O “efeito de estufa” urbano
Os estudos da evolução das temperaturas máxima, mínima e média das cidades mostram, de um modo geral, que foram as mínimas que se elevaram progressivamente. Esta tendência verificou-se, sobretudo, a partir dos anos 1950.
Foram pois as temperaturas nocturnas que subiram. As temperaturas nocturnas, mais do que as diurnas, marcam mesmo a evolução da temperatura média. De facto, de um modo geral, a temperatura máxima não apresenta uma clara evolução de subida.
Todas estas conclusões têm justificação nas urbanizações citadinas. T. R. Oke no livro Boundary Layer Climates apresenta as seguintes causas principais para estas conclusões:
- O espaço urbano produz uma diminuição do albedo em relação ao espaço circundante (donde uma absorção relativamente mais elevada da radiação solar);
- A poluição contida no interior do volume urbanizado conduz a uma atenuação da radiação solar directa da ordem de 5 % a 10 %;
- No entanto, essa redução é compensada por um aumento da radiação difusa devida à poluição (no infravermelho, as partículas em suspensão aumentam a difusão);
- O armazenamento do calor (que se acumula no Inverno com o excesso da actividade humana diurna e a respectiva emissão antropogénica) provoca um desfasamento térmico de uma a duas horas (em relação ao ritmo cósmico diurno);
- Os edifícios citadinos fazem com que haja uma diminuição da velocidade do vento em razão da rugosidade das superfícies que encontra no seu trajecto.
Estas causas traduzem-se no efeito de temperaturas mais elevadas na parte central dos aglomerados urbanos que formam uma ilha de calor urbano decrescente do centro para a periferia. O efeito desta ilha de calor evidencia-se sobretudo à noite.
Na cidade forma-se, acima das coberturas, uma camada urbana de ar (urban boundary layer). Essa camada tem uma espessura da ordem de 200 a 300 metros durante a noite. Durante o dia, pode ser superior a 500 metros (ver Fig. 196).
O estrato inferior da camada, ou camada de superfície, é turbulento (especialmente de dia) em razão das trocas permanentes de calor e humidade. A camada de superfície é estável durante a noite. Durante o dia, pelo contrário, apresenta-se como uma camada mista instável.
A camada de superfície nocturna é quente e o ar poluído está concentrado nas baixas camadas em razão da relativa estabilidade do ar. Ela adensa-se durante o dia e torna-se instável. A taxa de poluição diminui com o acréscimo do volume de ar correspondente.
As condições óptimas para a formação da cúpula de calor encontram-se presentes durante a noite. Tanto de dia como de noite, as condições óptimas são favorecidas pelos seguintes factores:
- Pelo ar anticiclónico (que reduz a espessura da camada urbana, nomeadamente de noite, e concentra a poluição);
- Pelo tempo claro (a nebulosidade nivela as condições urbanas e rurais);
- Pelo vento fraco ou calmo (que não dispersa a poluição).
Já se viu anteriormente que estas são condições que se encontram numa estabilidade anticiclónica provocada pelas aglutinações dos anticiclones móveis polares.
A alteração térmica introduzida pela urbanização das cidades (urban bias) é estimada em valores divergentes consoante as fontes. O extremo superior aponta para metade do valor indicado para a subida do índice “temperatura média global” no século passado.
Mas acima destes fenómenos locais está a dinâmica da circulação geral da atmosfera. Será esta que analisaremos, oportunamente, em relação ao espaço aerológico regional que interessa a Portugal.
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Nota inf.: Por motivos de saúde a publicação de posts será interrompida até que seja possível retomá-la.
Foram pois as temperaturas nocturnas que subiram. As temperaturas nocturnas, mais do que as diurnas, marcam mesmo a evolução da temperatura média. De facto, de um modo geral, a temperatura máxima não apresenta uma clara evolução de subida.
Todas estas conclusões têm justificação nas urbanizações citadinas. T. R. Oke no livro Boundary Layer Climates apresenta as seguintes causas principais para estas conclusões:
- O espaço urbano produz uma diminuição do albedo em relação ao espaço circundante (donde uma absorção relativamente mais elevada da radiação solar);
- A poluição contida no interior do volume urbanizado conduz a uma atenuação da radiação solar directa da ordem de 5 % a 10 %;
- No entanto, essa redução é compensada por um aumento da radiação difusa devida à poluição (no infravermelho, as partículas em suspensão aumentam a difusão);
- O armazenamento do calor (que se acumula no Inverno com o excesso da actividade humana diurna e a respectiva emissão antropogénica) provoca um desfasamento térmico de uma a duas horas (em relação ao ritmo cósmico diurno);
- Os edifícios citadinos fazem com que haja uma diminuição da velocidade do vento em razão da rugosidade das superfícies que encontra no seu trajecto.
Estas causas traduzem-se no efeito de temperaturas mais elevadas na parte central dos aglomerados urbanos que formam uma ilha de calor urbano decrescente do centro para a periferia. O efeito desta ilha de calor evidencia-se sobretudo à noite.
Na cidade forma-se, acima das coberturas, uma camada urbana de ar (urban boundary layer). Essa camada tem uma espessura da ordem de 200 a 300 metros durante a noite. Durante o dia, pode ser superior a 500 metros (ver Fig. 196).
O estrato inferior da camada, ou camada de superfície, é turbulento (especialmente de dia) em razão das trocas permanentes de calor e humidade. A camada de superfície é estável durante a noite. Durante o dia, pelo contrário, apresenta-se como uma camada mista instável.
A camada de superfície nocturna é quente e o ar poluído está concentrado nas baixas camadas em razão da relativa estabilidade do ar. Ela adensa-se durante o dia e torna-se instável. A taxa de poluição diminui com o acréscimo do volume de ar correspondente.
As condições óptimas para a formação da cúpula de calor encontram-se presentes durante a noite. Tanto de dia como de noite, as condições óptimas são favorecidas pelos seguintes factores:
- Pelo ar anticiclónico (que reduz a espessura da camada urbana, nomeadamente de noite, e concentra a poluição);
- Pelo tempo claro (a nebulosidade nivela as condições urbanas e rurais);
- Pelo vento fraco ou calmo (que não dispersa a poluição).
Já se viu anteriormente que estas são condições que se encontram numa estabilidade anticiclónica provocada pelas aglutinações dos anticiclones móveis polares.
A alteração térmica introduzida pela urbanização das cidades (urban bias) é estimada em valores divergentes consoante as fontes. O extremo superior aponta para metade do valor indicado para a subida do índice “temperatura média global” no século passado.
Mas acima destes fenómenos locais está a dinâmica da circulação geral da atmosfera. Será esta que analisaremos, oportunamente, em relação ao espaço aerológico regional que interessa a Portugal.
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Nota inf.: Por motivos de saúde a publicação de posts será interrompida até que seja possível retomá-la.
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