sexta-feira, fevereiro 26, 2010

A história do “vilão” (3)

(continuação)

Críticas a Arrhenius

Durante um século e meio, a maioria dos cientistas considerou implausível a teoria de Arrhenius. Foi vista com cepticismo. Por exemplo, Lotka, em 1924, insistiu que os oceanos contêm 50 vezes mais CO2 do que a atmosfera.

Consequentemente, Lotka afirmou que “os oceanos actuam como um regulador da concentração atmosférica, absorvendo 95 % de todo o CO2 introduzido na atmosfera; assim, as flutuações são moderadas.

Admitia-se que a Natureza fosse capaz de restaurar automaticamente o equilíbrio, conforme provado através dos milhões de anos da história da Terra. O optimismo de Lotka era acompanhado por muitos outros cientistas.

Assim, Blair, em 1942, reflectiu a opinião generalizada, para a época, ao escrever: “Podemos afirmar com confiança que o clima não é influenciado pelas actividades do homem, excepto local e transitoriamente.” Essa confiança no futuro e no homem duraria até 1950.

Weart, em 1997, proferiu a maior objecção à teoria do efeito de estufa antropogénico. Afirmou que o efeito de estufa está ligado ao papel superior que é representado pelo vapor de água, muito mais abundante do que o CO2.

Anteriormente, em 1951, no Compendium of Meteorology, a American Meteorological Society declarou que a teoria segundo a qual o dióxido de carbono poderia alterar o clima “was never widely accepted. And was abandoned when it was found that all the long-wave radiation (that might be) absorbed by CO2 is already absorbed by water vapour” (in Weart).

Nessa época, Callendar foi um dos cientistas que discordaram da designada teoria de Arrhenius. Segundo ele, Arrhenius concentrou-se essencialmente nos períodos glaciais. Callendar interessou-se pela discussão da variabilidade do clima de origem antropogénica. Mas a sua opinião foi-se alterando ao longo do tempo.

Em 1938, Callendar fez uma estimativa da quantidade de CO2 introduzida na atmosfera, desde 1850, pela acção do homem. Determinou o valor de 150 milhões de toneladas de CO2 dos quais 75 % permaneceriam na atmosfera.

Segundo Callendar, este aumento na concentração atmosférica foi responsável por um aumento da temperatura de 1 ºC no período estudado. Posteriormente, (“Can CO2 influence climate?”, 1949), Callendar analisou a contribuição humana ao tentar explicar o aumento das temperaturas nos primeiros anos do século XX pelo “efeito do CO2”, conforme a sua designação.

(continua)

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

A história do “vilão” (2)

(continuação)

Svante August Arrhenius

Svante Arrhenius beneficiou dos trabalhos pioneiros de Fourier, Tyndall e Langley para dar um impulso ao estudo do efeito de estufa. Mitos Climáticos tem o prazer de facultar aos seus leitores um documento histórico: «On the Influence of Carbonic Acid in the Air upon the Temperature of the Ground», de 1896.

Na Introdução, Arrhenius afirma: “A Great deal has been written on the influence of the absorption of the atmosphere upon the climate. Tyndall in particular has pointed out the enormous importance of this question. »

Mais à frente, Arrhenius acrescenta: «Fourier maintained that the atmosphere acts like the glass of a hot-house, because it lets through the light rays of the sun but retains the dark rays from the ground. This idea was elaborated by Poillet; and Langley was by some of this researches led to the view, that “the temperature of the earth under direct sunshine, even though our atmosphere were present as now, would probably fall to –200 ºC if the atmosphere did not possess the quality of selective absorption.»

O valor de 200 ºC negativos é manifestamente exagerado. Sem a presença da atmosfera a superfície da Terra teria uma temperatura média de cerca de 18 ºC negativos, ao passo que, com a atmosfera, revela uma temperatura média de cerca de 15 ºC positivos.

Para as pequenas histórias da actualidade, Arrhenius é constantemente citado como o pai da teoria do efeito de estufa para mostrar que se trata de uma velha teoria com quase um século e, consequentemente, fiável.

