Calor de Outono em Portugal
Dizem mal do Árctico, mas ele continua a fazer das suas. Num futuro post analisaremos o comportamento da região árctica durante o Verão passado. Por agora ocupar-nos-emos com mais uma aglutinação anticiclónica que tem estado a aquecer os habitantes da Península Ibérica.
Os portugueses andam contentes com este calor. Podem assim usufruir de uns dias de praia, a praia que não tiveram no Verão pourri deste ano. Agora os períodos da manhã são bastante agradáveis, mas o calor aperta à medida que avança o dia.
Por esta altura do ano, durante a qual o modo lento vai sendo substituído pelo modo rápido, os anticiclones móveis polares (AMP) da trajectória escandinava ainda não se mostram suficientemente fortes. Por isso, baixam a sua trajectória e passam sucessivamente pela Península Ibérica. (Convém recordar as explicações sobre AMP de Maio de 2005, nomeadamente relativas aos modos rápido e lento.)
Como a Península é rica em acidentes orográficos (Serras de Montejunto-Estrela, Montes Cantábricos, Pirenéus, Serra Nevada) os AMP encontram vários obstáculos à sua progressão e podem aglutinar-se, formando as já nossas conhecidas Aglutinações Anticiclónicas (AA) e assim aumentando a pressão atmosférica junto ao solo.
É isto que está a acontecer desde o fim de Setembro e princípios de Outubro. As imagens dos satélites (ver p.e. MéteoFrance) mostram como a Península Ibérica tem estado debaixo de uma AA extensa no tempo, que a descobre de nuvens, pelo menos desde o início de Outubro.
O Diário de Notícias online publicou o texto “Temperatura acima da média devido a massa de ar quente”. Vá lá, desta vez não falaram no aquecimento global, nem lançaram a responsabilidade para cima do dióxido de carbono... No entanto, continua a percepção clássica, que não corresponde à realidade, quando se escreve:
“O calor dos últimos dias em Portugal Continental, provocado por uma massa de ar quente vinda do interior da Península Ibérica, elevou em cerca de sete graus a média das temperaturas no País. Nalguns pontos chegaram mesmo aos 34 graus centígrados.”
Acrescenta o DN: “Tudo devido a uma massa de ar quente e seca vinda do interior da Península Ibérica transportada na circulação de um anticiclone a Norte”. Mas que grande confusão! Eis o profundo mistério da alma do vento que vem de Espanha e que, tal como o casamento, não é bom…
Diz o jornalista do DN que foi um meteorologista do Instituto de Meteorologia quem o informou deste milagre. Custa-nos a admitir que tenha sido esta a explicação do especialista do IM.
Pois é, se assim fosse estaríamos perante um milagre da física, em que um vento de leste, quente e leve (menos denso), chega a Portugal, desce (!) até junto ao solo, penetrando numa massa de ar anticiclónico (!), e aí se mantém uma eternidade no mesmo sítio, sem voltar a subir… Fie-se quem quiser.
Este fenómeno já foi suficientemente explanado no MC, por exemplos nos seguintes posts:
- Dinâmica da canícula de 2003
- A culpa é das altas pressões
- Explicações oficiais confusas
Esta mesma situação explica a seca meteorológica. Não entra uma pinga de água, vinda do lado do Atlântico ou do Mediterrâneo, dentro da aglutinação anticiclónica. As estruturas da pluviogenesis são desviadas para algures.
A predominância das altas pressões com subsidência (pressão atmosférica vertical de cima para baixo) não permite o desencadear da precipitação. Deste modo, o chamado potencial precipitável existente em nuvens é desviado, nomeadamente, para latitudes mais elevadas. Nuns casos transforma-se em cheias, noutros em queda de neve.
Os decisores políticos – mal aconselhados pelos alarmistas que pouco ou nada sabem de climatologia – em vez de andarem a preparar a guerra contra as inexistentes alterações climáticas, gastando inutilmente tempo e dinheiro, deveriam desviar a atenção para a prevenção da seca meteorológica que se pode prolongar.
Outro malefício da estabilidade anticiclónica, consequente à aglutinação dos AMP, é a supressão do fluido motor das eólicas: – a componente horizontal do vento tende para zero. A tranquilidade existente no interior da AA conduz à rápida ociosidade global das eólicas. Que forma de energia substituirá a eólica quando esta falha nos momentos em que seria útil? E quem paga a energia de substituição?
