-scale surface temperature reconstructions for the period from A.D. 900 to 1600. Presently available proxy evidence indicates that temperatures at many, but not all, individual locations were higher during any period of comparable length since A.D. 900. The uncertainties associated with reconstructing hemispheric mean or global mean temperatures from these data increase substantially backward in time through this period and are not yet fully quantified.

5ª) Very little confidence can be assigned to statements concerning the hemispheric mean or global mean surface temperature prior to about A.D. 900 because of sparse data coverage and because the uncertainties associated with proxy data and methods used to analyze and combine them are larger than during more recent time periods.

Embora a análise da NAS tenha sido redigida com extremo cuidado – estava em causa o julgamento de um dos seus pares mais mediáticos –, nenhuma daquelas conclusões é favorável a Michael Mann e aos seus colaboradores.

Por exemplo, o relatório sustenta todas as criticas ao «hockey stick» de Mann feitas pelos canadianos McIntyre e McKitrick. A NAS convidou mesmo um destes especialistas de estatística para depor perante o seu painel.

A realidade é que o «hockey stick» tinha eliminado tanto a «Little Ice Age» como o «Medieval Warm Period». O relatório repõe a existência histórica destes acontecimentos paleoclimáticos.

A NAS esqueceu-se de dizer que Michael Mann foi o responsável principal do relatório do IPCC que também apresentou o «hockey stick» como uma prova das teses perfilhadas.

Estranha-se que o relatório da NAS não comente a relutância de Michael Mann em fornecer a base de dados a outros cientistas que pretendiam corroborar (ou refutar) a sua tese. Foi esse um dos motivos que originou o descrédito e politizou a querela.

Nem ao Congresso dos EUA Mann deu resposta ao pedido de esclarecimentos. Esta atitude de estranha ética profissional levou o Congresso a solicitar à NAS a feitura deste relatório.

A revista «Nature» publicou o primeiro dos artigos de Mann. Também se portou de modo pouco normal. Manifestou publica estranheza por esta intervenção política. Mas nunca estranhou a recusa de Mann em fornecer a base de dados. Comparou os críticos ao «lobby» do tabaco.

O relatório não se inclina para o registo sem reservas da mão do homem na evolução recente das temperaturas. Preferiu destacar as incertezas nesta matéria. Sempre é mais seguro do que fazer afirmações sem base científica.

Uma das falhas do relatório consiste na ausência de crítica sobre o grau de precisão da base de dados do «hockey stick». Uma leitura possível é que o cerne das árvores, base do «hockey stick», não é o melhor proxy para este tipo de estudos.

Outra, conjugada com aquela, é a de saber se é correcto misturar medidas obtidas através de termómetros do séc. XX com proxies de cernes de árvores que cresceram numa dada região dos Estados Unidos da América no séc. XI.

O crescimento das árvores não é homogéneo em todas as estações do ano e em todas as horas do dia. Como tal, os valores proxies estimados não devem ser extrapolados para períodos tão longos como um ano.

Em conclusão, o «hockey stick» de Mann afirmava duas coisas que o Sumário (lido essencialmente pelos decisores políticos e pelos jornalistas) do Third Assessment Report do IPCC, de 2001, reproduzia:

1) Nos últimos 1000 anos as temperaturas declinaram suavemente (até cerca de 1850), sem variações significativas – de forma tal que foram apagados tanto o «Medieval Warm Period» como a «Little Ice Age».
2) A mistura de valores reais e proxies mostravam temperaturas mais elevadas no sec. XX do que no ano 1000 dC.

O relatório da NAS contradiz estas afirmações. Os tais 1000 anos de Mann foram reduzidos pela NAS aos últimos 400 (vide terceira conclusão referida anteriormente). Ou seja, após a última era de gelo a temperatura aumentou. Que grande admiração!

Adicionalmente, a base de dados dos cilindros de gelo da Gronelândia colhida por Dahl-Jensen (medidas termométricas) e por Cuffey (oxigénio 18) indicam temperaturas mais elevadas nos anos 1000 dC que as actuais.

A revista «Nature» está, neste caso do “hockey stick”, em maus lençóis. Pretendia safar-se com o relatório da NAS. Foi a revista que publicou o artigo de Mann e agora emite um “press release” do mesmo estilo. Publica afirmações individuais de membros do painel fora do contexto das conclusões avançadas pela NAS.

Este episódio não dignifica a ciência e a «Nature». Tanto quanto se sabe, o draft já divulgado do quarto relatório quinquenal de avaliação (4AR) do IPCC, a publicar em Fevereiro de 2007, deixa cair a curva do “hockey stick”. O assunto está demasiado politizado.

A ciência não é suportada pelo acreditar ou não acreditar em determinadas teses. Estas têm de ser corroboradas ou infirmadas pela Natureza. Através de testes. Respeitar convicções religiosas não é o mesmo que debater teses científicas. Aquelas não se discutem. Estas são sempre discutíveis.

Até hoje ainda ninguém, do IPCC, explicou a razão da subida da pressão atmosférica em certas regiões do planeta, como por exemplo Portugal. De acordo com a tese do IPCC – do efeito de estufa antropogénico – a pressão devia estar a descer. Porquê está a subir?