Temos de absolver Arrhenius das falhas que, apesar do seu rigor científico, se encontram neste artigo, que resultou de um trabalho de titã, tendo em conta as limitações dos conhecimentos, dos meios de cálculo e de observação da época.

Arrhenius, Prémio Nobel da Química, pretendeu justificar as glaciações com os valores das concentrações atmosféricas do dióxido de carbono. Ironia do destino, Arrhenius congratulou-se com as emissões dos gases com efeito de estufa, devidas às actividades humanas, por distanciarem a data da entrada numa nova glaciação.

O sábio sueco traçou cinco cenários futuros de concentrações atmosféricas de CO2 relativas ao valor do seu tempo, que seria de 300 ppmv (partes por milhão em volume). Um valor inferior (0,67 vezes) e quatro superiores (1,5; 2; 2,5 e 3 vezes).

As suas conjecturas levaram-no a concluir que: «A simple calculation shows that the temperature in the arctic regions would rise 8 º to 9 ºC, if the carbonic acid increased to 2,5 or 3 times its present value.» - pág. 268.

É interessante registar também esta passagem do artigo histórico de Arrhenius (pág. 267):

«From the geological researches the fact is well established that in Tertiary times there existed a vegetation and an animal life in the temperate and arctic zones that must have been conditioned by a much high temperatures than the present in same regions.»

Logo a seguir, na mesma página, acrescentou: «The temperature in the arctic zones appears to have exceeded the present temperature by about 8 or 9 degrees [Celsius]. To this genial time the ice age succeeded, and this was one or more times interrupted by interglacial periods with a climate of about the same character as the present, sometimes even milder [!].»

Em 1903, Arrhenius sugeriu que a maior parte do dióxido de carbono emitido pela combustão dos combustíveis fósseis poderia ser absorvida pelos oceanos. Anunciou então que a temperatura superficial poderia subir 5 ºC a 6 ºC se a concentração atmosférica do CO2 duplicasse.

Só que, as suas profecias eram feitas para vários séculos. Também afirmou que «the effect will be greater in winter than in summer … and over the continents rather than the oceans … it will be at a maximum in the polar regions

É interessante verificar que as previsões de Arrhenius, feitas há quase cem anos, com metodologia rudimentar – quanto à amplitude média do “aquecimento” e à maior incidência nas latitudes elevadas – se repetem actualmente com recurso a meios caríssimos.

O que não significa que as previsões de Arrhenius estejam correctas, mas sim que os meios caríssimos hoje utilizados pouco ou nada vieram adiantar. Não surpreende, dada a enorme dificuldade, senão impossibilidade, de modelar o sistema climático global do planeta. Pelo que fica uma suspeita. Os meios caríssimos hoje utilizados possivelmente apenas vieram consubstanciar o resultado a que alguns queriam chegar.

(continua)

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

A história do “vilão” (1)

O Prof. Molion, já várias vezes referido no Mitos Climáticos (MC), a última das quais aqui, apelidou ironicamente o CO2 como um “vilão”. Mas, como acrescentou o professor, o CO2 é, na verdade, o gás da vida. Os seguidores do "aquecimeto global" já lhe chamaram um gás tóxico (!). Nos EUA foi, politicamente, considerado como um poluente (!).

MC vai ocupar-se nas próximas notas, baseado nos estudos de Marcel Leroux, com a evolução da percepção histórica da influência do dióxido de carbono presente na atmosfera. Ver-se-á que, em quase 200 anos, não se evoluiu muito quanto à noção do real valor deste gás para o clima.

Jean Baptiste Joseph Fourier

Em 1827, o matemático e físico francês Jean Fourier, o primeiro a pronunciar-se sobre a influência da atmosfera terrestre na temperatura à superfície do planeta, admitiu que a atmosfera aquecia como se estivesse debaixo de uma placa de vidro.

Esta ideia não é correcta, mas, por analogia, embora errada, com o que acontece numa estufa, o aquecimento da superfície do planeta devido à presença da atmosfera, acabou por ficar conhecido como “efeito de estufa”.

De facto, a superfície terrestre é aquecida pela radiação solar, mas devolve essa energia ao espaço, a radiação terrestre, sob a forma de radiação infravermelha (*1).

