Com o Árctico não se brinca
A avaliação das temperaturas regionais envolve um processo muito complicado, especialmente no caso do Árctico. Não se pode raciocinar em termos de períodos muito reduzidos nem desprezar o que se passa na vizinhança dentro da mesma unidade aerológica.
O estudo da NASA, que deu brado nos noticiários dos media de final de Setembro passado, engloba apenas um reduzidíssimo período de duas décadas e limita-se a uma porção do Árctico. Recorde-se que o clima é definido para um período de trinta anos.
Igor V. Polyakov, já referido no blogue, publicou com outros autores três artigos importantes sobre o Árctico: 1 - «Trends and Variations in Arctic Climate System. 2002, EOS, 19 Nov. 547-548», 2 - «Observationally based assessment of polar amplification of global warming. Geophysical Research Letteres, 2002, vol. 29, nº 18», 3 - «Variability and trends of air temperature and pressure in maritime Arctic, 1875-2000. 2003, Journal of Climate, 16, nº12, 2067-2077».
Polyakov (relembre-se que os russos possuem a melhor informação do Árctico que foi considerado uma zona estratégica durante a guerra fria) conclui que os dados estatísticos não suportam a hipótese de amplificação polar devida ao aquecimento global prevista pelo IPCC. As temperaturas e as pressões da superfície do Árctico foram examinadas para o período 1875-2000, a norte da latitude 62 º N.
As temperaturas superficiais apresentam uma mais forte variabilidade por décadas na região polar, propriamente dita, do que nas baixas latitudes. A Fig. 29 destaca dois períodos em que as temperaturas foram mais elevadas, o primeiro entre 1930-1940 (os anos mais quentes) e o segundo durante as décadas mais recentes. Entre estes dois períodos verificou-se um outro 1940-1970 de arrefecimento pronunciado.
Ora, o primeiro período de aquecimento do Árctico (1930-1940) cai dentro do Óptimo Climático Contemporâneo (aprox. 1930-1960) e o período de arrefecimento abrange parte daquele e o período de arrefecimento recente do planeta (aprox. 1960-1970).
Calculando o valor médio do aumento da temperatura, desde 1875, encontra-se 0,094 ºC por década. No entanto, calculando a tendência desde 1940 obtém-se um arrefecimento. Isto mostra o cuidado que se deve colocar na determinação das tendências que dependem dos períodos.
Além disso, numa região tão sensível como o Árctico, os valores médios anuais escondem as tendências sazonais. De facto, no Inverno a tendência tem sido de arrefecimento, enquanto entre a Primavera e o Outono tem sido de aquecimento.
Por isso, o estudo da NASA, que não distingue as estações do ano e se refere apenas aos valores anuais, engana quem não está por dentro destes pequenos-grandes detalhes. Mas falta ainda dizer que os resultados destas análises dependem ainda fortemente das latitudes da região polar.
Resumindo, o comportamento térmico do Árctico é relativamente bem conhecido mas as análises térmicas ainda conduzem a alguma confusão quando são referidos valores médios tanto no tempo como no espaço do próprio Árctico. E quem está interessado na confusão?
O estudo da NASA, que deu brado nos noticiários dos media de final de Setembro passado, engloba apenas um reduzidíssimo período de duas décadas e limita-se a uma porção do Árctico. Recorde-se que o clima é definido para um período de trinta anos.
Igor V. Polyakov, já referido no blogue, publicou com outros autores três artigos importantes sobre o Árctico: 1 - «Trends and Variations in Arctic Climate System. 2002, EOS, 19 Nov. 547-548», 2 - «Observationally based assessment of polar amplification of global warming. Geophysical Research Letteres, 2002, vol. 29, nº 18», 3 - «Variability and trends of air temperature and pressure in maritime Arctic, 1875-2000. 2003, Journal of Climate, 16, nº12, 2067-2077».
Polyakov (relembre-se que os russos possuem a melhor informação do Árctico que foi considerado uma zona estratégica durante a guerra fria) conclui que os dados estatísticos não suportam a hipótese de amplificação polar devida ao aquecimento global prevista pelo IPCC. As temperaturas e as pressões da superfície do Árctico foram examinadas para o período 1875-2000, a norte da latitude 62 º N.
As temperaturas superficiais apresentam uma mais forte variabilidade por décadas na região polar, propriamente dita, do que nas baixas latitudes. A Fig. 29 destaca dois períodos em que as temperaturas foram mais elevadas, o primeiro entre 1930-1940 (os anos mais quentes) e o segundo durante as décadas mais recentes. Entre estes dois períodos verificou-se um outro 1940-1970 de arrefecimento pronunciado.
Ora, o primeiro período de aquecimento do Árctico (1930-1940) cai dentro do Óptimo Climático Contemporâneo (aprox. 1930-1960) e o período de arrefecimento abrange parte daquele e o período de arrefecimento recente do planeta (aprox. 1960-1970).
Calculando o valor médio do aumento da temperatura, desde 1875, encontra-se 0,094 ºC por década. No entanto, calculando a tendência desde 1940 obtém-se um arrefecimento. Isto mostra o cuidado que se deve colocar na determinação das tendências que dependem dos períodos.
Além disso, numa região tão sensível como o Árctico, os valores médios anuais escondem as tendências sazonais. De facto, no Inverno a tendência tem sido de arrefecimento, enquanto entre a Primavera e o Outono tem sido de aquecimento.
Por isso, o estudo da NASA, que não distingue as estações do ano e se refere apenas aos valores anuais, engana quem não está por dentro destes pequenos-grandes detalhes. Mas falta ainda dizer que os resultados destas análises dependem ainda fortemente das latitudes da região polar.
Resumindo, o comportamento térmico do Árctico é relativamente bem conhecido mas as análises térmicas ainda conduzem a alguma confusão quando são referidos valores médios tanto no tempo como no espaço do próprio Árctico. E quem está interessado na confusão?
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