domingo, julho 31, 2005

Requiem por Quioto

O IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Changes) tem apresentado predições de aumentos de temperaturas a 50 e a 100 anos de distância mas não o faz para os próximos 10 anos, embora o modelo climático para qualquer dos prazos seja exactamente o mesmo.

E não o faz pela simples razão de ter receio que a falácia seja detectada pela falta de pontaria já que em dez anos seria fácil verificar os erros de base, o que não acontecerá para cem anos pois a actual geração não terá oportunidade de verificar o que acontecerá daqui a cem anos.

O Protocolo de Quioto (PQ), que abrange o período de 1990-2010 (a data final pode situar-se entre 2008 e 2012), limita-se a apresentar o compromisso de reduções das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) durante este período sem determinar as consequências climáticas (temperaturas e níveis dos oceanos) e os impactos económicos (custos de oportunidade dos abatimentos).

Por outro lado ignora a avaliação do custo-benefício da sua aplicação e o resultado global do comércio de emissões (quem perde e quem ganha) como se isso fosse de somenos importância para os decisores.

A muito famosa revista The Energy Journal da International Association for Energy Economics publicou, em 1999, uma edição especial (Vd. « The Energy Journal - The Costs of the Kyoto Protocol: A Multi-Model Evaluation, Special Issue, International Association for Energy Economics, USA, 1999, 398 p ») dedicada aos impactos climáticos, económicos e energéticos do PQ.

Esta edição especial foi apoiada, entre outros organismos, pelo United States Department of Energy (DOE) e pela U.S. Environmental Protection Agency (EPA) e nela colaboraram especialistas da energia, da economia, do ambiente e do clima das Universidades de Amesterdão, de Yale, de Stanford, de Bristol, de Londres, de Harvard, da Califórnia, de Chicago, de Sydney, de Quioto, de Tóquio, de Berkley, do Massachusets Institute of Technology, entre outras.

Destaca-se a participação do prof. William D. Nordhaus (Vd. «NORDHAUS, William D., BOYER, Joseph G. - Requiem for Quioto: An Economic Analysis, The Energy Journal, Kyoto Special Issue, 1999, p. 93-130») – que teve a colaboração de Joseph G. Boyer, investigador do Departamento de Economia da Universidade de Yale – no estudo daqui em diante designado por “Requiem por Quioto”.

Foi com base nos articulados complexos do PQ que o prof. William Nordhaus se apoiou para analisar consequências climáticas e impactos económicos da sua hipotética aplicação não só até 2010 mas também até ao fim do século como se o Protocolo se estendesse até 2100.

Este professor de economia, bem conhecido dos economistas portugueses, concluiu que «…the emissions strategy is highly cost-ineffective, with the global temperature reduction achieved at a cost almost 8 times the cost of a strategy which is cost-effective in terms of “where” and “when” efficiency.», ou seja, o Protocolo não é eficaz nem em termos de custos nem de resultados climáticos. É um flop global.

sábado, julho 30, 2005

Protocolo de Quioto

Convém revisitar os fundamentos do Protocolo de Quioto (PQ), assinado pela União Europeia e por mais de 80 países e ratificado por mais de quatro dezenas deles. Resumidamente, os países desenvolvidos da OCDE e das economias em transição (listados num Anexo do Protocolo) comprometeram-se a reduzir globalmente 5 % do nível verificado em 1990 nas suas emissões totais dos GEE, até 2008-2012.

As obrigações decorrentes da aplicação do Protocolo não são uniformes para todos e verificam-se situações tais como:

- A União Europeia comprometeu-se com uma redução a nível comunitário (com metas diferenciadas para cada Estado-membro) de 8 % em relação ao nível das suas emissões de 1990;
- A Suiça, a Estónia, a Letónia e a Lituânia alinharam com este valor;

- Os Estados Unidos da América assinaram um compromisso de redução de 7 %;

- O Japão, o Canadá, a Hungria e a Polónia comprometeram-se reduzir 6 %;

- A Rússia, a Nova Zelândia e a Ucrânia subscreveram o compromisso de manter o mesmo valor verificado em 1990;

- À Islândia, à Austrália, e à Noruega foi permitido atingir níveis de 110 %, 108 % e 101 %, respectivamente.

