sábado, setembro 26, 2009

Sociedade Civil

O programa Sociedade Civil, do 2º canal da Radiotelevisão Portuguesa (RTP2), do dia 22 Setembro de 2009, precedeu a estreia do documentário "A Era da Estupidez?" importado dos EUA pela Quercus.

“A Era da Estupidez?” é um remake de “Uma Verdade Inconveniente” de Al Gore e aborda de novo as designadas “alterações climáticas”, desta feita fazendo profecias quanto à situação do Mundo em 2055. Ora, profecias, cada um faz as que quer, mas é bom que se diga que isto nada tem a ver com ciência.

Felizmente, no mesmo dia, o programa Sociedade Civil organizou um debate moderado pela apresentadora, Fernanda Freitas, em que participaram:

Francisco Ferreira, vice-presidente da Quercus.
Filipe Duarte Santos, Prof. de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
José Delgado Domingos, Prof. catedrático jubilado do Instituto Superior Técnico (sítio web).
Rui Moura, Engenheiro Electrotécnico, com mestrado em Meteorologia, responsável por este blogue.

A agenda do programa era ambiciosa. Pretendia-se discutir os seguintes subtemas:

- Erros ambientais cometidos no passado
- As soluções urgentes
- Resultados das ultimas conferências mundiais
- As alterações climáticas
- Aquecimento global: de quem é a responsabilidade?
- Papel do cidadão.

Como se pode verificar pelo vídeo anexo, o programa permitiu algum esclarecimento. Em particular o autor do MC congratula-se pelo facto de lhe ter sido possível deixar bem claro que o clima, por um lado, e o ambiente e a poluição, por outro lado, são realidades completamente distintas, acentuando que se o Homem tem influência no ambiente e na poluição, não tem a mínima possibilidade de influenciar o clima, pelo que, quaisquer alterações climáticas não são, nem serão, da responsabilidade do ser humano.

Cada um pode tirar as conclusões que entender ao assistir ao vídeo.

Apenas gostaríamos de destacar, pela negativa, a intervenção de Filipe Duarte Santos (FDS), apresentado como “especialista de alterações climáticas” e um dos altos responsáveis pela política climática do governo português, na medida em que dirige a “Comissão para as Alterações Climáticas”.

Além de não ter apresentado qualquer argumento sólido, FDS teve uma intervenção surpreendente e até mesmo lamentável ao afirmar que o discurso científico não é mais do que “um discurso social, entre outros”! Para uma pessoa com a sua formação, uma afirmação desta natureza revela uma grande confusão de espírito. E ainda mais quando FDS tentava chamar a si o privilégio do discurso científico, supostamente por oposição ao discurso dos dois participantes que o confrontavam, imagine-se, com argumentos científicos.

Em todo o caso, é de assinalar que a emissão deste programa, embora confinado a um canal televisivo de menor audiência, constituiu uma das poucas vezes em que foi possível romper a censura férrea imposta pela generalidade dos meios de comunicação social portugueses aos críticos da teoria dominante. Esperemos que outras oportunidades se proporcionem.