Os principais constituintes da atmosfera, o azoto e o oxigénio (respectivamente, 78 % e 21 % em volume), são transparentes à radiação terrestre, mas alguns dos gases residuais (em inglês trace gases) presentes na atmosfera absorvem uma parte da radiação terrestre e aumentam a sua agitação térmica, isto é, aquecem. Esse aquecimento é transmitido aos outros gases, verificando-se um aquecimento de toda a atmosfera, com maior relevo para a camada mais próxima da superfície, a troposfera.

Ficando mais quente, a própria atmosfera radia energia, como qualquer corpo quente, uma parte para o espaço exterior, outra parte, a radiação celeste, de volta à superfície terrestre (*2). O efeito da radiação celeste é o sobreaquecimento do solo e da camada da atmosfera mais próxima do solo. Desta forma, a superfície do planeta torna-se mais quente do que seria sem a existência da atmosfera. Como se sabe, o principal gás envolvido neste processo é o vapor de água. O dióxido de carbono também participa no processo, mas com um peso muito menor.

Supõe-se que Fourier sugeriu que a actividade humana poderia modificar o clima.

John Tyndall e Samuel Langley

O físico inglês John Tyndall, em 1861, realizou experiências laboratoriais para determinar as propriedades radiativas dos gases atmosféricos, nomeadamente quanto à sua capacidade de absorção das radiações.

Já em 1860, Tyndall começou por admitir que pequenas variações na composição atmosférica poderiam conduzir a variações climáticas. Descobriu que, além do vapor de água, também o metano e o dióxido de carbono eram gases com efeito de estufa.

Mas Tyndall dedicou muita atenção à absorção da radiação pelo vapor de água. Declarou então:

«…this aqueous vapour is a blanket more necessary to the vegetable life of England than clothing is to man. Remove for a single summer night the aqueous vapour from the air that overspreads this country, and you would assuredly destroy every plant capable of being destroyed by a freezing temperature.»

Em 1884, Samuel Langley analisou os efeitos da radiação infravermelha sobre os níveis da temperatura superficial. Estes trabalhos, que mereceram um prémio da National Academy of Sciences, EUA, foram utilizados mais tarde pelo sueco Svante Arrhenius.

(continua)

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Climatologia moderna

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Foi agora publicada a última obra de Marcel Leroux «Dynamic Analysis of Weather and Climate». Acabou de a escrever dois meses antes do seu falecimento, que ocorreu em 12 de Agosto de 2008.

O Prefácio, que se transcreve na íntegra, foi escrito por um colega de Marcel Leroux da Universidade Jean Moulin – Lyon III:

Praxis Publishing is to be praised for its initiative in taking on the second English edition of Dynamic Analysis of Weather and Climate, thereby bringing a major work to the world’s notice.

It was Marcel Leroux’ lifelong aim, pursued with steely determination even in his last days, to understand, and thereby to increase the understanding of others. As both geographer and climatologist, he knew that true understanding goes beyond our comprehension of tables and statistics; it involves thorough research into the complex web of facts about the interactions of the atmosphere, the oceans and the features of the land. His respect for nature in its entirety was founded upon real observation, the indispensable basis of scientific research to any student of the natural world.

Leroux fosters understanding through the clarity of his explanation, solidly supported and encompassing the whole of the domain under scrutiny: the mark of the effective teacher.

I would like to recall here, having witnessed it at first hand, the constant care that Marcel Leroux lavished upon the students, in particular the many who were preparing their theses under his guidance.

In his research, as in his teaching, Marcel Leroux was a great man.

Charles Toupet, Emeritus Professor Université Jean Moulin Lyon III.

O livro, com 422 páginas, está dividido em três partes, cada uma delas subdividida em vários capítulos:

Part I – General Circulation in the Troposphere;
Part II – Dynamics of the Weather: Disturbances;
Part III – Dynamics of Climate: Climate Evolution, The “Global Climatic System”.

A Bibliografia contém cerca de 500 referências de livros, revistas e blogues, entre os quais está o Mitos Climáticos (MC). O editor do MC fica profundamente reconhecido ao Prof. Marcel Leroux pela distinção.