A partilha de responsabilidades dentro da União Europeia levou Portugal a comprometer-se com um aumento não superior a 27 % do seu nível de emissões verificado em 1990. A maior parte dos países que assinaram o Protocolo, como o Brasil e a China, não se comprometeram a reduzir as suas emissões mas admitem vir a fazê-lo.

Os países agregados no Anexo do Protocolo (entre os quais a UE em bloco) devem cumprir os respectivos compromissos através de um esforço traçado em programas nacionais autónomos. Mas, se tal se tornar impossível, podem completar o esforço de redução ou mitigação, com o objectivo de atingir o valor comprometido, através de um extraordinariamente complicado conjunto de regras que se resumem a seguir.

A aplicação do PQ não é isenta de custos e os EUA, depois de estudos aprofundados, propuseram a integração no Protocolo de um sistema de compra e venda de certificados de emissões (o chamado comércio de emissões) que baixará substancialmente o custo total das reduções globais das emissões dos GEE.

O PQ, no Artigo 6, estipula que os países incluídos no Anexo podem comprar parte dos seus deveres de redução a outros países da mesma lista que tenham folga em relação aos seus compromissos.

O Protocolo, no entanto, não define limites de aquisição – o que é manifestamente uma das debilidades deste compromisso internacional. Assim, se um país não puder cumprir o valor do seu compromisso, pode comprar a outro país do Anexo a parcela que lhe falta para cumprir ou até a totalidade.

Nesta transacção entram em jogo os custos marginais de redução das emissões dos dois países em relação ao preço de mercado. É comprador o que tiver o custo marginal mais elevado.

O Artigo 12 do PQ define um clean development mechanism que possibilita uma compensação aos países em desenvolvimento (nomenclatura oficial da ONU). Este articulado pode ser interpretado como uma luz verde para a inclusão destes países no comércio das emissões.

Assim, os países do Anexo podem promover projectos de investimento, na área do “desenvolvimento limpo”, nos países fora do Anexo, que são considerados certificados de redução de emissões e podem ser contabilizados nas quotas dos primeiros.

Também existe um outro clausulado, semelhante ao anterior, designado por emission reduction units, mas que se aplica exclusivamente a projectos inter-países do Anexo.

sexta-feira, julho 29, 2005

A chegada ao Japão

O interesse da opinião pública, excitada por tanta manipulação climática, conduziu à necessidade de apontar metas para a redução das emissões que eram acusadas, sem fundamento científico, de ser as causadoras do aquecimento global.

Mais de 10 000 pessoas, a maior parte de grupos de lobby não-governamentais e representantes dos media internacionais, convergiram para Quioto, no Japão, em Dezembro de 1997 para assistir à terceira reunião da Conference of the Parties (conferência dos participantes) prevista na convenção UNFCCC.

Elas foram testemunhar e pressionar as negociações das delegações governamentais para se aprovar um Protocolo que quantificasse os compromissos de redução das emissões alegadamente para estancar a subida da temperatura média global.

Esperava-se que o Protocolo desse dentes capazes de quebrar as nozes prometidas na Convenção do Rio, incluindo a sujeição dos países industrializados de cortarem drasticamente as suas emissões de dióxido de carbono.

Mas a pressão de uns sobre os outros conduziu a uma certa resistência dos países desenvolvidos a se comprometerem com metas irrealistas com implicações em abrandamentos económico-sociais que os cidadãos não estavam preparados para aceitar no futuro imediato.

As negociações tornaram-se tensas e o texto final foi aceite com reservas por parte de um certo número de países desenvolvidos que desconfiavam das consequências para a competitividade em relação aos países em desenvolvimento que não se comprometiam com qualquer meta.

Apesar da aprovação do Protocolo, a sua aplicação obrigava a ratificações dos Estados signatários em número tal que era necessário atingir um total de 55 % das emissões verificadas em 1990 contabilizadas num Anexo onde se avaliavam as emissões de cada um dos países signatários.

