quarta-feira, fevereiro 24, 2010

A história do “vilão” (2)

(continuação)

Svante August Arrhenius

Svante Arrhenius beneficiou dos trabalhos pioneiros de Fourier, Tyndall e Langley para dar um impulso ao estudo do efeito de estufa. Mitos Climáticos tem o prazer de facultar aos seus leitores um documento histórico: «On the Influence of Carbonic Acid in the Air upon the Temperature of the Ground», de 1896.

Na Introdução, Arrhenius afirma: “A Great deal has been written on the influence of the absorption of the atmosphere upon the climate. Tyndall in particular has pointed out the enormous importance of this question. »

Mais à frente, Arrhenius acrescenta: «Fourier maintained that the atmosphere acts like the glass of a hot-house, because it lets through the light rays of the sun but retains the dark rays from the ground. This idea was elaborated by Poillet; and Langley was by some of this researches led to the view, that “the temperature of the earth under direct sunshine, even though our atmosphere were present as now, would probably fall to –200 ºC if the atmosphere did not possess the quality of selective absorption.»

O valor de 200 ºC negativos é manifestamente exagerado. Sem a presença da atmosfera a superfície da Terra teria uma temperatura média de cerca de 18 ºC negativos, ao passo que, com a atmosfera, revela uma temperatura média de cerca de 15 ºC positivos.

Para as pequenas histórias da actualidade, Arrhenius é constantemente citado como o pai da teoria do efeito de estufa para mostrar que se trata de uma velha teoria com quase um século e, consequentemente, fiável.

Temos de absolver Arrhenius das falhas que, apesar do seu rigor científico, se encontram neste artigo, que resultou de um trabalho de titã, tendo em conta as limitações dos conhecimentos, dos meios de cálculo e de observação da época.

Arrhenius, Prémio Nobel da Química, pretendeu justificar as glaciações com os valores das concentrações atmosféricas do dióxido de carbono. Ironia do destino, Arrhenius congratulou-se com as emissões dos gases com efeito de estufa, devidas às actividades humanas, por distanciarem a data da entrada numa nova glaciação.

O sábio sueco traçou cinco cenários futuros de concentrações atmosféricas de CO2 relativas ao valor do seu tempo, que seria de 300 ppmv (partes por milhão em volume). Um valor inferior (0,67 vezes) e quatro superiores (1,5; 2; 2,5 e 3 vezes).

As suas conjecturas levaram-no a concluir que: «A simple calculation shows that the temperature in the arctic regions would rise 8 º to 9 ºC, if the carbonic acid increased to 2,5 or 3 times its present value.» - pág. 268.

É interessante registar também esta passagem do artigo histórico de Arrhenius (pág. 267):

«From the geological researches the fact is well established that in Tertiary times there existed a vegetation and an animal life in the temperate and arctic zones that must have been conditioned by a much high temperatures than the present in same regions.»

Logo a seguir, na mesma página, acrescentou: «The temperature in the arctic zones appears to have exceeded the present temperature by about 8 or 9 degrees [Celsius]. To this genial time the ice age succeeded, and this was one or more times interrupted by interglacial periods with a climate of about the same character as the present, sometimes even milder [!].»

Em 1903, Arrhenius sugeriu que a maior parte do dióxido de carbono emitido pela combustão dos combustíveis fósseis poderia ser absorvida pelos oceanos. Anunciou então que a temperatura superficial poderia subir 5 ºC a 6 ºC se a concentração atmosférica do CO2 duplicasse.

Só que, as suas profecias eram feitas para vários séculos. Também afirmou que «the effect will be greater in winter than in summer … and over the continents rather than the oceans … it will be at a maximum in the polar regions

É interessante verificar que as previsões de Arrhenius, feitas há quase cem anos, com metodologia rudimentar – quanto à amplitude média do “aquecimento” e à maior incidência nas latitudes elevadas – se repetem actualmente com recurso a meios caríssimos.

O que não significa que as previsões de Arrhenius estejam correctas, mas sim que os meios caríssimos hoje utilizados pouco ou nada vieram adiantar. Não surpreende, dada a enorme dificuldade, senão impossibilidade, de modelar o sistema climático global do planeta. Pelo que fica uma suspeita. Os meios caríssimos hoje utilizados possivelmente apenas vieram consubstanciar o resultado a que alguns queriam chegar.

(continua)