A leitura deste livro permite apreender como se processa a circulação geral da atmosfera tal como se observa nas imagens dos satélites e o que são os anticiclones móveis polares (AMP) e quais são as suas características.

Para um diagnóstico exacto do cenário da dinâmica do tempo e do clima que se analisa – em qualquer época – Marcel Leroux explica os dois modos básicos da circulação geral da atmosfera: o modo lento e o modo rápido.

É assim que facilmente se percebe que o modo determinante dos dias de hoje é o modo rápido: AMP potentes e frequentes em todas as épocas do ano, seja Inverno ou Verão. Nesta perspectiva, de carácter científico, porque baseada na observação e nos factos, o hipotético “aquecimento global” fica reduzido a uma fantasia.

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Retoma da opção nuclear nos Estados Unidos

Por Jorge Pacheco de Oliveira

Segundo notícias recentes, por exemplo, da agência AFP Barack Obama veio revelar os seus planos para construir novas centrais nucleares, algo que já não se observava nos Estados Unidos desde há cerca de 30 anos.

Mas não é nada que já não fosse esperado. As declarações de Obama, mesmo na própria tomada de posse, e as posteriores intervenções do seu secretário para a Energia, Steven Chu, faziam prever esta decisão.

Uma decisão que o autor destas linhas aplaude, pois desde há muito que considera a energia nuclear como uma das melhores opções para a produção de energia eléctrica de uma forma permanente e de baixo custo.

A electricidade com origem em energias renováveis é sempre bem-vinda, apesar da intermitência que caracteriza algumas das formas mais conhecidas, como a eólica e a fotovoltaica, mas o problema reside nos preços elevadíssimos, sem justificação, que os governos dominados pelas ideologias ambientalistas, como acontece com o nosso, permitem aos seus promotores e que estão a agravar as condições de vida dos consumidores e a economia em geral.

No seu recente anúncio, Obama prometeu uma garantia para empréstimos num valor de cerca de 8000 milhões de dólares destinados a financiar a construção, para já, de dois novos reactores na central nuclear de Vogtle, em Burke, no Estado da Georgia.

Mais significativa ainda foi a chamada de atenção de Obama para o facto de este investimento, para além de dar origem a alguns milhares de postos de trabalho temporários, durante a construção dos reactores, vir permitir a criação de cerca de 800 novos postos de trabalho, bem pagos e, note-se bem, permanentes.

Ora, novos postos de trabalho permanentes é algo que as energias renováveis não conseguem, mas que os respectivos promotores escondem do público, por motivos óbvios. E escondem, também porque contam com a ajuda de uma comunicação social pouco atenta a tais "detalhes", talvez porque se encontre enfeudada aos aquecimentos globais e a outras tolices propaladas pelo ambientalismo fundamentalista internacional.

De facto, sabendo-se que o negócio das renováveis dá dinheiro a ganhar a uns poucos investidores, que não cria praticamente nenhum novo posto de trabalho permanente e que a energia produzida custa uma fortuna aos consumidores, por que diabo os governos insistem nesta tranquibérnia? No caso do Governo português, com a parolice adicional de afirmar aos quatro ventos que Portugal é o campeão das renováveis...!

terça-feira, fevereiro 16, 2010

O fim da teoria do aquecimento global

Por Jorge Pacheco de Oliveira

Perante o frio de rachar que desde há muito se faz sentir no hemisfério Norte, os adeptos da teoria do aquecimento global – na designação internacional AGW, de Anthropogenic Global Warming – têm andado prudentemente calados.

Não é caso para menos, tendo em conta também a avalanche de revelações que têm vindo a público, denunciando as manipulações de dados e mesmo as fraudes praticadas pelos (pseudo) cientistas do IPCC e de outras organizações congéneres, a ponto de já circular na net uma petição a exigir a retirado do prémio Nobel a Al Gore e ao IPCC.

Em todo o caso, alguns dos adeptos do AGW ainda guardam alguma esperança de que, com o passar do tempo, se vá atenuando o furor despertado na comunidade internacional pelas revelações do Climategate. E, quem sabe, num puro exercício de whishful thinking, talvez ainda acreditem que tudo venha a ser esquecido e se torne possível regressar aos “bons” velhos tempos em que se deliciavam a aterrorizar toda a gente com as emissões de dióxido de carbono.