Os países renitentes incluíam os Estados Unidos da América, a Rússia e a Austrália que declinaram ratificar o Protocolo tal como estava redigido com as excepções para os países emergentes (China, Índia) que aumentam a concorrência do mercado mundial.

Depois da ratificação pela Rússia, em finais de 2004, com a contrapartida da sua entrada na Organização Mundial do Comércio, mesmo sem a ratificação por parte dos Estados Unidos da América, foi atingida a fatia dos 55 % pelo que o Protocolo começou a ser aplicado a partir do mês de Fevereiro de 2005.

quinta-feira, julho 28, 2005

O mito dos 3000 cientistas

Uma das justificações para a fé cega no IPCC é o mito de que este organismo tem 3000 cientistas (em terminologia anglo-saxónica os meteorologistas e os climatologistas são considerados cientistas) que aprovam tudo por consenso alargado. Isso mesmo acontece com pessoas bem informadas que contrastam as opiniões em função do número como se a Ciência fosse democrática.

Mas a Ciência não funciona como uma democracia, isto é, ela não se mede pelo número de “cientistas” ou cientistas que subscrevem isto ou aquilo. Se ela fosse escrutinada como numa democracia não estaríamos ao nível do heliocentrismo polaco de Copérnico mas sim no geocentrismo grego de Aristóteles e de Ptolomeu. O que seria de Einstein se a Ciência fosse democrática?

[Conta-se que Hitler mandou escrever um livro designado por «100 cientistas contra Einstein» e que o sábio retorquiu: “Para quê tantos cientistas? Bastava um para refutar as minhas teses que é o que eu ando à procura há tanto tempo!”] E o que seria de tantos outros cientistas que revolucionaram a Ciência (Kepler, Galileu, Newton, Descartes, Darwin, Watson e Crick)?

Veja-se o que diz o Marcel Leroux, mesmo em tradução inglesa: «The argument that IPCC statements have been prepared and agreed by "hundreds of experts" must be seriously questioned, for the staff in control of the IPCC is very small. This can be observed in the last draft of its 1996 report with regard to the (supposed) "discernible human influence on global climate" (IPCC, 1996). This opinion was added after the event (to "impress" governments), but it does not reflect the opinion of the whole IPCC - far from it. The same was repeated in 2002. The IPCC members agreed among themselves with this critic, for they wrote that: "Scientists' ability to verify model predictions is often limited by incomplete knowledge of the real climate" (UNEP-WMO, 2001, Inf. sheet 7). »

Dos milhares de cientistas (3000 é um número invocado), apenas uma centena é de facto constituída por climatologistas que colaboram com o IPCC. Mas a esmagadora maioria destes cem nem sempre está de acordo com a dezena deles que tomou o poder de decisão e que deturpa os resultados dos estudos dos outros. Por isso alguns se afastaram e são considerados dissidentes climáticos.

Os restantes 2900 são burocratas nomeados pelos governos (o IPCC quer dizer Intergovernmental Panel…) que percebem pouco ou nada de climatologia. Por exemplo, dizer que o representante português no IPCC é um cientista que domina o clima é uma ofensa aos climatologistas. Ele é um físico com pouca aptidão para a climatologia. Claro que diz ámen a tudo o que a dezena de magníficos apresenta à última da hora para votar, não vá perder o lugar de prestígio.

A dezena de climatologistas que tomaram conta do poder de decisão do IPCC também invoca um "largo consenso" na aprovação dos seus documentos. Se existe consenso não é Ciência. Em Ciência não existe consenso. O consenso existe em política que é o plano para onde o IPCC conduziu o tema extraordinariamente complexo do aquecimento global e das alterações climáticas.

Obs.: UNEP – The United Nations Environment Progamme; WMO – World Meteorological Organization.

quarta-feira, julho 27, 2005

As indefinições da Convenção do Rio

O conceito da interferência antropogénica perigosa, que é de uma importância capital, nunca foi explicitamente definido, o que demonstra a total incapacidade dos modelos aceites pelo IPCC para representarem o sistema climático tal como ele se apresenta na Natureza.

