segunda-feira, outubro 05, 2009

A produção descentralizada tem enormes vantagens (1)

[MC tem o prazer de publicar na íntegra a entrevista concedida pelo Prof. Delgado Domingos à revista Climatização, de Setembro/Outubro de 2009, e conduzida por Rita Ascenso. Devido à sua extensão e às características do blogue, a entrevista será dividida em duas partes.]

Delgado Domingos, um especialista conceituado internacionalmente e com provas dadas ao longo de toda a sua actividade científica com destaque para a área das alterações climáticas, energia, ambiente... é desde Dezembro de 2008 presidente do Conselho de Administração da Lisboa E-Nova.


Para este professor catedrático, há quem considere contraditórias as suas posições no que se refere às alterações climáticas, Quioto... com as metas da E-NOVA. Conheça os argumentos deste investigador e decisor que defende que “o aquecimento global se transformou para muitos numa questão político-ideológica de que se recita o catecismo” e para quem “as ameaças de catastrófico aquecimento global com que somos diariamente bombardeados não têm sustentabilidade científica e caminham para o descrédito, face à realidade concreta”. E ainda a sua visão sobre as questões energéticas e ambientais, a climatização nos edifícios, o projecto, as cidades e o urbanismo...

É já uma “bandeira” sua defender que não existe aquecimento global da forma como ele é apresentado mundialmente... Ou seja, para si o termo aquecimento global é infeliz?

O modo como as minhas afirmações têm sido interpretadas no que se refere às Alterações Climáticas, ao Protocolo de Quioto, ao Pacto dos Autarcas, etc. leva alguns a afirmar que são contraditórias com as metas e as medidas propostas na Estratégia Energético Ambiental para Lisboa que a CML aprovou e o Presidente já tinha anunciado publicamente em Maio de 2008.

Como principal responsável pela estratégia e pelas medidas propostas pela Agência Municipal de Energia e Ambiente da CML (Lisboa E-Nova) e na qualidade de Presidente do seu CA já por várias vezes e para diferentes audiências, nomeadamente através da minha página na internet e do blog do Público, De Rerum Natura, tive oportunidade de documentar a fundamentação e justificar as propostas.

Com seriedade e fundamentação nunca os vi pôr em causa. Em contrapartida, as reacções difusas que me chegam apenas mostram como o aquecimento global se transformou para muitos numa questão político-ideológica de que se recita o catecismo.

A CML, ao aprovar a Estratégia Energético Ambiental para Lisboa e ao adoptá-la como um dos instrumentos estruturantes a ter sempre em conta, antecipou e ultrapassou em compromissos concretos e calendarizados todos os municípios nacionais e a maioria dos europeus que assinaram o Pacto dos Autarcas.

Significativamente, os organizadores da declaração conjunta dos municípios portugueses que subscreveram o Pacto dos Autarcas não aceitaram a correcção proposta pela Lisboa E-Nova que se limitava a juntar aos potenciais efeitos das alterações climáticas provocadas pela emissão de gases com efeito de estufa (GEE) o agravamento dos efeitos da variabilidade natural.

A diferença marcante entre uma e outra posição é que uma responsabiliza e compromete os actuais autarcas a combater e prevenir os efeitos da natural variabilidade climática que se exprimem, entre muitos outros, nas recorrentes cheias e inundações, nos deslizamentos de terras, nas ondas de calor e de frio, cujo agravamento, em danos sociais e económicos, é consequência directa da imprevidência ou da incompetência, tão do agrado da ganância especulativa que tem campeado no ordenamento do território e nos PDM.

Atribuir todos estes efeitos aos malefícios do aquecimento global provocado pelas emissões de GEE, poderá ajudar a mobilizar a opinião pública para os desafios do futuro, o que é bom, mas seria muito melhor se assumisse também a sua responsabilidade concreta e demonstrasse sinceridade de propósitos, combatendo-os desde já com todo o empenho e determinação.

Preocupando-me com o futuro e com o rigor da fundamentação científica do que se afirma, discordo naturalmente do termo aquecimento global e prefiro alterações climáticas como o próprio IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) faz.

Os alarmistas climáticos, nomeadamente Al Gore, têm baseado a sua militância nos efeitos do aquecimento global e entram numa confusa dialéctica para justificar o facto de não ter havido aumento das temperaturas médias globais nos últimos 10 anos, (nem nos continentes nem nos oceanos) apesar das crescentes emissões de CO2 e GEE para a atmosfera.

Existe sim variabilidade climática e potenciais alterações climáticas, que tanto podem ser de aquecimento como de arrefecimento. Quem se preocupa com o rigor científico e os factos incontroversos não elabora uma estratégia com enormes impactos sociais e económicos tendo por base emotivas reacções conjunturais, tal como não confunde causas com efeitos.