Felizmente estão enganados. No entanto, tenhamos isso presente, a teoria do AGW ainda permite aos alarmistas condicionar a política energética dos governos. Particularmente em Portugal, em que os fanáticos do AGW ou estão no governo ou dispõem de forte influência junto do mesmo, há muito que se fazem sentir os efeitos nefastos de uma política de energias renováveis que contempla os produtores com subsídios escandalosos, agravando de forma insuportável os preços da energia eléctrica paga pelos consumidores, sobretudo os consumidores domésticos, aos quais, para que conste, o ardiloso Decreto Lei 90/2006, do anterior governo Sócrates, veio imputar praticamente a totalidade dos sobrecustos das renováveis.

É por isso que todas as oportunidades são poucas para recordar aos decisores políticos que a teoria do AGW está morta e enterrada e que só os ingénuos, os distraídos, ou os que têm algo a ganhar com o assunto, é que ainda vêm a público defendê-la.

As conclusões de tudo quanto tem vindo a ser conhecido, mesmo depois do Climategate, não deixa dúvidas: se a teoria do AGW ainda não está morta e enterrada, como seria desejável, está em franco declínio.

Aos decisores políticos só falta terem a coragem de reconhecer que andaram a ser deliberadamente enganados pelos cientistas do IPCC e organizações congéneres, declarando, em conformidade, que a teoria do AGW deixará de constituir qualquer limitação para a definição das suas políticas energéticas.

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Perguntas e respostas do Prof. Phil Jones

Conhecem-se mais perguntas e respostas em que participou o Prof. Phil Jones, actualmente suspenso das funções de director do Climatic Research Unit (CRU) da University of East Anglia (UEA), na sequência do escândalo que ficou conhecido por Climategate.

As respostas de Phil Jones vieram confirmar aquilo de que suspeitavam os críticos da teoria há muito tempo.

De forma resumida:

1) Nem a taxa de aumento, nem a amplitude do recente aquecimento é excepcional.

2) Não houve qualquer aquecimento significativo entre 1998 e 2009. Todavia, de acordo com o IPCC, deveríamos ter observado um aumento da temperatura de 0,2 ºC por década.

3) Os modelos do IPCC ou sobre-estimaram a sensibilidade climática aos gases com efeito de estufa, ou sub-estimaram a variabilidade natural, ou fizeram ambas as coisas.

4) Por via do anterior, é de esperar que as previsões baseadas nos modelos do IPCC sofram de um enviesamento sistemático que agravou as estimativas.

5) A lógica subjacente à imputação do recente aquecimento aos gases com efeito de estufa de origem antropogénica é incorrecta.

6) Ao contrário do que diziam os defensores da teoria, a ciência destes fenómenos não se encontra estabelecida, nem se sabe quando estará.

7) Nos relatórios do IPCC verifica-se uma tendência para escamotear descobertas inconvenientes, em particular naquelas passagens que, com maior probabilidade, poderiam ser lidas pelos decisores políticos.

Conclui-se, assim, que por acção ou omissão, os decisores políticos da generalidade dos países andaram a ser enganados. Se fossem pessoas firmes, reconheciam o erro e tomavam a atitude que se impõe perante esta situação, declarando que deixariam de subordinar as suas políticas energéticas às emissões de dióxido de carbono.

Fonte: BBC News.

domingo, fevereiro 14, 2010

Algumas confissões de Phil Jones

Numa entrevista recente, concedida ao Daily Mail, Phil Jones – o principal implicado no Climategate – concorda que:

- Não tem havido, estatisticamente, aumento significativo das temperaturas desde 1995.

- Têm existido períodos normais de aquecimento e de arrefecimento.

- O Período Quente Medieval poderia ter estado mais quente que actualmente.

- Não existem dados históricos que suportem o «hockey stick», pelo menos conhecidos até hoje.

Fugiu-lhe a boca para a verdade.

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Aquecimento Global: Ciência ou Religião?


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O Prof. Gustavo M. Baptista, da Universidade de Brasília, acaba de escrever o livro “Aquecimento Global: Ciência ou Religião?”, 188 pág. (ISBN 978-85-62684-00-5). A livraria Livpsic fechou contracto com a editora brasileira para distribuição do livro em Portugal.