Mas não foi só esta a indefinição que foi subscrita pelos políticos e burocratas governamentais levados pela precipitação do núcleo duro do IPCC a avançar sem metas e com o único objectivo claro de perseguir o dióxido de carbono.

Apesar do alarme lançado em Villach em 1985, decorridos sete anos, a reunião do Rio não produziu mais do que processos de intenção para fazer face ao crescimento das emissões sem compromissos numericamente assumidos.

O IPCC, até hoje, nunca realizou qualquer estudo económico, por exemplo, de custo – benefício, pelo que não faz a mínima ideia de qual é o custo global dos esforços individuais de redução das emissões de gases com efeito de estufa de origem antropogénica.

Foi reconhecido tardiamente que, devido à complexidade dos temas económico-sociais envolvidos, as metas dos compromissos a assumir para as reduções das emissões implicavam a negociação de protocolos separados e a anexar à Convenção.

A burocracia do IPCC designou o relatório de 1990 por First Assessment Report (FAR) – primeiro relatório de avaliação. Entretanto, o IPCC continuou o seu trabalho e elaborou o Second Assessment Report (SAR), em 1995. Mais tarde apareceu o Third Assessment Report (TAR), em 2001. Está em gestação o Forth Assessment Report (AR4), que deve ver a luz do dia em 2007.

Do FAR ao TAR, o IPCC tem alterado sucessivamente as projecções apocalípticas, isto é, tem diminuído sistematicamente os valores para os anos vindouros (baixou as temperaturas e as subidas dos oceanos) e alargou os prazos finais dos estudos de 2030 para 2050 e, finalmente, para 2100. Também tem incluído o que antes não previa (secas e/ou cheias) e que, entretanto, acontece ao contrário das suas previsões…

Foi no SAR que alguém do IPCC escreveu a falácia da evidência discernível da acção do homem como uma coisa detectável “cientificamente”… através de modelos e de storylines (cenários)!

Estamos perante a climatologia do absurdo: os modelos não têm suporte científico e as storylines são suposições dos utilizadores dos modelos… Não admira que haja quem levante muitas dúvidas sobre a seriedade da metodologia do IPCC…

Aliás, sabe-se que a frase «da evidência discernível da acção do homem como uma coisa detectável cientificamente» foi acrescentada depois de aprovado o relatório sem ter sido comunicado aos presentes na discussão final e que votaram outra redacção. Com isso, o IPCC perdeu a colaboração de vários climatologistas intelectualmente honestos.

terça-feira, julho 26, 2005

A aprovação de documentos made in IPCC

Apesar da última conclusão do relatório do WG I de Julho de 1990, em que se afirma não ser possível determinar as consequências do aquecimento global, o IPCC apresentou estimativas dos futuros aumentos da temperatura e do nível dos oceanos.

Estes cálculos foram realizados através de modelos informáticos e devia ter havido o cuidado antecipado de saber se tinham ou não consistência científica. Para justificar os preconceitos revelados em Villach, cinco anos antes, e transpostos na respectiva Declaração, todos os cuidados não eram poucos.

Mas os enormes volumes das estimativas foram apresentados à Organização Meteorológica Mundial, no próprio dia da reunião, sem qualquer verificação atempada por parte de meteorologistas envolvidos neste processo de avanços precipitados.

De facto, em meados de 1990, na Segunda Conferência Mundial do Clima, estas estimativas do IPCC foram aprovadas pelos presentes que, de certeza, não tiveram tempo de ler com profundidade um tal volume de informação. As conclusões acabaram por ser transpostas para uma dita Declaração Científica.

Alguns dos presentes nesta Segunda Conferência talvez tenham tido ocasião de folhear rapidamente os capítulos que diziam respeito à sua especialidade particular e, quando muito, e de ler de soslaio o designado Summary for Policymakers (sumário para os decisores políticos).

Em qualquer caso, as suas leituras apressadas seriam inconsequentes porque a redacção já estava formulada, pelos organizadores da Conferência – do núcleo duro do IPCC –, na Declaração Científica que foi apenas distribuída para votação no último dia da reunião.