Para mim, como já várias vezes afirmei e fundamentei, o cerne da questão encontra-se na utilização desbragada de combustíveis fósseis, cujas reservas se aproximam do esgotamento, para além dos terríveis efeitos na saúde humana e nos ecossistemas, dos poluentes produzidos na sua queima (nesta perspectiva, o CO2 não é um poluente).

É por isso que reduzir a utilização dos combustíveis fósseis e promover as energias renováveis em todas as suas formas é fundamental. Mas mais importante ainda é promover a eficiência energética em todas as suas vertentes, de entre as quais importa realçar a organização espacial das actividades, a edificação, o urbanismo, e as suas consequências no clima urbano, na saúde e na qualidade do ambiente.

Em muitos objectivos concretos, a minha posição e a dos “Militantes do Alegado Aquecimento Global” (MAAG) é semelhante, mas difere radicalmente em muitos aspectos da sua fundamentação, bem como nos caminhos propostos para os alcançar. Por um lado, o CO2 e os GEE são para mim um efeito e um indicador ambiental muito importante, mas não a causa determinante como defendem os MAAG. Para estes, a captura e sequestro do CO2 (CCS) e a energia nuclear são defendidas como soluções tecnológicas para controlo do aquecimento global.

Ora, o carvão é e será ainda por muitos anos a fonte de energia mais importante para a produção de electricidade, pois tem reservas provadas e geograficamente distribuídas para algumas centenas de anos. É uma importante fonte de poluição, sobretudo a nível local, que é possível reduzir drasticamente com tecnologias conhecidas e comprovadas.

Transformá-lo no principal inimigo a abater, como os radicais do MAAG têm feito, advogando, nomeadamente, a desobediência civil para o conseguir, como faz e tem patrocinado o guru inspirador James Hansen é lamentável, não só porque desvaloriza todos os poluentes graves face ao CO2 (que não é um poluente) como inviabiliza a utilização e desenvolvimento da enorme panóplia de tecnologias viáveis que tornam carvão cada vez mais limpo. O gigantesco desperdício de recursos dedicados à miragem tecnológica do CCS que os MAAG provocaram seria muito mais bem utilizado na reflorestação e na protecção dos ecossistemas.

Uma das outras implicações, em termos de transporte urbano é o favorecimento governamental, entre nós, dos motores diesel, em detrimento dos motores a gás natural ou GPL, esquecendo o grave problema ambiental das emissões de partículas, NOx, etc pelos motores diesel, problema que não existe nos motores a GNL ou GPL, embora possam emitir um pouco mais de CO2.

Obcecados com o CO2 e os GEE, os MAAG tendem a ignorar completamente os efeitos das reais alterações climáticas locais e os efeitos locais e globais das alterações no uso do solo. Estreitamente ligada aos MAAG está o mercado do carbono e os colossais interesses financeiros e políticos que movimenta.

Criar a ideia, como tem sido feito, de que as ameaças climáticas do futuro se devem sobretudo às emissões de GEE é manipulatório e acompanhado das manifestações típicas de uma ideologia. Pode ter tido o mérito de consciencializar a população em geral para as graves consequências do esbanjamento de recursos naturais não renováveis e para as terríveis ameaças ao ambiente e à nossa sobrevivência se não arrepiarmos caminho mas, em contrapartida, pode desviar as atenções e os recursos económicos para a solução de problemas menores ou simplesmente não problemas.

Em meu entender, as ameaças de catastrófico aquecimento global com que somos diariamente bombardeados não têm sustentabilidade científica e caminham para o descrédito, face à realidade concreta. A perda de credibilidade científica tem efeitos devastadores, sobretudo numa altura de radical alteração de modelos económicos e em que a objectividade e o rigor da Ciência são imprescindíveis para antever as consequências das possíveis alternativas que se oferecem.

Mas os dados e as projecções apontam para esse aquecimento...

Ainda bem que falou em “projecções” que é algo muito diferente de previsões. Eu estou à vontade para poder dizer isso porque há mais de 40 anos que pratico a ciência computacional que está na base dos modelos climáticos invocados para explicar situações passadas e fazer projecções para o futuro. Em Portugal fui o primeiro a implementar e divulgar, a nível universitário, a previsão meteorológica diária para o nosso país e a confrontar sistematicamente as previsões com as observações.

Conheço por isso muito bem e utilizo diariamente o tipo de modelos e métodos que sustentam as afirmações de anunciadas catástrofes. Estas não se baseiam em previsões, como aquelas que diariamente fazemos em meteorologia e que são tipicamente boas até aos 10~15 dias seguintes... mas fracassam miseravelmente quando se pretende prever a próxima estação.