Estamos perante um livro corajoso que aborda o tema com uma transparência total. Começa por explicar o que o IPCC pretende com os seus famosos relatórios, muito especialmente com o último de 2007.

Enumera os pontos principais da acusação do IPCC contra o Homem:

• É muito provável que o aumento da temperatura média global seja devido ao aumento dos gases com efeito de estufa.
• O dióxido de carbono é o mais importante gás com efeito de estufa antropogénico.
• A concentração atmosférica total do CO2 passou de 280 ppmv (partes por milhão em volume), na era pré-industrial, para 379 ppmv, em 2005.
• O valor desta concentração ultrapassou em muito a faixa natural (180 ppmv a 300 ppmv) dos últimos 650 mil anos.
• A principal fonte de aumento da concentração atmosférica de CO2 é a queima de combustíveis fósseis e a mudança de padrão do uso dos solos.
• É provável que o incremento das temperaturas, em relação à do ano 2000, se venha a situar entre 2 ºC e 4,5 ºC, em 2100. A melhor estimativa seria de 3 ºC. É muito improvável que seja inferior a 3 ºC.
• Valores substancialmente mais elevados que 4,5 ºC não podem ser descartados, considerando que o cenário mais pessimista previu um aumento de 6 ºC.
• O aquecimento previsto é muito provavelmente sem precedentes nos últimos 10 mil anos.

Deve-se salientar que termos como sejam muito provável, provável, muito improvável e muito provavelmente foram introduzidos nos relatórios do IPCC após votação de braço no ar nos conclaves do IPCC.

O Prof. Gustavo Baptista interroga-se: - “Mas em que se baseia o IPCC para avançar com aquelas hipóteses?” Responde, então, que são três os pilares que suportam a hipótese antropogénica para o aquecimento global:

1. A série histórica das anomalias das temperaturas observadas em cerca de 3000 estações meteorológicas.
2. A série histórica das variações das concentrações atmosféricas de dióxido de carbono encontradas associadas, a posteriori, às concentrações nos cilindros de gelo.
3. Cenários que foram introduzidos em modelos de predição climatológica, nomeadamente, para o caso do dobro da concentração actual.

Com um rigor impressionante, o Prof. Gustavo Baptista destrói os pilares um a um no seu magnífico livro. Nem o pilar nº 2 resiste à análise. Desde o ano 1800 já se observaram valores de 550 ppmv (contra os actuais, aproximadamente, 385 ppmv). E até já se mediram valores mais elevados do que aquele, como mostra o Prof. no gráfico das concentrações, na pág. 146.

O Prof. Gustavo Baptista conclui que «a doutrina do aquecimento global já não é apenas uma teoria científica; é uma ferramenta social e política populista.»

O livro tem variadíssimas virtudes, nomeadamente a de constituir um livro de consulta permanente, após uma leitura atenta. Tal é a profundidade dos elementos de observação que apresenta: séries históricas de anomalias, ciclos de manchas solares, vulcões e aerossóis naturais, oscilações multidecenais dos oceanos, etc.

O Prefácio do livro é da responsabilidade do Prof. Luis Carlos Baldicero Molion, bem conhecido dos leitores do MC. As referências bibliográficas são valiosíssimas. Não falta o livro primordial de Marcel Leroux.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Evoluções climáticas regionais

Os modelos informáticos do clima impõem o conceito errado de clima global. Além disso, reduzem a atenção da evolução dita climática especialmente para um só parâmetro, a temperatura.

Ora a temperatura é apenas significativa quando o modo dinâmico (da circulação geral da atmosfera) é o lento. No modo rápido a pressão atmosférica passa a ser significativa. Além disso, as variações climáticas são sobretudo locais ou regionais.

Essas variações são organizadas pelo factor dinâmico existente em cada espaço aerológico. Vamos concentrar a atenção no espaço aerológico do Atlântico Norte que interessa particularmente a Portugal.