Os portugueses andam contentes com este calor. Podem assim usufruir de uns dias de praia, a praia que não tiveram no Verão pourri deste ano. Agora os períodos da manhã são bastante agradáveis, mas o calor aperta à medida que avança o dia.
Por esta altura do ano, durante a qual o modo lento vai sendo substituído pelo modo rápido, os anticiclones móveis polares (AMP) da trajectória escandinava ainda não se mostram suficientemente fortes. Por isso, baixam a sua trajectória e passam sucessivamente pela Península Ibérica. (Convém recordar as explicações sobre AMP de Maio de 2005, nomeadamente relativas aos modos rápido e lento.)
Como a Península é rica em acidentes orográficos (Serras de Montejunto-Estrela, Montes Cantábricos, Pirenéus, Serra Nevada) os AMP encontram vários obstáculos à sua progressão e podem aglutinar-se, formando as já nossas conhecidas Aglutinações Anticiclónicas (AA) e assim aumentando a pressão atmosférica junto ao solo.
É isto que está a acontecer desde o fim de Setembro e princípios de Outubro. As imagens dos satélites (ver p.e. MéteoFrance) mostram como a Península Ibérica tem estado debaixo de uma AA extensa no tempo, que a descobre de nuvens, pelo menos desde o início de Outubro.
O Diário de Notícias online publicou o texto “Temperatura acima da média devido a massa de ar quente”. Vá lá, desta vez não falaram no aquecimento global, nem lançaram a responsabilidade para cima do dióxido de carbono... No entanto, continua a percepção clássica, que não corresponde à realidade, quando se escreve:
“O calor dos últimos dias em Portugal Continental, provocado por uma massa de ar quente vinda do interior da Península Ibérica, elevou em cerca de sete graus a média das temperaturas no País. Nalguns pontos chegaram mesmo aos 34 graus centígrados.”
Acrescenta o DN: “Tudo devido a uma massa de ar quente e seca vinda do interior da Península Ibérica transportada na circulação de um anticiclone a Norte”. Mas que grande confusão! Eis o profundo mistério da alma do vento que vem de Espanha e que, tal como o casamento, não é bom…
Diz o jornalista do DN que foi um meteorologista do Instituto de Meteorologia quem o informou deste milagre. Custa-nos a admitir que tenha sido esta a explicação do especialista do IM.
Pois é, se assim fosse estaríamos perante um milagre da física, em que um vento de leste, quente e leve (menos denso), chega a Portugal, desce (!) até junto ao solo, penetrando numa massa de ar anticiclónico (!), e aí se mantém uma eternidade no mesmo sítio, sem voltar a subir… Fie-se quem quiser.
Este fenómeno já foi suficientemente explanado no MC, por exemplos nos seguintes posts:
- Dinâmica da canícula de 2003
- A culpa é das altas pressões
- Explicações oficiais confusas
Esta mesma situação explica a seca meteorológica. Não entra uma pinga de água, vinda do lado do Atlântico ou do Mediterrâneo, dentro da aglutinação anticiclónica. As estruturas da pluviogenesis são desviadas para algures.
A predominância das altas pressões com subsidência (pressão atmosférica vertical de cima para baixo) não permite o desencadear da precipitação. Deste modo, o chamado potencial precipitável existente em nuvens é desviado, nomeadamente, para latitudes mais elevadas. Nuns casos transforma-se em cheias, noutros em queda de neve.
Os decisores políticos – mal aconselhados pelos alarmistas que pouco ou nada sabem de climatologia – em vez de andarem a preparar a guerra contra as inexistentes alterações climáticas, gastando inutilmente tempo e dinheiro, deveriam desviar a atenção para a prevenção da seca meteorológica que se pode prolongar.
Outro malefício da estabilidade anticiclónica, consequente à aglutinação dos AMP, é a supressão do fluido motor das eólicas: – a componente horizontal do vento tende para zero. A tranquilidade existente no interior da AA conduz à rápida ociosidade global das eólicas. Que forma de energia substituirá a eólica quando esta falha nos momentos em que seria útil? E quem paga a energia de substituição?
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