A ideia prevalecente em certos meios é que se este tipo de previsões for efectuado para décadas ou séculos, utilizando vários modelos semelhantes, a média dos resultados dará uma ideia do que irá suceder dentro de algumas décadas ou séculos. Há razões fundamentais de natureza física e computacional para considerar que, com o conhecimento científico actual e os meios de cálculo disponíveis, não se possam fazer tais tipos de previsões e nelas basear decisões políticas com enormes consequências económicas e sociais.

Não sendo possível chamar-lhe previsões, os praticantes destas metodologias passaram a chamar-lhes projecções. Estas não são mais do que visões subjectivas baseadas na extrapolação de representações simplificadas e muitas vezes distorcidas da realidade concreta. Projecções e cenários são instrumentos úteis para ganhar sensibilidade a certos factores, como se de jogos de guerra ou de gestão se tratasse. Mas são apenas isso. Quando se convertem em instrumentos de manipulação da opinião pública podem tornar-se extremamente nocivos e dispendiosos.

Nesta perspectiva, é importante recordar dois exemplos. Em 1988, numa audição no Congresso dos EUA, o famoso guru dos MAAG, James Hansen, afirmou que, se não fossem drasticamente reduzidas as emissões de GEE, no prazo de 20 anos teríamos graves desastres climáticos. Passados os 20 anos, o que se constatou foi que embora as emissões de GEE tivessem ultrapassado as do cenário, houve um ligeiro aumento de temperatura (menos de 0.5 ºC) com tendência para descer e o prometido desastre não se concretizou. O autor da profecia justificou o fracasso com o efeito dos aerossóis, que tinha manipulado subjectivamente para que as previsões não divergissem do observado em anos anteriores.

A metodologia usada para anunciar catástrofes em 2050 ou 2100 se a utilização do carvão não for banida, é semelhante, mas 40 ou 90 anos é suficientemente distante para que os seus autores ainda existam e prestem contas pelos estragos que causaram.

No período que imediatamente antecedeu a Guerra do Iraque, a maioria da opinião pública mundial foi convencida de que o Iraque possuía armas de destruição massiva. Tony Blair afirmou mesmo que tais armas poderiam ser activadas em poucas horas e Durão Barroso, primeiro-ministro português, informou também ter visto as provas da sua existência. Tais armas não existiam, como hoje sabemos!

Então a preocupação com os desastres climáticos não faz sentido do seu ponto de vista?

Claro que faz todo o sentido se colocada na perspectiva correcta que é ter em conta a variabilidade climática natural e tomar as medidas que, não só impedem o agravamento dos efeitos, como os minimizam. O desastre de Nova Orleães, nos Estados Unidos, provocado pelo furacão Katrina era previsível, era anunciado e sabia-se que um dia iria acontecer, tal como se sabe que iremos ter cheias e inundações como sempre tivemos.

As chuvas de 1967 em Lisboa eram inevitáveis, mas as cheias e desastres que provocaram podiam ter sido evitados, se tivessem sido tomadas as medidas que impedissem a impermeabilização dos solos, as urbanizações em leitos de cheia, etc. e se tivessem alocado os recursos necessários para prevenir os efeitos de fenómenos climáticos menos frequentes, mas naturais e inevitáveis. Estes desastres devem-se à imprevidência e à incúria e não ao alegado aquecimento global.

Outra questão é a sobreposição de alterações climáticas provocadas pela acção humana que agravam as variabilidades naturais. É aqui que surgem as emissões de CO2 (e GEE) que provocam um aumento de temperatura. O CO2, ele próprio, não é o principal gás que provoca este efeito, mas sim o vapor de água. O CO2 aumenta a temperatura à superfície da Terra e esse é um facto bem conhecido da Física há muitos anos. Este aumento de temperatura provoca o aumento da evaporação, e é esse acréscimo de vapor de água que multiplica o efeito do CO2.

Falta apenas um pormenor, habitualmente omitido pelos MAAG e que resulta de o vapor de água originar as nuvens. A formação e o comportamento das nuvens são fenómenos cruciais com muitos aspectos pouco conhecidos e mal dominados, pois as nuvens tanto podem provocar aquecimento como arrefecimento, consoante o seu tipo e a altitude a que se formam. Por este motivo, as nuvens podem constituir um regulador da temperatura à superfície.

Na prática de que tipo de regulação estamos a falar?

A baixa altitude, as nuvens reflectem mais energia solar que por isso não chega ao solo e não o aquecem. Esta energia que não chega ao solo é superior à que provocaria o seu aquecimento por efeito de estufa. O saldo final é um arrefecimento, que conduz a uma redução da evaporação e dai a uma redução da cobertura de nuvens baixas.

Nas nuvens a grande altitude, passa-se o inverso, ou seja, a radiação solar reflectida é inferior ao aquecimento provocado por efeito de estufa e a temperatura à superfície aumenta, aumenta a evaporação, etc. Existindo os dois mecanismos referidos, o resultado final depende do que predominar.