Como remate desta metodologia, a Assembleia Geral das Nações Unidas tomou para si a aposta apresentada na avaliação dita científica do IPCC e na declaração supostamente científica da Segunda Conferência Mundial do Clima.

Foi então criado, pela ONU, um Comité Intergovernamental para negociar uma Convenção Quadro sobre Alterações Climáticas a aprovar na Cimeira da Terra que se iria realizar no Rio de Janeiro, em Junho de 1992.

Aquele Comité, aberto a todos os países membros da ONU, preenchido não necessariamente por climatologistas, reuniu durante seis ocasiões entre Fevereiro de 1991 e Maio de 1992 até se atingir um acordo final.

Na Cimeira da Terra, representantes de mais de 150 países, fundamentalmente políticos e burocratas governamentais, assinaram a pretendida Convenção Quadro sobre Alterações Climáticas (acrónimo UNFCCC de United Nations Framework Convention on Climate Change).

Esta Convenção estabeleceu que os países signatários tomassem, voluntariamente, medidas necessárias para “estabilizar as concentrações atmosféricas de gases com efeito de estufa num nível tal que evitasse uma interferência antropogénica perigosa com o sistema climático”.

A organização burocrática do IPCC

O IPCC foi encarregado das seguintes tarefas:

1 - "Avaliar a informação científica relacionada com as várias componentes tais como as emissões dos principais gases com efeito de estufa e a modificação daí resultante no balanço radiativo terrestre e o que for necessário para permitir determinar as consequências ambientais e socio-económicas das alterações climáticas.

2 - Formular estratégias realistas para dar resposta ao tema das alterações climáticas."

Saliente-se, desde logo, a preocupação com o balanço radiativo, assunto que foi tratado anteriormente como constituindo a falaciosa tese fundamental da teoria do IPCC sobre o efeito de estufa adicional.

Foram constituídos três grupos de trabalho para se ocuparem das tarefas atribuídas ao IPCC. A distribuição de tarefas entre os Working Groups (grupos de trabalho ou WG no acrónimo em língua inglesa) I, II e III foi a seguinte:

WG I - Avaliar a informação científica disponível sobre as alterações climáticas.
WG II - Avaliar os impactos ambientais e socio-económicos das alterações climáticas.
WG III - Formular respostas estratégicas para fazer face às alterações climáticas.

As alterações climáticas foram assumidas como um preconceito a ser tratado pelo IPCC sem a preocupação de investigar a verdade da sua existência ou origem pelo que este organismo descarta informação científica que ponha em causa a revelação de Villach.

Isto é, na actuação do IPCC não foi tido em conta o método científico da procura da verdade. Karl Popper, se ainda fosse vivo, desancaria neste processo de arrogância pseudo-científica. E o que diria Einstein sobre um critério tão pouco canónico aplicado à Ciência? Ele que morreu cheio de dúvidas.

Assim, em Julho de 1990, o WG I do IPCC publicou as suas primeiras conclusões depois de avaliar a literatura científica disponível que mais convinha aos seus objectivos. Eis as principais conclusões do respectivo relatório de avaliação:

1 - Há um efeito de estufa devido a uma gama de gases naturais existentes na atmosfera, tais como o dióxido de carbono, que mantêm a superfície da Terra aquecida em relação ao que aconteceria se eles não existissem.

2 - A concentração atmosférica desses gases, incluindo o dióxido de carbono, está a aumentar devido às actividades humanas.

3 - O aumento da concentração atmosférica de certos gases com efeito de estufa, tais como o dióxido de carbono, conduz ao aquecimento global, mas nem a sua dimensão, nem a sua extensão temporal ou as suas características regionais podem ser determinadas.

Destaque-se a confusão estabelecida, desde logo, entre GEE de origem natural e de génese antropogénica e a insistência no alvo a abater: o dióxido de carbono. A lição foi bem ensaiada pois hoje em dia quase toda a gente continua a manifestar essa verdadeira confusão.

segunda-feira, julho 25, 2005

A caminho de Quioto

O caminho até Quioto iniciou-se em Outubro de 1985 numa reunião convocada pela ONU e realizada em Villach, no sul da Áustria, durante a qual um punhado de meteorologistas decidiu que era altura de passar à acção.