As evoluções climáticas são diferentes em função da localização das regiões relativamente às trajectórias dos anticiclones móveis polares (AMP). O clima em Portugal não é necessariamente igual ao de outra região embora situada em latitudes próximas (Lisboa e Washington, ou Porto e Boston, p.ex.).

Assim, podemos encontrar as seguintes evoluções:

- Na bacia do Árctico

Depois de ter aquecido rapidamente entre o final do século XIX e os anos 1930-1940, o Árctico arrefeceu lentamente, em todas as estações do ano (Rogers et al.). No Árctico ocidental, entre 1950 e 1990, a queda da temperatura atingiu – 4,4 º C no Inverno e – 4,9 ºC no Outono (Khal et al.). Este arrefecimento constitui o desmentido mais flagrante das previsões dos modelos.

- Na América do Norte e na Gronelândia

Observou-se um arrefecimento no Árctico canadiano e a este do Canadá onde foram batidos todos os recordes de frio. O mínimo registou-se na Gronelândia e nas províncias marítimas do Canadá (Pocklington). Toda a parte central e oriental dos Estados Unidos observou uma tendência contínua para o arrefecimento até às redondezas do Golfo do México (Kukla). As vagas de frio atingiram o Golfo, pouco severas durante os anos 1950, agravaram-se depois nos anos 1970 (Rogers et Rohli), acompanhadas por um aumento da frequência das perturbações violentas, tempestades de neve com rajadas de ventos e tornados.

- No nordeste do Atlântico (Mar da Noruega e orlas costeiras)

Registou-se uma evolução original marcada por uma alta contínua da temperatura que, no decurso dos três últimos decénios, atingiu 2 ºC à escala dos valores médios anuais, enquanto que à escala sazonal a alta mais forte foi observada no Inverno, ultrapassando 3 ºC. Recorda-se que é esta a região preferencial de importação do ar quente e húmido em troca do ar frio saído do centro do Árctico.

- No Atlântico

Notou-se uma forte tendência para o arrefecimento desde os anos 1960, tanto no ar como no mar, da Gronelândia até à Europa e às costas africanas até às Ilhas de Cabo Verde.

- Na Europa Ocidental

Teve tendência para se «aquecer», embora mais fracamente do que o Mar da Noruega. Essa tendência ficou a dever-se à passagem do ar quente devolvido à região do Árctico em troca da exportação de ar frio desta região.

Quanto mais frio está o Árctico mais exporta ar frio e importa ar menos frio. Foi a Europa Ocidental que mais sentiu as trocas meridionais de energia. Foi por esta razão, acima do factor urbano, que se registaram as maiores subidas das temperaturas.

Esta intensificação das trocas teve como consequência, nas trajectórias das passagens dos AMP, uma subida regular da pressão atmosférica sobre o Atlântico (excepto no Mar da Noruega) e sobre a Europa, nomeadamente sobre Portugal.

No decurso dos anos 1970 a evolução da pressão mudou de ritmo, pararam as fortes variações inter-anuais mantendo-se uma elevação constante e generalizada da pressão. Por exemplo, em Constança, Roménia, a subida atingiu 6 hPa (hectopascais). A elevação da pressão propagou-se à bacia do Mediterrâneo e para lá da África setentrional.

Esta alta de pressões foi ainda susceptível, em acréscimo à estabilidade da camada urbana (ver O efeito de estufa urbano), de concentrar especialmente a poluição nocturna e de favorecer o “efeito de estufa urbano” com a subida das temperaturas mínimas.

A alta das pressões é igualmente devida à formação cada vez mais frequente das aglutinações anticiclónicas de longa duração sobre a Europa e próximo do Atlântico, tanto no Verão como especialmente no Inverno.

As aglutinações anticiclónicas constituem o fenómeno mais importante no estabelecimento das ondas de calor, dos períodos de seca meteorológica, dos atrasos da queda de neve, etc., etc.

Proximamente, será dada atenção à formação das aglutinações anticiclónicas. Escusado seria dizer que não existe nenhum modelo informático do clima que represente este fenómeno fundamental das AA.

Mas não é possível compreender a dinâmica do tempo e do clima sem apreender, com todos os seus pormenores, como se formam, como permanecem e como se extinguem as AA. O anticiclone dos Açores é uma das mais famosas AA planetárias.