Qual dos dois predomina, depende das características locais da superfície e de fenómenos internos às próprias nuvens. Estes encontram-se longe de ser conhecidos e dominados e constituem uma das maiores fragilidades dos modelos, como aliás é reconhecido nos relatórios científicos do próprio IPCC, mas é omisso nos seus sumários para decisores.

Na generalidade dos modelos climáticos admite-se que, em primeira aproximação, o CO2 fica bem misturado e se distribui uniformemente por toda a atmosfera, pelo que a localização espacial das emissões não é muito importante. Todavia, como o efeito fundamental não é provocado pelo CO2, mas sim pelo vapor de água, o efeito desse aquecimento também é local.

Nas contas das projecções climáticas e à falta de melhor, admite-se também que as nuvens são uniformes em cada célula de cálculo, o que é falso. Para entender esta afirmação é necessário referir que, para efeitos de cálculo, toda a atmosfera é dividida em paralelepípedos e se admite que tudo é uniforme no seu interior.

Apesar da capacidade informática de que hoje se dispõe, os programas utilizados nos últimos modelos climáticos utilizados pelo IPCC apenas permitem paralelepípedos de 110 km por 110 km na superfície (12 100 km2), pelo que, na melhor das hipóteses, o que vamos obter são valores médios, o que é manifestamente insuficiente para aspectos tão cruciais como as nuvens.

Lembre-se que a superfície do concelho de Lisboa é de cerca de 82 km2, o que significa cerca de 0.5% da superfície coberta por uma das células de cálculo, onde se admite que tudo é uniforme.

Não são portanto valores reais?

São médias globais sem exactidão local. Quando reduzimos a escala e passamos por exemplo de 100 km x 100 km para 50 km por 50 km, a necessidade de cálculo aumenta 10 a 20 vezes por razões puramente matemáticas e numéricas. Neste momento não há computador com capacidade para, a nível planetário, calcular as nuvens à escala mínima necessária.

Só para lhe dar um exemplo, eu faço para Portugal cálculos com 9 km, 3 km e até 1 km porque não estou a fazer previsões para a totalidade do globo, mas apenas para o território nacional e a partir de uma muito mais grosseira previsão global. Em resumo, há limitações físicas e computacionais e existem factores físicos mal dominados, já para não falar nos aerossóis. Os aerossóis, consoante a composição e a altitude em que estiverem, tanto podem provocar aquecimento, como arrefecimento.

Deixe-me recordar que o IPCC, que já referi, foi criado pelas Nações Unidas e esteve na origem do protocolo de Quioto. Os relatórios do IPCC são considerados a referência fundamental nesta matéria. O IPCC divide-se em 3 grupos de trabalho envolvendo centenas de cientistas. O mais importante destes grupos é o grupo I que se ocupa dos aspectos físicos fundamentais.

O último dos relatórios do IPCC é de Novembro de 2007. O relatório fundamental, o do grupo I, tem 996 páginas. Como é muito técnico e complexo tem um resumo designado por sumário para decisores políticos. O sumário foi aprovado linha a linha pelos representantes dos governos e das organizações participantes em Fevereiro de 2007.

O facto extraordinário é que o sumário foi aprovado ainda antes de existir o relatório que era suposto resumir. Sucede mesmo que o relatório científico contradiz conclusões do sumário antecipado, nomeadamente quando este converte em certezas o que no relatório está rodeado de incertezas, hipóteses e precauções.

O sumário não corresponde fielmente a partes do relatório ?

Não. O sumário foi aprovado pelos representantes dos governos e é um documento político que invoca a ciência para se credibilizar. A sua redacção foi entregue a um grupo extremamente restrito de cientistas e houve mesmo alguns que afirmaram ser legítimo retirar as incertezas para forçar os políticos a tomar as decisões que o grupo achava importantes!

Para isso era necessário criar a percepção pública de iminente desastre global, mesmo que tal percepção não correspondesse à realidade. Como é sabido, desencadeou uma movimentação planetária e lançou o “terror” das alterações climáticas como um facto consumado.

Porque é que a um sumário, que é politico, se chama científico? Penso que tal se deve ao facto de os políticos quererem beneficiar da credibilidade que ainda existe na comunidade científica. Por outro lado, a comunidade científica permite-o porque o financiamento dos seus trabalhos depende dos políticos...

O senador Al Gore, que formou, juntamente com um ex vice-presidente da Goldman Sachs uma empresa com sede em Londres e escritórios em Washington e é considerado nos mercados financeiros um market maker (um fazedor de mercado) nos seus discursos para a alta finança, costuma sublinhar que “se nós mudarmos a percepção da realidade, nós mudamos a realidade”.

Na época da globalização e com a justificada emergência das questões ambientais, nada como criar uma ameaça também global e explorar as suas virtualidades económicas e financeiras, em benefício de uma agenda política ou empresarial.

(continua)
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