Os presentes concluíram que era necessário combater o perigo do aquecimento global, por eles descortinado, que atribuíam ao aumento das concentrações atmosféricas dos gases com efeito de estufa (GEE) de origem antropogénica.

De acordo com esses meteorologistas, os aumentos das concentrações, em particular do dióxido de carbono, eram fundamentalmente o resultado das emissões originadas pelas actividades humanas com a queima de carvão, de produtos petrolíferos e de outros combustíveis fósseis.

Essas actividades estão ligadas ao desenvolvimento económico e social baseado na industrialização, no transporte intensivo, nas práticas do uso das terras (desflorestação) e nas explorações agro-alimentares (produção de arroz e de gado).

Aquele grupo punha em causa o tipo de civilização que, segundo ele, interferia com o desenrolar normal do clima e aprovou a Declaração da Conferência de Villach como uma profecia dramática relativamente à ameaça das alterações climáticas.

A Declaração de Villach com a ameaça do aquecimento global tornou-se numa espécie de catecismo a seguir para abrandar o desenvolvimento económico planetário de modo a produzir um corte na tendência crescente das emissões de GEE antropogénicos, com especial relevo para o dióxido de carbono e o metano.

Em todo o Mundo, um vasto leque de grupos de interesses, alguns com boas intenções e outros nem por isso, espreitando novas oportunidades de negócios, iniciaram uma cooperação estreita no sentido de alarmar a opinião pública para a necessidade de fazer face às supostas alterações climáticas.

Uma série enorme de conferências nacionais e internacionais apoiadas por organizações intergovernamentais com especialistas expressamente convidados para propagarem a nova ameaça global foi imediatamente estendida aos media que encontraram um tema vocacionado para angustiar a opinião pública e aumentar as suas edições.

Para auxiliar a propagação da ameaça das alterações climáticas, foram preparados quilómetros e toneladas de materiais escritos em suporte electrónico e convencional por grupos de interesses nacionais e internacionais que os distribuíram em catadupas pelos media e até pelos canais educativos.

O sucesso de uma tal campanha como não há memória, que durou mais de 3 anos, conduzida pela ONU, através das suas agências UNEP (The United Nations Environment Programme) e WMO (The World Meteorological Organization – Organização Meteorológica Mundial), promoveu a criação de um organismo intergovernamental dedicado às alterações climáticas visionadas em Villach. Assim foi gerado o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC).

domingo, julho 24, 2005

Entrevista de Fred Singer

Considera-se esta entrevista muito interessante até por sintetizar muito do que tem sido dito até agora nos Mitos Climáticos embora o Fred não tenha dado um pequeno salto para explicar o porquê das observações directas invocadas por ele. Por isso se desculpa a utilização da língua original.

