domingo, julho 23, 2006

Nature

João Magueijo queixou-se que a revista Nature tem problemas com a Física Teórica embora seja óptima em Biologia. Mas não é só em Física Teórica que existem problemas com esta revista.

Também em teoria climática a Nature não é mais exemplar. No seu número 412, de 12 de Julho de 2001, a revista britânica lançou um ataque desabrido contra os críticos em matéria de "alterações climáticas".

Comparou-os ao lobby da indústria do tabaco. Segundo o editorial da Nature «o IPCC desenvolve de modo credível um consenso científico e sabe transmiti-lo aos decisores políticos. As críticas não se dirigem ao seu funcionamento mas aos próprios factos».

Poder-se-ia responder que se o IPCC desenvolve um «consenso» é unicamente no seio do seu pequeno círculo. Este tipo de consenso político não tem nada a ver com os «factos» e, menos ainda, com a ciência.

Examinem-se duas das principais afirmações apresentadas como «factos» no último relatório quinquenal do InterGOVERNMENTAL Panel on Climate Change, o Third Assessment Report.

Primeiro «facto» do IPCC: afirma que durante o último milénio o clima foi estável e favorável. A temperatura não mudou mais do que alguns décimos de grau com excepção do aquecimento notável durante o século XX. É a explicação da infelizmente famosa curva do hockey stick.

Esta afirmação é de tal forma central à argumentação do IPCC que é utilizada a cada oportunidade possível. Na Fig. 53 vê-se um importante dirigente do IPCC, Sir John Houghton, numa conferência de imprensa.

Nota-se nas suas costas o diapositivo representando a curva do hockey stick. Confirma-se a importância crucial desta curva na argumentação falaciosa do IPCC. John Houghton é um dos principais ideólogos do IPCC.

Nem mesmo numerosos trabalhos científicos, publicados em revistas do mundo inteiro, com revisores especializados, demoveram os senhores do IPCC. Aqueles estudos provam a existência do período de aquecimento medieval no início do milénio.

A temperatura média dessa época era superior à dos tempos actuais. Não se pode invocar a emissão de gases antropogénicos com efeito de estufa na idade média em que a indústria mais avançada recorria à energia humana ou ao animal doméstico.

Do mesmo modo, inúmeros artigos científicos, publicados igualmente em revistas com revisão antecipada, demonstraram inequivocamente o aparecimento da pequena idade do gelo.

O IPCC preferiu ignorar este conjunto de trabalhos científicos. Foi esse organismo político que ignorou os «factos». Não foram os críticos eufemisticamente designados por cépticos.

No mínimo, para poder continuar a pretender seguir critérios científicos, o IPCC deveria ter reconhecido que a sua curva era discutível. Ou, antes, que se tratava de uma mera hipótese de trabalho.

Mas não, o IPCC apresentou-a como um «facto» tão duro como o aço. E, o que é mais grave, a Nature colaborou com o IPCC ao persistir com esta farsa. A National Academy of Science acaba de dar mais uma estocada nesta fraude científica.

Segundo «facto» do IPCC: diz que a Terra aqueceu 0,6 ºC no decurso do século XX. Metade deste aquecimento (0,3 ºC) teria tido lugar a partir dos finais dos anos 70. As temperaturas registadas pelos satélites e radiossondas não permitem validar esta afirmação.

Estas fontes de informação mostram que o aquecimento real durante os trinta últimos anos do século findo foi inferior a 0,08 ºC e não de 0,3 ºC. Mas que grande diferença. Qual destas medições tem maior precisão? Nem se discute: é a dos satélites!

Estes senhores estrebucham para subestimar os resultados dos satélites. Arranjam explicações que nem lembra ao diabo para corrigi-los e aproximá-los dos elementares termómetros.

Se o IPCC desejasse realmente comportar-se de modo rigorosamente científico, deveria ter admitido pelo menos que a sua afirmação de um aquecimento de 0,6 ºC era baseada num único dos três métodos disponíveis: o dos termómetros terrestres.

Essa escolha é, pelo menos, discutível. Não é um facto que deva ser anunciado sem esquecer de anunciar os outros. Representa uma falta de ética esconder, do grande público e dos decisores, os resultados dos outros métodos.

Em vez de ser intelectualmente honesto, o IPCC pretende que as outras duas fontes de dados (radiómetros dos satélites e radiossondas dos balões) não contam. E nem sequer se preocupa em explicar a razão desse critério de demarcação.

Pode-se adivinhar: os registos de superfície dizem aquilo que os responsáveis do IPCC querem ouvir e os outros dizem o contrário. Portanto, coloca os primeiros à frente dos olhos da opinião pública e esconde os outros.

Fazem como os maus advogados. Mas isso não é admissível em ciência. As provas devem ser todas apresentadas e discutidas. Não se deve enganar com truques deste género.

O IPCC está mais preocupado com a ideologia política do que com a ciência. Neste sentido, é incontestavelmente um grupo InterGOVERNAMENTAL. O consenso que se atinge é antes do mais um consenso político.

Foi alcançado num período em que Al Gore esteve no poder durante oito anos como vice-Presidente dos EUA. Também vários ministros “verdes” pertenceram a governos da Europa ocidental nessa altura.

Em 1948 as teorias do biólogo russo Lysenko sobre a evolução e genética foram oficializadas pelo governo. Quem discordasse delas arriscava a vida. Agora aparece uma nova ideologia disfarçada de ciência.

A propensão do IPCC em seleccionar certos estudos e resultados – escondendo outros – torna-o num grupo de ideólogos e não de cientistas. Infelizmente a Nature deu-lhe cobertura pelo que não se distingue dos propósitos.