Newsmaker Interviews
Cooling It On Global Warming

Newsmaker interview with Fred Singer,

aka the godfather of global warming denial

by Bill Steigerwald

July 24, 2005-Sunday

Global warming is always a hot topic in liberal media circles, where the political and scientific consensus is that global climate change is occurring, it is a danger, it is caused by mankind and we need to start doing something serious about reversing it.
For a little balance, we called up Fred Singer, aka "the godfather of global warming denial." An expert on global climate change and a pioneer in the development of rocket and satellite technology, he holds a Ph.D. in physics from Princeton and happens to be the guy who devised the basic instrument for measuring stratospheric ozone. Now president of the Science & Environmental Policy Project research group (sepp.org), his dozen books include "Hot Talk, Cold Science: Global Warming's Unfinished Debate." I talked to him by telephone from his offices in Arlington, Va.
Q: Here's a line from a recent Mother Jones article: "There is overwhelming scientific consensus that greenhouse gases emitted by human activity are causing global average temperatures to rise." Is that true?
A: It's completely unsupported by any observation, but it's supported by computer climate models. In other words, the computer models would indicate this. The observations do not.
Q: What's the best argument or proof that global warming is not happening?
A: The best proof are data taken of atmospheric temperature by two completely different methods. One is from instruments carried in satellites that look down on the atmosphere. The other is from instruments carried in balloons that ascend through the atmosphere and take readings as they go up. These measurements show that the atmospheric warming, such as it is, is extremely slight -- a great deal less than any of the models predicts, and in conflict also with observations of the surface.
Q: An epic New Yorker series said unequivocally that the permafrost, the Arctic sea ice and the Greenland glaciers are all melting. Is that true and is it because of global warming?
A: The Arctic temperatures have been now measured for a long time. They vary cyclically. The warmest years in the Arctic were around 1940. Then it cooled. And it's warming again, but it hasn't reached the levels of 1940. It will continue to oscillate. That's the best prediction.
Q: What is the most dangerous untrue "fact" about global warming that's out there in the media-sphere?
A: The rise in sea level. Again, the observations show that sea level has risen in the last 18,000 years by about 400 feet and is continuing to rise at a uniform rate, and is not accelerating, irrespective of warming or cooling. In fact, sea level will continue to rise at a slow rate of 8 inches per century, as it has been for the last few thousand years.
Q: If you had a 12-year-old grandkid who was worried about global warming, what would you tell him?
A: I would tell them that there are many more important problems in the world to worry about, such as diseases, pandemics, nuclear war and terrorism. The least important of these is global warming produced by humans, because it will be insignificant compared to natural fluctuations of climate.
Q: How did you become "the godfather of global warming denial"?
A: That's easy. Age. I organized my first conference on global warming in 1968. At that time I had no position. It was a conference called "The global effects of environmental pollution." At that time I remember some of the experts we had speaking thought the climate was going to warm and some thought it was going to cool. That was the situation.
Q: Climate is extremely complicated -- is that a true statement?
A: Immensely complicated. Which is a reason why the models will never be able to adequately simulate the atmosphere. It's just too complicated.
Q: Give me a sample of how complicated just one little thing can be.
A: The most complicated thing about the atmosphere that the models cannot capture is clouds. First of all, clouds are small. The resolution of the computer models is about 200 miles; clouds are much smaller than that. Secondly, they don't know when clouds form. They have to guess what humidity is necessary for a cloud to form. And of course, humidity is not the only factor. You have to have nuclei -- little particles -- on which the water vapor can condense to form droplets. They don't know that either. And they don't know at what point the cloud begins to rain out. And they don't know at what point -- it goes on like this.
Q: Is this debate a scientific fight or a political fight?
A: Both. I much support a scientific fight, because I'm pretty sure we'll win that -- because the data support us; they don't support the climate models. Basically it's a fight of people who believe in data, or who believe in the atmosphere, versus people who believe in models.
Q: Is it not true that CO2 levels have gone up by about a third in the last 100 years?
A: A little more than a third, yes. I accept that.
Q: Do you say that's irrelevant?
A: It's relevant, but the effects cannot be clearly seen. The models predict huge effects from this, but we don't see them.
Q: Why is it important that global warming be studied in a balanced, scientific, depoliticized way?
A: It's a scientific problem. The climate is something we live with and we need to know what effect human activities are having on climate. I don't deny that there's some affect of human activities on climate. We need to learn how important they are. Cities are warmer now than they used to be. We have changed forests into agricultural fields. That has some affect on climate. We irrigate much of the Earth. That affects climate. And so on. We are having some influence on climate, at least on a small scale. So we need to know these things. We need to how important they are.
Q: And global warming is something we should study but not get panicky about?
A: The thing to keep in mind always is that the natural fluctuations of climate are very much larger than anything we can ascribe ­ so far ­ to any human activity. Much larger. We lived through a Little Ice Age just a few hundred years ago. During the Middle Ages the climate was much warmer than it is today. So the climate does change all the time. We need to understand the scientific reasons for natural climate change. Most of us now think it's the sun that is the real driver of climate. It has something to do with sun spots, but the mechanism is not quite clear. That's what's being studied now.
Obs.: Q-Pergunta; A-Resposta.